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A aventura espacial da China, iniciada há mais de 60 anos pelo presidente Mao Tsé-Tung, alcançou um novo feito neste sábado (16) com a chegada de três 'taikonautas' - os astronautas chineses - à sua estação espacial para iniciar a missão mais longa de Pequim até agora.

A China já investiu bilhões de dólares em seu programa espacial e tenta chegar ao mesmo nível de Europa, Estados Unidos e Rússia.

Estas são as principais etapas da conquista espacial chinesa:

- O chamado de Mao

Em 1957, a União Soviética coloca em órbita o primeiro satélite fabricado pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, faz então um chamado a seus cidadãos: "Nós também fabricaremos satélites!"

A primeira etapa foi concretizada em 1970. A China lança seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("O Leste é Vermelho-1"), o nome de uma canção em homenagem a Mao, cuja melodia seria difundida por vários dias no espaço.

O foguete responsável por colocar o satélite em órbita se chama "Longa Marcha", um nome que recorda a caminhada do Exército Vermelho que permitiu que Mao se afirmasse como líder do Partido Comunista chinês.

- Primeiro homem

Em 2003, o gigante asiático envia o primeiro chinês ao espaço, o taikonauta Yang Liwei, que dá 14 voltas na Terra em um período de 21 horas.

Com esse voo, a China se transforma no terceiro país, depois de União Soviética e Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios.

- Módulos

A China foi excluída deliberadamente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), uma cooperação envolvendo americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses, e decide construir sua própria estação.

Para isso, o país asiático lança primeiro um pequeno módulo espacial, Tiangong-1 ("Palacio Celestial 1"), que foi colocado em órbita em setembro de 2011, para realizar o treinamento dos taikonautas e também experimentos médicos.

O Tiangong-1 deixa de funcionar em março de 2016. O laboratório era considerado uma etapa preliminar para a construção de uma estação espacial.

Em 2016, a China lança seu segundo módulo espacial, Tiangong-2, onde os taikonautas realizaram acoplamentos técnicos.

- Coelho lunar

Em 2013, o pequeno robô controlado remotamente, batizado de "Coelho de Jade", chega à Lua. Inicialmente, o equipamento teve problema técnicos, mas foi reativado e explorou a superfície lunar durante 31 meses.

O gigante asiático prevê enviar taikonautas à Lua em 2030 e pretende construir uma base na superfície do satélite natural em colaboração com a Rússia.

- Lua e 'GPS' chinês

O programa espacial chinês sofre um revés em 2017 com o fracasso do lançamento do Longa Marcha 5, um equipamento crucial que permite propulsar as pesadas cargas necessárias para algumas missões.

Este contratempo leva a um atraso de três anos para a missão Chang'e 5. Executada apenas em 2020, a missão permite que os chineses enviem para a Terra amostras da superfície lunar, algo que não acontecia há 40 anos.

Em janeiro de 2019, a China obtém outro sucesso com um feito inédito em escala mundial: a alunissagem de um robô, o "Coelho de Jade 2", na face oculta da Lua.

Já em junho de 2020, o país asiático lança o último satélite para concluir seu sistema de navegação Beidou, que compete com o GPS norte-americano.

- Marte... e Júpiter

Em julho de 2020, a China envia a Marte a sonda "Tianwen-1", transportando um robô com rodas e comandado remotamente chamado Zhurong, que pousa na superfície de Marte em maio de 2021.

Os cientistas também mencionam o sonho de enviar pessoas para Marte em um horizonte não muito distante. Além disso, o responsável pela agência espacial, Xu Honglian, menciona a possibilidade de realizar uma missão para Júpiter até 2030.

- Estação espacial

Neste sábado, três taikonautas chegaram à primeira Estação Espacial da China, cuja montagem começou em abril, com a colocação em órbita de seu módulo central.

A missão deve durar seis meses, a mais longa prevista para uma tripulação chinesa, como o dobro do tempo da missão anterior, lançada em abril, que durou 90 dias.

Para terminar a montagem da estação, batizada de Tiangong (Palácio Celestial, em chinês), serão necessárias onze missões.

Uma vez concluída, a estação deverá orbitar a entre 400 e 450 quilômetros de distância da superfície terrestre por um período de dez anos, com a ambição de manter a presença humana no espaço por um longo período.

Em princípio, a China não planeja usar sua estação espacial para a cooperação internacional, mas suas autoridades já disseram que estão abertas a colaborar com outros países.

O presidente chinês, Xi Jinping, prestou homenagem nesta segunda-feira a Mao Tsé-Tung, na véspera das celebrações do 70º aniversário do regime comunista.

Ao lado de outras autoridades do governo, Xi, que em alguns momentos é apresentado como o dirigente chinês com mais poder desde Mao (à frente do país no período 1949-1976), visitou o mausoléu em que fica o corpo embalsamado do fundador da China comunista na imensa praça Tiananmen (Paz Celestial), no centro de Pequim.

Xi se inclinou em três ocasiões diante da estátua de Mao, informou a agência oficial Xinhua. Também prestou homenagem aos restos mortais de Mao, que são conservados em uma área de vidro no memorial.

Xi Jinping havia se inclinado diante do corpo de Mao pela última vez em 2013, para recordar o 120º aniversário de seu nascimento.

O presidente chinês comandará na terça-feira as celebrações do 70º aniversário da China comunista na praça Tiananmen, onde Mao proclamou a República Popular no dia 1 de outubro de 1949, ao final de uma guerra civil. O governo programou um enorme desfile militar e civil.

Após a morte de Mao, o Partido Comunista Chinês (PCC) iniciou uma política de reformas econômicas para superar o coletivismo imposto até então.

O PCC resumiu o balanço do maoismo com a fórmula "dois terços positivos, um terço negativo".

As críticas públicas a esta época não são comuns na China.

Após a visita ao mausoléu, Xi Jinping depositou flores diante do Monumento aos Heróis do Povo, uma coluna no centro da praça Tiananmen, a mesma na qual se refugiaram os últimos manifestantes da "Primavera de Pequim" durante a sangrenta repressão militar de 1989.

Uma palavra fora de lugar ou uma simples objeção bastavam para que a toda-poderosa Jiang Qing, esposa de Mao Tsé-Tung, perseguisse sem piedade um artista durante a Revolução Cultural chinesa.

"Era déspota", lembra Jiang Zuhui, de 81 anos, criadora e coreógrafa de uma das obras mais emblemáticas da época, o balé 'Destacamento feminino vermelho', que voltou à moda com uma versão "maoista-kitsch".

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A obra conta a história de uma empregada doméstica chinesa nos anos 1930 que conseguiu escapar de um tirano cruel e se uniu a um batalhão de mulheres do Exército Vermelho.

No início da Revolução Cultural, lançada há 50 anos, "a mulher de Mao foi a um ensaio. No final, a convidei a subir no palco para se unir à tropa. Recusou. Insisti, com educação. Interpretou o convite como uma insolência", afirma Zuhui.

O ocorrido lhe rendeu três anos trancada em uma sala de teatro, da qual só saía para ser maltratada pelos "guardas vermelhos" nas chamadas "sessões de crítica".

Depois, foi mandada para um campo por seis anos, como aconteceu com muitos artistas 'contrarrevolucionários'. Outros foram mutilados ou assassinados.

"Se opor a Jiang Qing era se opor à revolução", resume Jiang Zuhui, acrescentando que "a arte foi sufocada durante dez anos" na China.

"O país apostava em nós, me mandaram à URSS para eu me formar... mas tudo foi interrompido. Que desperdício!", suspira Zuhui, que mora em Pequim.

'Ridículo'

A senhora Mao, uma ex-atriz ávida de reconhecimento, tinha decretado um movimento de 'purificação' cultural, proibindo peças teatrais, obras musicais e óperas que eram consideradas 'burguesas'. Ou seja, quase todo o repertório.

O 'Destacamento feminino vermelho', uma balé montado em 1964 por Jiang Zuhui, fazia parte dos oito 'espetáculos modelo' autorizados - cinco óperas, uma sinfonia e dois balés.

Na ausência de Jiang Zuhui, a esposa de Mao assumiu a direção da obra e a remodelou: os gestos sutis dos bailarinos se converteram em 'punhos ao alto' e em posições guerreiras.

"Para torná-la mais revolucionária. Era tão pueril...", lembra a ex-coreógrafa. "Ela inclusive pediu a cada membro da tropa, na qual quase ninguém sabia nada de música, que compusessem de novo a música do balé. Ridículo", completa.

Jiang Zuhui só foi liberada após a morte de Mao, em 1976, e a detenção da sua esposa, que se suicidou na prisão em 1991.

"A Revolução Cultural foi um desastre", lembra o crítico de arte Zhu Dake. "No total, talvez um artista em 10.000 podia continuar exercendo, e unicamente para as obras modelo" de Jiang Qing, seus "instrumentos políticos".

Uma cultura 'marxista'

O 'Destacamento feminino vermelho', de valor artístico reconhecido, ainda figura no repertório do Balé nacional da China, junto com obras antes proibidas, como 'Carmen' e 'Don Quixote'.

Os outros 'espetáculos vermelhos' (canto, ópera, teatro, balé), às vezes subvencionados pelo partido, saíram de moda.

"Só uma minoria de idosos têm saudade dos shows revolucionários", estima Xiao Deng, funcionária de uma empresa pública que lhe oferece regularmente entradas para este tipo de representações. "Os jovens não se identificam com estas histórias, tão diferentes das suas próprias aspirações e da sua vida de hoje", diz.

Na China de 2016, o risco de expulsão artística é pequeno, embora o artista Ai Weiwei tenha sido privado de passaporte durante anos.

"Os artistas são mais livres agora que diminuiu o extremismo da Revolução Cultural", afirma Zhu Dake. "Mas menos que no início dos anos 1980, quando se viveu um renascimento da pintura, do teatro, das belas artes... que terminou em 1989", depois da repressão da praça Tiananmen.

O presidente Xi Jinping continua tentando persuadir os artistas a servirem ao Partido Comunista. Denunciou, por exemplo, a "vulgaridade" de algumas obras, em um discuso que foi comparado ao de Mao de 1942.

"A arte e a cultura gerarão mais energia positiva se a concepção marxista estiver ancorada solidamente nelas" afirmou o presidente Xi.

Para Zhou Dake, "Hoje não há terreno disponível para a criação. Entre as pressões comercial e política, os artistas carecem de espaço para se desenvolverem".

Uma estátua gigantesca do controverso líder comunista chinês Mao Tsé-Tung foi construída em uma zona rural do país, supostamente financiada por um grupo de empresários locais, informa a imprensa chinesa.

A estátua dourada, de 37 metros de altura, foi construída em meio a um campo na província de Henan e representa o homem que comandou a China com mão de ferro durante três décadas sentado e com as mãos cruzadas.

Segundo o site HMR.cn, a obra foi financiada por vários empresários locais e custou três milhões de yuanes (460.000 dólares). A estátua foi concluída em dezembro, após nove meses de trabalho.

Apesar de sua responsabilidade por milhares de mortes, Mao continua sendo uma figura respeitada na China, onde o Partido Comunista controla o debate sobre a história do país. O atual presidente, Xi Jinping, o considera uma "grande figura".

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