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Tendo como principal característica a famosa propaganda “boca a boca”, o Marketing Multinível ainda continua gerando uma série de discussões, depois do bloqueio da maioria das empresas. A maioria das pessoas que já ouviram falar sobre essa forma de negócio, acredita que investir nesse tipo de ramo não é sustentável. Visão diferente dos divulgadores que afirmam que a falta de informação sobre as atividades do mercado criam um pré-julgamento negativo das empresas. 

O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) realizou uma pesquisa para testar vários parâmetros do Marketing Multinível, inclusive a confiabilidade. As entrevistas foram realizadas no início do mês de setembro deste ano com 623 pessoas de várias idades. Os resultados apontaram que 63,7% das pessoas que responderam conhecer as empresas, não investiriam nelas porque não acreditam que o investimento gere um lucro fixo. 

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“Esse tipo de investimento tem seus riscos sim, para investir nesse ramo precisa se dedicar muito, porque você vai ganhar muito mais dinheiro que um trabalho convencional, além de ganhar reconhecimento”, afirma o estudante de biologia, Rodrigo Carvalho, de 21 anos. Ele era um dos divulgadores da TelexFree e conta que no início ele não confiava na rede, mas após procurar informações sobre ela, mudou de ideia.

“Ela nunca me deixou na mão e garante uma atenção grande com os seus divulgadores, esclarecendo dúvidas e mostrando qual é a real situação que a empresa apresenta”, disse. A corporação que ainda está passando por processos no MPF, que bloqueou todas as atividades. “Eu acho que no começo ela dependia de novos cadastros para se capitalizar, mas com o passar do tempo ficou mais consolidada, deixando a imagem de pirâmide para trás. O que a TelexFree deveria ter feito para se sustentar, era investir em publicidade na internet, já que esse o meio de comunicação mais usado no mundo, utilizando os produtos de grandes empresas, como a Apple”, diz o estudante. 

Já o economista do IPMN, Djalma Silva Guimarães, afirma que é com o trabalho que gera o valor. “O produto da TelexFree é uma coisa que não tem valor muito menos sustentabilidade teórica”, conta.  Ainda segundo ele, muitos utilizam de outros recursos para disfarçar o crime.  “A linha é muito sensível entre uma coisa e outra, porque o marketing multinível é uma forma de engajar uma pessoa à realizar uma tarefa, o seu ganho vai acontecer através de venda de coisas de físicas ou um serviço, diferente do que está sendo realizado dentro dessas empresas. Na verdade arrumaram um novo nome para a atividade da pirâmide financeira”, garantiu. 

Rodrigo Carvalho, investidor da Telexfree, concorda em parte com o que diz o economista. “A Priples, por exemplo, não tinha como pagar 60% do seu investimento apenas com publicidade, assim como a BBOM que não cumpriu com que prometia, e isso corta com a credibilidade com a empresa”, diz o futuro biólogo.

Já o administrador Williams Sérgio, 27 anos, pensou em largar o trabalho fixo para se dedicar exclusivamente a BBOM. “A melhor e mais confiável é a BBOM. Tem o rastreador como seu principal produto, onde são feitos contratos anuais com outras empresas para alugá-los podendo assim pagar uma porcentagem aos seus afiliados”, defende.

Segundo ele, o Marketing Multinível realmente existe e rende muitos benefícios e outros lugares do mundo. “Ele está sendo ensinado na Universidade de Harvard, e em Stanford, nos Estados Unidos, ou seja, se esse modelo de negócio não fosse sustentável, como é que a faculdade de HARVARD, uma das melhores do mundo, estaria ensinando como utilizar o serviço? Ainda mais nos EUA que é rigoroso em termo de fiscalização e praticamente não existe corrupção”, afirma Williams Sérgio.

No entanto, Williams aceita que algumas das empresas que tiveram os bens bloqueados podem estar enganando o investidor. “Acredito que no meio de tantas que surgiram nesses últimos meses, tem algumas que sejam pirâmide com certeza. Mas cabe ao Ministério investigar e tomar os procedimentos necessários”.

O economista Djalma Guimarães explica que independente do produto oferecido, a forma de trabalhar do sistema acarreta em pirâmide. “É uma multiplicação muito perversa dos lucros para os produtos vendidos. O marketing Multinível é uma forma de maquiar a pirâmide”, diz. “Pode ser pessoalmente ou através da internet, a pirâmide se forma quando a maior parte da receita que você adquire se deriva do simples fato de colocar novas pessoas dentro do sistema. Os divulgadores utilizam de inúmeros argumentos para convencer o contrário”, explica o especialista. 

A pesquisa do IPMN também apontou que 61,5% dos divulgadores que investiram nas empresas de Marketing Multinível dizem ter conseguido recuperar o dinheiro. “Não me arrependo de ter investido, até porque isso foi uma experiência nova, conheci pessoas influentes e recuperei o meu dinheiro. Caso libere o lucro e a as atividades da empresa voltar, com certeza retornaria a trabalhar nela”, contou Rodrigo Carvalho. 

Mas Williams Sérgio não teve a mesma sorte, pois só readquiriu 50% do valor investido. “Teria recuperado 100% se a empresa não tivesse sido bloqueada. Mas assim que for liberada, terei o dinheiro novamente”, confia. 

Assim como estas pessoas, muitos divulgadores que tiveram o seu dinheiro preso esperam a liberação das operações para continuar investindo. A pesquisa apontou que 61,5% voltariam a aplicar seu dinheiro nesse ramo. “Quem entrou nesse tipo de negócio, por mais tenham perdido, continuaria investindo para recuperar o dinheiro. Mas acredito que só tem duas maneiras de quebrar o ciclo da pobreza, estudar e trabalhar duro”, finaliza Djalma Guimarães.

 

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