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O jornal alemão Die Welt anunciou, nesta segunda-feira (11), a contratação da repórter russa Marina Ovsiannikova, de 43, que ficou conhecida após invadir um telejornal para denunciar a ofensiva lançada por seu país contra a Ucrânia.

Ela será correspondente para Ucrânia e Rússia, fazendo a cobertura de ambos os países para este jornal conservador alemão, assim como para sua emissora de televisiva.

Marina "teve a coragem, em um momento decisivo, de confrontar os telespectadores na Rússia com uma imagem sem filtros da realidade", justificou o editor-chefe do grupo Die Welt, Ulf Poschardt, em um comunicado.

"Desta forma, defendeu as virtudes mais importantes do jornalismo - e isso apesar da ameaça de uma repressão por parte do Estado", acrescentou.

Na mesma nota, Ovsiannikova afirma que "Die Welt representa aquilo que é, precisamente, defendido com tanta veemência na Ucrânia pelas corajosas pessoas de lá: a liberdade".

"Como jornalista, considero que é meu dever defender essa liberdade", frisou.

Em meados de março, Marina apareceu, de surpresa, durante a transmissão do telejornal mais assistido na Rússia, o da emissora Pervy Kanal, exibindo ao fundo um cartaz criticando a operação militar de Moscou na Ucrânia, além de denunciar a "propaganda" dos veículos da imprensa estatal. A jornalista trabalhava como produtora deste programa.

Depois deste episódio, foi presa e multada, mas acabou sendo solta.

Ovsiannikova denunciou, porém, que desde que deixou de trabalhar para a rede, passou a viver sob a ameaça constante de poder ser acusada criminalmente, processada e condenada a longas penas de prisão, no âmbito de uma lei aprovada recentemente. Esta legislação reprime qualquer pessoa que venha a divulgar "notícias falsas" sobre o Exército russo.

Desde o início da crise grega, o jornal alemão Bild, o mais lido na Europa, acusa Atenas de desperdiçar o dinheiro do contribuinte alemão - uma campanha mais comercial do que ideológica, segundo especialistas. "Vocês, gregos, já basta!", trazia uma recente edição do diário, após os novos confrontos entre Atenas e seus credores europeus.

Desde 2010, as canetas afiadas deste jornal, que reivindica ter mais de 11 milhões de leitores diários, se lançaram contra os "gregos falidos", a quem lembram sempre que "dinheiro não cai das oliveiras". Mas o jornal nega que seja ataque intencional. "Não temos nenhum problema com os gregos. Pelo contrário!", garantiu à AFP Bela Anda, chefe da editoria política. "É um belo país com uma cultura rica", garante.

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Após 53 anos de existência, o Bild mantém sua capacidade de perceber a opinião pública alemã e desde a chegada ao poder, no final de janeiro, do partido de esquerda radical Syriza, o tabloide parece ter levantado o tom. Em março, todos os deputados alemães receberam uma carta do Bild perguntando se eles votariam contra, a favor ou se absteriam a um terceiro plano para a Grécia, ainda que por enquanto não haja nenhum plano de assistência adicional seja debatido.

"Temos que ver o que eles fazem com o dinheiro dos nossos impostos", explica Bela Anda. "Esta função de controle responde ao nosso trabalho de imprensa independente", acrescenta.

O mundo, segundo o Bild, é muito simples. De um lado, os gregos que bebem ouzo enquanto recebem pensões douradas ou enganam a receita federal em suas ilhas ensolaradas. E, do outro lado, os alemães "que se levantam cedo, trabalham o dia todo" e são, há anos, a galinha dos ovos de ouro da Europa pelos impostos que pagam.

Bild nunca menciona o cargo de Alexis Tsipras (primeiro-ministro ), mas o chama de "terror da Europa" ou "chefe dos radicais gregos". A ameaça da Grécia, por onde passaram em 2014 2,5 milhões de turistas alemães, parece tão grande que o jornal perguntou: "Quem é o mais perigoso para nós, o grego ou o russo?", referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

Mais lenha na fogueira 

"Esta forma de trabalho, que consiste em adicionar lenha na fogueira, é o modelo de negócios do Bild", disse à AFP Wolfgang Storz, um especialista no jornal. "O objetivo é maximizar o público. Um dia é o ministro grego das Finanças, no dia seguinte pode ser o divórcio de uma celebridade, no terceiro, uma visita a um clube de swing de um jogador de futebol", acrescenta.

O Bild "estigmatiza e difama todo um povo [...] para alimentar esse sentimento de 'nós contra eles'", analisa o especialista em mídia Mats Schönhauer, autor de um blog crítico sobre o jornal. Como o resto da imprensa escrita, o Bild enfrenta um declínio acentuado de seus leitores. Seus 2,2 milhões de exemplares vendidos diariamente fazem inveja a qualquer jornal europeu, mas representam apenas metade das vendas de 15 anos atrás.

Neste contexto, o papel torna-se mais agressivo. No final de fevereiro, o Bild trouxe uma enorme reportagem de capa com um imenso "NEIN" ("não", em alemão) para dizer não à extensão em condições de ajuda financeira à Grécia adotadas pelos deputados alemães.

E os leitores foram convidados a tirar uma fotografia com esta página, o que poderia aparecer na capa do próximo dia. Alemão jornalistas federação DJV criticou o Bild, de propriedade do poderoso grupo de mídia Axel Springer, por travar uma "campanha política" contra a Grécia.

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