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A pílula da Pfizer contra a Covid-19, comercializada com o nome Paxlovid, "faz a diferença" ao limitar o número de hospitalizações e mortes, em meio a uma nova onda epidêmica nos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (18) um alto funcionário da Casa Branca.

Seu uso, que começou devagar devido ao difícil acesso dos pacientes ao medicamento, foi quatro vezes maior no último mês, informou Ashish Jha, novo coordenador de resposta ao coronavírus da Casa Branca.

O comprimido deve ser tomado por via oral durante 5 dias assim que aparecerem os sintomas.

"Nossas últimas estimativas somam 20.000 receitas de Paxlovid todos os dias", disse em coletiva de imprensa.

"Acredito que esta seja a razão principal pela qual, apesar do grande aumento nos contágios, não vemos um aumento considerável nas mortes. Vimos um aumento nas hospitalizações, mas não tanto quanto o esperado em um momento como este", acrescentou.

Os Estados Unidos registram atualmente cerca de 95.000 novos casos de covid-19 diários, um número que pode estar subnotificado devido ao uso massivo de autotestes caseiros, cujos resultados não costumam ser comunicados às autoridades.

O antiviral funciona ao reduzir a capacidade de replicação do vírus, contendo a progressão da doença.

Algumas pessoas, no entanto, relataram que voltaram a se sentir indispostas após os cindo dias de tratamento e que testaram positivo novamente. Jha afirmou que estes casos são raros e que esses pacientes não foram hospitalizados.

Por enquanto, há planos de testes clínicos para analisar a necessidade de um tratamento mais prolongado, informou na mesma coletiva de imprensa, Anthony Fauci, assessor da Casa Branca.

Um painel de especialistas em saúde designado pelo governo dos Estados Unidos respaldou nesta terça-feira (30) a pílula anticovid da Merck para pacientes adultos de alto risco que estão dentro do período de cinco dias desde que sentiram os primeiros sintomas do vírus.

A votação, que aconteceu após um dia de debates transmitidos ao vivo, foi apertada, com 13 votos a favor e 10 contra o uso da nova pílula. A recomendação do painel é consultiva e uma decisão final cabe à agência americana de medicamentos (FDA).

O tratamento antiviral da Merck, o molnupiravir, era muito esperado porque é fácil de administrar: basta tomar um comprimido em casa cinco dias após o surgimento dos sintomas da covid-19.

"Esta é a primeira oportunidade para a existência de um tratamento oral" fora do hospital para casos leves a moderados da doença, observou David Hardy, membro do comitê que se pronunciou a favor da autorização de emergência.

No entanto, vários especialistas, incluindo aqueles que votaram a favor de autorizar o tratamento, consideraram a decisão "difícil".

Eles estavam particularmente preocupados com o fato de sua eficácia ter caído para 30% contra hospitalizações e mortes, de acordo com documentos divulgados na sexta-feira, considerando o número total de participantes do ensaio clínico.

Os resultados preliminares em apenas uma parte dos participantes sugeriram inicialmente 50% de eficácia.

Especialistas também levantaram preocupações sobre a possibilidade de que o tratamento introduza novas mutações indesejadas do vírus, criando novas variantes, como resultado da tecnologia que a Merck utiliza.

"Acho que o efeito geral (do tratamento) na população total do estudo é modesto, na melhor das hipóteses", advertiu o membro do comitê Sankar Swaminathan, explicando seu voto contra a recomendação.

"O risco de efeitos mutagênicos não está firmemente estabelecido ou caracterizado", acrescentou.

Muitos especialistas também consideram que as mulheres grávidas devem evitar este tratamento, ou pelo menos favorecer outros, como os anticorpos sintéticos, quando disponíveis.

O laboratório americano Merck Sharp & Dohme (MSD) anunciou, nesta sexta-feira (1), que pedirá a autorização da agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, para a comercialização de um medicamento via oral contra a covid-19.

Com base em um ensaio clínico, a pílula reduz pela metade o risco de hospitalização e morte de pacientes com covid-19.

Se for autorizado, este fármaco oral seria o primeiro do tipo no mercado para tratar a covid-19, o que, depois das vacinas, representaria um grande avanço na luta contra a pandemia.

O MSD informou que buscará "o mais rápido possível" a autorização da FDA para o medicamento, chamado de molnupiravir e desenvolvido em pareceria com o laboratório Ridgeback Biotherapeutics.

Os resultados do ensaio clínico são positivos, assegura a multinacional sediada em Nova Jersey, que era uma filial do laboratório alemão Merck, mas se tornou uma empresa independente.

O estudo foi realizado com 775 pessoas com covid-19 de leve a moderada, e que apresentavam pelo menos um dos fatores de risco para o agravamento do quadro. Os pacientes receberam o tratamento até cinco dias depois do surgimento dos primeiros sintomas.

A taxa de internação ou morte nos pacientes que receberam o fármaco foi de 7,3%, enquanto entre os que receberam um placebo o índice foi de 14,1%. Além disso, não foram constatadas mortes entre os que receberam molnupiravir, em comparação com oito óbitos no segundo grupo.

A eficácia deste antiviral é "uma notícia muito boa. [...] Os dados são impressionantes", disse aos jornalistas Anthony Fauci, o principal assessor médico do presidente Joe Biden, ao destacar a ausência de mortes entre os que tomaram o fármaco.

Muitos especialistas, no entanto, advertiram que gostariam de ver os dados clínicos completos da pesquisa, e enfatizaram que, caso seja aprovado, o medicamento não deve substituir as vacinas anticovid.

- Fácil de administrar -

Até agora, as terapias anticovid, como os anticorpos monoclonais e o remdesivir, do laboratório americano Gilead, são administradas por via intravenosa, o que dificulta o uso generalizado.

Para Peter Horby, professor especializado em doenças infecciosas emergentes da Universidade de Oxford, "um antiviral oral seguro, acessível e eficaz seria um grande avanço".

"O molnupiravir parecia promissor no laboratório, mas o verdadeiro teste era ver se trazia algum benefício para os pacientes. Muitos medicamentos falham neste ponto, por isso estes resultados provisórios são muito encorajadores", disse o especialista, em um relatório citado pela organização britânica Science Media Center.

Os antivirais atuam evitando que o vírus se replique e podem ser usados em duas situações: para permitir que as pessoas que já sofrem da doença não evoluam para o quadro grave, e para evitar que os que tiveram contato próximo com o vírus não desenvolvam a doença.

O tratamento com comprimidos por via oral, de fácil administração, é aguardado com grande expectativa e visto como uma forma eficaz de combater a pandemia. Contudo, os antivirais, de forma geral, não têm apresentado resultados convincentes contra a covid-19.

Dado que o mercado para esses fármacos é potencialmente enorme, vários laboratórios estão investindo em sua pesquisa, como o Atea Pharmaceuticals, também nos EUA, e o suíço Roche, que estão avaliando a eficácia de um tratamento similar, chamado de AT-527.

Já a Pfizer, que desenvolveu uma das vacinas mais utilizadas contra a covid, anunciou na segunda-feira (27) que estava iniciando os testes clínicos em grande escala de seu próprio antiviral.

- "Não é uma cura milagrosa" -

Como o vírus continua circulando e a maioria das soluções disponíveis requerem uma visita a um centro de saúde, "tratamentos antivirais que possam ser administrados em casa para manter as pessoas infectadas com covid-19 fora dos hospitais são absolutamente necessários", explicou Wendy Holman, executiva do laboratório Ridgeback Biotherapeutics.

O problema de antivirais como o molnupiravir é que eles devem ser administrados antes que os pacientes sejam considerados "doentes o suficiente para necessitarem de algo mais que o tratamento dos sintomas", comentou Peter English, ex-presidente do Comitê de Medicina de Saúde Pública da Associação Médica Britânica.

Os antivirais contra a gripe e o herpes labial, por exemplo, apenas são efetivos se forem administrados precocemente, lembrou a Science Media Center.

"Eles não substituem a vacina. Não é uma cura milagrosa, mas uma ferramenta complementar", tuitou Peter Hotez, professor da faculdade Baylor College, em Houston (EUA), que também manifestou preocupação para o possível surgimento de algum tipo de resistência, se o medicamento for usado de forma ampla e generalizada.

De qualquer maneira, o MSD já iniciou a produção em larga escala do molnupiravir e planeja entregar as doses necessárias para 10 milhões de tratamentos antes do fim deste ano.

Os Estados Unidos, por sua vez, já adquiriram 1,7 milhões de tratamentos de molnupiravir, sob a condição de que o mesmo seja aprovado e com a opção de comprar ainda mais, informou Jeff Zients, coordenador da luta contra a pandemia na Casa Branca.

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