Tópicos | Motoristas mulheres

Depois de sofrer assédio de um motorista de aplicativo, Gabryella Corrêa criou seu próprio aplicativo de transporte, o Lady Driver, que só aceita motoristas do sexo feminino e atende exclusivamente mulheres. 

O Lady Driver foi oficialmente criado no dia 8 de março de 2017, dia internacional da mulher, com 1,8 mil motoristas. Hoje, tem mais de 35 mil motoristas cadastradas na região metropolitana de São Paulo e também no Rio de Janeiro. Foi considerado pelo jornal  britânico Financial Times o maior aplicativo feminino do mundo e também foi indicado ao “Prêmio Cláudia 2018”, que destaca mulheres que fazem a diferença em diversas áreas.

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Gabryella começou a trabalhar aos 15 anos de idade, ajudando o pai que era dono de uma oficina, autopeças e transportadora. "Eu já trabalhei no setor automotivo há 15 anos, então eu sempre tive que lidar muito com homens no trabalho, mas nunca me intimidei com isso, sempre busquei o meu lugar, mostrei que a mulher tem lugar em profissões que são consideradas masculinas, seja no transporte, tecnologia, entre outros. Quando a gente faz um trabalho bem feito, conseguimos conquistar nosso espaço", afirma.

Para as mulheres que trabalham como motoristas, o aplicativo acabou se tornando uma fonte de renda e uma opção para driblar o desemprego. É o caso de Renata Magnus da Silva Figueiredo, 33 anos.  Formada em administração de empresas, ela não conseguia emprego e começou a trabalhar como motorista de aplicativos, há aproximadamente um ano. "Eu sempre gostei muito de dirigir, tenho habilitação AB e eu já tinha pensado em trabalhar nesse segmento mas tinha medo. Quando eu descobri Lady Driver em uma propaganda eu decidi trabalhar e tentar algo diferente”, conta.

Além disso, as condutoras se sentem mais seguras lidando só com mulheres. Norma Bernardo Brito dos Santos, 54 anos, é motorista há dois anos e trabalha com outros dois aplicativos de transporte, mas prefere trabalhar com o Lady. "Trabalhar com mulher é bem melhor, é mais confortável, as tarifas do aplicativos também são melhores pra mim. A melhor coisa que apareceu no mercado foi o Lady, pelo menos para as mulheres”, diz.

Para as clientes, a sensação de segurança é um diferencial importante. A arte-educadora Nathalia Bevilacqua Aguiar, 30 anos, já utiliza o aplicativo há um ano e se sente mais segura usando o Lady Driver. "Como mulher, estou cansada de ouvir casos de assédios e abusos de motoristas homens de aplicativos. Também o fato de ser uma iniciativa feminina me levou a incentivar o projeto”, explica.

Porém nem tudo são rosas e as usuárias esbarram em dificuldades, como a escassez de veículos para atender a demanda. "É difícil encontrar motoristas fora do centro expandido de São Paulo, mas ainda tento, apesar de ter que usar outros aplicativos algumas vezes", conta Nathalia. 

A criadora do Lady Driver confirma que ainda não há motoristas em algumas regiões da cidade. "A gente tem uma grande concentração de motoristas na parte central de São Paulo. Como o serviço está crescendo a cada dia, na área que estamos atendendo, que é o centro expandido da cidade, é muito rápido para encontrar uma motorista disponível. Acredito que a questão da falta de motoristas em outras regiões é porque ainda não tem o serviço e elas gostariam que tivessem para poder atendê-las”, avalia.

 

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