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Quem assistiu à programação da TV Globo no dia 2 de setembro, mais precisamente ao "Domingão do Faustão", percebeu que a data ficaria marcada para sempre depois de um incêndio ter destruído o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Fundado em 1818 por Dom João VI, o local perdeu 90% do seu acervo, passando agora a ser guardado na memória de quem embarcou nas histórias disponíveis por lá.

 De acordo com o colunista Flávio Ricco, do Uol, a Globo estuda as ruínas do museu carioca para realizar a gravação de algumas cenas da novela das sete "O Tempo Não Para", do autor Mario Teixeira. De início, a ideia é que o personagem de Edson Celulari, Dom Sabino, relembre o seu passado quando teve um encontro com Dom Pedro II. 

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Sucesso entre o público ao abordar uma família que ficou congelada por mais de 100 anos depois de um naufrágio, a trama segue guardando a sete chaves os procedimentos que possam se concretizar com a vontade da emissora de ter as imagens registradas no museu.

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Após o primeiro turno das eleições, ao voltar os trabalhos no Congresso Nacional, na semana de 8 de outubro, o Senado pode ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação dos museus do país.

Com 28 assinaturas, uma a mais que o mínimo exigido, o requerimento de criação da CPI foi apresentado na semana passada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF) sob o argumento de que o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que destruiu a maior parte do seu acervo de 20 milhões de itens no último dia 2, é resultado de negligências acumuladas ao longo do tempo.

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“Uma universidade que tem R$ 3 bilhões de orçamento poderia gastar R$ 500 mil na fiação e na manutenção de um museu. É impossível que um mínimo de boa gestão não fosse capaz de conseguir R$ 500 mil em um orçamento de R$ 3,4 bilhões”, criticou Cristovam.

Tramitação

Para avançar, o documento ainda precisa ser lido no plenário da Casa e a partir daí os líderes dos partidos precisam indicar nomes para compor o colegiado. Até lá, é possível retirar ou acrescentar assinaturas. Se for instalada, segundo a secretaria de comissões do Senado, a CPI deverá ter um orçamento de R$ 100 mil para quatro meses de funcionamento.

Repercussão

A falta de recursos direcionados ao museu foi alvo de discursos de vários parlamentares durante o esforço concentrado na semana passada no plenário. Nas redes sociais muitos acusaram o governo Temer de ter sido negligente. “O que houve não foi apenas mais um incêndio: foi um crime cometido por essa política da insensatez que tomou conta do Brasil. Precisamos apurar não apenas para punir, mas para que erros como esses não se repitam. É inaceitável”, disse o senador Jorge Viana (PT-AC) um dos signatários do pedido de CPI.

Apesar de ainda não ter o nome na lista de solicitantes da CPI, o líder do governo Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) engrossou o coro de apoio a uma CPI do Museus, mas ressaltou que “a responsabilidade pela má conservação da memória nacional” é anterior ao presidente Temer. “Não é algo que aconteceu nesses últimos dois anos e meio. Muito pelo contrário: essa é uma falha que se verifica em muitas administrações federais no nosso país. É importante que a gente não deixe resvalar as avaliações para questões partidárias ou para questões de natureza mais imediata, que não contribuem para identificar as reais causas e a solução que todos nós devemos buscar”, avaliou.

“Não foram poucos os episódios, com prejuízos para a memória nacional”, disse a senadora Marta Suplicy (MDB-SP). Ex-ministra da Cultura ela lembrou outros incêndios que destruíram o patrimônio artístico, histórico e científico do país como os que atingiram o Teatro Cultura Artística, o Instituto Butantan, o Memorial da América Latina, o Museu de Ciências Naturais, o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, o Museu da Língua Portuguesa, a Cinemateca Brasileira e o Museu de Arte Moderna.

A destruição do prédio e de grande parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro chocou muitas pessoas entre a noite de domingo (2) e a manhã desta segunda-feira (3), quando os bombeiros ainda estavam trabalhando no local para conter os últimos focos do incêndio. 

Este tipo de problema, infelizmente, não é uma novidade na história do Brasil. Em outras ocasiões, perdas irreparáveis foram causadas pelo fogo em outros grandes e importantes museus.

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Museu da Língua Portuguesa

A principal torre do Museu da Língua Portuguesa, que fica dentro da Estação da Luz, em São Paulo, foi um caso recente de incêndio antes do caso do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 2015. 

Além da destruição do acervo (que era majoritariamente digital), um funcionário do museu veio a óbito e a estrutura do local ficou comprometida. A cobertura da torre do museu foi reconstruída em julho deste ano e a reinauguração está prevista para o ano de 2019.

Cinemateca Brasileira

A Cinemateca Brasileira, que reúne cerca de 250 mil rolos de filmes brasileiros de diversas épocas, além de um acervo não fílmico composto por cerca de 1 milhão de documentos e objetos, teve cerca de mil rolos de filmes datados da década de 1950 destruídos quando uma de suas câmaras de depósito de filmes pegou fogo em fevereiro de 2016. 

O estrago não foi maior pois, além de grande parte do acervo já estar digitalizado, a instituição dispunha de um tipo de construção em que as paredes não se comunicam com o teto e não há instalações elétricas, para evitar que o fogo se espalhe em caso de um curto-circuito levar a um incêndio.

Memorial da América Latina

Em 2013, apenas dois anos antes do incêndio que destruiu o Museu Nacional da Língua Portuguesa, o auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina, que também fica em São Paulo, pegou fogo devido a um curto-circuito. 

A destruição do prédio e de grande parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro chocou muitas pessoas entre a noite de domingo (2) e a manhã desta segunda-feira (3), quando os bombeiros ainda estavam trabalhando no local para conter os últimos focos do incêndio. 

Instituto Butantan

Em 2010, o Instituto Butantan foi atingido por um incêndio que, de acordo com o Ministério Público de São Paulo, teve origem criminosa e culposa (causada por negligência), destruiu o maior acervo de cobras do país, com 80 mil espécimes catalogados, junto com outros répteis, artrópodes, tartarugas, cágados e jabutis. 

À época, o curador do instituto, Francisco Franco, afirmou que as perdas causadas pelo incêndio significaram “uma perda para a humanidade” pois, de acordo com ele, “toda informação que se podia haver sobre biodiversidade, ecologia, biologia e distribuição geográfica a respeito de serpentes estava armazenada no prédio incendiado”. 

Museu de Arte Moderna do Rio

Em 1978 o Museu de Arte Moderna do Rio foi atingido por um incêndio que destruiu telas de artistas como Pablo Picasso, Miró, Matisse, Cândido Portinari e Salvador Dali, além de todos os volumes do acervo da biblioteca de artes visuais, causando um prejuízo financeiro de R$ 60 milhões. 

Apenas 50 peças do acervo foram salvas e, tamanho foi o estrago, que somente nos anos 1990 grandes instituições internacionais voltaram a confiar no Brasil para abrigar exposições de grande porte. 

Investigações da época apontaram um curto-circuito causado por instalações elétricas defeituosas como um possível motivo, mas a causa do incêndio que significou uma das maiores perdas para o patrimônio artístico do Brasil nunca foi esclarecida por completo.

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