Com o veto da Rússia e a abstenção de China, Índia e Emirados Árabes, uma resolução do Conselho de Segurança promovida pelos Estados Unidos e pela Albânia deplorando "a agressão" russa à Ucrânia ficou sem efeito nesta sexta-feira (25).
A resolução recebeu o voto favorável de 11 dos 15 membros, mas o direito de veto da Rússia, um dos cinco membros permanentes do mais alto órgão da ONU, junto com Estados Unidos, China, França e Reino Unido, condenava o texto, apesar de ter sido suavizado horas antes para "garantir" abstenções e impedir que estes três países votassem contra, segundo um diplomata.
A palavra "condenar" foi retirada do texto proposto e substituída por "deplorar", uma referência ao Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que prevê um possível recurso à força, também suprimido.
O texto, que foi apoiado por cerca de sessenta países, também instou a Rússia a "cessar imediatamente o uso da força" e "abster-se de qualquer ameaça ilegal ou uso de força contra um estado membro da ONU".
A resolução pedia que a Rússia "retirasse imediata, completa e incondicionalmente" suas forças militares da Ucrânia e "revertesse" a decisão de reconhecer a independência das províncias do leste ucraniano de Donetsk e Luhansk, em guerra, uma vez que "viola a integridade territorial".
"Não é tarde demais para parar essa loucura", pediu o embaixador albanês, Ferit Hoxha, ao defender o texto. Já a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, advertiu que o ataque da Rússia "aos nossos princípios fundamentais é tão ousado, tão desavergonhado, que ameaça o sistema internacional tal qual o conhecemos".
Após a rejeição do Conselho de Segurança, um texto semelhante poderia ser enviado à Assembleia Geral das Nações Unidas, onde as resoluções não são vinculantes e não há direito de veto para nenhum de seus 193 membros.
- Isolamento -
O uso do veto pela Rússia, que era o juiz e parte da reunião, uma vez que ostenta a presidência mensal do Conselho de Segurança, só mostra o seu isolamento no cenário internacional, disse um funcionário americano, que pediu para não ser identificado, antes do começo da reunião.
Negociações diplomáticas intensas foram realizadas desde ontem para convencer a Índia e os Emirados Árabes, dois membros não permanentes do Conselho de Segurança, a votarem a favor do texto, segundo diplomatas.
Desde o início da invasão militar à Ucrânia, na madrugada de ontem, a Rússia alega agir em legítima defesa, apoiada no artigo 51 do documento fundador da organização, e exige que a Ucrânia desista de sua ambição de aderir à Otan e que a aliança atlântica reduza sua presença no leste europeu.