A primeira-ministra britânica, Liz Truss, voltou a defender nesta terça-feira (4) seu polêmico plano fiscal, que teve uma das medidas suprimidas na segunda-feira, e seu ministro das Finanças pretende, segundo a imprensa, antecipar a publicação de como o governo pretende financiar o pacote.
Em uma entrevista à BBC, Truss defendeu as medidas econômicas, que incluem uma considerável redução de impostos acompanhada por ajudas a famílias e empresas para pagar as elevadas contas de energia.
"Estou decidida a seguir adiante com o pacote de crescimento", declarou, antes de insistir que o plano é "responsável". "Mas também é importante ouvir a população e ter o país conosco", acrescentou.
Apresentado em 23 de setembro, o plano recebeu muitas críticas por prever o financiamento dos cortes de impostos com mais dívida pública.
Pressionada por instituições financeiras, a opinião pública e pelo próprio Partido Conservador, o governo anunciou na segunda-feira a retirada de uma de suas principais medidas: o fim da faixa de imposto de renda mais elevada, de 45% para que tem renda superior a 150.000 libras por ano (170.000 dólares).
De acordo com o jornal Financial Times e a BBC, o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, deve adiantar a apresentação do plano para financiar as medidas, que inicialmente pretendia deixar para 23 de novembro.
Os mercados financeiros ficaram agitados na semana passada com a falta de números precisos sobre o pacote orçamentário e a perspectiva de financiar as medidas com o aumento da já gigantesca dívida pública britânica.
O Banco da Inglaterra precisou atuar de maneira emergencial e comprar títulos do Tesouro a longo prazo para evitar a quebra dos fundos de pensão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um apelo para que o governo não aumente a desigualdade em plena crise do custo de vida com um corte de impostos a favor dos mais ricos.
O governo também terá que administrar em breve outra questão delicada: a reavaliação da assistência social.
Em uma entrevista à rádio LBC, Truss afirmou que ainda não tomou nenhuma decisão sobre o aumento em um cenário de inflação historicamente alta, ao redor de 10%.
Mas deputados conservadores importantes já deram a entender que podem votar contra um aumento inferior à inflação, o que provoca o temor de uma nova rebelião entre a maioria parlamentar.