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A Prefeitura da Cidade do Recife desde o início deste ano, vem anunciando uma série de construções e requalificações de espaços de lazer na cidade. A maioria dessas grandes obras, contemplarão diretamente os moradores de áreas centrais e nobres do município. Na contramão, a PCR tem entregue menos espaços de lazer para bairros mais populosos e da periferia. Sendo assim, o LeiaJá buscou informações sobre as ações da atual gestão, em parques e praças dos bairros da periferia da capital pernambucana, e qual a opinião da população que reside nessas regiões.

Em abril deste ano, a prefeitura comunicou a desapropriação de um terreno de 12 mil m², no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife, para a construção do Jardim do Poço, área de convívio, lazer e esportes com foco nos idosos. De acordo com a gestão do prefeito João Campos (PSB-PE), o equipamento público além de oferecer um espaço para o público da terceira idade, também terá mobiliário infantil, quadras de esportes, pista de cooper, parcão e uma Academia da Cidade.

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A previsão é que as obras sejam iniciadas no primeiro trimestre do próximo ano. O projeto que será executado pelo Gabinete de Projetos Especiais beneficiará moradores dos bairros de Casa Forte, Santana, Monteiro, Poço e Iputinga.

Créditos: Divulgação/PCR

Ainda de acordo com as informações, as pessoas que residem nas comunidades Poço da Panela, Brasilit, Vila União, Sítio do Cardoso, Sítio do Berardo, Novo Prado, Benfica, Vila Arraes, Sítio Wanderley, Torrões, Prado, Vila do Siri, Capunga, Vila Esperança Cabocó, Alto do Mandu, Abençoada por Deus e Vila Inaldo Martins, também serão contempladas pelo novo equipamento.

Na última semana, outra obra foi anunciada, a de um parque com nome em homenagem ao ex-governador, Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo em 2014. O novo parque será construído no antigo Aeroclube de Pernambuco, localizado no bairro do Pina, Zona Sul da capital.

O LeiaJá procurou a prefeitura da capital pernambucana para saber sobre os números exatos de equipamentos como esses em toda a cidade, e se existem projetos de construção e requalificação de áreas de lazer nos bairros de periferia.  Segundo a gestão municipal, a cidade conta com mais de 660 áreas verdes, entre praças, parques e refúgios. Desde 2021, início do governo de João Campos, foram requalificadas 90 praças em toda a cidade, além de trabalhos de manutenção em outros espaços, a exemplo da recém-entregue Praça da Infância, na Encruzilhada, e mais duas praças desse mesmo modelo já em obras, no Compaz Miguel Arraes, na Madalena, e no bairro de San Martin.

Ainda segundo a nota, novos equipamentos foram instalados, como a segunda etapa do Parque das Graças, além das obras que serão realizadas para a inauguração de um parque no bairro do Pina, que irá beneficiar, sobretudo, moradores das ZEIS Encanta Moça/ Pina, Brasília Teimosa e Ilha do Destino. "Importante lembrar que o Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (Promorar), também prevê obras de urbanização em 40 diferentes comunidades da cidade do Recife e incluem espaços públicos de lazer como praças’’, justificou a prefeitura em nota.

Atualmente, se tratando de parques, Recife possui 12 equipamentos que oferecem opções de práticas esportivas, áreas para contemplação da natureza e da vegetação e pontos de encontros para a população em todo o município. São eles: Parque da Macaxeira (Macaxeira); Parque Arraial do Forte (Torrões); Parque do Caiara (Iputinga); Parque 13 de Maio (Santo Amaro); Parque Robert Kennedy (Ipsep); Sítio da Trindade (Casa AMarela); Parque Arnaldo Assunção (Engenho do Meio), Parque de Santana (Santana), Parque de Apipucos; Parque da Jaqueira (Graças); Parque Dona Lindu (Boa Viagem); e Parque das Graças (Graças). 

Moradores insatisfeitos

Através de suas redes sociais, a prefeitura divulga essas obras de requalificação e construção, porém vem recebendo duras críticas dos moradores recifenses que acompanham as publicações das páginas. 

Questionamentos sobre a falta de obras em bairros de regiões mais carentes do município, fazem parte dos conteúdos dos comentários. "Estamos a espera de obras nos bairros mais carentes’’, escreveu um usuário. "O rio só corre pro mar, né Prefeitura? Cadê espaços públicos de planejamento e qualidade nas periferias?’’, questionou uma seguidora, em uma publicação sobre a construção do Jardim do Poço.

''Não vejo melhorias'', afirma moradora

Em entrevista, a estudante Ketullyn Cavalcanti, 25 anos, que reside nas proximidades do bairro de Dois unidos, Zona Norte do Recife, apontou a falta de manutenção nos ambientes de lazer da localidade. ''Entre a última gestão, do Geraldo Júlio, e a atual, não vi melhorias nos parques e praças de Dois Unidos e proximidades. Até a própria publicidade da prefeitura, que sempre acompanho, destaca obras em lugares nobres e em bairros mais próximos ao centro. Porém, cadê a disposição em anunciar parques e praças nas comunidades mais carentes?’’, indagou.

Sobre as construções de parques em bairros nobres que, segundo a prefeitura, também oferecerá lazer aos moradores das comunidades vizinhas, a jovem acredita que a população mais vulnerável deveria receber novos equipamentos da gestão onde reside, e assim, ''evitaria sair do seu bairro em busca de lazer''.

''Nos bairros nobres do Recife sempre existem comunidades carentes nas proximidades. Não acho interessante essa ideia de construir um parque em uma região privilegiada e depois dizer que a obra também ajudará o morador carente da redondeza. Seria justo realizar a manutenção, ou até mesmo grandes obras nos bairros carentes. O morador da periferia merece ter equipamentos de lazer onde reside'', frisou a moradora.

Ketullyn é mãe da pequena Olivia de 3 anos, e afirmou que nos finais de semana, precisa sair de sua comunidade e ir até outro bairro para garantir o lazer de sua filha. ''É desgastante sair da minha casa para levar minha filha em um parque de um bairro distante. Muitas vezes, preciso me preocupar com o transporte, sabendo que a frota do transporte público é reduzida no sábado e no domingo. Na minha comunidade deveria também existir equipamentos modernos, para minha filha e outras crianças aproveitarem o lazer’’, contextualizou.

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A Associação Artística, Cultural e Ambiental do Pina (AACAP), através da livroteca Brincante do Pina, dá seguimento à campanha ‘Corona nas Periferias’, que arrecada donativos para a comunidade do Bode, na Zona Sul do Recife, e também para comunidades adjacentes desde março de 2020. Com o agravamento da pandemia da Covid-19, a população que habita na região, que é de maioria pobre e ribeirinha, enfrenta desafios para conseguir sobreviver, seja pelo advento do crescente desemprego ou por questões de segurança alimentar.

Segundo explicou ao LeiaJá a articuladora social, advogada e moradora da comunidade do Bode, Jéssica Jansen, 29, que atua na presidência da AACAP, a campanha chega ao ano de 2021 como uma surpresa. No “melhor cenário possível”, a representante não imaginou que ainda seria necessário fazer a retomada da ação, de forma ainda mais intensa, também este ano.

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“Diante da situação caótica atual, nós vimos a necessidade de retomar as atividades dessa campanha. Ela surgiu com o advento da pandemia, porque aqui no Bode, a gente tem muitas famílias ribeirinhas, compostas por marisqueiras, pescadores e pescadoras, que sobrevivem do trabalho autônomo, e que no dia a dia já é bem difícil. As pessoas que trabalham com a pesca têm um trabalho bem duro, bem intenso, e pouco retorno financeiro. Na pandemia, diminuiu mais ainda. É assim para as outras pessoas que são autônomas e trabalham com o comércio no geral. As famílias do Bode e a relação de trabalho que elas têm foi muito afetada pela pandemia. O Bode é a maior comunidade do Pina e estamos fazendo esse mapeamento para atender o máximo de pessoas possível”, explicou Jansen.

Além da comunidade do Bode, que possui cerca de 15 mil habitantes e é a mais populosa da Bacia do Pina, a campanha Corona nas Periferias também se estende às comunidades localizadas na região da Beira Rio. Apesar de circular há mais de um ano, a associação não conta com qualquer apoio ou patrocínio externo para veicular as suas ações, sendo o trabalho da AACAP completamente comunitário.

“A divulgação da campanha acontece a partir da mídia, minimamente. Nas redes sociais, a gente tem o perfill da livroteca e tudo também é divulgado pela rádio. Temos uma rádio comunitária chamada “A voz da lama”, desenvolvida pelo núcleo de comunicação Caranguejos Pensantes em parceria da livroteca com o Pão e Tinta e Coletiva Cabras. A partir desse núcleo temos o programa de rádio, difundido também pelo Spotify, Deezer e plataformas digitais, Youtube, Instagram da livroteca, como também na bike de som que rola na comunidade toda e pela barcoteca”, explica, ainda, a articuladora

A corrente de comunicação chega também às comunidades ribeirinhas mais afastadas. O programa de rádio comunitária aborda, além da campanha, questões como as de gênero, raça, saúde, meio ambiente e também a parte jurídica, da qual Jansen faz parte. Tudo em linguagem “acessível, popular e que chega a comunidade”, como confirma a divulgação.

“Ano passado também foi produzido um videoclipe no YouTube e no Instagram, chamado “Passinho da Prevenção”, parte do projeto Corona nas Periferias. Mobilizou toda a comunidade, seguindo todos os protocolos de segurança. É uma música, um passinho do brega funk que traz muitas informações e dados sobre a pandemia, sobre a necessidade de se prevenir e de lavar as mãos, mas também traz uma crítica social. A gente vê a necessidade e importância dessa campanha na comunidade, porque a gente entende o ‘fique em casa, lave as mãos, se higienize’, mas às vezes a pessoa não tem uma casa com estrutura, mora numa palafita, não tem água encanada, não tem saneamento”, continuou.

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 Quanto às necessidades mais urgentes da comunidade, a porta-voz menciona materiais de higiene, cestas básicas, alimentos ou “qualquer coisa que possa ajudar essas pessoas que estão sendo impactadas pela pandemia”. Jéssica Jansen menciona ainda a criação do “Vale Sururu”, uma iniciativa local, que se viu possível a partir dos recursos financeiros obtidos com as doações.

“Ano passado a campanha conseguiu atingir muita gente, o passinho da prevenção foi decisivo. Conseguimos várias cestas básicas e também o Vale Sururu. Com o dinheiro que recebemos, pensamos “como podemos fazer esse dinheiro movimentar a economia dentro da comunidade?”. A gente usou esse dinheiro para comprar da própria comunidade ribeirinha, pescadora e marisqueira os sururus. Criamos esse fluxo de renda na comunidade. Quem estivesse precisando, usava o vale e pegava cerca de um quilo do sururu. Era o sustento, o almoço, além de uma comida gostosa e nutritiva, e ia ajudar quem estava vendendo”, completou.

Como confirmado pela Fiocruz, com relação às desigualdades raciais e ao acesso a serviços de saúde, pessoas pobres e negras são as mais atingidas pela pandemia, assim como são componentes de peso nas regiões de maior vulnerabilidade social, como as favelas. A fala conclusiva da advogada mostra que, apesar dos esforços das autoridades, o suporte às favelas não tem sido suficiente e a população que sobrevive nesta região tem precisado de insumos, emprego e de uma perspectiva minimamente positiva.

“A pandemia já se estende por mais de um ano e isso torna tudo um pouco mais desesperador. Na comunidade, mais ainda, pois não existe tanto suporte psicológico. As comunidades acabam sendo um lugar mais esquecido. No ano passado a questão era mais desconhecida, mas esse ano já temos noção de como a doença é perigosa e pode afetar em diversos sentidos, mesmo a quem não contraiu o vírus, acaba sendo diretamente e psicologicamente afetado pelo que ela traz. Isso somado ao fato da comunidade do Bode e todas as favelas que existem serem esquecidas pelo Poder Público e até pela iniciativa privada. São lugares colocados de lado. Mesmo quem não adoece pelo Covid, adoece na mente. É uma perspectiva desesperadora”, finalizou, em entrevista.

A livroteca Brincante do Pina é uma associação independente. O apoio vem da população local, que se organiza e contribui com as campanhas lançadas, entra em contato com a imprensa e compartilha nas redes sociais. A própria comunidade do Bode, segundo Jansen, é responsável pela difusão de informações e produção de conteúdo da rádio.

Saiba como ajudar

A campanha não tem prazo para acabar. O espero é que ela possa ser prolongada, após a redução nos valores do auxílio emergencial, por parte do Ministério da Economia.

Doe pelo site: http://www.livrotecabrincantedopina.siteo.one/

Conta bancária CAIXA (Poupança)

José Ricardo Gomes Ferraz

CPF: 763 608814 20 / Operação: 013

Agência: 2193 / Conta: 9339 2

Chaves PIX: livrotecab@gmail.com / 763 608814 20

Ou entre em contato com os telefones (81) 98663 9252 e (81) 98743 5461.

 

A Escola Nacional Paulo Freire está com inscrições abertas para o curso “Crise Urbana e as Periferias no Brasil”. O encontro tem o objetivo de abordar a organização do espaço urbano em país. A qualificação é oferecida de forma gratuita e, ao final, os participantes receberão uma certificação, mediante a inscrição por meio do site do Sympla.

O curso, que é dividido em quatro módulos, teve a primeira aula no último dia 23 de julho, abordando o tema "Crise Urbana no Brasil: Periferia é periferia em qualquer lugar", pelo YouTube. As próximas transmissões também serão na plataforma, através do canal do Levante Popular da Juventude, às 18h30. Confira, abaixo, o cronograma de aulas:

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Aula 2 - 29/07

Pandemia e uberização do trabalho: ao trabalhador que corre atrás do pão é humilhação demais que não cabe nesse refrão;

Aula 3 - 04/08

Violência e Segurança Pública: A favela nunca foi reduto de marginal, ela só tem gente humilde marginalizada e essa verdade não sai no jornal;

Aula 4 - 06/08

Cultura e resistência na periferia: É o povo na arte, é arte no povo. E não o povo na arte de quem faz arte com o povo.

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O projeto Telas em Movimento nasceu em 2019 com o objetivo de democratizar o acesso ao audiovisual e ao cinema nas periferias. A primeira realização do Festival de Cinema das Periferias da Amazônia, ano passado, contou com participação de vários cineclubes que funcionam em escolas públicas dos bairros periféricos de Belém, com ações comunitárias, e também na região das ilhas próximas da capital.

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A pandemia do novo coronavírus, no entanto, mudou o foco dos ativistas. O projeto sentiu necessidade de uma reformulação e passou a ajudar as comunidades, fazendo campanhas e buscando doações. Veja vídeo abaixo.

“Nós nos mobilizamos para poder construir tudo que a gente tá fazendo agora. Não é somente a doação de cestas básicas e kits de higiene, e outras ações como o kit Telas da Esperança, mas também a gente tem a ação de comunicação comunitária”, frisou Matheus Botelho, um dos integrantes do projeto.

Matheus explicou que, antes do lockdown (isolamento social rígido decretado no Pará), o grupo realizava ações com grafite, faixas e distribuições de cartazes nas feiras movimentadas, como as do Guamá e Jurunas.

 "Não temos suporte do governo, nós atuamos de forma independente. Conseguimos fazer uma arrecadação on-line por meio de um edital de financiamento coletivo (em que ocorre a participação de uma empresa ou instituição)", disse.

O edital Em Frente, realizado por Fundo Em Frente, é uma união de várias empresas privadas que multiplica o valor doado, pela plataforma de crowdfounding Benfeitoria. "A gente realizou um mês de campanha, e conseguiu mais de R$ 30 mil. Ultrapassamos nossa meta e esse dinheiro foi multiplicado por esse fundo e com esse dinheiro a gente está conseguindo fazer essa atuação agora, comprando material das cestas, material dos kits de higiene e também ajudar a população com sua própria produção, pessoas que estão costurando máscaras.”

O projeto já distribuiu mais de 50 cestas básicas, kits de higiene e o kit pedagógico de desenhos com giz de cera para estimular as crianças a criarem histórias para salvar a sociedade da pandemia causada pela covid-19. Esse kit, informou Matheus, tem o objetivo de estimular a criatividade, a união em casa com as famílias e também materializa o esforço dos participantes do projeto de desenvolver algo lúdico para as crianças das periferias.

“Nós temos um grupo de saúde e fizemos um questionário e as pessoas se voluntariaram. Esse grupo de saúde é composto por profissionais e estudantes da área da saúde que fizeram várias dicas de saúde para as pessoas realizarem em suas casas, se conscientizarem. Desde lavar as mãos, usar máscaras corretamente, até uma série de outras coisas. Tudo isso está nas nossas redes sociais e que serve de serviço para população", destacou.

Para Matheus, o sentimento de estar realizando esse projeto é de gratidão, orgulho e empatia. “Não é aquilo da gente fazer uma coisa pontual e ir embora. É algo de construção com essas famílias e com essas comunidades para ter esse objetivo de construir um trabalho grande e que realmente tenha um impacto social”, frisou.

Segundo Matheus o cinema não se resume somente às salas de cinema comerciais ou independentes. O audiovisual chega para todos por multitelas, através do computador, do celular ou do próprio cinema. “O objetivo é buscar isso, esse movimento de telas, mas também da gente não ir até ao cinema, mas levar o cinema e o audiovisual até essas populações que historicamente são precárias e têm poucos ou nenhum apoio dos poderes públicos. O audiovisual também realiza transformação social", disse Matheus.

Segundo Matheus, o projeto atua nos bairros periféricos do Jurunas, Guamá, Terra Firme, na comunidade quilombola remanescente de Pitimandeua, no município de Castanhal, e nas ilhas da Paciência, Furo do Piriquitaquara e a Combu.

Quem quiser entrar em contato com o projeto para ajudar de alguma forma pode acessar suas redes sociais, pois lá eles explicam melhor e tiram dúvidas.

Instagram: https://www.instagram.com/telas_emmovimento/

Facebook: https://www.facebook.com/telas.emmovimento/

Com apoio de Cristian Corrêa.

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A pesquisa Bibliotecas Comunitárias no Brasil: Impacto na formação de leitores mostrou que 86,7% dessas bibliotecas estão localizadas em zonas periféricas de áreas urbanas em regiões de elevados índices de pobreza, violência e exclusão de serviços públicos. Do restante, 12,6 % delas estão em zonas rurais e apenas 7% em área ribeirinha.

“Descobrimos que essas bibliotecas estão, em sua maioria, em regiões periféricas. Mas uma grande característica é que essas bibliotecas estão onde o poder público não chega. Elas surgem por essa vontade da comunidade em ter esses espaços, que muitas vezes são os únicos espaços culturais nos territórios”, disse Luís Gustavo dos Santos, mediador de leitura e um dos pesquisadores.

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O estudo foi coordenado pelos Grupo de Pesquisa Bibliotecas Públicas do Brasil, da Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio), o Centro de Estudos de Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Centro de Cultura Luiz Freire (PE).

Outro dado revelado foi que 66,5% das bibliotecas foram criadas por coletivos – grupos de pessoas do território e movimentos sociais. A prática da leitura compartilhada também faz parte da identidade da maioria das bibliotecas pesquisadas.

A amostra para a pesquisa incluiu 143 bibliotecas, sendo 92 integrantes da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) e as outras 51 sem vínculo com a rede, em 15 estados e o Distrito Federal. As bibliotecas comunitárias são aquelas criadas e mantida pela sociedade civil. Os pesquisadores destacam a luta das comunidades para conquistar e garantir seu direito nesses territórios marcados pela exclusão de políticas públicas de cultura e educação.

A pesquisa mostrou que as bibliotecas são acessíveis e estão envolvidas com suas comunidades, seus espaços são pensados para assegurar práticas de leitura compartilhada, têm acervos que priorizam o letramento literário, a gestão é compartilhada e que a população identifica a biblioteca e os mediadores de leitura como referências.

“Uma característica da biblioteca comunitária é a gestão compartilhada, então, por mais que esse espaço surja por meio de alguma instituição, é um espaço que é gerido também pela comunidade. Não é apenas um usuário e sim uma pessoa que participa da gestão, da organização e das decisões que acontecem nessa biblioteca”, disse Santos.

Segundo ele, são poucas as pesquisas no país sobre a importância das bibliotecas comunitárias e, em maioria, são estudos muito específicos com recortes locais. “[A pesquisa] mostra o impacto na formação de leitores através dos relatos. Muitas pessoas entram na biblioteca apenas como leitores e saem como mediadores. Então, existe um grande impacto na formação dessas bibliotecas comunitárias.”

Apesar de essas bibliotecas conseguirem se manter por meio de doações e voluntariado, Santos disse que um dos objetivos é que haja investimento público para que esses espaços se desenvolvam melhor. “Como é um espaço, muitas vezes, o único espaço cultural e de acesso público nesses territórios, ela necessita sim de recursos públicos. [Precisa de recursos] para que as bibliotecas consigam se manter com qualidade, pagando seus mediadores, conseguindo custear o espaço, que muitas vezes é feito por meio de doação e de trabalho voluntário.” 

O estudo concluiu também que os profissionais que atuam nas bibliotecas comunitárias cumprem diferentes funções, como gestores, bibliotecários, facilitadores e mediadores de leitura. Os pesquisadores consideraram relevante também que entre os mediadores de leitura, pessoas que apresentam os livros aos leitores, é alto o índice de escolarização: mais de 90,2% têm de ensino médio a pós-graduação.

Stefanie Felício da Silva, articuladora da biblioteca comunitária Ademir Santos, na zona lesta da capital paulista, diz que o espaço tem função que extrapola a leitura. “Só de a criançada chegar, entrar aqui e passar a tarde toda já acho muito importante porque, pela realidade que elas vivenciam aqui, esse é um espaço de acolhimento para elas. Elas estando aqui dentro, elas estão entrando em contato com outras culturas, outros conhecimentos e elas não estão tão vulneráveis como elas poderiam estar na rua”, disse.

“Não considero nem um trabalho, considero uma contribuição pela comunidade onde eu moro. Sempre tive esse desejo de fazer alguma coisa pelo lugar onde eu moro. Tento aproveitar ao máximo [este espaço] para conseguir alcançar o maior número de pessoas possível [com a leitura]”, acrescentou.

“Isolamentos e Fluxos” é a nova exposição do fotógrafo Cyro Almeida, que será aberta nesta terça-feira (17), no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, e foi uma das selecionadas pelo Edital de pautas 2018. A exposição contempla fotografias realizadas entre 2011 e 2018 em cinco bairros da capital paraense: São Brás, Guamá, Condor, Jurunas e Cidade Velha. A curadoria é de Mariano Klautau Filho.

O fotógrafo mineiro se dedica à figuração de habitantes e trabalhadores nas periferias das metrópoles, com um olhar atento ao corpo, à cor e à ocupação dos espaços. “As imagens são uma tentativa de escapar da visualidade predominante sobre essas regiões, que normalmente se apoiam nos estereótipos da carência material e da violência”, declara o artista. Por seu trabalho em Belém, Cyro recebeu o XV Prêmio Funante Marc Ferrez de Fotografia, em 2015, na categoria Documentação Fotográfica do Brasil.

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Influenciado por fotógrafos como Luiz Braga e André Cypriano, e pelo cineasta Eduardo Coutinho, a poética de Cyro Almeida é construída pelo desejo de conhecer o outro. Isso o levou a percorrer a pé de Van um trajeto cujas extremidades abrigam os mercados de São Brás e do Ver-o-Peso, indo ao encontro de açougueiros no Guamá, carregadores de açaí nas feiras do Jurunas e da Cidade Velha, serralheiros no Porto do Sal, além de diversos moradores serenamente posicionados nas portas de suas casas ou em momentos de lazer.

Residindo em Belo Horizonte, o artista vem a Belém todos os anos desde 2009, normalmente no período mais chuvoso, entre dezembro e abril. “A primeira vez que estive em Belém, andando pelo Ver-o-Peso, foi como uma mágica, pela conexão e identificação que eu senti. Não tenho nenhum parente em Belém e naquela época nenhum vínculo de trabalho. Era como se eu estivesse matando a saudade de um lugar que eu nunca havia estado”, conta. Ao conviver com os espaços fotografados, observá-los e interagir com as pessoas, Cyro entendeu que estava em áreas marcadas por estigmas da violência social, sendo constantemente alertado para não estar ali.

Sem acreditar que está imune a qualquer ameaça, o fotógrafo prefere a ideia de que os discursos da intimidação podem, às vezes, levar à própria violência que criticam. “Minhas fotografias não são pra dizer que não existe violência nesses bairros, mas para que eu mesmo não me torne violento a eles pela representação estereotipada, a distinção social e fantasia produzida pelo medo.” Portanto, as fotografias apresentadas em “Isolamentos e fluxos” não são apenas um documento histórico de uma parte da vida em Belém na década de 2010, mas uma tentativa de remontar os sentidos convencionalmente colocados sobre essas populações em âmbito local e global.

Nas palavras do curador, Mariano Klautau Filho, o resultado desse processo é uma “fotografia franca, sensível na experiência do contato e precisa nos enquadramentos em que a persona e seu ambiente estão em uma harmonia dissonante aos discursos sobre os perigos da cidade”, examinando ainda que “há certa paz nas imagens, muito provavelmente pela qualidade da experiência entre fotógrafo e retratado”. Trata-se assim da oportunidade do público belenense conhecer pela primeira vez no formato de exposição os resultados de constantes vivências e imersões feitas por um retratista forasteiro que tem tomado a capital paraense como base de sua poética. Na galeria, veja algumas fotos da exposição.

Serviço

Exposição “Isolamentos e Fluxos”, de Cyro Almeida

Abertura: 17/04, 3ª feira

Hora: 18h30

Local: Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800 - Campina)

Conversa com o artista e curador: dia 24/02, 4ª feira

Hora: 18h30

Visitação: 18/04 a 15/06, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

Entrada gratuita.

Da assessoria do Banco da Amazônia.

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O programa Mais Médicos reabriu, na segunda-feira (4), as inscrições para profissionais formados no Brasil ou com diploma já revalidado no país, após um erro na divulgação da data da chamada pública. Os candidatos que desejarem se inscrever têm até as 18h desta terça-feira (5) para efetuar a inscrição no Sistema de Gerenciamento de Programas (SGP).

Nesta edição, são 557 vagas para municípios de todo o País. Os candidatos poderão escolher até quatro cidades para concorrer às vagas. Na próxima sexta-feira (8), será divulgada a lista com a quantidade de profissionais por vagas e municípios.

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A indicação do município de interesse por parte do médico deve ser feita entre os dias 11 e 12 de dezembro. Os profissionais serão apresentados na segunda semana de janeiro nos locais em que exercerão as atividades. Para mais detalhes, acesse o edital.

Mais Médicos

O Mais Médicos foi criado em 2013 para ampliar a assistência na Atenção Básica a regiões remotas do País e com carência de profissionais. O programa hoje conta com mais de 18 mil vagas em mais de 4 mil municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei). E é responsável por levar assistência médica para 63 milhões de brasileiros.

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--> Por 6 a 2, STF mantém regras do Mais Médicos

Todas as mulheres de Heliópolis, bairro da zona sul de São Paulo, ouvidas por pesquisadores da organização humanitária ActionAid para a campanha "Cidades Seguras" relataram ter sofrido assédio no transporte público. A pesquisa foi realizada entre setembro e outubro de 2013 em áreas de periferia de São Paulo, Rio, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Das 306 mulheres ouvidas, 50 viviam em Heliópolis. Nas comunidades pesquisadas, a média dos casos de assédio no transporte público foi de 43,8%. Depois de Heliópolis, o Complexo da Maré, na zona norte do Rio, apresentou o maior porcentual: 66%. Em Upanema, no Rio Grande do Norte, apenas 4% mencionaram o problema.

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De acordo com o estudo, a maior parte das mulheres, em todas as localidades, toma precauções para evitar o assédio. São estratégias como evitar sentar no fundo dos ônibus, apontada por 71% das entrevistadas em Heliópolis. Quase oito em cada dez acreditam que o tempo de espera pelo transporte aumenta a insegurança. Esse tempo é mais curto em Heliópolis e mais longo em Upanema, mas em geral a maior parte aguarda até 50 minutos pela chegada do transporte.

Uma das entrevistadas em Heliópolis foi a assistente administrativa Keila Barbosa, de 26 anos. "O que está pegando mais hoje é que a gente não pode vestir uma determinada roupa porque pode haver até estupro. Acontece bastante assédio e não podemos falar nada", diz ela no relatório. "Quando eu tenho que passar um pouco do meu horário no trabalho, preciso pegar um ônibus que praticamente dá a volta na cidade, por ter medo de descer no ponto onde sempre desço." Pouco mais da metade das mulheres relatou já ter sofrido assédio por parte de policiais - numa comunidade de Pernambuco, esse índice chegou a 84%.

A campanha "Cidades Seguras para as Mulheres" foi lançada no Rio durante a abertura do Fórum Nacional de Reforma Urbana, na Câmara Municipal. "Queremos chamar atenção para a relação entre a qualidade dos serviços públicos em iluminação, transporte, policiamento, moradia e educação, e a insegurança das mulheres nas cidades. A precariedade desses serviços agrava a vulnerabilidade das mulheres à violência", disse Gabriela Pinto, da ActionAid.

O ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, recebeu durante o fórum um exemplar do estudo e uma "Carta Política", com demandas apontadas para melhorar os espaços públicos e reduzir a violência. "Queremos que governantes se comprometam com a adoção de medidas concretas", disse Gabriela.

O apetite do brasileiro pelo fast food é tão grande que mesmo redes estabelecidas no País há décadas, como o McDonald’s e o Bob’s, buscam acelerar sua expansão para ocupar espaços antes de “novatas” como a Subway e o Burger King. Enquanto o McDonald’s abriu um total de 178 pontos de venda em 2013 - 85 restaurantes e 93 quiosques de sorvetes -, o Bob’s diz ter inaugurado 140 unidades no País, mas não revela a proporção de quiosques e lanchonetes.

A disputa no mundo das refeições rápidas agora é pela conquista das cidades menores e também das periferias das principais capitais. Com lojas mais compactas, que exigem um investimento relativamente pequeno, a partir de R$ 250 mil, o Subway tem liderado a expansão regional. Só no ano passado foram 340 inaugurações, para um total de 1.388 lojas em dezembro. Para 2014, as expectativas da empresa seguem fortes, com a meta de abrir pelo menos mais 360 pontos de venda.

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Os pequenos municípios estão no radar de Roberta Damasceno, gerente nacional da Subway no Brasil. Com 14 agentes de desenvolvimento regional, a rede está apostando em pontos alternativos, como postos de gasolina e terminais rodoviários. “"Cabemos em espaços a partir de 40 metros quadrados. O planejamento é bastante agressivo. Nossa meta é chegar a 8 mil unidades em dez anos. Ainda faltam 7 mil"”, diz a executiva.

Uma tendência forte entre as redes tradicionais são os quiosques. Tanto é assim que o McDonald’s abriu mais unidades deste tipo do que restaurantes de maior porte. Segundo fontes do mercado de food service, o apetite pelo formato mais compacto é consequência direta da margem mais alta do sorvete em comparação aos hambúrgueres. Ter uma operação de gelados consolidada é uma vantagem competitiva de Bob’s e McDonald’s, que são citados pelo mercado como os mais fortes deste segmento.

Segundo Sergio Molinari, sócio-diretor da área de food service da consultoria em varejo Gouvêa de Souza, como o sorvete é um produto relativamente barato, acaba sendo uma opção de consumo para a classe C mesmo na época do mês em que o salário já acabou. “"A pessoa não vai fazer a conta para saber que aquele sorvete de R$ 4 teve um custo total para a rede de R$ 1”", diz o especialista. “No mundo do fast food, o fator custo-benefício conta muito pouco. O que importa é caber no bolso.”

Transporte

Diante de tanta expansão, aumenta a pressão sobre os operadores logísticos do setor. Hoje, sobraram três grandes concorrentes nesta área: Martin Brower (que atende Subway, Bob’s e McDonald’s), Fast&Food (Burger King e China in Box) e Comfrio (Outback e Starbucks). “"A escala é fundamental, pois os custos de transporte são altos no Brasil”", diz José Augusto Santos, diretor comercial da Martin Brower. “Entre nossos clientes, o crescimento foi de mais de 500 lojas em 2013.”

Essa disputa acirrada já deixou vítimas, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A Luft Food Service, que após anos de contrato perdeu um dos seus principais clientes, o Bob’s, foi vendida à rival Fast&Food. Procuradas, as empresas não retornaram o contato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dos dez indicadores que compõem o índice de urbanismo, o que mais varia entre os bairros paulistanos é a arborização. Os dados mostram que a falta de árvores é três vezes maior na periferia do que nos bairros ricos. Em média, apenas 9% dos domicílios nos distritos de maior renda não têm árvores ao seu redor. A média nos bairros mais pobres, porém, é de quase 30%.

O contraste entre os bairros é grande: enquanto menos de 1% dos moradores de bairros como Consolação e Jardim Paulista não têm árvores perto de casa, esse número chega a 71% em distritos como o Limão, na Zona Norte, o mais cinza da capital. Quando qualquer outro indicador é comparado (taxa de pavimentação das ruas, por exemplo) a diferença entre bairros é consideravelmente menor.

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Uma aparente contradição também é revelada na análise detalhada dos dados do Censo. Com a exceção do Limão, os distritos com menor taxa de arborização urbana são bem aqueles com maior cobertura vegetal - como Marsilac (68% dos domicílios não têm árvores em volta), Parelheiros (59%), Brasilândia (59,2%) e Perus (50,1%). Mesmo perto de áreas verdes, como as Serras da Cantareira e do Mar, esses bairros não conseguiram preservar as árvores nos locais nos quais houve intenso processo de urbanização a partir da década de 1960.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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