Tópicos | Zebras

A Copa do Mundo reúne atualmente 32 seleções. Entre 1982 e 1994 foram 24 seleções e, antes disso, um número ainda menor de países disputava o mundial de futebol. As chamadas “zebras” – seleções menos tradicionais ou teoricamente mais fracas vencendo seleções favoritas – acontecem em todas as copas. As finais de mundiais, no entanto, não costumam abrir espaço para zebras e recebem seleções tradicionais, acostumadas às fases mais agudas da competição. A Copa de 2018 pode entrar para a história como a que levou duas zebras à final.

Bélgica e Croácia são dois bons times e chegaram às semifinais com méritos, mas não têm tradição de participar de finais de copas. Ambas igualam o maior feito já conquistado em sua história e chegam apenas pela segunda vez a esta fase da competição. Em 1986, a Bélgica chegou a uma semifinal e a Croácia atingiu o mesmo estágio em 1998.

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Mesmo sendo esperado que os dois times chegassem este ano à fase eliminatória, eram poucos, antes de a competição começar, que imaginavam essas seleções na final, o que nunca ocorreu. A possibilidade não está distante.

Pelo time que tem, a Bélgica ter chegado às quartas de final não causa espanto. Mas, ainda que seja um bom time, o favoritismo era do Brasil, que vinha mostrando futebol consistente. Os belgas inverteram a lógica e superaram os pentacampeões com aplicação tática.

A Bélgica utiliza um esquema que se adapta ao adversário. O técnico Roberto Martinez soube adaptar seu time para enfrentar a seleção brasileira. O atacante Lukaku, por exemplo, tem as características de um centroavante que fica perto da área esperando bolas aéreas. Mas Martinez aproveitou o gol feito no início do jogo e o colocou na ponta direita, puxando contra-ataques em velocidade. Enquanto isso, De Bruyne mudou de posição e foi o jogador mais parecido com um centroavante, confundindo a marcação montada por Tite. Assim como se adaptou para enfrentar o Brasil, a Bélgica deverá mudar a forma de jogar na partida desta terça-feira contra a França.

Croácia e Inglaterra

Na outra partida, a Croácia pegou o caminho considerado mais fácil até as semifinais mas, curiosamente, foi a seleção que teve mais dificuldade para se manter na Copa. Apesar de ter se classificado em primeiro lugar em um grupo com a Argentina de Messi e tendo, inclusive, vencido os argentinos sem dificuldade, a Croácia só superou a Dinamarca, nas oitavas, e a Rússia, nas quartas, na disputa de pênaltis. O meio campo talentoso do técnico Zlatko Dalic vem encontrando problemas para vencer os jogos eliminatórios.

Contra uma Inglaterra que vem subindo de produção a cada jogo, uma vitória da Croácia – ainda que nos pênaltis – poderá confirmar uma zebra na final da Copa do Mundo.

O mundo viu, em copas passadas, situação parecida com a atual. Em 1994, a final poderia ter sido entre Bulgária e Suécia, mas essas seleções acabaram derrotadas pela Itália e o Brasil nas semifinais. Em 2002, a Turquia e a Coreia do Sul estiveram perto de disputar uma final, mas tiveram que se contentar em entrar em campo para a disputa do terceiro lugar.

Por outro lado, França e Inglaterra serão responsáveis por manter as tradições do torneio e fazer uma final entre seleções tradicionais no cenário mundial. Esta pode ser a primeira vez que duas seleções, com um título mundial cada, se enfrentem na briga pelo título. Ambas foram campeãs quando sediaram o torneio. A Inglaterra foi campeã em 1966 e a França em 1998.

Derrota da Colômbia para a Venezuela, empate da Argentina de Messi com o Paraguai e derrota sofrida do Brasil sobre o Peru: ainda é cedo para falar em "Copa América das zebras", mas o fato é que os favoritos penaram nos primeiros cinco dias de competição.

Depois de uma primeira rodada complicada para os 'medalhões', a segunda começou com duas surpresas: o empate em 3 a 3 do Chile com o time B do México e a primeira vitória da Bolívia na competição em 18 anos (3-2 sobre o Equador).

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No papel, há uma diferença abissal entre as potências, que reúnem craques consagrados em grandes clubes europeus, e as seleções, em teoria, mais modestas.

Em campo, porém, é outra história. Mesmo jogando em casa, o Chile de Alexis Sánchez (Arsenal), Arturo Vidal (Juventus) e Claudio Bravo (Barça) não conseguiu vencer na segunda-feira uma equipe mexicana que se apresentou sem suas principais estrelas.

'Chicharito' Hernandez (Real Madrid), Hector Herrera (Porto), Carlos Vela (Real Sociedad), foram poupados para a disputa da Copa Ouro da Concacaf, e os gols do México foram marcados por Raúl Jimenez, reserva do Atlético de Madri, e pelo veterano Matías Vuoso, que está sem clube.

Mais cedo, a Bolívia acabou com o longo jejum, mostrando que é capaz de vencer fora da altitude de La Paz. O último triunfo tinha sido em 1997, quando disputou o torneio em casa, e acabou perdendo para o Brasil na decisão.

"Vi que gente tinha pouca fé no potencial da Bolívia, mas mostramos que, com trabalho, somos capazes de nos superar", afirmou o técnico Mauricio Soria. "Ganhar respeito é bom, mas ainda temos que continuar lutando", completou.

Ressaca colombiana

A maior zebra da competição até agora foi a vitória da Venezuela diante da temida Colômbia, que chegou ao Chile com força máxima, ostentando nomes consagrados como James Rodríguez ou Radamel Falcao García.

Mesmo assim, os 'Cafeteros' estão de ressaca depois de levar um banho de 'Vinho Tinto'. En Racagua, que fez a diferença foi a única estrela da seleção venezuelana, Salomón Rondón, companheiros de clube do brasileiro Hulk no Zenit, da Rússia.

O Brasil sempre teve muitos jogadores atuando na Europa, mas, ao contrário de anos anteriores, só conta com um craque que é realmente protagonista num grande clube: Neymar.

A genialidade do atacante do Barcelona evitou outra surpresa no torneio: a seleção pentacampeã mundial só não empatou com a Peru de Paolo Guerrero porque o camisa 10 deu um passe açucarado para Douglas Costa garantir nos acréscimos a vitória de virada por 2 a 1.

No primeiro tempo, ele já tinha anotado o gol de empate, depois do gol relâmpago do Peru. Assim como o Brasil, o Uruguai também venceu, mas sofreu mais do que o esperado para superar a modesta Jamaica (1-0).

Estrelas apagadas

Neymar foi a única grande estrela que realmente brilhou neste início de Copa América.

Messi fez um ótimo primeiro tempo contra o Paraguai, mas depois desmoronou, como o resto da equipe.

Do lado do Chile, Vidal foi decisivo, marcando três gols e dando passe para outro, mas não conseguiu levar sua equipe a vitória contra o México. Alexis Sánchez se desdobrou em campo, mas ainda não balançou as redes.

Com jogos tão disputados, a Copa América se apresenta como uma prévia de eliminatórias para o Mundial que prometem ser muito complicadas até para os favoritos.

Na América do Sul, é impossível falar em 'barbada', partidas já ganhas antes mesmo de serem disputadas, como o confronto entre a campeã mundial Alemanha contra Gibraltar (7-0), no último sábado, pelas eliminatórias da Eurocopa.

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