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O magnata da mídia de Hong Kong Jimmy Lai, fundador do hoje fechado jornal pró-democracia Apple Daily, recebeu neste sábado (10) uma nova sentença de cinco anos e nove meses de prisão por uma acusação de fraude em uma disputa contratual.

O empresário de 75 anos, uma das personalidades mais conhecidas do movimento pró-democracia da cidade semiautônoma chinesa, tinha acabado de cumprir recentemente penas no total de 20 meses de prisão por sua participação em protestos e assembleias.

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Também enfrenta uma possível pena de prisão perpétua em um julgamento próximo por acusações contra a segurança nacional.

Diferentemente das sentenças anteriores, vinculadas aos enormes protestos pró-democracia de 2019 na cidade, o último caso se deve a uma violação das condições do contrato do aluguel dos escritórios do jornal, agora fechado após uma operação policial.

Segundo o Ministério Público, uma empresa de consultoria de Jimmy Lai também usou o espaço da redação do jornal Apple Daily, embora o contrato de aluguel estipulasse que o propósito era exclusivo para atividades editoriais.

O juiz do distrito, Stanley Chan, considerou Lai e outro executivo do Apple Daily culpados de um esquema "planejado, organizado e de muitos anos", mas a duração da condenação não foi publicada até agora.

O magistrado o definiu como um "simples caso de fraude" e o desvinculou completamente da política ou da liberdade de expressão. "Não têm nenhuma conexão com a política", disse.

Os advogados da defesa tinham argumentado que o caso deveria ter tramitado por meio de uma denúncia civil e não penal, e ressaltaram que o espaço usado pela consultoria era mínimo.

Os cidadãos de Hong Kong saíram às ruas nesta terça-feira (11) para comprar exemplares do Apple Daily, um símbolo do apoio da população ao jornal pró-democracia, depois que o dono da publicação, o empresário Jimmy Lai, foi detido na véspera com base na polêmica lei de segurança nacional.

Os sinais de uma forte repressão na região semiautônoma foram intensificados desde que Pequim promulgou o texto repressivo, em uma resposta a meses de protestos sem precedentes em 2019.

Lai, magnata da imprensa, está entre as 10 pessoas detidas na segunda-feira (10) em uma grande operação contra o movimento pró-democracia. Quase 200 policiais participaram em uma operação de busca e apreensão na redação do Apple Daily, um jornal muito crítico ao regime de Pequim.

Mas em uma nova demonstração da popularidade da oposição na ex-colônia britânica, os moradores compareceram em peso às bancas de jornais nesta terça-feira para comprar o Apple Daily, que havia antecipado a demanda e preparou uma tiragem excepcional de 550.000 exemplares, contra os 70.000 habituais.

O dono de um restaurante do popular bairro de Mongkok adquiriu 50 cópias e explicou que planejava distribuir gratuitamente aos clientes.

"Como o governo não quer que o Apple Daily sobreviva, nós, cidadãos de Hong Kong, devemos salvá-lo", afirmou o homem, que se apresentou com o nome de Ng.

- "Lutaremos" -

Preocupados com a nova lei de segurança, cada vez menos pessoas aceitam falar com a imprensa e revelar sua identidade.

"Lutaremos", afirma na primeira página a edição de terça-feira do Apple Daily, uma promessa escrita em vermelho sobre uma foto de Jimmy Lai sendo levado por policiais na redação do jornal.

Outra demonstração de solidariedade a Lai foi a alta de quase 800% das ações de seu grupo de imprensa, Next Digital, após sua detenção.

As detenções e a perseguição foram condenadas como ataques "sem precedentes" à liberdade de imprensa em Hong Kong, ações inimagináveis há alguns meses.

"A polícia agora combate abertamente a liberdade de imprensa. Estou enfurecida", declarou em Mongkok uma mulher que se apresentou como Chan e que comprou 16 exemplares do jornal.

Considerada uma resposta de Pequim a meses de manifestações pró-democracia em Hong Kong no ano passado, a lei de segurança nacional promulgada em 30 de junho concede às autoridades locais novos poderes para reprimir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Muitos ativistas consideram o texto liberticida porque acaba com o princípio de "um país, dois sistemas" estabelecido durante a transferência de 1997 e que garantia a Hong Kong liberdades desconhecidas no restante da China até 2047.

Também estão preocupados com a possibilidade de Pequim utilizar leis similares para silenciar os protestos em outras partes de seu território.

Várias autoridades estrangeiras expressaram preocupação, incluindo o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se reuniu com Lai no ano passado e considerou sua detenção "mais uma prova de que o Partido Comunista Chinês destruiu as liberdades de Hong Kong e os direitos de seu povo".

Lai foi detido por acusações de conivência com forças estrangeiras e fraude.

Dois filhos do empresário também foram detidos, assim como a jovem militante democrática Agnes Chow e Wilson Li, um ex-ativista que se apresenta como jornalista independente para a emissora britânica ITV News.

Pequim celebrou a detenção do empresário de 71 anos, apresentado como um "agitador antichinês" que conspirou com os estrangeiros para "provocar o caos".

O magnata Jimmy Lai foi detido nesta segunda-feira (10) e seu grupo de imprensa em Hong Kong foi alvo de uma operação de busca e apreensão com base na polêmica lei de segurança, mais um passo na crescente influência de Pequim na ex-colônia britânica.

O homem de 71 anos foi detido em sua casa durante a manhã, informou à AFP Mark Simon, um de seus colaboradores mais próximos. Outros dois funcionários da empresa também foram detidos.

Em um comunicado, a polícia anunciou sete detenções por suspeitas de conluio com forças estrangeiras - uma das novas proibições citadas na lei de segurança nacional - e por fraude.

Dois filhos de Lai estão entre as pessoas detidas, segundo uma fonte policial.

Considerada por muitos uma resposta de Pequim aos meses de manifestações pró-democracia que sacudiram o território semiautônomo em 2019, a lei de segurança nacional concede às autoridades novos poderes para reprimir quatro tipos de delitos contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeira.

Vários ativistas pró-democracia denunciaram que, na prática, a lei acaba com o princípio "um país, dois sistemas" que vigorava desde a retrocessão, em 1997, e que em teses garantia até 2047 uma série de liberdades para os cidadãos de Hong Kong que não existem no restante da China.

- "Inimaginável há um mês" -

Jimmy Lai é dono de duas publicações abertamente pró-democracia e críticas ao governo de Pequim, o jornal Apple Daily e a revista Next Magazine.

No fim da manhã desta segunda-feira, quase 200 policiais compareceram à sede do grupo de comunicação em uma área industrial do bairro Lohas Park.

Jornalistas do Apple Daily transmitiram ao vivo no Facebook as imagens da operação, que mostram o chefe de redação da publicação, Law Wai-kwong, solicitando aos policiais o mandato de busca.

"Diga a seus colegas que não toquem em nada antes que nossos advogados verifiquem o mandato", advertiu Law.

Os policiais ordenaram aos jornalistas que entrassem em uma fila para um controle de identidade, enquanto outros agentes percorriam a redação. Lai foi levado ao local algemado.

Chris Yeung, presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, chamou a operação de "impactante e aterrorizante".

"Isto não tem precedentes e era inimaginável há um ou dois meses", disse à AFP.

Law enviou uma mensagem aos jornalistas do grupo, na qual pede aos profissionais que permaneçam em seus postos de trabalho para permitir a publicação da próxima edição do jornal, apesar da operação policial e das detenções.

Para muitos cidadãos de Hong Kong envolvidos com o movimento pró-democracia Lai é um herói, um empresário combativo e o único magnata do território semiautônomos que se atreve a criticar a Pequim.

A ação da Next Digital fechou em queda de mais de 180% na Bolsa de Hong Kong, no menor nível desde junho de 2019, enquanto os simpatizantes de Lai iniciaram uma campanha on-line de apoio à empresa.

Poucas pessoas do território provocam tanto mal-estar em Pequim quanto Lai, que é chamado de "traidor" pela imprensa estatal chinesa, que o acusa de ter instigado os protestos de 2019.

As acusações de conluio com uma potência estrangeira aumentaram no ano passado, quando Lai se reuniu com o secretário de Estado americano Mike Pompeo e com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.

Em meados de junho, duas semanas antes da promulgação da nova lei de segurança, Jimmy Lai declarou à AFP que esperava ser detido.

"Estou preparado para ir à prisão", disse "Se isto acontecer, terei a oportunidade de ler os livros que ainda não consegui. A única coisa que posso fazer é permanecer otimista".

Ele rebateu as acusações de conluio e afirmou que os cidadãos de Hong Kong tinham o direito de reunir-se com políticos estrangeiros.

Lai é o arquétipo do empreendedor. Ele chegou a Hong Kong de forma clandestina com sua família quando tinha 12 anos, a bordo de um navio procedente de Cantão.

Começou a trabalhar em uma fábrica têxtil e quando se aproximava dos 30 anos aprendeu a falar inglês e abriu sua própria empresa têxtil.

Mas foi a repressão dos protestos de Tiananmen (Praça da Paz Celestial) em 1989 que transformou sua visão política. Um ano depois fundou a Next Media.

Na entrevista de junho à AFP, ele afirmou que a nova lei deixara Hong Kong "de joelhos" e citou o temor de processos contra jornalistas.

As autoridades da China e de Hong Kong afirmaram que a lei não afetaria em nenhuma medida as liberdades no território semiautônomo e que teria como alvo uma minoria de pessoas.

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