Tópicos | Luciana Sultanum

Historicamente, a mulher foi vista como a dona de casa, que ficava à espera da 'caça' feita pelo homem, para poder transformar o alimento em algo prazeroso. O que era considerado normal, culturalmente, mudou quando as mulheres ganharam seu espaço e lançaram-se no mundo do trabalho. Depois disso, o mercado ganhou novos horizontes. Porém, a percepção da sociedade parece resistir a evolução e às conquistas das mulheres.

Isso ficou muito claro na primeira edição do programa MaterChef Profissionais, que foi palco de várias cenas machistas. Durante a apresentação dos episódios, o comportamento de alguns participantes incomodou e abriu espaço para discussões sobre os atos que discriminam e recusam a ideia de igualdade de direitos entre homens e mulheres, principalmente na cozinha.

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No último episódio do reality show, que foi ao ar nesta terça-feira (20) e trouxe a ‘Lavagem de Roupa Suja’ dos participantes, não foi diferente. O machismo foi colocado ainda mais em evidência, deixando alguns participantes desconfortáveis. Na ocasião, a apresentadora Ana Paula Padrão confrontou os chefs, que foram rotulados como machistas, indagou as suas reações no programa e destacou o preconceito vivido pelas mulheres.

Mesmo com alguns profissionais tantando negar a existência do machismo na cozinha, o público pôde ouvir depoimentos surpreendentes, envolvendo a falta de respeito, submissão, constrangimento e até assédio. Os relatos que impressionaram os espectadores vão além da TV e é comum no dia a dia das chefs.

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Em entrevista ao Portal LeiaJá, quatro chefs pernambucanas confidenciaram as experiências vividas e a realidade do ambiente de trabalho que é apontada como machista e hostil.

A chef Sofia Mota, que tem 30 anos e atua na área há 10, falou que o preconceito existe e que os homens ainda não estão acostumados a ver as mulheres em cargos de liderança. “Enfrentei inúmeros problemas no início da profissão e no decorrer dela. Os homens não acreditavam que eu poderia ser uma boa chef e não aceitavam a minha liderança. Algumas vezes, cheguei a ser sabotada nos estabelecimentos”, conta Sofia.

Atuando em diversas cozinhas da capital pernambucana, a chef afirma que já presenciou várias cenas constrangedoras de assédio. Em entrevista, ela relatou como acontece e como ela lida com isso. Mesmo com a trajetória profissional difícil, ela carrega um sorriso largo e um amor à profissão que ultrapassa todos os desafios. Atualmente, ela trabalha como consultora no Parla Deli, Caponata, na criação da linha saudável de Porto Fino e, recentemente, lançou sua própria linha de pães sem glúten.

Sem 'papas na língua', a chef Cláudia Caldas, conhecida como Miau Caldas se apresenta como a cozinheira mais desbocada, sem 'rabo prezo' e rebelde. Filha de militar aviador, ela conta que sempre foi de encontro ao 'machismo careta' - maneira que ela define o comportamento de homens e mulheres na cozinha. "Eu sempre vivi muito o machismo, principalmente, por ser de família de militares. Por isso, achei que poderia me sair bem e lidar com qualquer forma de preconceito, porém não foi tão simples assim", relata.

De acordo com Miau, os dez anos de vivência profissional a levou conhecer bem o ambiente de trabalho, que ela mesma considera hostil, e a tentar lidar com ameaças, assédio e preconceito sofridos nesse período. Entretanto, para conseguir driblar tudo isso, se entender enquanto mulher, num ambiente que é masculino, ela precisou recorrer à terapia. Miau atuou em mais de 20 cozinhas e atualmente realiza consultorias em eventos e restaurantes. Além disso, a chef já integrou a equipe do Bake Off Brasil.

Formada na França há 11 anos, a professora e chef Luciana Sultanum compara a realidade da Europa e do Brasil. "Na França, o problema é bem maior! As cozinhas têm muito mais homens do que as do Brasil. Então como vi muito isso na Europa, aqui, senti de forma mais amena", relata Luciana.

Ainda em entrevista ao Portal LeiaJá, Luciana reforça: a cozinha profissional ainda é considerada lugar para homem. Além disso, ela relata que a atuação da mulher ainda é vista com limitação. "Muitos dos cozinheiros acreditam que as chefs são boas para fazer doces ou confeitaria e a justificativa é que nós somos mais habilidosas e delicadas para o manuseio. Essa percepção machista eu observo muito", disse.

Para a chef, nos últimos cinco anos o cenário mudou bastante devido ao mercado gastronômico que cresceu, mas ainda existe preconceito. "Observo que ultimamente as mulheres dominam nos cursos de gastronomia, no qual o número de homens vem reduzindo", conta. A cozinheira Luciana atualmente trabalha como consultora no Modigliani Bistrô, em Apipucos e no hotel em Porto de Galinhas Ecoporto. Além disso, ela é professora em uma universidade particular da capital pernambucana.

A chef Dani Britto, que deixou a empresa familiar na área açucareira, no interior da Paraíba; para seguir a carreira ade cozinheira, falou que nunca sofreu preconceito por ser mulher, mas por ter mudado de profissão e ter escolhido ser chef. "Quando decidi e fui fazer o curso, muitas pessoas criticaram e questionaram: 'mas você vai ser cozinheira?', como se essa atuação fosse menor do que qualquer outra ocupação", lamentou. 

"Hoje em dia eu me sinto feliz e realizada pela escolha que fiz", concluiu a chef que trabalha como consultora na Very - Drummond Ateliê de Culinária, dá aulas experimentais e cria cardápios personalizados para eventos particulares.

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O Oficina do Sabor apresenta, até o próximo dia 28, o festival Arretadas na Cozinha, com as chefs Taciana Teti, Luciana Sultanum, Sofia Mota e Claudia Freyre. Juntas, as chefs criaram um menu especial, para comemorar os 20 anos do restaurante.

Para o cardápio do festival, Taciana Teti preparou uma entrada de Camarão em Crocante de Macadâmia, coberto com creme de queijo, manteiga e geleia de passa de caju. Uma das opções de prato principal, por Luciana Sultanum, sugere o Lombo de Bacalhau Confit, acompanhado de Brulée de Jerimum e Cogumelos Frescos.

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Sofia Mota homenageia os apaixonados pela culinária francesa e prepara o Magret de Pato Defumado, acompanhado de mousseline de banana da terra e molho de laranja. A sobremesa fica por conta da Vida Doce Vida, de Cláudia Freyre, uma torta de chocolate com castanha de caju confeitada e chantilly de banana caramelizada.

Para quem não quiser sair sem ter provado de tudo, o Oficina oferece o menu degustação (entrada+prato principal+sobremesa) por R$92.

Serviço
Arretadas na Cozinha
17 a 28 de julho
Oficina do Sabor (Rua Amparo, 335 Olinda)
Informações: (81) 3429 3331

No Gourmet em Casa #2 você vai acompanhar a Chef Luciana Sultanum preparando um Risoto de Camarão com Tangerina e um bate-papo super especial com o Chef Alex Atala.

E toda semana, no programa Gourmet em Casa você vai conferir entrevistas e receitas especiais, mostrando que a alta gastronomia também pode ser feita na sua casa. O programa vai ao ar toda terça-feira com a apresentação de Ismaela Silva e numa produção da TV LeiaJá.

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