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O Grande Recife fechou 2023 com cinco tiroteios por dia. O levantamento do Instituto Fogo Cruzado, publicado nesta segunda (29), apontou 1.827 casos foram registrados ao longo do ano e destacou os bairros mais violentos da região.

O acumulado corresponde ao aumento de 8% em relação a 2022, que fechou com 1.692 casos. Houve vítimas em 97% dos casos.

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Ao todo, 2.076 pessoas foram baleadas em 2023 - uma média de seis baleados por dia. Dessas, 1.497 morreram e 579 ficaram feridas. Ainda de acordo com o estudo, 245 pessoas foram atingidas dentro de casa.

Com 673 tiroteios, 521 mortos e 241 feridos, Recife é a cidade que mais sofreu com violência armada no Grande Recife em 2023, concentrando 37% dos tiroteios, 35% dos mortos e 42% dos feridos.

A capital foi seguida por Jaboatão dos Guararapes (347 tiroteios, 296 mortos e 103 feridos), Olinda (214 tiroteios, 173 mortos e 58 feridos), Cabo de Santo Agostinho (143 tiroteios, 123 mortos e 39 feridos) e Paulista (91 tiroteios, 75 mortos e 18 feridos).

Violência nos bairros

Quatro dos cinco bairros que mais sofreram com a violência armada estão em Jaboatão. O único bairro do Recife na lista é a Iputinga, na Zona Oeste:

Muribeca (Jaboatão dos Guararapes): 44 tiroteios, 34 mortos e 14 feridos;

Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes): 39 tiroteios, 39 mortos e 8 feridos;

Prazeres (Jaboatão dos Guararapes): 39 tiroteios, 29 mortos e 14 feridos;

Iputinga (Recife): 36 tiroteios, 27 mortos e 11 feridos;

Cajueiro Seco (Jaboatão dos Guararapes): 34 tiroteios, 31 mortos e 8 feridos.

Ainda de acordo com o levantamento, 99% dos tiroteios mapeados (1.803) tiveram a motivação identificada. Os principais motivos foram: homicídio/tentativa de homicídio (1.634); ação/operação policial (99); roubo/tentativa de roubo (83); briga (22) e disputa entre grupos armados (3).

Polícia 

A polícia esteve envolvida em pelo menos 5% das trocas de tiro registradas em 2023. A participação policial em tiroteios aumento 48% em relação a 2022. Foram registrados 99 tiroteios e 113 pessoas baleadas durante operações. Também foram mapeadas quatro chacinas com o total de 13 feridos envolvendo as forças de segurança.

A Região Metropolitana do Recife (RMR) teve 200 pessoas mortas a tiros dentro de casa em 2023, segundo o novo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia a violência armada em diferentes capitais e metrópoles do país. O acumulado é apenas parcial, de 1º de janeiro a 8 de dezembro, e pode sofrer alterações até 31 de dezembro. A marca é um recorde e supera a dos últimos anos; a última vez que o levantamento chegou perto de 200 mortes em residências na região foi em 2021, quando 192 morreram. 

Este ano, em média, foram 16 pessoas mortas dentro de casa por mês. No ano passado, foram 173 mortes em residências, entre 1º de janeiro e 8 de dezembro, tendo uma média de 14 mortes do tipo por mês. Além disso, o número de mortos em residência mapeados em 2023, até o dia 8 de dezembro, é superior ao total de mortos acumulados no ano todo de 2019 (127 mortos); 2020 (178 mortos); 2022 (183 vítimas); e se aproxima do acumulado em todo o ano de 2021 (202 mortos). 

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Das 200 vítimas, 186 eram adultos, sete eram adolescentes e dois eram idosos. Outros cinco não tiveram a idade revelada. Foi possível identificar a cor e raça de 66% deles (132 vítimas): 105 eram negros e 27 eram brancos. Não há informações de perfil racial de 68 vítimas. Os homens foram maioria entre os mortos (171). 

Apesar de serem minoria entre as vítimas, as mulheres tiveram que lidar com outro tipo de violência; das 29 mulheres mortas dentro de casa, quatro foram vítimas de feminicídio. Quanto à motivação das mortes, 194 foram vítimas de homicídio, outras três foram vítimas em ações e operações policiais e uma foi atingida durante briga. 

Entre os municípios, a distribuição de mortos dentro de casa ficou da seguinte forma: 

Recife: 49 mortos 

Jaboatão dos Guararapes: 40 mortos 

Cabo de Santo Agostinho: 24 mortos 

Paulista: 19 mortos 

Olinda: 16 mortos 

Ipojuca: 9 mortos 

Abreu e Lima: 8 mortos 

Camaragibe: 8 mortos 

São Lourenço da Mata: 8 mortos 

Goiana: 5 mortos 

Moreno: 5 mortos 

Igarassu: 4 mortos 

Ilha de Itamaracá: 4 mortos 

Itapissuma: 1 mortos 

 

 De janeiro a julho deste ano, 1.202 pessoas foram baleadas em 1.046 tiroteios no Grande Recife. O levantamento produzido pelo Instituto Fogo Cruzado aponta que 812 mortes e 328 feridos na região até o mês passado. 

Os índices representam o aumento de 4% nas ocorrências de tiroteio e de 8% no número de mortos. Só no último mês, 15 pessoas foram assassinadas em sete homicídios múltiplos, um aumento de 75% dos casos comparados a julho do ano passado, quando quatro casos e nove óbitos por disparo de arma de fogo foram computados. 

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Julho também fechou com 156 tiroteios na região metropolitana, com vítimas em 99% dos casos. Ao todo, 127 pessoas morreram e 62 ficaram feridas. 

Jaboatão em alerta

Em Jaboatão dos Guararapes, os tiroteios aumentaram em 107% no mês de julho, enquanto o número de mortos subiu 92%, de 13 para 25 vítimas fatais. Segundo o relatório, as ocorrências de troca de tiro passaram de 14 para 29 e o registro de feridos passou de 10 para dois casos, equivalente ao aumento de 400%. 

O município também é o que mais se repete na lista dos cinco bairros mais afetados pela violência armada no Grande Recife. Candeias, Barra de Jangada, Cajueiro Seco e Prazeres só ficam atrás de Peixinhos, em Olinda, onde aconteceram seis tiroteios, além de duas mortes e quatro feridos.

2º- Candeias: 5 tiroteios, 5 mortos e 2 feridos;

 3º- Barra de Jangada: 4 tiroteios, 4 mortos e 2 feridos;  

4º- Cajueiro Seco: 4 tiroteios, 3 mortos e 1 ferido;   

5º- Prazeres:  tiroteios, 3 mortos e 1 ferido. 

A Região Metropolitana do Recife (RMR) teve, em 2022, um dos anos mais violentos para crianças e adolescentes, segundo o Instituto Fogo Cruzado. O novo relatório da organização mostra que, no último ano, 13 crianças e 118 adolescentes foram baleados na região, o pior número desde que o acompanhamento do instituto começou a ser feito. Nos indicadores de 2019 a 2022, foram 42 crianças e 428 adolescentes baleados.  

O relatório destaca que, nos últimos anos, o programa Pacto Pela Vida foi perdendo efetividade e Pernambuco passou a crescer nos índices de violência, se tornando um dos estados mais violentos do país. Em especial, o Grande Recife. 

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“O caso de Pernambuco é emblemático porque vimos um retrocesso muito grande nos últimos anos. Estamos falando de um estado que conseguiu avançar em transparência e políticas voltadas para a redução de homicídios, ou seja, de um estado que sabe como fazer. Mas deu passos atrás. 2022 foi o ano em que registramos mais vítimas no Grande Recife desde quando começamos a operar no estado, em 2018”, ressalta Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado. 

Couto menciona, ainda, que a transparência do estado diminuiu conforme a violência escalou, e que a pobreza de informações à população mascara a sensação de segurança. 

“Justamente quando os homicídios aumentaram, chegando ao ápice da série histórica, o governo dificultou o acesso à informação, deixando a população no escuro sobre o que estava acontecendo. Essa medida vai na contramão do que se espera de um governo democrático, comprometido com uma gestão eficiente e voltada para o bem comum da população. As consequências dessas decisões podem ser percebidas graças a atuação da sociedade civil que se engajou na produção cidadã de dados. A explosão dos indicadores mostra isso de maneira muito clara”, acrescentou. 

É possível acessar a íntegra do relatório em: fogocruzado.org.br/dados/relatorios/relatorio-anual-2022. 

O Instituto 

O Fogo Cruzado usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, em três regiões metropolitanas do país: Salvador, Recife e Rio de Janeiro. São utilizados 30 indicadores para mapear vítimas fatais e sobreviventes da letalidade urbana, seja civil ou policial. 

Nos recortes, o instituto ressalva as diferenças entre as três regiões. Enquanto no Rio, a maior preocupação é a ocorrência de chacinas policiais, no Recife, é a letalidade infantojuvenil. Já para a população soteropolitana, a violência urbana geral é que provoca uma elevada nos índices de tiroteios e vítimas. 

Mais de 17 mil mortos em 2022, entre eles quase 650 menores: o número de vítimas da violência armada nos Estados Unidos é aterrorizante, segundo uma recontagem de organizações que fazem campanha por um maior controle da venda de armas a particulares.

111 mortes por dia

Em média, 40.620 pessoas morrem por ano por armas de fogo nos Estados Unidos, segundo a ONG Everytown For Gun Safety, ou 111 pessoas por dia.

O estado do Texas, onde a venda de armas é pouco regulamentada, registra uma média anual de 3.647 mortes por arma de fogo, afirma a Everytown.

Desde o início do ano, pelo menos 17.196 pessoas morreram por balas, segundo a organização Gun Violence Archive. Entre as vítimas, 7.626 são de homicídio, culposo ou doloso, e 9.570 de suicídio.

Em 2021, 45.010 mortes foram registradas, incluídos 20.920 homicídios, um recorde desde 2017 (58.114), segundo a Gun Violence Archive.

Os tiroteios também deixaram feridos: 14.247 nos últimos sete meses.

Crianças entre as vítimas

As crianças muitas vezes são vítimas de balas perdidas ou de uma arma encontrada por acaso, ou ainda em ataques a escolas, como ocorrer em Uvalde, no Texas.

Em 2022, 647 menores morreram por disparos e mais que o dobro(1.594) ficaram feridos. Segundo este balanço, 140 menores de 11 anos morreram e 2.898 ficaram feridos.

No ano passado, 1.560 menores morreram e 4.132 ficaram feridos.

Mais de um tiroteio por dia

Desde o início do ano, 145 dias, os Estados Unidos já sofreram 213 tiroteios em massa, segundo a Gun Violence Archive, que contabiliza nesta categoria os incidentes com pelo menos quatro vítimas (mortos ou feridos) sem incluir o agressor.

"Há mais assassinatos em massa do que dias no ano", disse o senador democrata de Connecticut Chris Murphy.

Em 2021 foram registrados 692, um recorde desde 2014, quando a Gun Violence Archive começou sua contagem.

Recordes batidos

Em um país onde as armas circulam livremente e a legislação é diferente de acordo com os estados, em 2020 foram notificados 19.350 homicídios com arma de fogo, um aumento "histórico" de quase 35% em relação a 2019, e 24.245 suicídios (+1,5%), segundo as últimas estatísticas das autoridades sanitárias.

Este é um nível inédito em 25 anos, mas ainda abaixo do auge na década de 1980.

A taxa de homicídios se situou em 6,1 para cada 100.000 habitantes em 2020, um recorde em mais de 25 anos, informaram os Centros para a Prevenção e Controle de Doenças (CDC) em seu relatório publicado no início do mês.

Para as autoridades de saúde pública, este aumento foi potencialmente causado pelos efeitos da pandemia de covid-19 e a pobreza.

Em 2021, várias cidades americanas, tanto grandes metrópoles como cidades médias, também registraram recordes. Chicago, a terceira maior cidade do país, registrou o maior número de homicídios: 836. Memphis, no Tennessee, bateu o triste recorde por habitante, com 2.352 homicídios para cada 100.000 pessoas.

43 milhões de armas

Nos Estados Unidos, onde o direito de possuir uma arma está garantido pela Constituição, a quantidade de pistolas, revólveres e rifles disparou nos últimos anos.

Mais de 23 milhões de armas foram vendidas em 2020, um recorde, e quase 20 milhões em 2021, segundo dados compilados pelo site Small Arms Analytics.

A isto se soma um número crescente de armas "fantasmas", vendidas sem números de série, muito populares entre os criminosos.

Em junho de 2021, 30% dos adultos americanos disseram que possuíam ao menos uma arma, segundo uma pesquisa do Centro de Investigação Pew.

Um policial da Gerência de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil de Pernambuco, foi baleado de raspão na cabeça nessa terça-feira (8) quando cumpria um mandado de prisão no bairro dos Estados em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. De acordo com a Polícia Civil, ao chegar no local, a equipe foi recebida com disparos de arma de fogo e um dos policiais foi ferido.  

O agente foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá e depois transferido para o Hospital da Restauração (HR). Segundo a assessoria da instituição, nesta quarta-feira (9), o quadro do Civil, identificado como Essélio Lourenço do Nascimento, de 39 anos, é estável e a vítima segue em observação na Unidade de Traumas. 

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A polícia confirmou que o mandado de prisão foi cumprido. Já no caso dos autores dos disparos, houve apreensão de armas. Um inquérito policial foi instaurado para apurar o caso, que será investigado como tentativa de homicídio. 

Veja a nota da Polícia Civil na íntegra: 

"A Polícia Civil de Pernambuco informa que está investigando a tentativa de homicídio praticada contra um policial civil, fato ocorrido ontem (8), em Camaragibe. Uma equipe do GOE ao dar cumprimento a mandado de prisão foi recebida com disparos de arma de fogo e um dos policiais foi atingido, sendo conduzido para unidade hospitalar, onde recebeu atendimento emergencial e passa bem. Houve a prisão em relação ao cumprimento do mandado e, em relação aos autores dos disparos, houve apreensão de armas. Foi instaurado inquérito policial para apurar o caso e as equipes seguem em diligências". 

 

Uma média de três idosos foram baleados por mês na Região Metropolitana do Recife (RMR) em 2021, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. O levantamento também mostra que 74 idosos, ou seja, pessoas com 60 anos ou mais, foram alvejadas desde o início do monitoramento em Pernambuco, em 2018.

Em 2021, foram 24 pessoas da terceira idade vítimas de arma de fogo. A quantidade já é quase a mesma registrada em todo o ano de 2020, quando o levantamento identificou 25 idosos baleados. O número de mortos desse perfil já é pior neste ano, com 14 óbitos contra 13 no ano anterior.

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Execuções e homicídios lideram os motivos de tiros e mortes, que deixaram 11 vítimas no total, além de oito feridos em tentativas de homicídio. Roubos e tentativas contabilizaram cinco baleados, com três mortes.

Segundo o Fogo Cruzado, seis pessoas da terceira idade foram baleadas dentro de casa. Os homens foram os mais afetados pela violência armada nessa faixa etária, totalizando 75% das vítimas.

 Mais da metade dos idosos baleados na RMR foram atingidos na capital. Houve 14 vítimas no Recife, e em seguida Cabo de Santo Agostinho (3) e Jaboatão dos Guararapes (3), Goiana (2), Olinda (1) e Paulista (1).   

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