Após ser atravessado por Alemanha, Estados Unidos e pelo próprio Governo Federal, mesmo tendo reservado a compra de equipamentos para combater a Covid-19, o governo do Maranhão precisou arquitetar uma logística hollywoodiana para fugir do radar dos concorrentes. O Estado desembolsou R$ 6 milhões para driblar e, finalmente, conseguir adquirir cerca de 107 respiradores e 200 mil máscaras transportando o lote para a Etiópia.
No mês de março, o Maranhão se adiantou e negociou um lote de respiradores com uma fábrica de Santa Catarina. Porém, antes da entrega do produto, viu o Governo Federal bloquear o transporte e redistribuir os equipamentos seguindo critérios próprios.
##RECOMENDA##Em mais uma tentativa, apostou em uma compra internacional direto com o mercado chinês e reservou 150 respiradores. Mesmo com o acordo, a Alemanha aumentou a oferta, melou a negociação e ficou com o lote. O que aconteceria posteriormente com os norte-americanos.
De mãos atadas, a gestão de Flávio Dino (PCdoB) apostou mais uma vez em uma fabricante de Guangzhou. Contudo, traçou uma rota "secreta" para fugir das vistas dos demais concorrentes.
Com o auxílio de uma transportadora maranhense, o secretário estadual de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, coordenou cerca de 30 pessoas e decidiu enviar os respiradores para a Etiópia, na África. Ele conta que o material chegou em São Paulo e teve o frete pago pela mineradora Vale, de acordo com a Folha de São Paulo.
Já me solo brasileiro, os equipamentos foram carregados em um avião fretado da Azul e enviados para o Estado. A liberação da alfândega só foi feita no Maranhão, para evitar que o Governo Federal tomasse conhecimento e retivesse os respiradores mais uma vez. Após 20 dias de operação logística, o lote desembarcou na capital São Luís nessa terça-feira (14).
"Se não fizéssemos dessa forma, demoraríamos três meses para conseguir essa quantidade de respiradores. Assim que os equipamentos chegaram já os conectamos para ampliar nossa oferta de leitos de UTI", afirmou o secretário.
O Maranhão soma 630 casos e 34 óbitos decorrentes da Covid-19, calcula do Ministério da Saúde. Cerca de 60% dos leitos de UTI estão ocupados aponta Araújo, que prevê: "se o aumento do número de casos continuar nesse ritmo, na semana que vem estaremos estrangulados".