Tópicos | vazamento seletivo

Um dia após as delações dos ex-executivos da Odebrecht estremecerem o mundo político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas à condução das investigações da Lava Jato. Em entrevista a uma rádio baiana, divulgada nas redes sociais, ele se colocou favorável a apuração dos fatos, mas voltou a questionar os vazamentos constantes “feitos de dentro da sala do juiz” e disse que o país não pode ficar subordinado a ditadura de “um pequeno grupo” do Judiciário.

“Estamos sendo governado lá de Curitiba, não tem sentido isso. Não está correto paralisar o país por conta de uma investigação. Não dá para um procurador passar uma 1h30 dando uma entrevista coletiva acusando o PT de organização criminosa, sem nenhuma prova. Mas vou enfrentar tudo isso. Na hora que julgarem algum crime meu, quero ser julgado. E se não encontrarem, que peçam desculpas”, argumentou. 

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“O que não é possível é vazamento acontecer de dentro da sala do juiz. E tudo é vazado e maneira muito seletiva. Cada autoridade tem seu jornalista preferido, e os advogados de defesa são os últimos a saber. Não podemos ficar subordinados a uma ditadura de um pequeno grupo do Poder Judiciário. Não é possível”, acrescentou o ex-presidente, dizendo que a sociedade está sendo “induzida pelo ódio”.

Mesada ao irmão de Lula

O ex-presidente aproveitou a entrevista também para se defender das acusações em benefício ao seu irmão, Frei Chico. Segundo o ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar, a empreiteira pagava uma mesada a Frei Chico a pedido de Lula. 

"Eu nunca dei um real para meu irmão Frei Chico. Ele é mais velho do que eu, ele que me colocou na política. E agora inventam que a Odebrecht dava R$ 5 mil pra ele por mês? Ora, isso é problema deles. Acusam uma reforma em um sítio que não é meu... O mesmo com o apartamento do Guarujá, que não é meu. Mas a Globo passou três anos dizendo que era meu. Como que agora vai mudar?", indagou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) reagiu, por meio de nota, ao requerimento apresentado nesta quinta-feira, 7, à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados pedindo a convocação do procurador-geral Rodrigo Janot. A PGR rebateu a acusação de que estaria vazando informações sobre a Operação Lava Jato e negou que tenha feito a contratação de uma assessoria de imprensa para fazer trabalho externo.

Na nota, a Procuradoria diz que contratou uma consultoria e que esse trabalho se limitou à comunicação interna. "A PGR informa ainda que não procede qualquer vazamento de informação da Procuradoria", diz a mensagem, sem mencionar a possibilidade de convocação de Janot.

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Mais cedo, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) protocolou pedido de convocação de chefe do Ministério Público Federal, alegando que há vazamento seletivo de informações da Operação Lava Jato e que os parlamentares precisam conhecer os critérios de investigação da Procuradoria.

O requerimento ainda precisa entrar na pauta de votações da CPI e passar pela aprovação no plenário da comissão, o que pode acontecer na próxima semana.

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