O Mercado Livre anunciou nesta terça (4) o lançamento de seus aplicativos para iOS (Apple) e Android. As ferramentas chegam quase dois meses após o app para smarpthones BlackBerry.
Embora o comunicado oficial seja hoje, o Mercado Livre já havia colocado os softwares nos respectivos mercados (App Store e Market) há quase um mês. E, mesmo sem qualquer publicidade, o número de downloads foi considerável - mais de 100 mil no iOS e quase 20 mil no Android.
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Por enquanto, ambos estão em versão 1.0, e não permitem publicar anúncios, apenas pesquisa (por palavra ou categoria) e compra, claro. No entanto, são mais robustos que o app para o BlackBerry, que não lê conteúdo HTML completo. é possível também ver as qualificações do vendedor e postar perguntas.
Segundo o argentino Daniel Rabinovich, CTO do ML e um dos primeiros funcionários da empresa, não há uma meta definida sobre o quanto os apps podem ajudar a aumentar o lucro da empresa. "No eBay, os usuários móveis têm quatro vezes mais engajamento no site que os do desktop, e movimentam 4 bilhões de dólares em compras", disse ao IDG Now!. Além disso, o tráfego móvel ao site cresce dez vezes acima do que chega pela web tradicional (embora trate-se de uma base bem menor, claro).
Mudança de filosofia
O lançamento dos apps é apenas uma etapa de um projeto maior do site de e-commerce, que comemora ter chegado à 8ª posição mundial no segmento. "Queremos ser conhecidos como uma empresa de tecnologia, não somente de vendas", disse.
Para que essa mudança de imagem, o ML está em um profundo processo de reformulação. O executivo diz que, há 18 meses, a empresa está mudando seu desenho de um modelo fechado, baseado desde 2000 em uma plataforma fechada, para um aberto, que aposta em APIs (códigos que permitem a criação de apps externos). "Todos os nosso esforços estão voltados para isso", disse.
E não que a coisa estivesse ruim. "Estamos mexendo em um time que está ganhando", disse ao IDG Now! o diretor-geral da empresa no país, Helisson Lemos. De acordo com ele, hoje há mais de 40 milhões de buscas no site, que domina o cenário de compras e vendas individuais e de micro-empresas no país.
No primeiro semestre de 2011, o Mercado Livre vendeu mais de 22,5
milhões de produtos, crescimento de 32% sobre o mesmo período do ano
anterior, atingindo um volume US$ 2 bilhões.
A mudança, de acordo com Rabinovich, é uma aposta no futuro, e um processo sem volta. "Empresas de modelo fechado não darão certo", disse, em uma referência não declarada à Apple.
Segundo Lemos, o ML encontra-se na segunda fase de uma mudança em três etapas. Na primeira, o modelo fechado, com desenvolvimento de ferramentas totalmente interno. A segunda é liberar as APIs para desenvolvedores "de confiança". O app para BlackBerry, por exemplo, foi desenvolvido pela Navita. A terceira fase, programada para 2012, prevê a disponibilidade pública das APIs - tal como acontece no Linkedin, Twitter e Facebook, por exemplo.
Empresa de código aberto
Rabinovich diz que o ML irá se tornar uma empresa open-source - inclusive oferecendo partes do próprio código-fonte, que poderão ser usados até por concorrentes. "Nossa única exigência é que as modificações também sejam compartilhadas com a comunidade", afirma. "Nossa vantagem não é o código, mas o conhecimento", acredita. Para ele, a opção pelo open-source ajudará tanto a empresa a se tornar mais conhecida como a fortalecer o setor de tecnologia no país e na América Latina.
Os apps para Android e iOS foram escolhidos após uma seleção entre seis e três ferramentas, respectivamente. Ambos foram desenvolvidos por uma empresa argentina chamada 3 Mosquitos, e comprados pelo ML.
No ano que vem, a ideia é criar um ecossistema de aplicativos, tal como acontece nas redes sociais. "Nada impede que sejam desenvolvidos uma série de ferramentas, como gerenciadores de vendas ou emissão de Nota Fiscal no celular", disse o CTO. Segundo Lemos, os melhores apps podem até serem comprados pelo ML.
A integração ao mundo da comunidade livre também é uma forma de defesa – embora não assumida – contra a concorrência cada vez maior. Para Lemos, o cenário do social commerce e das compras coletivas, por exemplo, não deixa de ser uma ameaça. "Temos medo de que o Facebook entre em nossa área – um amigo vendeu uma bicicleta que anunciou lá – mas também vamos atacar o terreno deles", disse o diretor-geral. Um exemplo disso é o recurso que permite publicar os anúncios do ML na rede social, ou mesmo exportar uma e-loja criada no Mercado Shops para o Facebook.
Quanto às compras coletivas, Lemos vê o cenário de maneira mais otimista. "São concorrentes, mas também trazem anúncios para nossa plataforma de links patrocinados e podem usar nosso sistema de pagamento online, o Mercado Pago", disse.