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    O credenciamento para concessão de órteses e próteses para os usuários do Centro Especializado em Reabilitação (CER II), foi formalizada pela prefeitura de Ipojuca, nesta quarta-feira (14). O evento aconteceu na sede da Secretaria de Saúde.   

Quando o usuário obter o credenciamento, ficará disponível os meios de locomoção (muletas, andadores e cadeiras de rodas) para serem usados durante o processo de reabilitação e a cada evolução, o equipamento volta para o CER II e será passado para o próximo usuário. 

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O responsável técnico da empresa Ortopedia Boa Viagem, o fisioterapeuta Tiago Bessa explicou à prefeita que as próteses e órteses são confeccionadas sob medida e personalizadas de acordo com as articulações, por exemplo, do paciente com microcefalia. 

Durante o evento, o usuário Daniel recebeu o “liner” que é uma peça silicone utilizada para proteger o coto antes da colocação da prótese. “Não tenho nem palavras para dizer o que estou sentindo. Com a prótese eu vou poder seguir minha vida porque ela não acabou quando fui amputado. Agora vou voltar a trabalhar, poder ir pra praia e viajar”, comentou Daniel que é servente de pedreiro.  

Um delator narrou à força-tarefa da Operação Lava Jato que pelo menos dois contêineres de próteses vencidas foram incinerados no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), cujos contratos são investigados por supostas fraudes. Nesta quarta-feira (4), a Polícia Federal pôs nas ruas 180 agentes para prender 22 suspeitos de cartel e desvios na saúde do Rio que agoniza - 15 mil pessoas aguardam na fila para a colocação de próteses, segundo dados do próprio INTO.

Braço da Lava Jato no Rio, a Operação Ressonância, mandou de volta para a cadeia Miguel Iskin, apontado como "líder" dos desvios na Saúde do Estado. Ele teria prestado serviços para um suposto "clube de empresas", como a Procuradoria da República classifica o cartel de grupos do setor, que atuava desde 1996 para eliminar o caráter competitivo de licitações.

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Iskin foi preso em abril do ano passado, mas o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, em dezembro, substituiu o regime fechado imposto ao empresário por recolhimento noturno e nos fins de semana. O pedido de prisão contra os investigados, entre eles um executivo da Philips e o CEO da GE, foi embasado em movimentações bancárias, repatriação de valores apontados como supostas propinas, além de mensagens e tratativas para a formação de cartel - também investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo o acordo de delação de Leandro Camargo, diretor da Per Prima (fornecedora de próteses), os pregões de compra dos produtos eram feitos conforme necessidade de venda da empresa Oscar Iskin (de material hospitalar) e não da necessidade de compra do hospital público. De acordo com o empresário, a situação, por vezes, gerava desperdício de próteses.

"Depois que homologava o pregão, os pedidos de empenhos dos grandes grupos: joelho, quadril, coluna, trauma e ombro, eram feitos de acordo com a necessidade de venda da Oscar Iskin, e não de compra do Into, e que isso causava sobra de estoque; que o colaborador soube que essa sobra era tão significativa que foram incinerados dois contêineres de próteses vencidas no velho Into", diz o trecho da denúncia do MPF referente à delação de Camargo.

Questionado pela reportagem, o Into afirmou que a lista de espera por cirurgia de próteses atualmente é 15 mil brasileiros, sendo cerca de 11 mil são "pacientes ativos" - que já se encontram em condições de realizar o procedimento. No entanto, ressaltou que as filas para cirurgias de quadril, joelho e coluna diminuíram a partir da mudança para a nova sede, no final de 2011. "Antes, havia 21 mil pessoas aguardando cirurgia", ressaltou.

De acordo com o MPF, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, que desencadeou na Ressonância, órgãos de controle identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 no Into. A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado "clube do pregão internacional".

Segundo o MPF, as atividades de empresários e funcionários públicos envolvidos na "teia criminosa" conseguiram a liberação orçamentária para contratações em valores estratosféricos que, segundo dados do Tribunal de Constas da União, atingiram mais de R$ 1,5 bilhão apenas no âmbito das contratações do Into, no período de 2006 a 2017. Foram relacionadas 70 licitações do Into afetadas pelo cartel.

A obrigação da empresa, segundo o delator, era pagar 13% do total recebido dos empenhos da Per Prima aos operadores do esquema, como uma espécie de "pedágio" para se poder vender no hospital. As licitações de próteses no Into eram divididas em dois grandes blocos: o primeiro referente aos "grandes grupos" (joelho, quadril, ombro, coluna e trauma), para os quais seriam destinados cerca de 80% do dinheiro, o segundo grupo se referia às próteses de grupos menores: pé, mão, bucomaxilo, de menor valor.

"O cumprimento dessa regra garantia que a Per Prima não seria impedida de vender no hospital, e teria o pagamento garantido", disse o delator.

Camargo disse ainda que o argumento usado era de que o "dinheiro que vinha de Brasília" era captado e trazido pelo Miguel Iskin por meio de seus contatos políticos na capital. "Todos deveriam pagar o 'pedágio' em cima de suas vendas, pois os acertos com Brasília eram calculados em cima do total de dinheiro que estava disponível para compra de implantes", diz a delação.

Defesas

Em nota, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) afirmou que o laboratório da unidade funciona normalmente. "No momento, o instituto prioriza a realização das artroplastias primárias do quadril. Também há um processo de compras de próteses, em fase de finalização, para que todos os pacientes prontos sejam chamados".

Sobre a operação, o INTO respondeu que está "à disposição para esclarecimentos da investigação".

O advogado Alexandre Lopes, que defende Miguel Iskin, disse que a prisão do empresário "é ilegal e será revogada pelos tribunais brasileiros". "Trata-se de repetição de operação anterior, na qual custódia preventiva já foi afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Causa perplexidade a utilização como base da prisão depoimentos de um delator chamado Cesar Romero, que ouvido em Juízo, anteriormente, foi flagrado em várias mentiras. Suas delações deveriam ser anuladas, e não usadas como arrimo de prisão ilegal."

Os advogados Gustavo Teixeira e Rafael Kullmann, defensores de Sérgio Côrtes, afirmam que a Polícia Federal foi informada no ato que seu cliente encontrava-se no hospital no momento em razão de uma cirurgia de uma de suas filhas, menor de idade.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não respondeu.

Jésus Alecrim, de 31 anos, leva a bateria sem ajuda para ensaios e shows. Monta e desmonta o instrumento. Afina, passa o som. Segue a rotina de um músico sem dificuldades, mas difere de outros bateristas por não ter as mãos e parte das duas pernas. Com menos de dois meses de vida, ele teve os membros amputados após ter uma infecção. Foi também em menos de dois meses que, por meio de uma campanha na internet, conseguiu reunir mais de R$ 70 mil para fazer a troca das próteses que usa nas pernas desde os 15 anos. A vaquinha virtual teve início em outubro, foi encerrada em dezembro e, desde o último final de semana, ele está usando as novas próteses.

Profissional da área administrativa e baterista, Jésus Marcos Pinto de Alecrim nasceu em 20 de dezembro de 1986 sem complicações. Quatro dias depois do nascimento, manchas em seu corpo preocuparam a sua família, mas nada foi diagnosticado em sua cidade, Capelinha (MG). Ele foi levado para Belo Horizonte, onde médicos constataram que ele estava com infecção generalizada. "Não tinha dois meses de idade quando houve a necessidade de amputação das duas mãos e das duas pernas abaixo do joelho."

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Mesmo assim, Alecrim conta que cresceu recebendo o mesmo tratamento dos outros quatro irmãos. "Minha infância foi tranquila. Meus pais me deixavam à vontade e não me limitavam." Na adolescência, dois de seus irmãos montaram uma banda chamada Perímetro Urbano para tocar pop rock nacional e internacional. Só que o grupo não tinha um baterista.

"Comecei a ter curiosidade sobre o instrumento. Meus irmãos são autodidatas e não tinha tanta coisa na internet na época. Comecei ouvindo fita cassete e tentando acompanhar. Foi um processo longo para eu aprender a tocar, porque sempre tentei chegar ao melhor possível, querendo tocar como profissional. Eu mesmo criei as baquetas adaptadas", relembra. Couro, tubo de linha de costura, arruelas de aço estão entre os materiais que usou para criar o suporte que encaixa nos antebraços para colocar as baquetas.

Ele passou menos de um ano no projeto com os irmãos, porém, não deixou de tocar - agora, é baterista de uma banda chamada Seu Aurélio. "A gente toca pop rock. Gosto de Pink Floyd, Dire Straits, Jota Quest, U2, Biquini Cavadão, Charlie Brown Jr, Guilherme Arantes. Gosto de músicas boas."

O músico conta que, por causa de sua independência, algumas pessoas não notam a falta dos membros. "Quando vou tocar, as pessoas nem sabem. Já aconteceu de eu passar o som e as pessoas verem depois que sou deficiente. Algumas nem acreditam que era eu que estava tocando."

Campanha

As próteses que ele usava nas pernas foram obtidas com ajuda da família. "Até os 15 anos, andava de joelhos com o sapato virado para trás. Mas sempre tentei viver da melhor forma. Se a pessoa reclama demais, cria mais problemas."

Embora evite se preocupar com as dificuldades, Alecrim percebeu que as próteses precisavam ser trocadas e se deparou com a situação de não ter condições de comprar novas. Foi quando uma rede de ajuda teve início. "Uma empresa chamada Estrela Filmes me presenteou com um documentário contando a minha história para eu tentar arrecadar fundos. Eu encaminhei para a Batera Clube (loja especializada no instrumento) para compartilhar." Um vídeo foi publicado na página do Facebook da loja no começo de novembro e teve quase 5 mil compartilhamentos.

A mobilização no site Vakinha teve início em 23 de outubro com a meta de alcançar R$ 50 mil em doações e, no dia 7 de dezembro, Alecrim encerrou a campanha - ela estava prevista para acabar em 31 de janeiro. Ele arrecadou

R$ 73.407,90.

"Encerrei, porque já alcancei a meta. Vou usar o dinheiro para a manutenção da prótese, porque ela é muito cara e tem partes que precisam ser trocadas. Também para o tratamento, fisioterapia."

Diretor-executivo da Estrela Filmes, Gidson Estrela Ramos, de 37 anos, diz que se sensibilizou com a história do músico e resolveu ajudá-lo com a produção do vídeo. Ele não esconde a felicidade pelo fato de Alecrim ter conseguido bater a meta.

"Quanto mais a gente conhece a história dele, mais a gente fica apaixonado. Realização é uma palavra muito vazia para esse momento. Todo esse desfecho é como se a gente estivesse sem as pernas e ganhasse as pernas. Não sei a palavra certa para usar. O alívio dele é nosso também."

Casado há dois anos e pai de um menino de 4 meses chamado Emanuel, Alecrim diz que o processo com a nova prótese foi em etapas. Primeiro, ele usou um modelo provisório e, depois, as definitivas. "Estou me adaptando, mas elas são muito diferentes, bem melhores. Mudou tudo, desde o pé até o encaixe. Estou fazendo fisioterapia para fortalecer as pernas. Foi uma mudança geral de vida. Pelas próteses e pela oportunidade de conhecer várias pessoas."

O baterista conta que consegue desenvolver suas atividades sem problemas, mas tem o desejo de desenvolver uma habilidade. "Ainda vou aprender a nadar. Aprender deve ser muito bom, né? Chegar e pular na água sem medo", diverte-se.

Em parceria com o Ministério da Saúde, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), do Rio de Janeiro, passou a utilizar a tecnologia da impressão tridimensional (3D) na produção de próteses de plástico para pacientes amputados.

A novidade pretende beneficiar os pacientes com artroses de ombro do Instituto, que é referência para o Sistema Único de Saúde (SUS). E visa tornar mais precisas e ágeis as cirurgias, além de prever a redução da espera cirúrgica.

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Especialistas do Into já se preparam para substituir também braços, pernas e pés amputados, inclusive de crianças. “A ideia é realizar essa cirurgia em larga escala e, a partir daí, extrapolar para outras articulações, como coluna e quadril”, conta o cirurgião Marcus Vinicius, que realizou as primeiras cirurgias em 3D no Into.

A tecnologia tridimensional funciona a partir de um software (programa de computador) que reúne informações para a produção dos instrumentos extraídas de imagens produzidas por tomografia computadorizada. Assim, ela gera a prótese.

No caso das cirurgias de artrose, degeneração das articulações surgidas especialmente com o envelhecimento da população, a impressora em 3D produz peças que possibilitam a implantação dos parafusos no tamanho e na localização correta para segurar as próteses no corpo. Nos casos de amputações serão gerados membros inteiros para serem implantados.

Uma parceria entre a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a Receita Federal garantiu um passo importante para a concretização de um sonho que vem sendo compartilhado no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), numa parceria com professores e pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE): a fabricação de próteses em 3D para possibilitar mais qualidade de vida a animais mutilados.

Aproximadamente 5% dos animais silvestres que dão entrada no Cetas – muitos vítimas do tráfico – chegam mutilados, a maioria aves. Não são todos que poderão ganhar uma prótese, mas alguns serão beneficiados. Atualmente, quatro animais fazem parte da pesquisa: dois jabutis que tiveram o casco queimado e dois gaviões carcará, um que perdeu a parte inferior do bico e outro que teve uma pata amputada.

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No caso do jabuti maior, de quase 9 quilos, o modelo do design para fabricação da prótese já está sendo finalizado, após as etapas de tomografia computadorizada, fotografias digitais em 360 graus e desenho da peça.

Doação - Por meio de um Ato de Destinação de Mercadorias (ADM), a Receita de São Paulo destinou uma impressora 3D Dee Green para incorporação/doação à CPRH. A mercadoria, apreendida ou retida em ação de combate ao contrabando, chegou na semana passada ao Recife e, com ela, a pesquisa desenvolvida em parceria com a UFRPE avança. O Cetas Tangara é pioneiro no país nesta iniciativa.

Com informações do site da CPRH

 

Nos fundos da sede principal da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo, "esconde-se" uma pequena fábrica que é uma das principais fornecedoras de próteses e órteses para deficientes físicos do Brasil. Além dessa, a entidade mantém cinco unidades produtivas pelo País. A venda de próteses, tanto ao Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para o mercado particular, é um dos negócios que a AACD criou para manter seu trabalho filantrópico.

Quase 70% do orçamento anual de R$ 230 milhões da entidade vêm de negócios como o hospital da AACD, o centro de reabilitação e a oficina de próteses - o restante está dividido entre doações particulares e o evento Teleton, realizado anualmente pelo SBT.

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A produção de próteses e órteses pela AACD começou em 1962. A oficina até hoje funciona de forma artesanal, já que cada peça é única e feita a partir de um molde específico para o paciente. Os moldes são feitos em computadores equipados com scanners para garantir que os equipamentos tenham um encaixe perfeito.

Além da oficina paulistana, que funciona desde 1978 na sede da associação, na região do Ibirapuera, em São Paulo, há outras cinco fábricas pelo País, em Porto Alegre, Recife, Osasco (SP), Uberlândia (MG) e Nova Iguaçu (RJ). As seis oficinas têm 155 funcionários, dos quais 72 atuam na unidade central. A produção anual é de 60 mil equipamentos, entre próteses (peças que substituem membros) e órteses (que ajudam a ampliar a função de pernas e braços). Trata-se de um dos principais negócios do ramo no Brasil, de acordo com a AACD.

Embora faça parte da estrutura de uma entidade filantrópica, a fábrica é administrada como um negócio que visa ao lucro, explica o gerente Rino Caterina, que comanda a unidade há cerca de 12 anos, mas já passou por outros segmentos, incluindo o de autopeças. Ele explica que o trabalho de gestão de materiais, de recursos humanos e de controle de custos segue os padrões de qualquer outra empresa. "Nosso objetivo é gerar recursos para ajudar a custear a AACD", diz Rino.

Visibilidade

A entidade espera que a visibilidade que a Paralimpíada traz para a questão da deficiência possa ajudar nas vendas da oficina de próteses, que há anos vem apresentando resultados apertados. A principal fonte de renda da oficina de próteses ainda é a parceria com o SUS, mas o superintendente da AACD, Valdesir Galvan, diz que é necessário aumentar as vendas para usuários privados. "Temos condições de atender a pessoas que têm condições de pagar por uma prótese de qualidade", diz o superintendente.

Ele lembra, no entanto, que a entidade se concentra em equipamentos para as pessoas usarem em seu dia a dia, feitos principalmente de resina plástica e metal. As próteses usadas pelos atletas paralímpicos geralmente são feitas por companhias multinacionais. "Fazemos o básico, mas com boa qualidade", diz Galvan.

Embora a parceria com a rede pública traga volume de vendas, o executivo diz que a defasagem da tabela do SUS para próteses, que não é reajustada há oito anos, contribui para as atuais dificuldades financeiras da AACD. No ano passado, a entidade teve um déficit de 4% em suas contas, o que acarretou o fechamento de duas unidades de atendimento.

Trabalhando com um orçamento cada vez mais apertado, a AACD vem aumentando o estoque de produtos que podem ser adquiridos diretamente em sua sede. Além da produção própria - como próteses, calçados adaptados e cadeiras de rodas personalizadas -, a companhia também oferece em sua loja produtos análogos de outros fabricantes. "Precisamos vender mais para quem tem condições de pagar para conseguirmos atender ao público mais carente", diz Galvan.

O dinheiro novo também ajuda a compensar a expressiva queda nas doações à entidade, que foi de 30% em 2015, na comparação com o ano anterior.

Estilo

Embora órteses e próteses não sejam vistas como itens providos de glamour, existe espaço para que cada usuário imprima seu próprio estilo na peça que provavelmente o acompanhará por alguns anos. Algumas órteses, por exemplo, podem ser personalizadas com adesivos selecionados conforme o gosto do cliente.

No caso das próteses, a opção dos usuários mais jovens tem sido mais radical, segundo o chefe da oficina de produção da AACD. "Antes, todo mundo queria uma prótese com um revestimento que imitasse uma perna", explica Rino. Agora, muita gente tem preferido abandonar o revestimento de espuma para deixar a base metálica aparente. É uma opção é por um "look" completamente diferente: sai o revestimento falso e entra em campo o visual "ciborgue". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Oscar Pistorius caminhou sem suas próteses, nesta quarta-feira, no tribunal em Pretória, na África do Sul, como parte da estratégia da sua equipe de defesa em uma das audiência de sentença do paratleta, condenado por assassinar a sua namorada, Reeva Steenkamp, tentando mostrar que o astro é um homem vulnerável e que merece a clemência.

O advogado de defesa Barry Roux pediu para Pistorius remover suas próteses, e, em seguida, o astro do atletismo caminhou com dificuldades na frente da juíza Thokozile Masipa, que determinará a sentença após as audiências desta semana. Em algumas ocasiões, pareceu perder o equilíbrio.

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Pistorius não estava com suas próteses quando disparou contra Reeva através da porta do banheiro da sua casa em 2013. Em seu julgamento pelo assassinato, disse que se sentia vulnerável e acreditava que um intruso havia entrado na residência. A promotoria acusa o paratleta de ter matado intencionalmente a modelo depois de uma discussão.

O promotor Gerrie Nel falou após a demonstração e combateu o argumento da defesa de que Pistorius é um "homem destruído" pela dor de ter matado Reeva e pelo trauma que se seguiu pelo caso. Nel se referiu ao depoimento de Barry Steenkamp, pai da vítima. "Se você quiser falar sobre um homem destruído, vimos um homem destruído aqui", disse, sobre Barry Steenkamp.

Pistorius está em prisão domiciliar depois de cumprir um dos cinco anos de uma pena por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - de Reeva. Essa sentença foi anulada no ano passado por um tribunal de apelações, quando o condenou por homicídio doloso.

Thokozile, que inicialmente absolveu Pistorius por homicídio doloso, vai definir a nova sentença. De acordo com as leis sul-africanas, a sentença para esses casos são de ao menos 15 anos, embora os juízes possam reduzi-la de acordo com algumas circunstâncias.

No início desta quarta-feira, o advogado de defesa Roux disse que há equívocos sobre a condenação de Pistorius pelo homicídio e pediu clemência. Ele declarou que existiam "circunstâncias consideráveis e convincentes" que levariam a juíza a definir uma pena menor do que os 15 anos de prisão.

O apelo de Roux para a juíza se deu após o depoimento da última testemunha de acusação, uma prima de Reeva, que atacou por Pistorius por supostamente não dar a "versão real" sobre o caso.

A prima, Kim Martin, também criticou o paratleta por não prestar depoimento nas audiências de sentença, mas concordando em dar uma entrevista para um canal de TV, que será exibida após o fim das sessões desta semana. "Eu acho que é muito injusto querer contar ao mundo sobre sua versão quando você teve a oportunidade em um tribunal de fazê-lo", disse.

Roux disse que o primeiro equívoco é que as pessoas acreditam que Pistorius foi condenado por homicídio por matar intencionalmente Reeva. O Supremo Tribunal declarou que o paratleta foi considerado culpado de assassinato por saber que alguém poderia morrer como resultado de suas ações e seguiu em frente assim mesmo. A decisão não disse que Pistorius sabia que Reeva estava atrás da porta, e não um intruso, como declarou ter pensado.

O advogado também disse que o responsável pelos disparos não foi o "forte, ambicioso" Pistorius, campeão paralímpico e atleta olímpico, mas um homem com deficiência e que temia pela sua vida, argumentou Roux.

Enquanto os promotores pedem uma longa pena de prisão para Pistorius, sua defesa argumentou que deveria ser poupado da cadeia para realizar trabalhos comunitários com crianças.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em consultórios, residências e sedes de empresas de suspeitos de participação na chamada "máfia das próteses" nesta quinta-feira, 15, em Porto Alegre, Gravataí, Canoas, Pelotas e Rio Grande.

Foram sequestrados imóveis como garantia para futuras indenizações, caso haja condenações, e recolhidos computadores, documentos, fichas de pacientes, laudos e agendas de consultas para auxiliar nas investigações.

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O caso já vinha sendo apurado pela polícia gaúcha há seis meses, desde que a Procuradoria-Geral do Estado percebeu que, entre os pedidos de liminares encaminhados à Justiça para implantação urgente de próteses, havia alguns que continham coincidências como as de terem sido feitos pelo mesmo grupo de advogados, com laudos dos mesmos médicos e preços exorbitantes a serem pagos sempre às mesmas distribuidoras.

A suspeita ampliou-se no dia 4 de janeiro, quando uma matéria do programa Fantástico, da Rede Globo, flagrou cobranças superfaturadas e intervenções cirúrgicas desnecessárias.

Na operação desta quinta-feira, a polícia apreendeu documentos de cinco médicos, três advogados e da mulher de um dos médicos. Também confirmou que pelo menos três médicos atendiam em alguns dias do mês em Pelotas ou Rio Grande, na zona sul do Estado, de onde encaminhavam pacientes para as cirurgias que faziam em hospitais da região metropolitana de Porto Alegre.

O governo anunciou nesta segunda-feira um pacote de medidas para combater as fraudes relacionadas à aquisição e uso de dispositivos médicos, como órteses e próteses, no sistema de saúde. A estratégia é anunciada um dia depois de o programa Fantástico, da Rede Globo, revelar a existência de uma máfia para venda superfaturada de produtos, indicação inadequada de cirurgias e manipulação de licitações para compra do material. A Polícia Federal deve iniciar uma investigação sobre as denúncias apresentadas no programa. A Secretaria de Defesa do Consumidor, Receita Federal e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também vão participar das ações.

Um grupo de trabalho formado por integrantes dos ministérios da Justiça, Saúde e da Fazenda e de secretarias estaduais e municipais de saúde será criado na terça-feira (06) para tentar criar normas para inibir as fraudes nesta área. O prazo para conclusão dos trabalhos é de 180 dias. Uma linha de telefone foi criada também para receber denúncias da população, com número 136. "O que posso assegurar é que o governo federal está declarando guerra a essa máfia que tira dinheiro de cofres públicos", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele afirmou que responsáveis serão punidos da "forma mais dura possível", criminal, administrativa ou eticamente.

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O ministro da Saúde, Arthur Chioro, admitiu que o problema não vem de hoje e que uma das metas de sua gestão era fazer o enfrentamento do problema. O ministro completou dizendo que há tempos vem sendo procurado por operadoras de planos de saúde, dirigentes de hospitais e secretários de saúde para resolver o problema. "São fatos graves, lamentáveis e repugnantes, pelos prejuízos para pessoas, para cofres públicos", disse Cardozo.

Chioro afirmou que somente ano passado, na rede pública de saúde, o gasto com dispositivos médicos ficou em torno de R$ 1,2 bilhão. Estudo feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados mostra que 16% do custo de uma prótese se refere ao produto. Ele dá como exemplo próteses para joelho: 84% do valor final se refere a comissões de intermediários na venda.

Será inaugurado nesta quarta-feira (30), um espaço para distribuição gratuita de próteses externas de mama para mulheres que foram submetidas à mastectomia, cirurgia de retirada do seio, no Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP). As próteses são confeccionadas pela artista plástica Marta Rabello, que estará no local para fazer as doações e instruir as pacientes com relação à limpeza e a manutenção das peças.

As próteses, que são confeccionadas em tecido e polipropileno, ajudam na recuperação da autoestima dessas mulheres. Não há nenhuma contraindicação, as mulheres podem, inclusive, tomar banho de mar e piscina usando as próteses.

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Mais de 40 pacientes já estão cadastradas para receber as próteses, que variam em relação ao tamanho (38 ao 54) e, consequentemente, ao peso. As peças são entregues em embalagens individuais, com a numeração e as instruções de uso. O material deve ser trocado a cada seis meses. Por isso as mulheres cadastradas terão a garantia de reposição do material no período necessário, de forma absolutamente gratuita.

Perucas - Além da doação das próteses, Marta Rabello realiza empréstimo de perucas para as pacientes que perderam temporariamente os cabelos em função da quimioterapia. Por meio de um cadastro, as mulheres poderão agendar o dia da retirada da peruca.

Na América Latina, onde o recurso à cirurgia estética atinge números recordes, dezenas de milhares de mulheres receberam implantes mamários defeituosos da marca francesa PIP, e centenas delas entraram com ações na Justiça, principalmente contra as empresas importadoras e seguradoras.

As demandas tentam obter compensações financeiras para as mulheres que usaram esses implantes que apresentam altas taxas de rompimento, o que causa a dispersão pelo corpo de um gel de silicone suspeito de causar câncer.

No Brasil, a meca da cirurgia plástica, calcula-se em 12.500 o número de usuárias de implantes da PIP (Poly Implant Prothèse) e em 7.000 o número de pessoas que usam essas próteses sob a marca holandesa Rofil.

Jany Simon Ferraz é uma pioneira na luta contra esses implantes. Ela lista as intervenções cirúrgicas desde que sofreu uma "tempestade de silicone" após o rompimento de um implante há quatro anos.

"Fui operada quatro vezes (...) e preciso ficar sob acompanhamento médico permanente", explica. Essa brasileira de 56 anos recorreu à Justiça em 2009 contra a empresa importadora EMI e acaba de conseguir uma indenização de cerca de US$ 35.000 dólares.

Na Argentina, "quase 400 mulheres participarão de uma ação coletiva" na justiça civil local contra a fabricante francesa e suas seguradoras, afirma à AFP a advogada Virginia Luna, também portadora de próteses da marca.

Além disso, cerca de cem argentinas serão representadas em um processo penal que deve começar em 17 de abril em Marselha (sul da França) contra cinco dirigentes da empresa por "fraude com agravante". Estima-se que entre 13.000 e 15.000 mulheres usem esses implantes mamários na Argentina. "Muitas mulheres pagaram os custos da retirada e colocação de novas próteses. O preço total poderia oscilar entre 4.000 e 5.000 dólares", explica Luna.

Cecilia Bustos, de 38 anos, casada e mãe de dois filhos, teve implantados próteses PIP em 2008. Três anos depois teve um câncer diagnosticado.

"Em 2010, quando estourou o escândalo, liguei (para o meu cirurgião) e ele me disse que uma parte (dos implantes) importados estavam defeituosos, mas afirmou que ele não era responsável", conta à AFP.

"No começo de 2011, descobri gânglios enormes debaixo das axilas", prossegue. "As duas próteses se romperam e o silicone tinha se espalhado para os gânglios e os seios. Eu estava com câncer".

"Outro médico trocou as próteses e limpou o que pôde, mas não foi possível extrair os gânglios", o que a deixou com um braço incapacitado, acrescenta Bustos.

Na Venezuela, verdadeira fábrica de miss universo, onde os implantes de mama são rotineiros - são 40.000 intervenções por ano no país de 29 milhões de habitantes -, 33.000 mulheres têm implantes PIP, segundo o Ministério da Saúde.

Iris Simancas colocou próteses PIP em 2007 após ter sofrido uma dupla mastectomia como consequência de um câncer.

No final de 2011, começou a se falar do escândalo na França e, ao tomar conhecimento, Simancas pediu que seu médico a retirasse. Mas o cirurgião desaconselhou o procedimento para "evitar complicações devido às difíceis operações de reconstrução mamária" que sofreu.

"É muito difícil. Antes foi o câncer, depois veio o medo de ter dentro de mim próteses PIP, mas me resignei a viver com estes implantes e só peço a Deus que não se rompam", diz ela, que é mãe de duas crianças.

Em 2012, ela se juntou a uma associação de vítimas, a Asomuvenapip, cujo advogado Guilberto Andrea tenta representar seus 800 clientes no processo penal em Marselha para "mandar para a prisão" Jean-Claude Mas, fundador da empresa.

"Em seguida virão ações de reparação por danos morais e pedidos de indenização", prossegue.

Na vizinha Colômbia, cerca de 15.000 mulheres receberam próteses PIP. Um escritório de advogados locais reuniu os casos de 1.500 mulheres para tentar incluí-las no julgamento francês.

Mas, apesar do escândalo, o recurso às cirurgias plásticas não parece ter diminuído em nenhum destes países.

Entrevistado pela AFP, o médico Ramón Zapata, membro da Sociedade Venezuelana de Cirurgia Plástica, revela simplesmente que agora as pacientes "estão mais informadas e exigem qualidade".

A Ouvidoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu 94 reclamações de mulheres que apresentaram problemas em próteses mamárias de silicone desde abril de 2010 - das quais pelo menos 12 relacionadas à marca francesa Poly Implant Protheses (PIP). Quando o registro do implante foi cancelado no Brasil, o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, afirmara que não havia registro de notificações no sistema Notivisa - que reúne dados informados por profissionais de saúde. Mas não se referiu aos números de queixas feitas por pacientes.

Hoje, o Estado revelou que duas pacientes informaram à Anvisa reações adversas provocadas pelo implante da PIP. As queixas foram feitas em abril de 2010, logo depois de a agência determinar a suspensão do uso do produto - feito com material adulterado. As pacientes informam que não receberam resposta da agência. De acordo com a Anvisa, há registros de que apenas uma das pacientes - Jane - procurou a agência ainda em 2010.

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"Naquele momento, o aconselhamento já havia sido dado de forma geral: a recomendação era para pacientes procurarem seus médicos", disse o presidente-adjunto da Anvisa, Luis Alberto Klassman. Ele afirma que os dados coletados pela ouvidoria passaram a ser reavaliados depois da comprovação do risco maior de ruptura das próteses feitas com material adulterado da PIP. "Por enquanto, os dados que temos não mostram haver um número elevado de reações adversas. Há menos reações com os implantes do que com o ácido assetil salicílico".

O Brasil importou 34.631 unidades da marca PIP, das quais 24.534 foram comercializadas. As outras 10.097 próteses serão recolhidas e descartadas. A forma como o descarte deverá ser feito será discutida em detalhes amanhã, durante reunião com representantes da única empresa distribuidora do produto no Brasil, a EMI.

Klasmann afirmou que parte dos implantes foi usada em centros de referência de câncer. Dia 11, a Anvisa, representantes de sociedades médicas e do Ministério da Saúde deverão definir a estratégia que será adotada para acompanhar as mulheres que receberam a prótese. A agência tem em mãos um mapa com informações os serviços que receberam os implantes e quantas foram usadas. A maior parte foi usada em São Paulo, Rio e Estados do Sul. "Resta saber o que faremos: se vigilâncias vão procurar pacientes para completar o rastreamento ou aguardar comunicados de reações adversas".

Klasmann acredita que parte das mulheres que receberam a prótese da PIP já fizeram a troca, mas por razões de praxe. "A recomendação é de que produto periodicamente seja trocado", disse. A Anvisa enviou amostras das próteses para serem analisadas em laboratorialmente. Os resultados serão usados para instruir um Inquérito Administrativo Sanitário, aberto pela Anvisa para apurar o caso. A expectativa é de que as investigações sejam concluídas até o fim deste semestre. O presidente-adjunto disse não haver nenhuma recomendação para realização de um mutirão para que mulheres sejam submetidas a uma retirada da prótese. Mesmo para aquelas submetidas à cirurgia para retirada de tumor. "As recomendações serão discutidas dia 11", disse.

Pelo menos duas mulheres que usaram as próteses de silicone PIP e tiveram problemas com o rompimento registraram queixas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2010 e nunca receberam resposta.

Em entrevista ao Grupo Estado na última semana de 2011, Dirceu Barbano, presidente da Anvisa, afirmou que, embora existam registros de reações adversas em outros países, a agência não tinha recebido nenhuma comunicação de problemas relacionados ao implante no Brasil.

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Ontem, procurada novamente pela reportagem, a Anvisa não explicou os motivos de não ter respondido às queixas das pacientes sobre os problemas com as próteses. Disse apenas: "aguarde a reunião que será realizada no próximo dia 11".

A esteticista Jany Simon Ferraz, de 54 anos, e a artista plástica Denise Villar Berretta, de 56, registraram reclamações na Anvisa em 2010 - logo após a agência ter suspendido a comercialização das próteses da marca Poly Implant Protheses (PIP) no País por causa da baixa qualidade. Desde então, nunca receberam nenhuma ligação e ainda aguardam resposta da área técnica.

Jany teve câncer de mama e fez mastectomia (retirou os dois seios). Colocou as próteses da marca PIP em 2005 por indicação do seu médico. "O plano de saúde pagaria por uma nacional, mas meu médico falou que só garantiria a cirurgia se eu usasse a prótese francesa PIP, que era melhor e mais segura. Segui a orientação dele e paguei R$ 3 mil."

Quatro anos depois, Jany começou a sentir dor e desconforto nas mamas. Fez um ultrassom que constatou o rompimento da prótese - o que foi confirmado depois com uma ressonância magnética. "O silicone tinha se espalhado por toda a região do tórax e axilas", conta.

Jany procurou o cirurgião que fez o implante de silicone e a EMI, empresa responsável pela importação das próteses PIP, mas nenhum deles quis se responsabilizar e arcar com os custos de outra cirurgia. Em 2010, com a suspensão da comercialização, a esteticista registrou a queixa na Anvisa.

A esteticista entrou com uma ação judicial que determinou que a EMI pagasse os custos da cirurgia e de um novo implante. Ao todo, entre exames, deslocamento e a cirurgia, foram gastos cerca de R$ 14 mil.

Mas os problemas de Jany não acabaram nessa cirurgia. Pouco tempo depois de trocar as próteses, ela voltou a ter febre e sentir dores. Teve de se submeter a outro procedimento para trocar novamente a prótese do lado direito, porque ainda havia resquícios do silicone vazado. Além disso, ela desenvolveu um tipo de reação alérgica grave - provavelmente causada pelo silicone que ficou no corpo - e toma medicamentos para controle até hoje.

"Essas próteses francesas acabaram com a minha vida. Estou sempre tensa, porque nunca sei qual será a próxima notícia ruim. É um absurdo a Anvisa, um órgão que deveria zelar pela saúde pública, dizer que não tem registro nenhum de problemas. O que eles fizeram com minha queixa? Engavetaram?"

Outro caso

A artista plástica Denise colocou as próteses em 2007 por razões estéticas. Também queria de outra marca, mas foi convencida pelo médico de que as próteses da PIP eram seguras e proporcionavam resultados estéticos melhores. Pagou R$ 4,3 mil pelo procedimento.

Dois anos depois, começou a sentir dor na axila esquerda e percebeu um caroço. Em 2010, fez exames que constataram o rompimento. "Fiquei apavorada, pois fui pesquisar sobre a PIP e descobri o escândalo na Europa. Registrei queixa na Anvisa, relatando a ruptura, e o que recebi de resposta foi um silêncio absoluto. Não é possível que a Anvisa ignore os casos."

Denise trocou as próteses por conta própria, mas ainda sente dores e os incômodos causados pelo silicone que ficou no corpo. Um mastologista vai avaliar a necessidade de realização de outra cirurgia. Ela também entrou com uma ação judicial que ainda está em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A maior parte das próteses mamárias de silicone francesas PIP (Poly Implants Protheses) usadas no Brasil estão nos Estados do Sul e Sudeste. Ao todo, a empresa EMI Importação e Representação importou 34.631 das próteses defeituosas. Dessas, pouco mais de 24 mil foram usadas por cerca de 15 mil mulheres. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou nos últimos dias um rastreamento das próteses vendidas e chamou a empresa responsável pela importação, EMI importação e representação, para que forneça os dados de venda do produto no País.

"Todas as próteses tem um número de identificação que fica registrado no prontuário médico do paciente. A empresa vai trazer para a agência todos os seus registros de venda para que possamos saber para onde foram as próteses no País", explicou Luiz Alberto Klassmann, presidente-adjunto da Anvisa. Um lote de 10 mil, ainda em poder da empresa, será destruído.

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Apesar do rastreamento, Klassmann disse que é importante que as mulheres que não saibam ou tenham esquecido a marca de suas próteses procurem a clínica ou o médico que as atendeu para saber se estão entre as que receberam o produto da PIP. Ao mesmo tempo, a Anvisa recomenda aos médicos que usaram essas próteses que procurem seus pacientes e informem dos possíveis riscos de ruptura do material.

Na próxima semana, a Anvisa fará uma reunião com representantes das sociedades brasileiras de mastologia e de cirurgia plástica para analisar os riscos e a possibilidade de estabelecer um protocolo de procedimentos no caso de rupturas das próteses mamárias. "Como não temos um número significativo de casos de alteração pós-uso das próteses no nosso sistema, não temos uma série histórica que possamos analisar para saber como proceder preventivamente. Há uma deficiência nas informações repassadas à agência. Daí a necessidade de consultas à área médica", disse Klassmann.

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