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Na noite de terça-feira (08), arqueólogos da Academia Austríaca de Ciências divulgaram a descoberta de um distrito de quase 1400 anos, escondido abaixo de ruínas na Turquia. A área da cidade de Éfeso está sob constante escavação no último ano.

O local fica próximo à Praça Domiciano de Éfeso, que seria um centro político da cidade durante o Império Romano. De acordo com o comunicado oficial (publicado via Galileu), a parte investigada era composta por um ambiente comercial e gastronômico.

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Abaixo da camada de ruínas, foram encontradas salas com até 3,4 metros de altura. Estas estruturas seriam “uma cozinha, uma despensa, uma taberna, uma loja de lâmpadas e lembranças de peregrinos cristãos e uma oficina com uma sala de vendas anexa”.

De acordo com Sabine Ladstätter, líder da equipe de escavação, as descobertas podem resolver os mistérios da história urbana de Éfeso. A cidade tornou-se menor no século VII e o padrão de vida, assim como a circulação de moedas, caiu significativamente. Os motivos não eram claros, porém, com os dados obtidos os acadêmicos visam criar ligações com outros acontecimentos históricos, como as guerras bizantino-sassânidas.

Abdelaziz al-Hassan e sua família montaram sua barraca entre paredes de pedra e colunas desabadas. O isolamento das ruínas bizantinas e romanas pareceu uma boa alternativa aos acampamentos lotados de refugiados da guerra no noroeste da Síria.

Assim como eles, uma dezena de famílias vivem há meses entre os vestígios do povo de Baqirha, que faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco.

Eles fogem da ofensiva lançada no final de 2019 pelo governo sírio e seu aliado russo contra o último grande bastião jihadista e rebelde de Idlib (noroeste da Síria).

"Escolho este local por sua tranquilidade, longe dos acampamentos lotados onde as doenças proliferam", justifica Hassan, pai de três filhos, nesses tempos de pandemia.

Atrás dele, apenas três paredes de pedra branca se mantêm em pé. Uma corda serve de linha e os restos das colunas adornam o chão entre capitéis coríntios e rodapés esculpidos.

A barraca de lona de Hassan é erguida a céu aberto entre os muros de um templo romano. Um painel solar fornece energia.

Segundo os historiadores, o templo de Baqirha, chamado de Zeus Bomos, foi construído no século II para receber os peregrinos. Naquela época, a região era rica graças à produção de azeite de oliva.

Para o ex-diretor de antiguidades sírias de Damasco, Maamun Abdel Karim, Baqirha se destaca pelo "bom estado de conservação" dos vestígios.

Víboras e escorpiões

Embora a família Hassan esteja mais tranquila aqui do que nos acampamentos lotados de refugiados, o local apresenta outras inconveniências.

Para ir à escola da aldeia, as crianças precisam caminhar cerca de 1,5 km e a área está infestada por víboras e escorpiões. "A cada dois dias mato um escorpião", contou este homem de 30 anos .

Abdelaziz al-Hassan, natural do sul da província de Idlib, chegou aqui há um ano junto com seu cunhado, fugindo de um bombardeio do governo.

As operações do governo e de seu aliado russo, suspensas em março de 2020 após a trégua negociada entre Moscou e Ancara, levaram cerca de um milhão de pessoas ao exílio, que atualmente vivem em acampamentos informais no norte de Idlib.

"Para onde mais ir?"

O cunhado de Hassan, Saleh Jaur, também mora com seus filhos nas ruínas, após abandonar sua aldeia depois da morte de sua esposa e de um de seus filhos em um bombardeio.

"Escolhi este local porque fica perto da fronteira turca. Se acontecer algo, podemos cruzar a pé", afirma este homem de 64 anos.

"Nos falaram dos acampamentos e fui vê-los com meus próprios olhos, estão prestes a explodir", disse Jaur.

Na encruzilhada de várias civilizações, desde os cananeus da Bíblia até os otomanos, a Síria possui vestígios arqueológicos de romanos, mamelucos e bizantinos; mesquitas, igrejas e castelos cruzados povoam seu território.

Desde o início do conflito em 2011, muitos desses lugares foram vítimas de saques e bombardeios.

Os responsáveis da aldeia vizinha, encarregados de vigiar o sítio arqueológico, pediram às famílias que saíssem do templo, o que elas se negam a fazer até que lhes ofereçam outro alojamento.

"Para onde mais ir, a não ser morar na rua?", indaga Hassan.

As ruínas das primeiras fortificações da cidade canadense de Quebec, edificadas pelos colonos franceses em 1693, acabam de ser descobertas em um estado de conservação excepcional, anunciou nesta terça-feira (6) o responsável de uma equipe de arqueólogos locais.

Tratam-se das "fundações da muralha paliçada de Beaucours" que fazem parte das "primeiras fortificações de Quebec", disse Jean-Yves Pintal, chefe da equipe de arqueólogos que descobriu a estrutura, de cerca de 20 metros, durante os trabalhos anteriores à construção de residências no bairro histórico da cidade.

"Para nós, esta aventura começou muito humildemente; descobrimos uma pequena peça de madeira cravada muito profundamente em solo escuro. A partir disso, sacamos nossas pás e começamos a escavar o solo muito suavemente, e percebemos que estávamos diante de um enorme vestígio muito bem conservado", disse Pintal.

As ruínas são parte de um recinto construído segundo os planos do engenheiro militar francês Josué Dubois Berthelot de Beaucours, entre 1693 e 1694, para substituir um sistema temporário edificado em 1690, que servia para defender a cidade de possíveis ataques de artilharia inglesa.

Construídas por 500 militares e habitantes de Quebec, essas fortificações consistiam em "uma estrutura de madeira feita de pedaços maciços de cedro cortado com machados", detalhou Pintal.

"Esta é uma grande descoberta para a cidade de Quebec, e também para toda Quebec", declarou François Legault, primeiro-ministro desta província francófona, ao destacar o estado "excepcional" de conservação da estrutura que foi enterrada em argila.

Quem assistiu à programação da TV Globo no dia 2 de setembro, mais precisamente ao "Domingão do Faustão", percebeu que a data ficaria marcada para sempre depois de um incêndio ter destruído o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Fundado em 1818 por Dom João VI, o local perdeu 90% do seu acervo, passando agora a ser guardado na memória de quem embarcou nas histórias disponíveis por lá.

 De acordo com o colunista Flávio Ricco, do Uol, a Globo estuda as ruínas do museu carioca para realizar a gravação de algumas cenas da novela das sete "O Tempo Não Para", do autor Mario Teixeira. De início, a ideia é que o personagem de Edson Celulari, Dom Sabino, relembre o seu passado quando teve um encontro com Dom Pedro II. 

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Sucesso entre o público ao abordar uma família que ficou congelada por mais de 100 anos depois de um naufrágio, a trama segue guardando a sete chaves os procedimentos que possam se concretizar com a vontade da emissora de ter as imagens registradas no museu.

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Após o anúncio de que, no último sábado (3), aconteceria um evento recheado de atividades educativas com oficinas, palestras sobre a arquitetura modernista do Recife, participação de especialistas no assunto e um café da manhã coletivo dentro do terreno das duas casas modernistas da Avenida Conselheiro Rosa e Silva, no bairro das Graças, Zona Norte da cidade, os imóveis foram fechados. Ainda na sexta-feira (2) no horário da noite, homens começaram a instalar tapumes de alumínio cercando as residências. Um vigia também passou a fazer a segurança do local. “Não estou autorizado a deixar ninguém entrar. É a ordem que tenho”, disse à reportagem do LeiaJa.com, que esteve no local e acompanhou o cercamento das casas.

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Do lado de fora, as pessoas que pretendiam ocupar os imóveis e participar do evento colaram vários cartazes que demonstravam insatisfação com os tapumes, a falta de acesso ao local e a omissão do poder público com as construções. “O tapume vai proteger o patrimônio histórico ou esconder a demolição?", dizia uma das mensagens. As casas modernistas, de número 625 e 639, foram consideradas Imóveis Especiais de Proteção (IEPs), de acordo com a Lei Municipal nº 16.284/1997, em dezembro de 2014. A legislação do Recife garante que os IEPs são edificações isoladas, de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico e cultural e devem ser preservados.

Mas, apesar do Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) ter aprovado a proteção municipal, as residências estão em ruínas. Em fevereiro de 2018, a situação é grave e não sobrou muito. Janelas roubadas, paredes e azulejos pichados, o teto é quase inexistente, muito lixo no que antes era um jardim na frente dos imóveis, banheiro depredados, pedaços das casas sendo vendidos em feiras e tudo que restou estava parcialmente ou completamente destruído.

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Em setembro de 2017 a Justiça pernambucana determinou que o proprietário das casas modernistas, Leonardo Teti de Carvalho, fizesse a recuperação das duas edificações, incluindo o resgate das características originais das construções e impedisse a depredação das antigas moradias. Ele é réu nas duas ações de iniciativa da Procuradoria do Município do Recife, uma referente à edificação de número 625 e outra para a casa 639. Na época, o juiz Haroldo Carneiro Leão, da 8ª Vara da Fazenda Pública da Capital, determinou prazo de 30 dias para o cumprimento das medidas. Caso não cumprisse a decisão judicial, o réu teria de pagar uma multa diária no valor de R$ 2 mil.

As duas edificações geminadas estão desocupadas há meses e foram alvos de saques e vandalismo constante. Em poucas declarações, o atual proprietário do imóvel alega que a culpa da situação das casas não é dele, mas dos “vândalos.

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Para Leonardo Cisneiros, integrante do grupo Direitos Urbanos e um dos organizadores do evento do último sábado (3), o discurso do proprietário visa a estratégia de deixar os imóveis completamente abandonados e após a destruição, poder ficar com o terreno. “As ações da Prefeitura ficaram em banho maria desde setembro do ano passado. Esse tempo todo e ele não apresentou um projeto. Foi colocado que a gestão pediria uma multa, mas tudo foi deixado de lado. O caso se agravou porque arrancaram mais um pedaço do telhado. A gente não sabe se foram tomadas providências e nem se a sentença será cumprida. Eles colocaram esse tapume para impedir nosso ato, mas de que forma isso ajuda na revitalização da casa?”, questionou Cisneiros.

As casas modernistas foram construídas em 1958, com o projeto do arquiteto Augusto Reynaldo. As residências misturam arte e arquitetura com painéis de azulejo (danificados com as pichações), paredes levemente inclinadas, móveis embutidos, varandas e pilotis, sistema de construção em que a edificação é sustentada por pilares no térreo. São diferentes tipos de esquadrias e argamassa pigmentada que representam características das construções modernas.

De acordo com Lívia Nóbrega, professora de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), as casas em si já guardam várias qualidades que não são encontradas em outros exemplares na cidade. “Por exemplo, a questão da integração da obra de arte com a arquitetura no painel de azulejos no térreo, a questão da adaptação climática que foi uma coisa que os arquitetos modernos da arquitetura internacional. Percebemos o telhado cerâmico inclinado, espaços fluidos e vazados, as casas também não tem muros, mas sim um recuo. Escada de concreto bem leve com elementos de ferro, azulejos e desenhos característicos dessa época.  A gente vê esquadrias venezianas de madeira, elementos vazados, e isso representa uma sintonia com uma produção mundial, mas adaptada ao nosso contexto por conta do clima e material utilizado”, explicou.

Para ela, uma das questões é que a arquitetura moderna é mais recente, dos anos 1950, e não teve um tempo de maturação para que a sociedade a reconheça como patrimônio histórico e cultural. “Essa falta de cuidado acarreta na destruição muito rápida desses imóveis, antes mesmo de serem reconhecidos como parte de nossa arte”, contou. A professora também alerta que legalmente, o proprietário deve pagar a multa e recuperar todos os danos causados aos imóveis. “Ele tem que respeitar os registros, ser fiel ao que tinha antes, temos muitas imagens para que isso seja feito o mais parecido possível”, disse Lívia, que também é integrante do Comitê Internacional para Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno (Docomomo Brasil).

Em risco, as casas modernistas são apenas parte do patrimônio modernista do Recife que se encontra vandalizado. Muitos foram destruídos e outros não recebem a importância devida. “Essa falta de valorização não é recente. É uma cultura antiga, mas chama muita atenção estarmos em 2018, em plena Rosa e Silva e acontecer esse tipo de coisa. Nós temos o Estatuto da Cidade que pode diminuir esses conflitos de quando um proprietário tem um imóvel e gostaria de mexer na estrutura. Existem possibilidades de diálogo com a gestão municipal para chegar em um acordo. Mas, na prática é tudo muito falho”, lamentou a pesquisadora da UFPE.

O Recife conta com 260 imóveis classificados como Especiais de Preservação. No ano em que a Lei foi sancionada, foram classificados de imediato 154 imóveis. De 1997 a 2012, apenas mais dois passaram a integrar essa lista. Entre 2013 e 2018, a gestão municipal classificou 104 imóveis, dentre eles a sede do Clube América, localizada na Estrada do Arraial, 3107, em Casa Amarela.

Procurada pela reportagem do LeiaJa.com, a Prefeitura do Recife informou que o proprietário dos imóveis foi acionado na Justiça, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM), pela descaracterização dos casarões de estilo modernista, sob a prerrogativa de que se tratam de Imóveis Especiais de Preservação (IEP). Sobre as obras de restauro, ficou acordada a realização de audiência, na presença da Justiça, que definirá a adoção das medidas necessárias para a intervenção, que é de inteira responsabilidade do proprietário dos imóveis em questão.

“Vale destacar que todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis foram tomadas pela Prefeitura do Recife, que conseguiu, em setembro do ano passado, duas decisões judiciais determinando a preservação dos imóveis, tendo também notificado o Ministério Público de Pernambuco para avaliação de possível ação criminal contra os proprietários”, diz um trecho da nota enviada pela gestão municipal.

Ainda de acordo com a PCR, ficou acordado que o proprietário colocaria tapumes no limite do lote após aprovação da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC). O objetivo é salvaguardar os imóveis para a execução de obras de restauro, que caberá ao dono das casas, mediante apresentação de projeto à DPPC e à Dircon.

“É importante ressaltar também que compete ao proprietário a vigilância e conservação dos imóveis. O executivo municipal não tem poder de entrar na propriedade particular, nem de impedir a entrada de pessoas nela, restando as medidas administrativas e judiciais adotadas para salvaguardar o patrimônio cultural, que, mesmo quando particulares, são elementos de fundamental importância para o conjunto do histórico e cultural da cidade”, diz outro trecho da nota.

Por meio de nota, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco se pronunciou e afirmou repudiar a destruição das casas modernistas da Avenida Rosa e Silva.

“O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, órgão colegiado vinculado à Secretaria do Estado, manifesta Moção de Repúdio à destruição criminosa a qual vem sofrendo os imóveis números 625 e 629 da Avenida Conselheiro Rosa e Silva, na cidade do Recife.

Os referidos imóveis, projetados em 1958 pelo arquiteto Augusto Reynaldo e conhecidos como Casas Modernistas, se inseriram de forma marcante na paisagem recifense e, além de serem exemplares representativos da escola pernambucana de arquitetura moderna, são também importantes testemunhos de sua época e dos modos de vida a ela associados. Por esses, e tantos outros valores, as duas edificações foram consideradas em Imóveis Especiais de Preservação, pela Prefeitura do Recife, através do Decreto nº 28.823, de 20 de maio de 2015.

No entanto, esta ação não foi suficiente para evitar que os imóveis, ao longo desses três últimos anos, tenham sido sistematicamente degradados à olhos vistos e à revelia de uma legislação que os protege. Nos últimos meses foram retiradas quase todas as suas esquadrias e grades, sendo também destruídos e pichados bens artísticos integrados à arquitetura. No último dia 27 de janeiro, os telhados das duas edificações foram inteiramente removidos, deixando-as quase arruinadas e numa situação de total fragilidade à ação de intempéries.

Este Conselho, que defende uma gestão compartilhada entre o Governo e a sociedade civil na preservação do Patrimônio Cultural em Pernambuco, solicita informações à Prefeitura do Recife sobre as medidas tomadas objetivando preservar a integridade dos imóveis e repudia o descaso do proprietário dos imóveis, Sr. Leonardo Teti, no cumprimento das suas obrigações legais em zelar pela integridade dessas edificações, reconhecidas oficialmente como parte do patrimônio cultural recifense”.

*Vídeo e fotografia: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

A partir de janeiro, durante as chuvas de verão, parte das ruínas do subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, será alagada. Uma porção de território do vilarejo será coberta pela lama, em uma ação emergencial da mineradora Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billinton, que está construindo um dique entre os destroços da cidade e o Rio Gualaxo do Norte, que deságua no Rio do Carmo, um dos formadores do Doce.

Um ano após a tragédia que deixou 18 mortos e uma pessoa desaparecida, a lama continua a vazar para o rio.

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A mineradora afirma que o alagamento vai preservar a maior parte das ruínas. "O projeto de engenharia do dique foi pensado para evitar o alagamento do distrito. A igreja e o cemitério não serão afetados", diz o coordenador das obras da empresa na cidade, Eduardo Moreira. "Apenas uma parte, que já demarcamos, será alagada."

Mas uma porção do terreno onde havia casas em Bento Rodrigues e parte de um muro histórico da cidade, construído em pedra por escravos no século 19, serão encobertas pela água.

Prazo

A função dos diques é barrar a lama acumulada na região. A ideia é que filtrem a água, que seguiria com menos lama rio abaixo. "O projeto é que o dique S4 funcione por um prazo de cinco anos", afirma Moreira. Depois, a obra seria retirada.

Moradores atingidos pela tragédia estão contrariados com a nova obra. "Eles vão encobrir a cena do crime", afirma a auxiliar odontológica Mônica Santos, de 31 anos. De moradora de Bento Rodrigues, ela virou ativista: milita contra a construção do dique, liberado, de forma emergencial, pelo governador Eduardo Pimentel (PT) antes de as licenças ambientais serem emitidas.

O argumento da Samarco é que 80% da lama que vazou da Barragem de Fundão, rompida em 5 de novembro de 2015, ainda está no trecho que vai dos resquícios da barragem até o encontro com o Rio Gualaxo. E algo precisa ser feito para que as chuvas de verão não espalhem ainda mais o lamaçal. "Não existe isso de desmontar o dique. Se estão fazendo, vai ficar lá", rebate a moradora.

Os diques são apenas parte das obras em execução na região. Ao todo, são 12 trabalhos na área. As barreiras das barragens remanescentes estão sendo reforçadas, e o vale que um dia foi a planície de rejeitos de Fundão também está recebendo quatro diques.

Novo Bento

Outra obra é a de reconstrução dos três vilarejos destruídos pela lama - além de Bento, Paracatu de Baixo, também em Mariana, e Gesteira, em Barra Longa.

A promessa é que as obras estejam prontas em 2019. Em Bento Rodrigues, o novo terreno está comprado. Nos demais, as áreas estão em negociação.

O Estado viu um vídeo dos planos para o novo Bento, que ainda não foi apresentado para os moradores. "O projeto está em desenvolvimento. Será construído em parceria com os moradores", diz Álvaro Pereira, coordenador de projetos da Fundação Renova, entidade criada pela Samarco para tratar do tema.

O vídeo começa com o fogão a lenha dentro de uma casa. Ao som de viola caipira e de galos cantando, a imagem vai se afastando para apresentar a nova vila. As ruas largas, com três faixas, e as árvores lembram um subúrbio americano. A condição para assistir a animação era que não fossem captadas imagens.

O novo Bento nas pranchetas terá três igrejas. Elas estão em ruas diagonais, que se encontram em um cruzeiro - também comum nas cidades do interior mineiro. "Foi um pedido deles que as ruas se encontrassem em um cruzeiro", diz Pereira. Terá também uma rua central, onde está prevista a área comercial.

A expectativa é de que, decidido o desenho do vilarejo com os moradores, a Fundação passe a definir o projeto de cada casa. A data exata de início das obras, no entanto, ainda não está definida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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