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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu as prisões preventivas de três investigados na Operação Ressonância, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro que investiga fraude nas licitações da área de saúde celebrados pelo Estado do Rio e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.

Impondo medidas alternativas, o ministro suspendeu as prisões de Daurio Speranzini Júnior, executivo da GE e ex-executivo da Philips, do empresário Miguel Iskin, da Oscar Iskin, e de seu sócio Gustavo Estellita.

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Daurio teve a prisão preventiva decretada em julho pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, após o Ministério Público Federal encontrar em sua residência um dossiê, datado de 20 de junho de 2018, contra um denunciante seu.

A testemunha relatou que a Philips, onde Daurio era CEO na época dos fatos, teria vendido equipamentos nesse esquema. Outra testemunha declarou que a empresa seria integrante do denominado "clube do pregão internacional" em contratos com a Saúde do Rio.

Também em julho, Bretas mandou prender novamente Iskin e Estellita, após Gilmar determinar a soltura dos dois em dezembro do ano passado. A empresa Oscar Iskin é apontada como líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no "clube".

No caso de Iskin e Estellita, Gilmar concordou com os argumentos da defesa, de que não há "fundamento novo" para os recentes decretos de prisão, e que indiquem ainda contemporaneidade dos supostos delitos cometidos pelos dois empresários.

No caso de Daurio, o ministro afirmou que a apreensão dos documentos na casa do executivo não é apta para "preencher os requisitos autorizadores da decretação da prisão preventiva".

O ministro ainda destaca que Daurio atualmente é CEO da GE, empresa que não é investigada no âmbito da operação.

Gilmar impôs medidas alternativas para os três, que são a proibição de manter contato com os demais investigados e de deixar o País, devendo entregar seus passaportes em até 48h. As decisões foram assinadas entre esta segunda e terça-feira.

"Rei do ônibus"

Nesta terça, Gilmar também determinou a suspensão de uma ação penal do empresário Jacob Barata Filho. No caso em questão, Barata responde por tentar embarcar para Portugal, quando foi preso em flagrante, com R$ 50 mil em moedas estrangeiras. Com a decisão de Gilmar, a audiência do "rei do ônibus", marcada para esta quarta-feira, também está suspensa.

Alvo da Lava Jato no Rio, Jacob Barata Filho é apontado como pagador de R$ 270 milhões em propinas ao grupo do ex-governador Sérgio Cabral.

Jacob Barata Filho foi preso em flagrante no âmbito da Operação Ponto Final, no dia 2 de julho do ano passado, tentando embarcar para Portugal com cerca de R$ 50 mil em euros, dólares e francos suíços.

Um delator narrou à força-tarefa da Operação Lava Jato que pelo menos dois contêineres de próteses vencidas foram incinerados no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), cujos contratos são investigados por supostas fraudes. Nesta quarta-feira (4), a Polícia Federal pôs nas ruas 180 agentes para prender 22 suspeitos de cartel e desvios na saúde do Rio que agoniza - 15 mil pessoas aguardam na fila para a colocação de próteses, segundo dados do próprio INTO.

Braço da Lava Jato no Rio, a Operação Ressonância, mandou de volta para a cadeia Miguel Iskin, apontado como "líder" dos desvios na Saúde do Estado. Ele teria prestado serviços para um suposto "clube de empresas", como a Procuradoria da República classifica o cartel de grupos do setor, que atuava desde 1996 para eliminar o caráter competitivo de licitações.

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Iskin foi preso em abril do ano passado, mas o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, em dezembro, substituiu o regime fechado imposto ao empresário por recolhimento noturno e nos fins de semana. O pedido de prisão contra os investigados, entre eles um executivo da Philips e o CEO da GE, foi embasado em movimentações bancárias, repatriação de valores apontados como supostas propinas, além de mensagens e tratativas para a formação de cartel - também investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo o acordo de delação de Leandro Camargo, diretor da Per Prima (fornecedora de próteses), os pregões de compra dos produtos eram feitos conforme necessidade de venda da empresa Oscar Iskin (de material hospitalar) e não da necessidade de compra do hospital público. De acordo com o empresário, a situação, por vezes, gerava desperdício de próteses.

"Depois que homologava o pregão, os pedidos de empenhos dos grandes grupos: joelho, quadril, coluna, trauma e ombro, eram feitos de acordo com a necessidade de venda da Oscar Iskin, e não de compra do Into, e que isso causava sobra de estoque; que o colaborador soube que essa sobra era tão significativa que foram incinerados dois contêineres de próteses vencidas no velho Into", diz o trecho da denúncia do MPF referente à delação de Camargo.

Questionado pela reportagem, o Into afirmou que a lista de espera por cirurgia de próteses atualmente é 15 mil brasileiros, sendo cerca de 11 mil são "pacientes ativos" - que já se encontram em condições de realizar o procedimento. No entanto, ressaltou que as filas para cirurgias de quadril, joelho e coluna diminuíram a partir da mudança para a nova sede, no final de 2011. "Antes, havia 21 mil pessoas aguardando cirurgia", ressaltou.

De acordo com o MPF, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, que desencadeou na Ressonância, órgãos de controle identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 no Into. A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado "clube do pregão internacional".

Segundo o MPF, as atividades de empresários e funcionários públicos envolvidos na "teia criminosa" conseguiram a liberação orçamentária para contratações em valores estratosféricos que, segundo dados do Tribunal de Constas da União, atingiram mais de R$ 1,5 bilhão apenas no âmbito das contratações do Into, no período de 2006 a 2017. Foram relacionadas 70 licitações do Into afetadas pelo cartel.

A obrigação da empresa, segundo o delator, era pagar 13% do total recebido dos empenhos da Per Prima aos operadores do esquema, como uma espécie de "pedágio" para se poder vender no hospital. As licitações de próteses no Into eram divididas em dois grandes blocos: o primeiro referente aos "grandes grupos" (joelho, quadril, ombro, coluna e trauma), para os quais seriam destinados cerca de 80% do dinheiro, o segundo grupo se referia às próteses de grupos menores: pé, mão, bucomaxilo, de menor valor.

"O cumprimento dessa regra garantia que a Per Prima não seria impedida de vender no hospital, e teria o pagamento garantido", disse o delator.

Camargo disse ainda que o argumento usado era de que o "dinheiro que vinha de Brasília" era captado e trazido pelo Miguel Iskin por meio de seus contatos políticos na capital. "Todos deveriam pagar o 'pedágio' em cima de suas vendas, pois os acertos com Brasília eram calculados em cima do total de dinheiro que estava disponível para compra de implantes", diz a delação.

Defesas

Em nota, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) afirmou que o laboratório da unidade funciona normalmente. "No momento, o instituto prioriza a realização das artroplastias primárias do quadril. Também há um processo de compras de próteses, em fase de finalização, para que todos os pacientes prontos sejam chamados".

Sobre a operação, o INTO respondeu que está "à disposição para esclarecimentos da investigação".

O advogado Alexandre Lopes, que defende Miguel Iskin, disse que a prisão do empresário "é ilegal e será revogada pelos tribunais brasileiros". "Trata-se de repetição de operação anterior, na qual custódia preventiva já foi afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Causa perplexidade a utilização como base da prisão depoimentos de um delator chamado Cesar Romero, que ouvido em Juízo, anteriormente, foi flagrado em várias mentiras. Suas delações deveriam ser anuladas, e não usadas como arrimo de prisão ilegal."

Os advogados Gustavo Teixeira e Rafael Kullmann, defensores de Sérgio Côrtes, afirmam que a Polícia Federal foi informada no ato que seu cliente encontrava-se no hospital no momento em razão de uma cirurgia de uma de suas filhas, menor de idade.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não respondeu.

Ao requerer prisões e buscas contra investigados por cartel e fraudes na Saúde do Rio, a força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou que Estado tem "órgãos públicos inteiramente ocupados por agentes corruptos, contribuindo para o atual estágio de total desgoverno". A ação mira contratos na área da saúde celebrados pelo Estado do Rio e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). A 7.ª Vara Federal Criminal decretou a prisão preventiva de 13 investigados e a temporária de 9, além da busca e apreensão em 44 endereços. Também foi decretado o bloqueio de bens no valor de R$ 1,2 bilhão.

De acordo com os procuradores, estão evidentes "exemplos concretos desse comprometimento da política pública que, malgrado alardeada pelos investigados sob o manto de 'modernização' das unidades de saúde do Estado, estava - como ainda permanece - voltada a exponenciar os ganhos ilícitos da organização criminosa, com a aquisição dos equipamentos mais custosos das empresas alinhadas com o grupo para o pagamento de vantagens milionárias".

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"Os reflexos dessa corrupção ainda presente em nosso sistema são sentidos na pele de quem adoece e não pode pagar por serviços privados", afirmam os procuradores.

A força-tarefa do Rio, que tem visto o ministro Gilmar Mendes soltar diversos alvos, inclusive Miguel Iskin, preso novamente nesta quarta, 4, citou o magistrado ao pedir as medidas cautelares no âmbito da Ressonância.

Os procuradores afirmam que o "Ministério Público e o Poder Judiciário não podem fechar os olhos para os impactos da corrupção na vida dos cidadãos, dentre os quais merece destaque, sobretudo no Estado do Rio de Janeiro, a violência". Em seguida, citam trecho de entrevista do ministro em que cita a "ocupação" do Rio por facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.

"De fato, conforme demonstrado na presente peça e nas investigações que se iniciaram a partir da Operação Calicute, o Rio de Janeiro possui não apenas "territórios ocupados" como também "órgãos públicos inteiramente ocupados" por agentes corruptos, contribuindo para o atual estágio de total desgoverno que ora se instalou no Estado", afirma a Lava Jato.

Segundo os procuradores ainda dizem, a "Lava Jato no Rio de Janeiro revelou a existência da mais poderosa organização criminosa já identificada no Estado, da qual faziam parte o seu governador, os presidentes da Assembleia Legislativa, seis do sete membros do Tribunal de Contas do Estado, todas as secretarias de Estado, entre outros órgãos ainda em investigação sigilosa".

"Conforme ressaltou o eminente ministro, sem a atuação firme do Poder Judiciário, o Estado do Rio de Janeiro não conseguirá virar essa página triste de sua história que afeta milhões e milhões de pessoas, sendo imprescindível expurgar tais pessoas da administração pública com medidas proporcionais à gravidade da atual situação", afirmam.

Solto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes no ano passado, o empresário Miguel Iskin voltou a ser alvo de prisão preventiva nesta quarta-feira, 4, no âmbito da Operação Ressonância, desdobramento da Fatura Exposta, braço da Lava Jato no Rio, por decisão do juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal. A ação mira em contratos na área da saúde celebrados pelo Estado do Rio de Janeiro e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into).

O empresário havia sido preso em abril do ano passado, mas, após ter seu habeas corpus acolhido pelo ministro, foi posto em recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, em dezembro. A defesa havia alegado que ele é portador de neoplastia cística do pâncreas, doença que, se não tratada de maneira apropriada, poderá tornar-se câncer.

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Além de Iskin, Bretas determinou a preventiva de outros 12 pessoas e a temporária de nove, e também busca e apreensão em 44 endereços. Também foi decretado o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1,2 bilhão.

Segundo a representação da força-tarefa da Lava Jato, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, órgãos de controle como o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) uniram esforços e identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 no Into.

A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado "clube do pregão internacional".

O núcleo operacional da organização criminosa era formado por funcionários de confiança da empresa Oscar Iskin, dizem os investigadores. Eles eram responsáveis por fazer a ligação entre o setor público (núcleo administrativo-político) e os empresários cartelizados (núcleo econômico) para direcionar as demandas públicas (insumos médicos a serem adquiridos e cotação de preços fraudadas) e as contratações, mediante a desclassificação ilícita de concorrentes que não faziam parte do cartel.

"Esses atos de ofício eram comprados com o pagamento de vantagens indevidas milionárias, as quais eram custeadas com base na arrecadação de valores com as empresas beneficiárias das licitações, seja por meio de pagamento de 'comissões' no exterior (correspondentes a cerca de 40% dos contratos), seja por meio do recolhimento no Brasil de valores entre 10% e 13% dos contratos firmados pelas empresas do cartel, estratégia que gerava um 'grande caixa de propina' administrado por Miguel Iskin de forma a retroalimentar o sistema e permitir a sua hegemonia no mercado da saúde pública durante décadas", afirmam em petição os procuradores da República Eduardo El Hage, Fabiana Schneider, Marisa Ferrari, José Augusto Vagos, Leonardo Cardoso de Freitas, Rafael Barretto, Rodrigo Timóteo, Stanley Valeriano, Sérgio Pinel, Felipe Bogado e Almir Teubl Sanches - integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Segundo a força-tarefa, o "núcleo administrativo da organização criminosa, destaca-se a atuação de Jair Vinnicius Ramos da Veiga, conhecido como Coronel Veiga, responsável por controlar de fato as licitações no Into e na Secretaria Estadual de Saúde".

"O esquema de corrupção no Into permaneceu mesmo após as mudanças nos cargos de direção, envolvendo o atual diretor-geral do Into, André Loyelo, e o coordenador de administração geral, Luís Carlos Moreno, os quais continuaram os ajustes com empresas contratantes, incluindo algumas integrantes do cartel".

"No núcleo econômico atuavam os principais executivos de fabricantes multinacionais de equipamentos médicos, que ajustavam as vitórias nas licitações mediante o pagamento de comissão a Miguel Iskin no valor de 13% dos contratos. Empresas intermediárias controladas por Iskin também atuavam no cartel para vender produtos fabricados por terceiros, bem como as empresas laranjas, que participavam das licitações apenas para dar aparência de legalidade às contratações e, quando ganhavam o contrato, retinham uma pequena parte do valor a título de comissão e repassavam a quase totalidade das vendas para os grandes fabricantes", afirma o MPF.

De acordo com a Procuradoria, "Miguel Iskin montou uma rede complexa de lavagem de dinheiro, utilizando-se de offshores em diversos países e empresas no Brasil. O esquema funcionava de maneira similar na Secretaria de Saúde, onde se identificou fraude em licitações realizadas diretamente, como a que gerou os contratos de reforma e aquisição de equipamentos para a sede do Instituto Estadual do Cérebro (IEC), além da adesão a atas de registro de preço do Into nas quais também foram encontradas irregularidades".

A reportagem está buscando contato com as defesas dos citados. O espaço está aberto para manifestações.

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro (RJ) em conjunto com o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU), a Receita Federal e a Polícia Federal deflagraram nesta terça-feira, 4, a operação Ressonância, desdobramento da Fatura Exposta, braço da Lava Jato no Rio.

A ação mira contratos na área da saúde celebrados pelo Estado do Rio de Janeiro e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). A 7ª Vara Federal Criminal autorizou a prisão preventiva de 13 pessoas e a temporária de nove, além da busca e apreensão em 44 endereços.

##RECOMENDA##

Também foi decretado o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1,2 bilhão. Entre os alvos de decreto de prisão, estão o empresário Miguel Iskin, que foi solto por decisão do ministro do STF Gilmar Mendes em outubro de 2017, o executivo da Philips, Frederik Knudsen e Daurio Speranzini Júnior, ex-executivo da Philips e atual CEO da GE para a América Latina. A reportagem está buscando contato com as defesas e o espaço está aberto para suas manifestações.

De acordo com a Procuradoria da República no Rio, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, órgãos de controle como o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) uniram esforços e identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 no Into.

A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado "clube do pregão internacional".

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