Já foram disputadas 20 rodadas do Campeonato Brasileiro. Até aqui, a equipe com momentos de maior oscilação entre as duas metades já percorridas do torneio é o Sport. De sensação da Série A ao naufrágio, os rubro-negros provaram o sabor da permanência no G4 e a absoluta liderança, mas agora jejuam seis partidas sem vitória no torneio.
O Sport iniciou o Campeonato Brasileiro de forma avassaladora. Nos primeiros dez jogos, nenhuma derrota, seis vitórias e quatro empates. Da vaga cativa no G4 à liderança absoluta. O Leão teve jogadores observados por clubes europeus, alguns apontados como possíveis nomes para a seleção brasileira. O planejamento feito com um dos orçamentos mais modestos da Série A se tornou modelo de sucesso. O clube de uma maneira geral alcançou o status de sensação.
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Céu à parte, nas últimas dez rodadas - a segunda metade da campanha feita até aqui - o Leão provou um sabor amargo. Apenas uma vitória, seis empates e três derrotas. Primeiro perdeu a liderança, depois deixou o G4 e não conquista uma vitória há seis partidas seguidas. Paralelamente, contra o Bahia, pela Copa Sul-Americana, fez a pior partida desde o início da Série A.
Nas dez rodadas iniciais, o Sport somou aproveitamento superior ao vice-líder, Atlético-MG que tem 65%. Já na segunda metade disputada do torneio teve um rendimento inferior vice-lanterna, Joinville, que tem 31,17%.
Sequência da morte
O treinador Eduardo Baptista acredita que não existe uma crise técnica no Sport, apenas dificuldade em alcançar os resultados - algo comum em um esporte imprevisível como o futebol. Pelo contrário, o comandante leonino acredita que o time rubro-negro até elevou o nível e citou como exemplo atuações contra Corinthians, Atlético-PR, Atlético-MG, São Paulo e Palmeiras.
O principal motivo para a queda drástica de rendimento do Sport, de acordo o técnico, foi a sequência dificil nas últimas rodadas. "Sem querer desvalorizar as equipes que enfretamos no início da competição, não me leve a mal. Mas nós enfrentamos os times do pelotão da frente, candidatos ao título do torneio, todos de uma vez", disse Eduardo Baptista. E completou: "Nós não conseguimos o resultado em vários destes jogos, mas tivemos atuações muito boas, melhores inclusive que em algumas vitórias conquistadas no início".
Queda de rendimento individual e desatenção
O Sport se consolidou no Campeonato Brasileiro como uma equipe de defesa sólida, que sofria poucos gols. Nos primeiros dez jogos sofreu apenas oitos. Já nos últimos, a equipe foi vazada 15 vezes. Jogadores de que tiveram atuações consistentes e acima da média no início do torneio como os laterais Samuel Xavier e Renê, o zagueiro Durval e o volante Rithely não mantiveram o alto-nível. O cabeça-de-área chegou a estar entre os três maiores desarmadores do torneio e apesar de ainda estar desempenhando uma função semelhante, não conseguiu manter o índice.
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Entretanto, o atacante André, vice-artilheiro do time, com cinco gols marcados, discorda da queda de rendimento do time. O centroavante afirma que faltou atenção em alguns jogos e a equipe rubro-negra foi "punida" da pior forma: pelo resultado. Na partida diante do Figueirense, por exemplo, sofreu dois gols de bola parada. A Leão sofreu gols determinantes no fim de partidas contra Figueirense, Corinthians (que envolveu polêmica da arbitragem) e Atlético-PR.
Previsibilidade tática
Alguns comentaristas esportivos da imprensa pernambucana lamentam o fato do técnico Eduardo Baptista testar poucas variações táticas. O comandante leonino armou o time durante quase todas as dez primeiras rodadas com esquema tático semelhante - até para adquirir um padrão de jogo. Porém, à medida que o Sport ganhou mais destaque, os adversários passaram a ter uma preparação mais intensa para jogar contra ele.
No 14º jogo do torneio, o Sport enfrentou o São Paulo. Foi quando conquistou a última vitória na Série A. Aindas assim, naquela ocasião, o próprio Eduardo Baptista admitiu que o técnico colombiano Juan Carlos Osorio preparou o Tricolor baseado nas falhas do Leão.
Eduardo Baptista testou outras formações contra Grêmio (com três volantes) e Cruzeiro (dois centroavantes). Isso sem falar das tentativas de alterar o time baseado nas funções e características dos jogadores disponíveis. Nenhuma das situações agradou completamente o treinador e o Sport continua com padrão similar ao do início do torneio.
Maratona de jogos e viagens
Já o lateral direito e ala Ferrugem apontou outro ponto que tem prejudicado a campanha do Sport: o deslocamento para os jogos. O Rubro-Negro é o único representante do Norte-Nordeste do Campeonato Brasileiro, então normalmente encara viagens mais desgastantes e tem um menor tempo de recuperação física.