O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o indiano Rajendra Pachauri, afastou-se provisoriamente de seus compromissos oficiais, após a abertura de uma investigação por assédio sexual contra ele em seu país, poucos meses antes da conferência de Paris sobre o clima. Pachauri não presidirá na próxima sessão plenária deste grupo de especialistas das Nações Unidas sobre o clima em Nairóbi, devido a "assuntos que exigem sua atenção", informou o IPCC no sábado, em um comunicado breve.
Uma pesquisadora acusa o climatologista de enviar e-mails e mensagens por SMS, mas Pachauri desmente estas acusações, alegando que seu e-mail e celular foram 'hackeados'. O presidente do IPCC se apresentará esta segunda-feira (22) a um tribunal de Nova Délhi para evitar ter a prisão preventiva decretada e conseguir ser libertado sob fiança.
Os problemas judiciais ocorrem no pior momento, em um ano crucial para as negociações mundiais sobre o clima, que concluirá com a conferência internacional de Paris, em dezembro. A reunião na capital francesa visa a fechar o acordo mais ambicioso já assinado para combater contra o aquecimento global, um pacto universal que sucederá o Protocolo de Kyoto após 2020.
Os especialistas do IPCC, que elaboraram cinco informes sobre as mudanças climáticas desde a sua criação, em 1988, terão um papel-chave nas negociações, em um momento em que a comunidade internacional não consegue entrar em acordo sobre o balanço da situação e as medidas a adotar.
Seu último informe, publicado em outubro de 2014, propõe diferentes cenários possíveis. O mais pessimista prevê uma elevação global das temperaturas no final do século XXI de 3,7ºC a 4,8ºC com relação ao período 1850-1900.