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A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça tornou sem efeito a prisão preventiva determinada contra a ex-prefeita de Ribeirão Preto (SP) Dárcy Vera (PSD). Para o colegiado, "não há elementos idôneos que justifiquem a manutenção da medida cautelar". As informações foram divulgadas pelo STJ.

Dárcy Vera, a prefeita "cor de rosa", foi condenada em primeira instância, em setembro de 2019, a 18 anos, nove meses e dez dias de reclusão, em regime inicial fechado, acusada de comandar um esquema criminoso que teria desviado cerca de R$ 45 milhões dos cofres do município. O caso foi investigado na Operação Sevandija.

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Radialista de profissão, Dárcy era conhecida em Ribeirão Preto pelo uso frequente da cor rosa - nas roupas e também em veículos de campanha.

Antes de assumir o executivo municipal, foi vereadora por quatro mandatos. Também elegeu-se uma vez deputada estadual.

Com a decisão da Sexta Turma, a ex-prefeita poderá ficar em liberdade enquanto recorre da condenação.

Quando sentenciou a ex-prefeita, o juiz da 4.ª Vara Criminal de Ribeirão Preto manteve a prisão preventiva a que ela já estava submetida, sob o entendimento de que haveria risco de fuga e de frustração da aplicação da lei penal.

O juiz considerou que o bloqueio de bens da acusada não seria suficiente para recompor o patrimônio público, havendo a expectativa de localização de outros ainda desconhecidos - o que poderia ser prejudicado com a ex-prefeita em liberdade.

Em habeas corpus requerido ao STJ, a defesa argumentou, entre outros pontos, que não haveria motivação idônea para manter a prisão preventiva, uma vez que os fundamentos utilizados na sentença seriam "genéricos".

Reavaliação

O relator do habeas corpus, ministro Rogerio Schietti Cruz, explicou que a prisão preventiva possui "natureza excepcional, sempre sujeita a reavaliação, sendo que a decisão judicial que a impõe ou a mantém deve ser suficientemente motivada, com indicação concreta das razões fáticas e jurídicas que a justifiquem, nos termos dos artigos 312, 313 e 282, I e II, do Código de Processo Penal".

Segundo Schietti, no momento da sentença "deve haver a reavaliação fundamentada da prisão preventiva do réu, com indicação de sua efetiva necessidade, se for o caso, pois perdura a presunção de não culpabilidade".

"A ausência de deliberação sobre a prisão preventiva, ou a realização de tal análise de modo superficial e sem a apresentação de motivos idôneos, no único momento em que a legislação assim determinou, por ocasião da sentença condenatória ou da decisão de pronúncia, configura ilegalidade que não pode ser tolerada, porquanto priva o sujeito passivo da medida cautelar do direito a ter, em momento crucial da persecução penal, a reavaliação judicial da persistência ou não dos motivos que, até então, o mantiveram sob segregação provisória", destacou o ministro.

Falta de elementos

Para Schietti, no caso da ex-prefeita, os motivos invocados pelo juízo para embasar a continuidade da prisão preventiva após a sentença não se mostram suficientes, "pois ele se limitou a justificar a medida na presunção de fuga da acusada, caso fosse colocada em liberdade, e na utilização do cárcere como meio para obter a reparação do prejuízo causado aos cofres públicos".

No entanto, segundo o ministro, "a sentença não apontou nenhum elemento concreto que indicasse o risco de fuga".

Além disso, ressaltou, já foi executado o bloqueio das contas bancárias da ex-prefeita, "não havendo dados que demonstrem a existência de outros bens em seu nome".

Mesmo reconhecendo que Dárcy Vera foi condenada a pena elevada, Schietti considerou "desproporcional" a manutenção da prisão preventiva, "pois a organização criminosa já foi desmantelada, as contas de sua titularidade estão bloqueadas e ela não exerce mais o cargo de prefeita".

STF

O relator observou também que não há previsão para a análise dos recursos defensivos e para o trânsito em julgado de eventual condenação - o que reforça a ilegalidade da prisão, uma vez que recentemente o Supremo Tribunal Federal decidiu ser constitucional a regra do Código de Processo Penal que prevê o esgotamento de todas as possibilidades de recurso para o início do cumprimento da pena.

Por estarem em situação idêntica à da ex-prefeita, o colegiado estendeu os efeitos da decisão aos coacusados Marco Antônio dos Santos, Sandro Rovani Silveira Neto e Maria Zueli Alves Librandi.

Os ministros ressalvaram a possibilidade de nova decretação da prisão provisória caso efetivamente demonstrada a superveniência de fatos novos que indiquem a sua necessidade, sem prejuízo da fixação de medida cautelar alternativa.

O ex-secretário de Educação de Ribeirão Preto (SP) Angelo Invernizzi Lopes, investigado pela Operação Sevandija, conseguiu suspender a ação na 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto. Ele teve liminar deferida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogerio Schietti Cruz até que o mérito do pedido seja julgado no STJ para decidir sobre o envio ou não do processo à Justiça Federal.

A ex-prefeita Dárcy Vera (PSD) foi o principal alvo da operação. Na Operação Mamãe Noel - desdobramento da Sevandija -, ela foi presa sob acusação de liderar suposto esquema de desvios de recursos públicos no montante de R$ 45 milhões.

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Ela continua presa em Tremembé, no Vale do Paraíba.

Além disso, a Justiça Federal condenou Dárcy Vera em um outro processo por suposto desvio de R$ 2,2 milhões - verba do Ministério do Turismo - repassados para divulgação de uma prova da Stock Car. A ex-prefeita pegou cinco anos de reclusão neste caso.

A defesa de Invernizzi alegou que a 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, vinculada à Justiça estadual, não poderia ter assumido o processo, uma vez que a investigação envolve também suposto desvio de verbas federais do Ministério da Educação. A despeito do envolvimento de vários réus no caso Sevandija, a suspensão determinada pela liminar alcança apenas a ação penal em relação ao ex-secretário de Educação.

O ministro considerou que a liminar é justificada pois "a jurisprudência do STJ é firme em declarar que compete à Justiça Federal o processo e julgamento dos crimes conexos de competência federal e estadual". O ministro frisou que, mesmo se for declarada posteriormente a incompetência da Justiça estadual para o caso, os atos já praticados permanecerão válidos até que a autoridade competente decida sobre a sua convalidação ou revogação.

"Conquanto não seja o habeas corpus a via escorreita para suscitar conflito de competência, tampouco para discutir a origem dos recursos e a sua incorporação ou não ao patrimônio municipal, a proximidade da prolação de sentença, por juízo que pode vir a ser declarado incompetente para o julgamento de alguma ou algumas das condutas imputadas ao paciente, leva-me a determinar, ad cautelam, a suspensão da ação penal na origem", fundamentou o ministro.

Iniciada em setembro de 2017, a Operação Sevandija investiga um esquema que teria sido organizado na prefeitura de Ribeirão Preto para fraudar licitações. Os investigadores estimam que as fraudes foram superiores a R$ 203 milhões.

Defesa

A reportagem buscou a defesa do ex-secretário, mas não conseguiu contato.

A ministra Laurita Vaz, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou liminar em pedido de habeas corpus de Dárcy da Silva Vera (PSD), ex-prefeita de Ribeirão Preto (SP), presa em setembro de 2016 na Operação Sevandija - investigação que atribui à ex-prefeita comando de um esquema criminoso que teria desviado cerca de R$ 45 milhões dos cofres do município. As informações foram divulgadas no site do STJ

Dárcy, que está presa em Tremembé (SP), foi a primeira prefeita eleita em Ribeirão Preto, em 2008. Na ocasião, era filiada ao DEM. Quatro anos depois, reelegeu-se, agora pelo PSD, sigla que adotou em 2011 por influência de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e ministro do governo Temer (Ciência, Tecnologia e Inovações), de quem é aliada.

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Radialista de profissão, Dárcy Vera era conhecida em Ribeirão Preto pelo uso frequente da cor rosa - nas roupas e também em veículos de campanha. Antes de assumir o executivo municipal, foi vereadora por quatro mandatos. Também elegeu-se uma vez deputada estadual.

Nas razões do novo habeas corpus impetrado perante o STJ, a defesa alegou que estariam sendo apresentados fatos novos, como o encerramento da instrução criminal, e também que o acordo de delação premiada, que motivou a prisão de Dárcy, "se revelou mentiroso".

A defesa da ex-prefeita requereu liminar para revogar a prisão preventiva ou substituí-la por outras medidas cautelares e, no mérito, a concessão da ordem com o mesmo conteúdo, em caráter definitivo.

Ao negar o pedido de liminar, a presidente do STJ disse que o habeas corpus não foi adequadamente instruído com os documentos necessários para a análise das alegações.

Segundo Laurita Vaz, "não ficou comprovada a inexistência da reiteração de pedidos relatada pela Corte de origem". "Como se sabe, compete ao impetrante a correta e completa instrução do remédio constitucional do habeas corpus, bem como narrar adequadamente a situação fática", ressaltou a ministra.

O mérito do habeas corpus ainda será apreciado pela Sexta Turma do STJ. O relator agora é o ministro Rogerio Schietti Cruz.

Em dezembro de 2016, o ministro Sebastião Reis Júnior, então relator do processo, havia concedido liminar para substituir a prisão preventiva por medidas cautelares alternativas. Em maio de 2017, a Sexta Turma do STJ cassou a liminar, por entender que as medidas alternativas não seriam suficientes para evitar a interferência da ex-prefeita na instrução criminal, "sobretudo em razão de sua posição de destaque no grupo criminoso".

Depois, a defesa requereu a revogação da prisão preventiva, o que foi negado pelo juízo de primeiro grau. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também indeferiu liminarmente o pleito, por entender que "a impetração era mera reiteração de pedido de habeas corpus que ainda aguarda decisão de mérito naquela Corte".

Defesa

A advogada Cláudia Seixas, que defende a ex-prefeita de Ribeirão Preto, afirma que Dárcy Vera é alvo de uma delação mentirosa que a levou para a prisão na Operação Sevandija. Sobre a decisão da ministra Laurita Vaz, que indeferiu liminar, Cláudia destacou que agora haverá o julgamento de mérito do pedido de habeas corpus. "Vamos aguardar o julgamento do mérito", disse.

"A delação premiada se revelou mentirosa. O Tribunal de Justiça de São Paulo negou liminarmente porque entendeu que o pedido de habeas continha matérias repetitivas. Mas não é. Esse habeas foi impetrado após o término da instrução e com os dados da delação mentirosa. Não é uma repetição de pedidos", argumentou.

"(O STJ) já pediu informações (junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo). Depois vai para julgamento de mérito. O juiz entende que essa situação da delação só será avaliada por ocasião da sentença. Não entramos nesse mérito, mas isso já foi descortinado."

A ex-prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), teve seus direitos políticos cassados por unanimidade pelos 27 vereadores da Câmara Municipal do município paulista e tornou inelegível por oito anos. A ex-prefeita é investigada pelas operações Sevandija e Mamãe Noel, da Polícia Federal, e ficou presa entre 2 e 14 de dezembro do ano passado sob a suspeita de integrar um esquema que pode ter desviado ao menos R$ 45 milhões dos cofres públicos. Afastada e proibida de entrar em imóveis públicos, Dárcy sequer terminou seu mandato, em 31 de dezembro de 2016.

Alvo de uma comissão processante, Dárcy foi acusada de interferir no funcionamento da Câmara Municipal, já que vereadores teriam recebido propina para votar com o Executivo, por não atuar pelos interesses do município e ainda por falta de decoro. Por ainda não poder ir a prédios públicos, a votação de ontem que cassou os direitos políticos da ex-prefeita ocorreu no prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ribeirão Preto.

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Mesmo assim, a ex-prefeita, que segue reclusa em sua residência e protegida por um habeas corpus obtido junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), não compareceu ao julgamento.

O advogado da prefeita, Alexandre Rocha, falou rapidamente e apenas pediu que o processo fosse extingo por falta do objeto da ação, já que Dárcy não exerce mais o cargo de prefeita. Ele não informou se irá recorrer da decisão.

Conhecida pela alta produtividade agrícola e pelos indicadores sociais acima da média, Ribeirão Preto está passando por um dos momentos mais conturbados da sua história. O Ministério Público descobriu um desvio de R$ 203 milhões nos cofres municipais e prendeu ou afastou os suspeitos, deixando um vazio na administração da cidade, que ficou 13 dias sem prefeito.

A prefeita Dárcy Vera (PSD) foi afastada e presa no dia 2 de dezembro. Seu vice, Marinho Sampaio (PMDB), se elegeu vereador e renunciou, alegando o risco de ficar inelegível por assumir o passivo deixado por Vera. O próximo na sucessão seria o presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB), mas ele já estava afastado do Legislativo com outros oito vereadores, suspeitos de participarem dos desvios, e foi preso na última quarta-feira, 14.

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A vereadora Gláucia Berenice (PSDB) assumiu interinamente a Câmara, mas não quis pegar a prefeitura, alegando que a atribuição não estava clara na legislação. Em 8 de dezembro, a Justiça mandou que o secretário de governo, Marcus Bertozi, respondesse pelo expediente da prefeitura, sem poder editar decretos e sancionar leis. No dia 13, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu liminar para libertar Vera, mas não a reconduziu à prefeitura. O cargo de prefeito ficou vago até quarta-feira, quando Berenice aceitou assumir o posto até o fim do ano.

Toda essa situação causou impacto nos serviços públicos. No dia em que a atual prefeita assumiu o mandato, os 10 mil funcionários estavam sem receber o 13º salário e tinham marcado greve para o dia seguinte. Berenice suspendeu licitações para garantir o pagamento. Além disso, funcionários ameaçam paralisar o atendimento dos hospitais filantrópicos por atraso nos repasses da prefeitura. A administração municipal vai fechar o ano com dívidas de ao menos R$ 300 milhões, comprometendo mais de 10% do orçamento do município para 2017. O montante supostamente desviado representa 7% de toda a receita.

"A prefeita foi presa, o ex-prefeito está preso e o futuro prefeito é investigado, todos por corrupção", resumiu o aposentado Rubens Camargo, de 70 anos. Ele se refere à prisão do ex-prefeito Antônio Palocci (PT) pela Operação Lava Jato, acusado de ter recebido propina da Odebrecht. Já o prefeito eleito Duarte Nogueira (PSDB) foi citado na delação de um ex-diretor da empreiteira como beneficiário de R$ 650 mil em doações eleitorais em troca de supostos favores. Ambos negam irregularidades.

Muitos serviços estão parando por causa da crise. Na manhã de quinta, o pedreiro Nivaldo Bispo, de 55 anos, varria por conta própria a praça Sete de Setembro. "Minha mulher trabalha aqui em frente e os varredores não passam há dias." Na Praça da Bandeira, o estudante Igor da Silva, 18, se surpreendeu ao encontrar o local depredado. "Faz uns meses que não venho ao centro. Parece que passou um tornado."

No primeiro semestre, Ribeirão Preto teve a maior epidemia de dengue de sua história, com 35 mil casos e sete mortes. O sistema de saúde entrou em colapso. Para o taxista Adauto Neves, 54, que pegou a doença, a situação pode se repetir. "Tem lixo espalhado, água podre acumulada na fonte da praça (Coronel Francisco Schmidt) e mato alto. A cidade já foi boa, mas está decadente. Os políticos estragaram Ribeirão."´As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vereadora e presidente interina da Câmara de Ribeirão Preto, Gláucia Berenice (PSDB), anunciou que irá assumir nesta quarta-feira, 14, a prefeitura do município paulista para cumprir os 18 dias restantes do atual mandato. Ela será empossada no cargo vago desde o último dia 2, após a prisão e o afastamento da prefeita Dárcy Vera (PSD) - suspeita participar de um esquema que pode ter desviado R$ 45 milhões dos cofres municipais e investigado na Operação Mamãe Noel, deflagrado pela Polícia Federal e o Ministério Público.

Até setembro, Gláucia era a primeira secretária da Câmara e assumiu o comando interino do Poder Legislativo de Ribeirão Preto após o afastamento do presidente Walter Gomes (PTB) durante a Operação Sevandija, que deu origem à operação do início deste mês.

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Após a prisão da prefeita, o vice-prefeito Marinho Sampaio (PMDB) renunciou e Gláucia evitava assumir o cargo por temer possíveis processos futuros pelo fato de ter de assinar as contas do município de 2016.

Depois de o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informar que não indicaria um juiz da cidade para assumir o cargo - uma das opções para substituir Dárcy - a vereadora decidiu assumir. Gláucia terá ainda como missão pagar o 13º salário dos servidores, que está atrasado, antes de entregar o cargo ao prefeito eleito Duarte Nogueira (PSDB). Ela retornará à Câmara, já que foi reeleita.

Liberdade

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Sebastião Reis Júnior concedeu nesta terça-feira, 13, liminar para soltar Dárcy Vera - presa desde o dia 2, no presídio de Tremembé, no Vale do Paraíba.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, disse que a prisão da prefeita era necessária "para cessar atividades cirminosas". A prisão foi decretada pelo desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

"O argumento central do pedido liminar é que não há necessidade da prisão antecipada neste caso", disse a advogada Cláudia Seixas, dias após a prisão de sua cliente. "Reitero que Dárcy nunca se furtou a prestar esclarecimentos. Foi ouvida em três oportunidades, longamente, uma vez por nove horas (na Procuradoria-Geral de Justiça), outra por cinco horas. Sempre respondeu todas as indagações que lhe foram feitas pelas autoridades", diz a defensora.

A Câmara Municipal de Ribeirão Preto (SP) busca um novo prefeito para a cidade neste fim de ano. Com a prisão da prefeita Dárcy Vera (PSD) e a renúncia de seu vice, deveria assumir a presidente interina do Legislativo, vereadora Gláucia Berenice (PSDB), mas ela não pretende ocupar o cargo.

Outros vereadores então, casos de Ricardo Silva (PDT), Marcos Papa (Rede) e Cleudo José (PSB), demonstraram interesse na função. Para isso, conversam com advogados visando não ter problemas futuros, pois o receio é que venham a ser punidos por irregularidades cometidas na administração da prefeita.

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Os que se dispuseram ocupar o Executivo usam o mesmo argumento, de que é preciso evitar que a cidade seja mais prejudicada.

Lembram, por exemplo, que vence nesta terça-feira, 13, o prazo dado pela Justiça para que a prefeitura pague o 13º salário dos servidores, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

"É um momento de exceção", justificou um dos interessados no cargo, Ricardo Silva. O vereador foi candidato a prefeito neste ano, mas perdeu a eleição para Duarte Nogueira (PSDB).

Antes, porém, de algum vereador assumir a prefeitura seria preciso resolver algumas pendências jurídicas para tornar isso possível, como alterar o Regimento Interno da Câmara.

Recurso

Há dez dias na prisão, Dárcy Vera estaria enfrentando problemas de saúde. Segundo sua advogada, Cláudia Seixas, a prefeita tem passado mal principalmente em razão de complicação nos rins.

Suspeita de envolvimento no desvio de dinheiro da prefeitura, ela aguarda na penitenciária feminina de Tremembé (SP) uma definição sobre o pedido de habeas corpus impetrado na Justiça e sem data prevista para ser analisado.

'Corredor'

Enquanto isso, o prefeito eleito Duarte Nogueira (PSDB), nega ter recebido dinheiro da Odebrecht. O nome do político, que foi deputado federal, aparece junto a outros em delação premiada do ex-diretor de relações institucionais da empresa, Claudio Melo Filho. Nas listas da empreiteira ele é citado por meio do apelido "corredor".

Nesta segunda-feira, 12, Nogueira concedeu entrevista para dizer que não recebeu R$ 650 mil da empreiteira nas campanhas eleitorais de 2010 e de 2014, como falou o delator. De acordo com a denúncia, o dinheiro seria uma retribuição por ter ajudado a companhia na Câmara Federal.

"São afirmações que não se sustentam", garantiu Nogueira. Segundo ele, essas informações "são infundadas" e "o tempo e as investigações vão provar". O novo prefeito de Ribeirão alega ainda que todas doações que recebeu nas campanhas foram declaradas e aprovadas pela Justiça.

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, (PSD) deixou a sede da Polícia Federal no município do interior paulista e seguiu para a superintendência da PF em São Paulo. A prefeita foi presa na manhã desta sexta-feira (2) em sua casa, na "Operação Mamãe Noel", deflagrada pela PF e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco).

No momento da saída da prefeita em um carro da PF, alguns cidadãos aplaudiram e outros a xingaram. A ação desta sexta é a segunda etapa da Operação Sivandija, iniciada no dia 1º de setembro, que apura o desvio estimado de R$ 203 milhões dos cofres públicos da prefeitura.

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Além da prefeita, foram presos a advogada Maria Zueli Librandi, o também advogado Sandro Rovani, ambos do sindicatos dos servidores públicos municipais. A suspeita é de que eles teriam repassado recursos de honorários arrecadados em uma ação que movimentou R$ 800 milhões para políticos da cidade, entre eles a prefeita.

Outro preso na operação é Marco Antônio Santos, ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão de Preto (DAERP), considerado um dos operadores do esquema.

O advogado de Rovani, Júlio Mossin, disse que o seu cliente não poderia ser preso, devido a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que garantiria a sua liberdade. Rovani também foi preso na primeira etapa da Operação Sevandija.

A advogada da prefeita, Maria Claudia Seixas, foi procurada pelo Broadcast Político, mas não retornou as ligações. Os advogados dos outros presos não foram localizados pela reportagem.

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), foi presa na manhã desta sexta-feira (2) em sua casa, na cidade do interior paulista, na Operação Mamãe Noel, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco).

A ação cumpre mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e bloqueio de bens em três cidades do Estado de São Paulo, e é a segunda fase da Operação Sevandija, iniciada em 1º de setembro, que apura o desvio de um total de R$ 203 milhões nos cofres públicos da cidade do interior paulista.

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De acordo com a PF, Dárcy foi presa a pedido da Procuradoria Geral do Estado. A polícia e o Gaeco darão entrevista coletiva para detalhar a operação e as outras prisões às 10h30 desta sexta, na sede do Ministério Público de Ribeirão Preto. Segundo a Polícia Federal, a nova operação apura crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, entre outros.

O nome "Mamãe Noel", é uma referência às evidências de que a ex-advogada do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ribeirão Preto Maria Zuely Librandi repassou, entre 2013 e 2016, mais de R$ 5 milhões aos demais denunciados, em dinheiro e cheques, desviados da prefeitura de Ribeirão Preto.

O esquema de desvio no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais foi descoberto acidentalmente nas investigações da Operação Sevandija, que envolveram interceptações telefônicas, análise de milhares de documentos e investiga o pagamento de propina para a liberação de honorários advocatícios. Por conta do plano Collor, o Sindicato dos Servidores venceu uma ação de R$ 800 milhões contra o poder público.

Investigada pela Procuradoria-geral de Justiça do Estado de São Paulo sob suspeita de participar de um esquema que pode ter desviado R$ 203 milhões dos cofres públicos de Ribeirão Preto (SP), a prefeita Dárcy Vera (PSD) optou, nesta sexta-feira, 23, por ler um breve pronunciamento de defesa. A prefeita evitou detalhar as acusações, exceto quando negou ter imóveis não declarados no Brasil e no exterior, bem como ter tido contas de cartão de crédito pagas por investigados no esquema.

Dárcy iniciou a primeira fala pública 23 dias após a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado de São Paulo deflagrarem a Operação Sevandija, informando que sua advogada a havia proibido "terminantemente" de conceder entrevistas por conta de as investigações ainda estarem em curso. Durante os cinco minutos do pronunciamento em um salão do Palácio Rio Branco, sede do governo local, a prefeita lembrou que já prestou dois depoimentos na Procuradoria e que tem "certeza de que todos os fatos serão esclarecidos".

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Em seguida, Dárcy afirmou que "quem tem de responder a essas investigações é a Justiça". Além disso, disse que não poderia se "responsabilizar pelas pessoas que citaram" seu nome ou se utilizaram dele "de forma indevida", em referência aos grampos e materiais apreendidos na operação.

A prefeita, no entanto, não citou que ela própria foi flagrada em um grampo com Marco Antonio dos Santos, ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), preso sob suspeita de operar o esquema de desvio de recursos. No grampo, Dárcy informa que pretendia cortar funcionários indicados por vereadores e parar obras nas bases dos parlamentares por eles não terem aprovado um projeto do Executivo na Câmara.

Dárcy lembrou que, há cinco anos, o nome dela foi envolvido em esquema de venda ilegal de casas na cidade e que foi absolvida pela Justiça. A prefeita negou ter casas nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, referindo-se às suspeitas de investigadores de que ela possuía esses imóveis sem declará-los. E também contestou a suspeita de que envolvidos no esquema teriam arcado com seus custos de cartão de crédito. "Quem paga meu cartão de crédito sou e com o meu salário."

Por fim, a prefeita de Ribeirão Preto elogiou o trabalho da Procuradoria-geral de Justiça, órgão de segunda instância que a investiga por ter foro privilegiado, e repetiu que está trabalhando diariamente para que haja a continuidade das ações da Prefeitura. "Peço que a população de Ribeirão Preto aguarde o final das investigações até que a verdade seja esclarecida", concluiu.

A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo confirmaram que nove dos 21 vereadores de Ribeirão Preto (SP), dois secretários municipais e representantes órgãos de autarquias e empresas de economia mista da cidade do interior paulista são investigados na "Operação Sevandija", deflagrada nesta quinta-feira (1º). A operação, considerada como o maior caso de corrupção da história da cidade, apura o desvio de R$ 203 milhões, desde 2012, dos cofres do município em fraudes de licitações, contratações irregulares de funcionários e pagamento de propinas para políticos votarem com o governo municipal na Câmara.

Segundo a PF e o Gaeco, informações que poderiam envolver a prefeita do município Dárcy Vera (PSD) e que surgiram durante as investigações foram encaminhadas ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), órgão que tem poder para investigá-la, sob a supervisão da Procuradoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo. Agentes da polícia foram à casa da prefeita pela manhã e ouviram Dárcy. A coordenadoria de comunicação informou apenas que a prefeitura está colaborando com as investigações.

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Os nove vereadores tiveram seus mandados suspensos pela Justiça e foram proibidos de frequentar prédios da administração municipal durante as investigações. Todos são candidatos à reeleição e poderão continuar a campanha, já que não foram condenados. Entre os vereadores que estiveram na sede da PF em Ribeirão Preto para prestar depoimento sob condução coercitiva estão o presidente da Câmara Municipal, Walter Gomes (PTB), Samuel Zanferdini (PSD), Evaldo Mendonça, o "Giló" (PTB), Genivaldo Gomes (PSD), Bebé (PSD), Cícero Gomes (PMDB), Maurílio Romano Machado (PP) e Capela Novas (PPS).

Entre os que falaram Walter Gomes, Cícero Gomes, Giló, Capela Novas e Zanferdini negaram o envolvimento no caso. O secretário da Casa Civil Layr Luchesi Júnior foi à PF, mas não há a informação se ele foi preso ou apenas ouvido. O superintendente do Departamento de Águas e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), Marco Antonio dos Santos e o secretário da Educação, Ângelo Invernizzi foram presos e se recusaram a falar ao entrar na PF.

A operação envolveu 250 policiais, 30 promotores em 48 ações. Ao todo, foram 13 mandados de prisão temporária, dos quais 11 foram cumpridos e outros dois seriam empresários que estão no exterior. Além dos dois secretários municipais, dois advogados, quatro funcionários, e empresários foram presos segundo a PF. Gabinetes de vereadores foram fechados e houve os bloqueios de bens dos indiciados, paralisação imediata de pagamentos até o final do processo desses agentes públicos.

Segundo delegados da PF e promotores do Gaeco, quatro esquemas de desvios de recursos públicos na prefeitura local surgiram durante as investigações na operação iniciada há pouco mais de um ano, cujo nome significa viver à custa alheia.

Segundo o delegado Flávio Vieitez Reis, da PF, as investigações começaram em julho do ano passado, inicialmente para apurar suspeita de fraude na aquisição e manutenção de catracas para o controle da entrada em escolas municipais, cujas fraudes são estimadas em R$ 26 milhões. "Empresas concorrentes na licitação eram das mesmas pessoas e ainda não havia escola suficiente para tanta catraca", disse o delegado. "Temos indícios que a Secretaria de Educação é uma fonte de propina", emendou.

As investigações na compra e manutenção das catracas levaram a outro esquema envolvendo a Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), empresa de capital misto da administração direta. Segundo o promotor do Gaeco Marcel Zanin Bombardi, Coderp e prefeitura celebravam contratos de repasses de recursos para a contratação de uma empresa uma terceirizada, para prestação de serviços de mão-de-obra.

Assim, cerca de 700 funcionários foram contratados pelo esquema de terceirização, todos apadrinhados de políticos, segundo o promotor. "Esses vereadores passaram a integrar o esquema ilícito montado. Se concluiu em uma compra de apoio político pelo governo municipal, em troca de indicações de pessoas do relacionamento familiar".

Por meio do esquema iniciado em 2009 e investigado apenas desde 2012, foram feitos contratos e seis aditivos, em um total de R$ 28 milhões. Segundo o delegado Reis, nas investigações informações anônimas apontaram fraudes Daerp, em uma licitação de R$ 68 milhões que com, um aditivo, chegou a R$ 86 milhões.

"Os indícios apontam que o dinheiro voltava como propina a agentes públicos em contratações fictícias de empresas, uma em Ribeirão Preto, outra em Mato Grosso do Sul", afirmou o delegado.

O último esquema foi descoberto acidentalmente nas investigações que envolveram interceptações telefônicas, análise de milhares de documentos, de acordo com Leonardo Romanelli, promotor de Justiça Gaeco, e envolvia o pagamento de propina para a liberação de honorários advocatícios. O promotor explicou que por conta do plano Collor, o Sindicato dos Servidores venceu uma ação de R$ 800 milhões em 2012 contra o poder público. "Até agora foram pagos mais de R$ 300 milhões aos servidores e R$ 40 milhões aos honorários, mas maus agentes públicos exigiam propina para que advogados recebessem tão logo fossem liberados os recurso

A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo deflagraram na manhã desta quinta-feira (1º) a "Operação Sevandija" para apurar crimes de fraude em licitações, peculato, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência na prefeitura de Ribeirão Preto (SP), cujos desvios chegariam a R$ 203 milhões. São cumpridos simultaneamente 13 mandados de prisão temporária, 17 de condução coercitiva e 48 de busca e apreensão.

Os alvos são a sede da prefeitura de Ribeirão Preto, o Palácio do Rio Branco, gabinetes na Câmara Municipal, a Secretaria Municipal de Educação, a sede da Administração Municipal, além Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), o Departamento de Águas e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) e empresas privadas sediadas na própria cidade do interior paulista, Santos (SP) e Campo Grande (MS).

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Segundo a PF e o Gaeco, as investigações da operação cujo nome é sinônimo de "pessoa que vive à custa alheia", ou "parasita", tiveram início em julho de 2015. A apuração ocorreu "após informações de que estariam ocorrendo fraudes em setores da prefeitura de Ribeirão Preto, na Câmara Municipal e em órgãos públicos, envolvendo dezenas de agentes públicos, agentes políticos e empresas privadas sediadas em várias cidades, inclusive no Estado de Mato Grosso do Sul", informou a polícia em nota.

Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto e os nomes de presos e de conduzidos coercitivamente ainda não foram informados. Os detalhes devem ser dados em entrevista coletiva, às 10 horas, na sede do Ministério Público Estadual de Ribeirão Preto.

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