Tópicos | O Auto da Compadecida

Os fãs de Ariano Suassuna se animaram ao descobrir que o filme ‘O Auto da Compadecida’ ganhará uma sequência. O que eles não sabiam ainda, é que a possibilidade de dar continuidade ao longa era uma ideia antiga do diretor Guel Arraes que chegou a apresentá-la ao autor da história, antes de sua morte.

Em entrevista ao G1, o filho de Ariano, Manuel Dantas Suassuna, revelou que a sequência de um dos filmes de maior sucesso do cinema nacional teria sido idealizada logo após o lançamento do primeiro longa. “Teve uma conversa de meu pai com Guel, quando ele estava vivo, para se fazer uma segunda versão. Depois, abandonaram a ideia, e agora, mais de 20 anos depois, ela veio à tona", disse.

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Ainda de acordo com Manuel, todo o processo de idealização de uma continuação para o longa passou pela família do autor há cerca de dois anos. A autorização veio após muita conversa e análise. "Analisamos os prós e contras de se ter um texto que não é puramente de Ariano, mas que vai levar o nome dele. A peça é de muito sucesso, então consultamos vários escritores amigos para saber a opinião deles, para traçar um caminho.”

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A previsão é que as gravações tenham início ainda este ano e que o filme esteja em cartaz nos cinemas de todo o Brasil em 2024, dez anos depois da morte de Ariano Suassuna. "Confiamos na produção e estamos na expectativa! Assim como da outra vez, papai deu total liberdade. Torcemos muito pelo sucesso!", disse Manuel. 

 

O Auto da Compadecida é uma ‘paixão nacional’. Baseado na obra de Ariano Suassuna, o filme, produzido primeiramente como uma série de TV, pode passar um milhão de vezes na TV que o brasileiro vai assistir um milhão de vezes. Mas você sabe o que o elenco do longa tem feito ultimamente? A gente te conta aqui.

Matheus Nachtergaele (João Grilo) e Selton Mello (Chicó)

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Um dos atores mais premiados do Brasil, Matheus Nachtergaele segue brilhando desde seu papel como João Grilo. Esse ano, ele foi visto nas séries Carcereiros e Todas as Mulheres do Mundo, da TV Globo, e no filme Cabras da Peste, da Netflix. Selton Mello também trilhou uma carreira brilhante no cinema e na TV. Em agosto deste ano, ele voltará às telas com a novela Nos Tempos do Imperador, que tinha sido adiada por causa da pandemia. Ainda na Globo, o ator e diretor planeja uma série para adaptar O Alienista, livro de Machado de Assis.

Denise Fraga (Dora) e Diogo Vilela (Padeiro)

Famosa no cinema e na TV, Denise Fraga também tem uma longa história no teatro. Esse ano, ela estará no elenco da versão brasileira do espetáculo Dez por Dez, do dramaturgo Neil LaBute. A série online estreia em 20 de maio, no site do Teatro Unimed. Astro de várias produções desde os anos 80, Diogo Vilela é outro que tem se dedicado mais ao teatro. Sua última participação na TV foi no ano passado, no Zorra Total da Globo. 

Marco Nanini (Severino) e Enrique Díaz (Capanga)

O veterano ator de 72 anos estreou, em março, a peça on line As Cadeiras. Enrique Diz foi visto recentemente na novela Amor de Mãe, interpretando o personagem Durval.

Lima Duarte (Bispo)

Isolado em um sítio em Indaiatuba, por causa da pandemia, Lima Duarte não está trabalhando nesse momento. Esse ano, no entanto, ele está escalado para a série Aruanas, do GloboPlay.

Virginia Cavendish (Rosinha)

A atriz pernambucana também investe no teatro. Ao lado de Alessandra Negrini, ela se prepara para encenar o duelo de Mary Stuart e Elizabeth I em uma peça.

Bruno Garcia (Vicentão) e Aramis Trindade (Cabo Setenta)

Bruno Garcia segue trabalhando na TV. Atualmente, está no elenco da série Sob Pressão, da Globo. Aramis encenou esse ano a peça Romeu e Juliete, Cordel de Ariano Suassuna, curiosamente do mesmo autor de O Auto da Compadecida.

Fernanda Montenegro (Nossa Senhora)

A dama do cinema brasileiro segue trabalhando. Em 2020, participou das produções Gilda, Lúcia e o Bode e Amor e Sorte. 

Luís Melo (Diabo)

Luís Melo iria fazer a novela Nos Tempos do Imperador, na Globo, mas pediu para sair. Por conta da pandemia, o ator, que mora em Curitiba, teria que se deslocar para gravar no Rio de Janeiro, o que seria arriscado pela sua idade.

Rogério Cardoso (Padre João) e Paulo Goulart (Major Antonio Morais)

Infelizmente, dois atores do elenco já nos deixaram. Rogério Cardoso morreu em 2003 e Paulo Goulart, em 2014.

Quando se fala de cinema nacional, o gênero fantástico, como terror, aventura e fantasia, fica meio esquecido. O que não significa que o país não tenha representantes nesses tipos de filmes. O número de exemplares pode não ser assim tão grande, mas isso não impede o Brasil de ter bons longas e ótimos personagens. O LeiaJá separou alguns vilões, justamente, para provar isso.

Zé do Caixão

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Claro que ele iria abrir a lista. O maléfico agente funerário criado por José Mojica Marins é o maior de todos. O personagem estreou em 1963, no filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma e, depois do sucesso, estrelou mais dois filmes e apareceu em outros sete. Até hoje, um ícone do terror, não só no brasil, como no resto do mundo.

Severino de Aracaju (O Auto da Compadecida - 2000)

Mesmo sendo um filme família, o longa baseado na peça escrita por Ariano Suassuna traz um personagem que mete medo em todo mundo. Marco Nanini está perfeito na pele de Severino de Aracaju, o implacável cangaceiro que aterroriza Taperoá e persegue seus desafetos mesmo depois de morto.

Baixo Astral (Super Xuxa contra Baixo Astral - 1988)

O humorista Guilherme Karan é o responsável por dar vida ao vilão mais icônico de todos os filmes estrelados por Xuxa Meneghel. Baixo Astral é um ser demoníaco que quer acabar com a alegria do mundo, mas sempre se dá mal. Anos depois o longa virou cult nos EUA, vendido como um filme de terror (!).

Cangaço (Condado Macabro - 2015)

Todo país tem um palhaço de filme de terror que se preze. No Brasil, o longa Condado Macabro, dirigido por André de Campos Mello, Marcos DeBrito, nos deu Cangaço (Francisco Gaspar). Na história, o palhaço, além de entreter, também se mete no mundo do crime. Tudo dá errado quando ele encontra o grupo de psicopatas tão perigosos quanto ele.

Inácio (O Animal Cordial - 2017)

O filme de Gabriela Amaral Almeida nos apresenta um dono de restaurante que surta durante um assalto e resolve manter todo mundo preso no local sob forte tortura psicológica. Interpretado por Murilo Benício, o empresário Inácio é o melhor exemplo de homem comum que pode virar um monstro;

Ratan (A Princesa Xuxa e os Trapalhões - 1989)

Claro que não podia faltar um vilão de um filme d’os Trapalhões. O escolhido foi Ratan (Paulo Reis), o tirano do planeta Antar, que, entre outras maldades, escraviza crianças e idosos. Quem pode impedí-lo? Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

Tenório (Reza a Lenda - 2016)

Em um Nordeste místico, um grupo de motoqueiros procura pela imagem de uma santa que vai trazer chuva e prosperidades para a região. Quem se opõe a eles é o fazendeiro Tenório, latifundiário inescrupuloso, interpretado por Humberto Martins, que quer a riqueza só para ele.

Chupacabras (A Noite do Chupacabras - 2011)

Rodrigo Aragão é o grande nome do terror brasileiro hoje e seus filmes são cheios de monstros assustadores. Um dos mais conhecidos é o Chupacabras, que ganhou vida através do ator Walderrama Dos Santos. O bicho/ET aparece no interior do Espírito Santo, em uma cidade onde duas famílias estão em pé de guerra e se farta com tanta matança.

Fotos: Divulgação

A criação artística de Ariano Suassuna é, para o senso comum, quase um sinônimo da palavra teatro. Mas o escritor paraibano, que faleceu na última quarta-feira (23), também inspirou com seu legado literário o surgimento de obras exibidas através outras linguagens artísticas, a exemplo do cinema e da TV. Entre tantos casos, os exemplos mais conhecidos são O Auto da Compadecida e O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, transformados em minisséries e em longas-metragens.

Na TV, suas obras ganharam adaptações pelas mãos de diretores como Luiz Fernando Carvalho e Guel Arraes. Em 2007, ano que Ariano Suassuna completou 80 anos, o diretor Luiz Carvalho homenageou o autor através da microssérie A Pedra do Reino, escrita com Luís Alberto de Abreu e Braulio e exibida em cinco capítulos na Globo. Participaram do elenco Irandhir Santos, Nill de Pádua e Mayana Neiva. Outro detalhe é que Carvalho incorporou à trama elementos de Torturas de um Coração e O Santo e a Porca, também peças de Suassuna. 

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Adeus, Ariano. A compadecida te aguarda

Mas a relação do escritor paraíbano com a televisão já estava consolidada nesse período. Em 1994, a atriz Tereza Seiblitz interpretou Rosa Maranhão na peça Uma mulher vestida de sol, dirigida por Carvalho e exibida na Globo. Sob o comando de Guel Arraes, O Auto da Compadecida também foi adaptado para a TV e a minissérie - que contou com Selton Mello e Matheus Nachtergaele como protagonistas - teve bastante sucesso. No ano seguinte, os quatro capítulos que narram a trajetória de Chicó e João Grilo viraria filme.

Ariano Suassuna, o tradutor do povo nordestino

No entanto, a chegada de Suassuna ao cinema é antiga e data o ano de 1969, quando George Jonas assinou dirigiu A Compadecida, estrelado por Regina Duarte e Armando Bógus. Anos mais tarde, em 1987, outro filme que se inspirou na mesma obra foi Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987), de Roberto Santos.

'A Caetana chegou, mas ele está aqui com a gente'

As adaptações para o teatro existem desde os anos 1950, através de nomes como Zbigniew Ziembinski (O Santo e a Porca), Antunes Filho (A Pedra do Reino), Ademar Guerra (O Auto da Compadecida) e Aderbal Freire-Filho (A Farsa da Boa Preguiça). Entre os espetáculos mais recentes, estão O Casamento Suspeitoso, com direção de Sérgio Ferrara, e As Conchambranças de Quaderna, de Inez Viana. 

Para 2014, Ariano Suassuna planejava lançar novo romance, O jumento sedutor, pela Editora José Olympio. O escritor chegou a declarar publicamente que era mais conhecido como dramaturgo, menos como romancista e pouquíssimo como poeta, e que para esta obra tentaria fundir estes três elementos. Será que virá um filme ou uma série nova por ai?

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