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O Ibama reabriu o processo que multou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em R$ 10 mil por praticar pesca ilegal em área de conservação ambiental no litoral do Rio de Janeiro em 2012. A penalidade havia sido anulada pelo órgão no início de 2019, após parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) emitido dias antes da posse de Bolsonaro na Presidência. Na época, a AGU considerou que ele não teve um amplo direito de defesa durante o processo e que o prazo para aplicação da punição já havia passado. O ex-presidente classificou, nessa terça-feira (19), a revalidação da multa como "perseguição".

Em 2019, o Ibama decidiu tornar o processo nulo, ao considerar o parecer da AGU que avaliou que o prazo de prescrição da multa seria de cinco anos, tendo se encerrado, então, em 2017. Porém, em um novo parecer, a AGU entendeu que o período é 12 anos.

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A nova decisão do Ibama foi assinada, no domingo (17), por Halisson Peixoto Barreto, coordenador-geral do Centro Nacional do Processo Sancionador Ambiental (Cenpsa). Segundo ele, o órgão ambiental ainda tinha tempo para corrigir "os vícios apontados" pela AGU, já que o prazo de prescrição do crime ambiental cometido por Bolsonaro se encerra, portanto, em 2024.

"O Ibama reabriu processo relativo à apuração da infração cometida pelo autuado, tendo em vista que o prazo prescricional, quando da decisão proferida à época, não corresponde com o prazo legal aplicável. O despacho baseia-se em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), que apoia a tese de que o prazo para a aplicação da multa não é de cinco, mas de 12 anos", disse o Ibama, em nota.

O Estadão procurou a assessoria do ex-presidente para perguntar sobre o pagamento da multa imposta pelo Ibama, mas não obteve retorno.

Entenda o crime ambiental cometido por Bolsonaro

No dia 25 de janeiro de 2012, quando era deputado federal pelo PP, Bolsonaro foi flagrado em um bote pescando na Estação Ecológica de Tamoios, área de conservação protegida pelo governo federal no litoral dos municípios fluminenses de Angra dos Reis e Paraty. Para se defender, afirmou que tinha um documento do Ministério da Pesca que liberava a atividade naquela região.

Nesta terça-feira, Bolsonaro criticou a nova decisão e afirmou que estava no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e não na Estação de Tamoios, quando foi autuado em 6 de março de 2012.

Porém, a data da atuação não é a que ele foi flagrado cometendo a infração. Segundo o Ibama, a demora para protocolar a multa ocorreu porque o ex-chefe do Executivo teria se recusado a apresentar seus documentos pessoais.

No momento em que foi flagrado praticando a pesca ilegal na estação de conservação, Bolsonaro foi fotografado pelo servidor do Ibama em cima do bote e portando uma vara de pescar.

Fiscal que multou Bolsonaro foi exonerado

O servidor do Ibama que multou Bolsonaro é José Olímpio Augusto Morelli que, em 28 de março de 2019, quando o mandato de Bolsonaro na Presidência completava o seu terceiro mês, foi exonerado de um cargo na Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do órgão. A decisão foi tomada pelo major Olivaldi Alves Borges Azevedo, que foi escolhido pelo então presidente para assumir a chefia da diretoria.

Uma operação envolvendo Ibama, Polícia Federal, Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Secretaria de Meio Ambiente de Ipojuca resultou na apreensão de 150 kg de pescados, oriundos de pesca irregular realizada em Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco. Uma embarcação e uma rede de espera de peixes de 1,2 mil metros também foram apreendidas.

O proprietário do barco foi multado em R$ 3,3 mil, valor definido pela legislação ambiental. Segundo a CPRH, a fiscalização ocorreu após denúncia feita no início de novembro informando que está havendo alta mortandade de tartarugas. Isto estaria ocorrendo porque as tartarugas ficam presas em redes de pesca.

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A ação envolveu 17 profissionais, em terra e mar, sendo quatro agentes da unidade de fauna da CPRH, quatro do Ibama, sete da prefeitura e dois policiais federais. Os peixes apreendidos – sardinha, corvina, pescada e serra – foram doados à Mesa Brasil, uma entidade carente que trabalha com alimentos na área do Ceasa, no Recife. 

Para realizar atividade pesqueira é preciso ter autorização emitida pela Secretaria de Pesca do Governo Federal. O homem multado ficou como fiel depositário do barco. A rede de espera foi confiscada pelo Ibama. 

A população de boto-vermelho está diminuindo 10% ao ano em algumas regiões da Amazônia. O resultado foi obtido por pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Projeto Boto, e divulgadas este mês.

Uma das razões para a redução, segundo os estudos realizados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), seria o aumento da matança para a pesca da piracatinga, um peixe necrófago conhecido como urubu d'água.

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Para discutir o problema, o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa, a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) realizarão um workshop na terça-feira, em Manaus.

"Esse golfinho endêmico da nossa região tem sido cruelmente abatido para ser usado como isca na pesca de um bagre, a piracatinga. Por isso, queremos estabelecer um processo que resulte na elaboração de ações efetivas para eliminar essa atividade cruel e insustentável na região", afirmou a coordenadora do LMA e conselheira da Ampa, Vera da Silva.

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