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Aposta do partido Progressistas, o prefeito da cidade de Moreno, Edmilson Cupertino (PP-PE), está contando com as articulações da nova sigla para poder conseguir vencer a disputa municipal de outubro deste ano. Pensando em sua governabilidade para um possível segundo mandato e nos desafios que enfrentará até os resultados das urnas, o gestor afirmou, em entrevista ao LeiaJá, que já está conversando com o presidente estadual da PP, Eduardo da Fonte (PP-PE), para se tornar o presidente da sigla em Moreno e, assim, apoderar um “bloco de bons partidos” para “formar a maioria de vereadores na Câmara Municipal”.

Com a promessa de que o apoio de outros partidos será definido após a primeira quinzena de fevereiro, Edmilson revelou que já está recebendo acenos de lideranças que querem apoiá-lo na disputa pela cidade de mais de 55 mil habitantes.

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“A gente tem o Republicanos e a confederação, com o PT, PCdoB e o PV. E, agora, estamos conversando com outros partidos. Porém, acredito que fecharemos mais uns cinco ou seis partidos. A gente vai sentar com todo mundo e dividir e eu tenho certeza que vai dar tudo certo”, disse o prefeito, que se filiou ao PP em maio do ano passado.

Em outubro, após uma série de negociações, o Partido dos Trabalhadores (PT) do município decidiu entrar dentro dos cargos da administração da gestão de Edmilson. A decisão de inserir o PT dentro da base ocorreu após conversas com as lideranças do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco. O nome dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Teresa Leitão (PT-PE), do deputado federal Carlos Veras (PT-PE) e do deputado estadual João Paulo (PT-PE) foram citados como alguns dos articuladores da decisão dentro da sigla.

Alguns nomes do PT de Moreno já vêm demonstrando apoio ao atual prefeito nas redes sociais, como é o caso da pré-candidata à Câmara de Vereadores, Marília Rufino (PT-PE). A petista afirmou em dezembro, em entrevista ao LeiaJá, que mesmo sabendo que o seu partido tem “ideias distintas” ao do Progressistas, é importante apoiar Edmilson na próxima eleição, pois o gestor é o único nome “capaz de barrar o bolsonarismo na cidade”.

Mesmo o PP sendo um dos partidos que acumula fortes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu time, o bolsonarismo na cidade é representado pelo deputado estadual Nino de Enoque (PL-PE).

Desafios

No momento, mesmo falando da costura de apoio para a eleição deste ano, Edmilson está ciente de que a disputa terá grandes concorrentes. A expectativa no município é de que PL indique o deputado estadual Nino de Enoque como pré-candidato a prefeitura de Moreno, ou de que o parlamentar apresente um aliado para a disputa.

“Não sei como é que ele [Nino] vem. A gente está pronto para disputar, seja ele ou quem ele apresentar. A gente está aí analisando para ver o que acontecerá. Eu não tenho nenhum receio dessa disputa, tem que ter concorrente. Isso é muito importante para a democracia do município e do país”, disse Edmilson.

Nas eleições de 2020, Nino foi o principal adversário de Edmilson na corrida eleitoral pela prefeitura, porém terminou a disputa em segundo lugar, com 35,88% dos votos. Já nas eleições gerais de 2022, a liderança do PL conseguiu ser eleito como deputado estadual, obtendo 24.851 votos.

 

Após ter entrevistado a vereadora Flávia Hellen (PT-PE) e o vereador Vinícius Castello (PT-PE), figuras políticas que projetam concorrer as prefeituras das suas cidades, o LeiaJá publica, nesta terça-feira (19), a terceira de cinco reportagens sobre o crescimento de políticos de grupos de minorias, que buscam protagonismo nas eleições municipais do próximo ano.

A reportagem escutou a assistente social Marília Rufino (PT-PE), da cidade de Moreno, e a educadora Selma Barbosa (União Brasil-PE), de Paulista. As duas, que desejam uma vaga nas câmaras de vereadores dos seus municípios, já vêm articulando estratégias para que, nas eleições de 2024, lideranças femininas possam conquistar espaços de poderes que, predominantemente, são ocupados por homens.

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Desafios

Quando o assunto é filiação partidária, o país revela um certo tipo de equilíbrio em seu atual cenário político: dos filiados, 53,8% são homens e 46,2% são mulheres, segundo informações divulgadas em julho deste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, os números expressivos de filiadas não são traduzidos em candidaturas femininas. Apesar das mulheres constituírem a maioria tanto na população (51,5%) como no eleitorado (52,65%), de acordo com levantamentos recentes do IBGE e do TSE, os espaços de poderes na política nacional são ocupados, em sua maioria, por lideranças masculinas.

Em 1997, a Legislação brasileira estabeleceu que os partidos políticos começassem a apresentar chapas de candidaturas ao Legislativo com pelo menos 30% de mulheres candidatas. E, ao longo dos últimos anos, algumas outras políticas afirmativas foram implementadas. Mesmo assim, as últimas eleições mostram que a quantidade de lideranças femininas, que conseguiram sair vitoriosas das disputas eleitorais, ainda é baixa.

Nas eleições do ano passado, somente 91 mulheres foram eleitas deputadas federais. Isso representa apenas 17,7% da totalidade de 513 cadeiras disponíveis na Câmara dos Deputados. Já no Senado, das 81 vagas, apenas 14 são ocupadas por mulheres.

Com relação ao Executivo, as dificuldades que as mulheres brasileiras enfrentam para alcançar postos de liderança são ainda mais evidentes. Das 27 unidades federativas do país, apenas dois estados são comandados por governadoras: Pernambuco pela Raquel Lyra (PSDB) e Rio Grande do Norte pela Fátima Bezerra (PT). Além disso, somente 12% dos municípios são governados por mulheres, sendo Cinthia Ribeiro (PSDB), prefeita de Palmas, no estado do Tocantins, a única a dirigir uma capital.

Nas Assembleias Legislativas dos estados, dados do TSE também ressaltam desigualdades: na somatória de deputadas estaduais e distritais, chega-se ao total de 190 mulheres eleitas (18%). Nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina, a representatividade feminina ficou abaixo de 10%.

Representatividade

Em entrevista ao LeiaJá, a assistente social Marília Rufino (PT-PE), que pretende concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores da cidade de Moreno, acredita que “a disputa será difícil, sobretudo porque as pessoas têm dificuldades de votarem em mulheres”, no entanto, ela percebe que “a população feminina tem uma necessidade muito grande de se sentir representada em espaços políticos e de decisões”.

Marília Rufino. Foto: Guilherme Gusmão/LeiaJá

“Nos últimos tempos a gente está vendo essa discussão muito mais aflorada. E dentro daquilo que eu acredito, dentro das pautas que eu defendo, pretendo levar para dentro da Câmara um olhar mais humanizado para as comunidades do município de Moreno e sobretudo para as mulheres, crianças e adolescentes. É muito importante que a mulher morenense se sinta representada por outra mulher na política local”, afirmou Marília.

Nas últimas eleições municipais, enquanto o Brasil elegia apenas 16% de parlamentares mulheres para as câmaras municipais, segundo o TSE, nenhuma liderança feminina do município de Moreno conseguia ocupar vagas na Câmara dos Vereadores. Ciente dessas dificuldades do atual cenário político local, Marília acredita que a ausência de uma figura feminina no espaço de discussões políticas da cidade faz com que as pautas de interesse da população feminina sejam “colocadas de lado”.

“E com isso a gente está deixando de ter muitas políticas públicas voltadas para a gente. Eu sou candidata, claro que eu quero ganhar, mas eu quero também fortalecer essas outras mulheres a estarem lá, porque caso eu não entre, eu vou ter outras representações. Então é muito nessa perspectiva de fortalecimento, e de empoderar essas mulheres a estarem nesse lugar da gente. A gente precisa entender que por muito tempo fomos silenciadas. A gente foi silenciada a não estar nesses lugares, nesses espaços. É o nosso momento de vencermos e mesmo que tenhamos homens com ideias interessantes, nunca será a mesma coisa de uma mulher ocupando uma cadeira lá [Câmara]”, afirmou.

Marília já vem criando planos para que o resultado de 2020 não se repita no próximo ano. Ela revelou que irá aproveitar o bom desempenho do presidente Lula (PT) nas urnas da cidade, no qual o mandatário venceu o segundo turno da eleição presidencial com 65,09% dos votos dos eleitores, para defender a sua candidatura e impulsionar a campanha eleitoral através do Partido dos Trabalhadores.  

“Eu participei há alguns meses de um encontro com mulheres, que reunia não só as filiadas do PT, mas também do PSB e do PCdoB. Então, assim, tive o incentivo já projetar a candidatura. Outras mulheres também tiveram incentivos. Mulheres que fazem parte dessa federação e que estão aí de uma forma coletiva, plural, entendendo melhor as necessidades das suas cidades. Inclusive, dentro do próprio partido, a gente tem curso de formação, por exemplo. O PT oferece isso”, pontuou.

Marília Rufino e apoiadores do PT. Foto: Arquivo Pessoal

Separadas por 49 quilômetros de distância, a história de Marília é bem semelhante à da educadora Selma Barbosa (União Brasil-PE), que comanda a direção de uma instituição de ensino, localizada no bairro do Janga, na cidade de Paulista.

A diretora da Escola Mundo Novo, em entrevista ao LeiaJá, revelou que já sofreu até preconceitos por defender as suas ideias para a política do seu município. “Ano passado eu disputei, pelo União Brasil, para ser deputada estadual. Através de uma candidatura coletiva fui as ruas para pedir votos e apresentar as minhas propostas. Teve um dia, que eu e a minha amiga, ao chegarmos em uma residência, fomos abordadas por um homem que disse que não iríamos ganhar apenas por sermos mulheres”.

As palavras do eleitor não desanimaram a educadora que, mesmo não conseguindo ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ainda tem o desejo de alcançar um espaço na política.

“As pessoas já têm em suas mentes que mulheres não foram feitas para certos lugares. Isso se reflete no atual cenário político do país, onde poucas mulheres estão decidindo o melhor para a sociedade. Talvez, diante dessa situação e da minha derrota no ano passado, eu pudesse ter desistido. Mas sou uma mulher negra, da luta e não fui feita para fracassar perante esse sistema. A derrota aumentou mais ainda a minha vontade”, afirmou.

Selma Barbosa acredita em bons resuultados para 2024. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Questionada sobre o motivo de ter escolhido o União Brasil para disputar as eleições, Selma revelou que é muito criticada por não ser filiada a um partido de esquerda, mas que sempre explica o motivo de permanecer na sigla. “Sou uma mulher negra, empresária, independente e que sei qual o meu lugar no mundo. Sou o perfil que as pessoas acreditam que se encaixa apenas nos partidos da esquerda, principalmente por saberem que mulheres como eu são mais vistas nas pautas defendidas pela esquerda. Mas é importante sabermos que nós mulheres devemos ocupar todos os lados políticos. É importante ter uma diversidade. Claro que sempre devemos defender nossos corpos e nunca produzir falas que tentam nos diminuir”.

A educadora, que já desenvolveu projetos sociais na cidade de Paulista, afirmou que se um dia for parlamentar irá usar o espaço político para trazer melhorias para a educação.

“Sempre me reunia com amigos para fazer um sopão para bairros carentes daqui do município, e percebia nessas ações o como o povo paulistense deseja um amanhã melhor. Não direi que só a fome e a pobreza atingem a população, pois outros problemas também estão presentes. Eu, como educadora, quero trabalhar e cuidar da primeira infância, pois penso nas mães que não têm, muitas vezes, um local seguro para deixarem seus filhos. Essas mulheres devem ser contar com creches de qualidade do município para, assim, buscarem um salário digno”, pontuou Selma Barbosa.

 

A escritora Marília Rufino marcará presença na Livraria do Jardim, no Centro do Recife, para lançar seu segundo livro. A obra Como é Ser Mãe e Chefe de Família? será mostrada ao público nesta quinta-feira (14), a partir das 16h. O novo projeto da pernambucana ressalta a força de mães que desempenham o papel de líderes em suas famílias, sempre equilibrando responsabilidades e sonhos.

Marília mergulhou na vida dessas mulheres que enfrentam desafios diários com coragem e determinação. "A obra é um tributo à força silenciosa das mães e líderes de família", disse.

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"São mulheres incríveis que fazem malabarismos com a vida diariamente, e é uma honra poder compartilhar suas histórias e celebrar sua resiliência", completou Marília Rufino. De acordo com a organização do evento, é necessário confirmar a presença através do link do Sympla (disponível na bio do Instagram). A Livraria do Jardim fica localizada na Avenida Manoel Borba, nº 292, bairro da Boa Vista.

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