Um potente terremoto de magnitude 6,6 que atingiu na manhã deste sábado (20) o sudoeste da China deixou ao menos 152 e milhares de feridos, segundo as autoridades locais, que enviaram à região milhares de soldados para ajudar nas operações de resgate. O tremor ocorreu ao pé do planalto tibetano, na província de Sichuan, uma região com forte atividade sísmica que já foi devastada em 2008 por um potente terremoto.
O terremoto durou cerca de trinta segundos. Seu epicentro se situou perto da cidade de Ya´an e surpreendeu a população pouco depois das 08h00 locais. Doze horas após o terremoto, o balanço chegou a 152 mortos, indicou a agência sismológica nacional citada pela televisão estatal CCTV.
Um balanço anterior informava sobre 124 mortos e mais de 3.000 feridos. Mais de 260 réplicas sísmicas ocorreram durante o dia, indicou o Diário do Povo em seu site.
As primeiras fotos da catástrofe mostravam edifícios destruídos e muitos escombros nas ruas. Os 140 km de estrada entre a capital provincial, Chengdu, e Ya'an, a localidade mais próxima ao epicentro do tremor, foram bloqueados à circulação de particulares, sendo reservados apenas às ambulâncias e caminhões do exército ou a outros veículos de auxílio, constatou a AFP.
Imagens aéreas apresentavam zonas rurais onde as casas pareciam ter desmoronado, e outras, mais povoadas, onde os danos eram menores. Ao menos 10.000 casas foram destruídas, de acordo com o governo de Sichuan. As construções das zonas rurais chinesas costumam ter materiais de qualidade duvidosa e as normas antissísmicas quase não são respeitadas.
Mais de 2.000 militares foram enviados para reforçar os socorristas que trabalhavam no local, indicou a agência oficial Nova China. O novo presidente chinês, Xi Jinping, pediu que as vítimas sejam ajudadas, enquanto o primeiro-ministro Li Keqiang viajou à região afetada, assim como seu antecessor Wen Jiabao costumava fazer em caso de catástrofes, o que o tornou muito popular. "As primeiras 24 horas são cruciais para salvar vidas", disse o primeiro-ministro.
O presidente russo Vladimir Putin enviou um telegrama de pêsames ao seu colega chinês e afirmou que a Rússia está preparada para dar toda a ajuda necessária à China, anunciou o Kremlin.
A província de Sichuan, uma das mais povoadas da China, com 80 milhões de habitantes, foi devastada por um tremor em 2008 que deixou cerca de 87 mil mortos e desaparecidos. A agência de notícias oficial indicou que o terremoto de sábado alcançou uma magnitude de 7, enquanto o Instituto Geofísico dos Estados Unidos (USGS) registrou um tremor de magnitude 6,6. A profundidade foi estimada em 12 km, uma distância muito pequena, o que favorece a ocorrência de muitos danos. As operações de resgate eram dificultadas por deslizamentos de terra provocados pelo tremor, indicou a CCTV.
O terremoto foi sentido fortemente em Chengdu, a capital provincial de Sichuan, e até mesmo na vizinha metrópole gigante de Chongqing, um município que abriga 33 milhões de pessoas. Nestes dois locais, os habitantes deixaram suas casas rapidamente. Bertrille Snoeijer, uma holandesa que mora em Chengdu, estava em sua casa quando ocorreu o tremor. "Pouco depois das 08h00, tudo começou a tremer, os objetos caíram", contou à AFP. Assim como seus vizinhos, a holandesa saiu para a rua.
Na região mais afetada pelo tremor as comunicações telefônicas estavam cortadas ou fortemente afetadas. Estudantes estavam presos sob um edifício universitário que desabou em Ya'an, indicou o site de informação Sina.com.
Aos sábados, os estudantes chineses em geral não têm aula, com exceção de alguns institutos de ensino médio. Uma jornalista do canal de televisão local iria se casar neste sábado, mas precisou trabalhar ao vivo para cobrir a catástrofe, vestida de branco, segundo uma foto sua que circulava na internet.
Pouco depois do terremoto de 2008, a qualidade da construção das escolas em Sichuan foi muito criticada. Familiares em luto e com raiva exigiram a verdade e quiseram entender as razões pelas quais os prédios que abrigavam suas crianças desabaram com facilidade, enquanto outros edifícios oficiais resistiram.
Os terremotos são relativamente frequentes na China, embora a população esteja menos acostumada com eles do que no Japão.