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Um homem, que não teve o nome divulgado, foi preso nesta última segunda-feira (26), em Abadiânia, Goiás, suspeito de manter onze pessoas em situação análoga à escravidão. Os funcionários eram mantidos sem água potável, sem dia de descanso e trabalhando por comida. 

Eles trabalhavam em uma fazenda, na corta de eucalipto. Segundo a Polícia Civil de Goiás, as vítimas declararam que muitos tinham que fazer o serviço de chinelo e aos domingos para que pudessem garantir o almoço e o jantar. Além disso, a polícia verificou que os alojamentos não possuiam camas e todos dormiam amontoados em colchões no chão.

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As vítimas são do Maranhão e tiveram os seus documentos retidos com a promessa de que teriam a carteira de trabalho assinada pelo empregador. No entanto, nenhum deles recebeu salário e estavam no local sem ter para onde ir. 

O acusado recebeu voz de prisão pelo crime de redução à condição análoga à de escravo e foi encaminhado ao presídio. O inquérito policial ainda deve ser finalizado.

O médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, está preso por suspeita de crimes sexuais, há uma semana. No último domingo (16), ele se entregou às autoridades policiais de Goiás, em área rural nas proximidades de Abadiânia, região central do estado. A prisão é preventiva, ou seja, sem prazo para terminar.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ainda vai decidir sobre pedido de liberdade impetrado pela defesa do médium.

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João de Deus, de 76 anos, foi preso depois de denúncias de crimes de estupro e violência sexual mediante fraude. Na última sexta-feira (21), foi decretada nova prisão do médium, por posse ilegal de armas de fogo. Em operações realizadas em endereços ligados ao médium, foram apreendidas seis armas, além de mais de R$ 400 mil, pedras preciosas e medicamentos.

Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), foram feitos 596 contatos pelo e-mail criado pela instituição especificamente para essa investigação. Desses, foram identificadas 255 possíveis vítimas do médium, tendo sido ouvidas formalmente 75 em Goiás e em outros estados até o momento.

Entre as vítimas identificadas, cujas mensagens foram encaminhadas exclusivamente para o canal de comunicação do MP goiano, estão as originadas de Brasília (39), de Goiás (21), do Rio Grande do Sul (20), Espírito Santos (11), Minas Gerais (15), Rio de Janeiro (7), Paraná (6), Santa Catarina (4), Mato Grosso (3), Mato Grosso do Sul (1), Maranhão (1), Pernambuco (1), Piauí (1) e Tocantins (1). As mensagens encaminhadas ao MP também vieram do exterior, como listaram os promotores, sendo elas dos Estados Unidos (4), da Austrália (3), da Alemanha (1), da Bélgica (1), da Bolívia (1) e da Itália (1).

Das 255 pessoas identificadas, 23 tinham entre 9 e 14 anos na ocasião dos fatos; 28 entre 15 e 18 anos, e 70 com idade de 19 a 67 anos. Segundo o Ministério Público de Goiás, os próximos passos da investigação incluem, além da continuação das oitivas das vítimas, o depoimento do próprio investigado e a apresentação de denúncia criminal de, pelo menos, três casos, cujos crimes são estupro, violência sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. O médium ainda pode ser denunciado por outros crimes a partir do prosseguimento das investigações.

De acordo com o promotor Luciano Meireles, 112 crimes estariam prescritos devido ao fato de João de Deus ter mais de 70 anos de idade. No entanto, o MP pede que as vítimas não deixem de denunciar os abusos do médium.

“O fato de o denunciado contar hoje com mais de 70 anos de idade, o prazo prescricional corre pela metade. Entretanto, é imprescindível que essas vítimas – mesmo as dos relatos prescritos – sejam ouvidas, pois esses relatos servirão como prova para aqueles crimes que não estão prescritos e a gente tem que frisar a semelhança entre os relatos. Por isso, é muito importante que vítimas, mesmo ultrapassado o prazo de 10 anos, procurem o Ministério Público para dar mais consistência aos depoimentos que estão sendo prestados”, afirmou o promotor no último dia 21.

Pedido de liberdade

O habeas corpus impetrado pela defesa de João de Deus foi sorteado para relatoria do ministro Gilmar Mendes, mas devido ao recesso do Judiciário, o processo foi encaminhado ao gabinete do presidente do STF, Dias Toffoli, responsável pelo plantão.

Na quinta-feira (20), Toffoli pediu informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) antes de decidir sobre o pedido de liberdade feito pela defesa. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça de Goiás com base em 15 denúncias já formalizadas em Goiânia.

Há dois dias, o ministro Nefi Cordeiro, do STJ, negou seguimento a um habeas corpus impetrado pelo advogado Alberto Toron, que representa o médium. Ele argumentou supressão de instâncias, uma vez que um pedido de liberdade ainda está pendente de julgamento na primeira instância.

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) negou liminar para soltar o médium, mas ainda não julgou o mérito do habeas corpus impetrado na primeira instância.

O delegado Valdemir Pereira que acompanha em Abadiânia as denúncias contra João Teixeira de Farias, o João de Deus, de 76 anos, descreveu o modus operandi do médium nos crimes sexuais dos quais é acusado. Ele afirmou que João de Deus tinha como "prática" cometer o abuso e depois dar presentes às vítimas.

No caso mais recente, que resultou ontem no indiciamento do médium por violação sexual mediante fraude, com pena entre 2 a 6 anos de prisão, o delegado disse que João de Deus agiu da mesma forma. Após o abuso, o médium pediu que a mulher escolhesse um dos quadro expostos.

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O delegado afirmou, em entrevista coletiva, que a mulher de 39 anos contou ter sido abusada sexualmente em outubro deste ano, enquanto se submetia a tratamento na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. De acordo com ele, a vítima ainda está abalada com o que sofreu. Valdemir Pereira e policiais acompanharam a mulher até o centro espiritualista onde ela mostrou a sala na qual disse ter sido agredida pelo médium.

O médium está preso preventivamente no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O Supremo pode decidir hoje sobre pedido de liberdade.

Detalhes

A TV Anhanguera, de Goiânia, teve acesso ao depoimento da mulher. Nele, a vítima disse que agressão ocorreu em 24 de outubro. No relato, ela contou que o médium apagou a luz da sala enquanto estava sozinho com ela, depois passou a massageá-la abaixo do ventre e pediu que mexesse o quadril, em seguida tentou encostar.

No depoimento, a vítima afirmou também que João de Deus pediu que ela o massageasse na barriga e, em seguida, ela percebeu que ele estava com o órgão sexual exposto.

Outros crimes

O Ministério Público de Goiás continua recebendo relatos de possíveis crimes sexuais cometidos pelo médium no estado e em outros países. Alguns, de acordo com integrantes da força-tarefa que investiga as ações, podem ter prescrito. Mas serão úteis nas apurações, pois pode servir de material probatório.

Para promotores que atuam na força-tarefa das investigações, João de Deus pode ser indiciado por três crimes distintos – violação sexual mediante fraude, estupro e estupro de vulnerável.

A Polícia Civil também instaurou inquérito para investigar a origem de cinco armas e R$ 405 mil (em reais e moeda estrangeira), localizados em uma das propriedades de João de Deus.

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, disse neste domingo, 16, que a investigação sobre as denúncias de abuso sexual contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, vai se concentrar em 15 casos e que a polícia irá focar, a partir de agora, a "formação da prova".

"A polícia civil está analisando caso a caso e está se concentrando na questão do abuso (sexual). O grande desafio é provar essa situação. A Polícia Civil persiste focada na formação da prova. Tem muitos crimes que estão prescritos, mas vítimas que comparecem atuarão como testemunha", afirmou.

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João de Deus está, neste momento, na Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic) em Goiânia (GO), onde prestará depoimento sobre as denúncias de abuso sexual. Após ser interrogado, ele será levado ao Instituto Médico Legal para exame de corpo delito. Em seguida, o líder religioso será encaminhado para o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia para cumprir prisão preventiva.

O líder espiritual teve o mandado de prisão decretado no fim da manhã de sexta-feira, 14, e se entregou às autoridades somente na tarde deste domingo. O delegado-geral negou que a Polícia Civil estivesse preocupada com uma possível fuga do acusado. "Tínhamos situação controlada. A apresentação espontânea só se deu após várias técnicas utilizadas, aprendida por grandes delegados. É o momento agora da Polícia Civil confeccionar suas provas", afirmou.

André Fernandes afirmou também que, caso a investigação aponte para a participação de funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola nos supostos crimes cometidos, essas pessoas também serão alvos do inquérito policial. "Se as investigações provarem isso, que houve qualquer tipo de conivência, essa pessoa será trazida para dentro da investigação. Com certeza (cúmplices podem ser punidos)."

O médium João de Deus chegou no fim da tarde deste domingo, 16, à Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic) em Goiânia, onde prestará depoimento sobre as denúncias de abuso sexual. O líder espiritual teve o mandado de prisão decretado no fim da manhã de sexta-feira, 14, e se entregou às autoridades nesta tarde de domingo.

O delegado André Almeida afirmou ao jornal "o Estado de S. Paulo" no sábado, 15, que o interrogatório será "longo e detalhado". Em virtude da idade - 76 anos - e dos crimes pelos quais é acusado, a expectativa é que o médium seja lotado em uma cela individual.

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A defesa de João de Deus afirmou que planeja apresentar um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva. No sábado, o advogado Alberto Toron afirmou que não há contemporaneidade entre as denúncias contra o médium e sua necessidade de prisão. "Os fatos são antigos e não aconteceu nada de novo que justificasse a prisão", declarou.

O  médium João de Deus se entregou às autoridades e foi preso neste domingo, 16. As informações foram confirmadas pelo criminalista Alberto Toron, que representa o médium.

Com prisão decretada por suspeita de abuso sexual contra mais de 300 mulheres, João de Deus se apresentou ao delegado-geral de Goiás na tarde deste domingo em Abadiânia.

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Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço e encerrou as atividades em seguida.

Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros, vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa.

Quem circula pela cidade encontra poucos pontos de comércio abertos e moradores receosos de falar sobre as denúncias que pesam contra João de Deus. Em condição de anonimato, algumas pessoas arriscam opinar sobre o assunto. Dizem, por exemplo, que o médium não era "flor que se cheire", mas evitam as entrevistas. Além disso, costumam mostrar preocupação sobre como a prisão dele deve afetar a economia do município.

A líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), defendeu, por meio de sua conta no Twitter, a aprovação de uma PEC que torna o crime de estupro imprescritível. Simone relacionou a proposta com as denúncias contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, acusado de uma série de abusos sexuais contra mulheres em Abadiânia (GO).

Para Simone Tebet, as denúncias contra o líder espiritual, se comprovadas, demonstram o quanto a retirada da prescrição para casos de estupro é importante. "Muitos casos denunciados contra João de Deus, e contra outros, se comprovados, estão prescritos. Cruel, injusto", escreveu a senadora.

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A PEC, de autoria do senador Jorge Viana (PT-AC), permite que as vítimas denunciem o crime à Justiça a qualquer tempo. Hoje, esse prazo é de 20 anos, após o qual ocorre a prescrição. A medida está parada na Câmara dos Deputados devido à intervenção federal nos Estados do Rio de Janeiro e de Roraima, até 31 de dezembro.

O caso

João de Deus é considerado foragido da Justiça e seu nome foi incluído na lista da Interpol. A prisão preventiva contra ele havia sido decretada no fim da manhã de sexta-feira, 14. O prazo para se entregar terminou às 14 horas do sábado, 15. João de Deus deve se entregar neste domingo, 16. O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que a data foi definida em uma negociação entre a polícia e a defesa do médium.

A reportagem ainda não conseguiu contato, neste domingo, com os defensores do líder espiritual para saber quando e onde, de fato, ele irá se entregar. O advogado de defesa de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, havia afirmado em entrevista que seu cliente vai se entregar antes da apresentação do habeas corpus. A ação será proposta na segunda-feira (17).

Uma vez preso, João de Deus seria levado para Goiânia, onde deve acontecer o interrogatório. O Ministério Público de Goiás também investiga eventual movimentação suspeita de recursos financeiros, como transferência de dinheiro das contas de João de Deus.

À espera da possível prisão do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, acusado de uma série de abusos sexuais contra mulheres, a cidade de Abadiânia (GO) vive um domingo (16) calmo, sem grandes movimentações. Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço e encerrou as atividades em seguida. Agora será reaberta ao público apenas amanhã (17).

Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa. Quem circula pela cidade encontra poucos pontos de comércio abertos e moradores receosos de falar sobre as denúncias que pesam contra João de Deus. Em condição de anonimato, algumas pessoas arriscam opinar sobre o assunto. Dizem, por exemplo, que o médium não era "flor que se cheire", mas evitam as entrevistas. Além disso, costumam mostrar preocupação sobre como a prisão dele deve afetar a economia do município.

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João de Deus é considerado foragido da Justiça e seu nome foi incluído na lista da Interpol. A prisão preventiva dele foi decretada no fim da manhã de sexta-feira (14) e o prazo para que se entregue terminou às 14 horas do sábado (15). João de Deus deve se entregar neste domingo (16). O Estado apurou que a data foi definida em uma negociação entre a polícia e a defesa do médium.

A reportagem ainda não conseguiu contato, neste domingo, com os defensores do líder espiritual para saber quando e onde, de fato, ele irá se entregar. O advogado de defesa de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, havia afirmado em entrevista que seu cliente vai se entregar antes da apresentação do habeas corpus. A ação será proposta na segunda.

Uma vez preso, João de Deus seria levado para Goiânia, onde deve ocorrer o interrogatório. O MP de Goiás também investiga eventual movimentação suspeita de recursos financeiros, como transferência de dinheiro das contas de João de Deus. Reportagem na edição deste domingo do jornal O Globo diz que o médium fez retiradas de R$ 35 milhões desde que as primeiras acusações vieram à tona.

Considerado foragido da Justiça, João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas bancárias. É o que apontam os investigadores. Segundo eles, os saques nas contas do médium aconteceram na quinta-feira (12), quando as primeiras denúncias de abuso sexual já eram conhecidas.

O dinheiro foi retirado de aplicações que João de Deus tem em instituições bancárias. A descoberta destas operações fez com que a Polícia de Goiás e o Ministério Público do estado acelerassem o processo para pedir a prisão do médium e, na sexta-feira (14) a prisão foi decretada pela Justiça.

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A ordem de prisão contra o médium já está disponível em sistema do Conselho Nacional de Justiça. Dessa forma, ele pode ser preso por qualquer autoridade policial brasileira ou estrangeira, com auxílio da Interpol, caso saia do país. De acordo com Alberto Toron, advogado de defesa de João, ele vai se entregar à Polícia Civil.

Neste sábado, (15), o Ministério Público de Goiás informou, por nota, que o médium João de Deus já é considerado foragido. Segundo o MP, ele não foi encontrado em todos os endereços possíveis e o comparecimento espontâneo não ocorreu nas 24 horas seguintes à ordem de prisão. A Polícia Civil, que vem negociando a apresentação do médium, ainda evita usar esse termo.

Mais de 300 mulheres formalizaram denúncia de abuso sexual contra João de Deus. Além disso, a filha do médium, Dalva Teixeira, afirmou, há quatro dias, que foi estuprada pelo pai por diversas vezes, entre seus 10 e 14 anos. Dalva briga para receber uma indenização de R$ 50 milhões numa ação judicial de reparação por danos morais. João de Deus sempre negou todas as acusações.

A notícia da decretação da prisão preventiva de João de Deus abalou a cidade de Abadiânia, a 113 quilômetros de Brasília. Na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus faz os atendimentos a cerca de 3 mil fiéis por semana, o maior receio era de que o local fechasse as portas.

Um dos funcionários mais próximos de João de Deus, Francisco Lobo, afirmou ter recebido ligações de fiéis com dúvidas sobre como será o funcionamento do centro. "Nós não vamos fechar. Aqui é uma casa religiosa."

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Nesta semana, a primeira depois que vieram a público as denúncias de abuso sexual contra João de Deus, o movimento da Dom Inácio caiu de forma expressiva. Lobo atribuiu parte da redução do movimento à proximidade das festas de fim de ano. "Claro, quem nunca veio até aqui pode ter adiado. Mas quem conhece a casa não se abalou."

O movimento das pousadas também diminuiu. Uma gerente, que não quis ter seu nome publicado, afirmou que o prejuízo nos últimos três dias foi de R$ 10 mil. O turismo religioso exerce papel importante na economia de Abadiânia, de 17 mil habitantes. A estimativa é de que a casa Dom Inácio de Loyola gere 1,3 mil empregos diretos e indiretos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aos 76 anos, João de Deus é um misto de líder religioso e controlador de Abadiânia (GO). Todo mês, cerca de 10 mil pessoas, 40% delas estrangeiras, vão à cidade, a 113 quilômetros de Brasília, em busca de cura ou conforto espiritual. Graças a esse movimento, ele é ao mesmo tempo respeitado e temido. "Claro que ninguém quer se indispor. Ele está sempre próximo, o melhor é cultivar boas relações", diz um lojista, que há pouco tempo chegou a Abadiânia.

A ligação de João de Deus com o poder se expressa não só pelo temor nutrido por muitos dos habitantes, os "filhos de Abadiânia". O líder espiritual também acompanha de perto a política local. Trabalha pela eleição de candidatos da sua preferência. Mas nem sempre com sucesso.

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Na última disputa, o vencedor foi José Diniz (PSD), opositor do candidato abençoado pelo médium. "Já tivemos problemas, mas hoje a relação é respeitosa", conta o prefeito.

João de Deus comemora com entusiasmo o aniversário, em junho. "Sempre atrai muitas pessoas conhecidas. Eu mesmo vou. Já encontrei lá ministros do Supremo Tribunal Federal, embaixadores, governadores", diz o prefeito. Tudo é doado pelo comércio local - comida, shows e queima de fogos. "A Polícia Militar disse que este ano vieram 10 mil", diz Francisco Lobo, um dos funcionários mais próximos do médium. Outra festa popular é o Natal para a crianças carentes. O médium financia a compra 8 mil brinquedos para distribuição.

Rituais

Embora respeitem, são poucos os "filhos de Abadiânia" que buscam socorro espiritual com ele. Uns dizem ter outra religião, outros afirmam que deixam para quando a necessidade apertar. A Casa Dom Inácio de Loyola, onde atende, é um conjunto amplo de construções, simples e bem cuidadas.

Ali funciona não só o centro de atendimento, mas há uma loja - onde são vendidas lembranças, pedras e fotos -, lanchonete e laboratório que produz cápsulas de passiflora, prescritas pelo médium. O tratamento, para dois meses, custa R$ 100. "Não é todo mundo que pode pagar", comentou um lojista.

Muitos dos voluntários da casa são ex-pacientes. Como Luciana Souza, que chegou a Abadiânia há oito anos, com neuropatia. "Já estava prestes a tomar morfina. Praticamente não andava." Segundo ela, foram meses de tratamento. "Agora quero ajudar, retribuir."

Os atendimentos - de quarta a sexta, pelas manhãs e à tarde - são cheios de rituais, com mistura de símbolos católicos, pedras e imagens esotéricas. Após pegar uma ficha, as pessoas esperam orientação de voluntários, com recomendação de não cruzar braços ou pernas. O atendimento é feito em filas e os chamados são em português, inglês e até francês. A passagem pela área de atendimento é rápida. Quando o médium atende, fica sentado na cadeira de vime, ladeado de assessores, imagens de santos e pedras e cristais. É aí que ouve pedidos de fiéis e entrega um papel com rabisco - a receita para o remédio energizado.

Quando não está em transe, é tratado pelos voluntários como "Seu João". Eles afirmam que o médium faz inúmeras obras de caridade, mas as conhecidas são o Natal das Crianças e a Casa da Sopa, que serve bolachas, com suco e café e uma sopa.

É escoltado o tempo todo. E o que levaria o médium a andar escoltado? Lobo afirma que isso é consequência de um assalto no centro há alguns anos. "Depois disso, várias câmeras de segurança foram instaladas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A notícia de que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu a prisão preventiva do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, alterou a rotina no centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) e, consequentemente, das pousadas, hotéis, restaurantes e lojas que vivem do turismo religioso na região.

Ônibus de excursão com fiéis continuam chegando à pequena cidade de cerca de 12 mil habitantes, dividida pela BR-060, que liga Brasília a Goiânia. O número de pessoas, contudo, é inferior ao habitual. Comerciantes evitam falar com a imprensa, mas alguns lamentam as desistências de reservas e a queda no movimento.

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Pelo segundo dia consecutivo, o médium não prestou atendimento e aconselhamento espiritual. Ontem, ele chegou a passar pelo centro, mas permaneceu no local por menos de dez minutos. Após um rápido pronunciamento a seus seguidores, no qual disse ser inocente e afirmou estar à disposição da Justiça, ele deixou o centro em meio a um grande tumulto. Nenhum dos assessores mais próximos confirma o paradeiro do médium e o advogado não atende o telefone.

Hoje pela manhã, a mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, esteve na Casa da Sopa e em um dos endereços residenciais da família, mas evitou falar com a imprensa.

No site, a Casa Dom Inácio mantém a agenda habitual até o fim do mês, com a previsão de atendimento todas as quartas, quintas e sextas-feiras. No entanto, administradores do centro espírita já cogitam a possibilidade de interromper as atividades temporariamente, concedendo férias a parte dos 40 funcionários - número que inclui também os trabalhadores da chamada Casa da Sopa, que funciona em um casarão do centro da cidade e onde são servidas refeições para os fieis e para a população em geral, além de oferecidos serviços assistenciais.

"Diante da turbulência, eu aconselharia a fazermos um recesso”, disse à Agência Brasil um dos principais gestores da casa, Francisco Lobo. “É uma forma de amenizarmos um pouco a situação e evitarmos que as pessoas se desloquem de tão longe, onerando-as”, acrescentou Lobo, garantindo que curtos recessos costumam ser adotados anualmente, ou em setembro, ou em dezembro. "Esta semana, estamos atendendo como já fazíamos. Quando o João não está [em Abadiânia] nós fazemos isso, mantendo esse padrão [de atendimento]."

Lobo admite que a frequência à casa esta semana está menor que de costume – mesmo levando em conta que, em dezembro, habitualmente, o movimento cai em comparação ao resto do ano. “O fluxo, hoje, é o mesmo de ontem. Cerca de 1,2 mil pessoas passaram por aqui”, acrescentou o gestor, explicando que o número de atendimentos semanais em outros períodos gira entre 3 a 5 mil pessoas.

“Claro que há uma redução diante dos fatos. As pessoas vêm aqui para ser atendidas pelo João. Quando ele não está, elas também são atendidas, mas elas vêm principalmente para ver e ser atendidas pelo João”, destacou.

Ao contrário desta quarta-feira, quando o médium fez sua primeira aparição pública desde que o programa Conversa com Bial, da TV Globo, trouxe a público as primeiras denúncias de abuso sexual, a Casa Dom Inácio vetou o acesso de cinegrafistas e fotógrafos alegando preservar a imagem dos frequentadores. Pelas ruas, poucos moradores aceitam comentar as acusações e o pedido de prisão contra João de Deus, que há 42 anos se instalou na cidade transformando seu centro no principal atrativo e gerador de renda do município.

Mesmo depois das denúncias de abuso sexual, funcionários e voluntários da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, mantêm a confiança em João de Deus. "É muito difícil fechar uma igreja", afirmou Chico Lobo, que há mais de uma década dedica parte do seu tempo às atividades desenvolvidas no centro. "Muita gente está falando, mas precisa provar", disse.

Lobo listou uma série de argumentos para afastar as suspeitas contra o líder religioso. "Ele fica sempre acompanhado, não há na casa esse banheiro com grandes dimensões, como se disse em parte dos depoimentos e, além disso, há câmeras por vários lados". Indagado se as câmeras de vigilância ficavam também na área reservada para o descanso de João de Deus, ele negou. "Mas os atendimentos individuais são muito poucos: ninguém quer que ele faça isso. Se não, serão sempre dois atendimentos."

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Nesta terça-feira (11), fiéis de outros Estados e do exterior começaram a chegar à cidade para as sessões de tratamento espiritual, que se iniciam hoje. A movimentação, no entanto, caiu. "O movimento está, sim, menor do que antes da reportagem. Mas é preciso lembrar: quem cura não é o homem, é a divindade", dizia Norberto Kist, que há 29 anos vive em Abadiânia e atua como intérprete de pessoas que vêm da Alemanha em busca de tratamento espiritual.

A expectativa nesta terça era saber se o médium participaria das sessões nesta semana. Tradicionalmente, ele trabalha entre quarta e sexta, pela manhã e à tarde. Funcionários garantiam a presença do líder. "É o previsto", informou Lobo, que não vê queda de procura, mas uma redução de movimento normal no fim de ano.

Na terça, o clima na Casa era de uma tensão controlada. Os fiéis que perambulavam pelo conjunto de construções, em cores branca e azul, se recusavam a falar. A recomendação era a de que apenas guias e funcionários se manifestassem. Fiéis permaneciam em pequenos grupos, fazendo meditações, leituras, sessões com cristais.

Defesa

Na segunda-feira (10), João de Deus foi a São Paulo para conversar com seu advogado, Alberto Toron. Na ocasião, o defensor rechaçou veementemente as denúncias e disse que ele retornaria para a cidade, para o trabalho normal. Na terça, a reportagem não conseguiu falar novamente com o advogado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As denúncias de abuso sexual às centenas de mulheres que buscaram tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás, não fizeram com que o médium João de Deus desistisse de atender as pessoas que ainda o procuram em busca de atendimento.

Cinco dias depois de o programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, exibir os primeiros depoimentos de mulheres que relataram ter sido vítimas de abusos sexuais praticados pelo médium, os empregados do centro espírita continuam a organizar o local para que João de Deus atenda normalmente nos próximos três dias.

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“Ele está triste, mas está bem. E, no momento certo, vai falar [sobre as denúncias]”, afirmou a assessora de imprensa do centro espírita Edna Gomes. Ela disse que o médium chorou com a grande repercussão das denúncias, mas está convencido de que esclarecerá os fatos, e que os depoimentos das mulheres, segundo a assessora, parecem ter várias “incoscistências” que precisam ser investigadas.

Edna também garantiu que João de Deus não atende ninguém de forma individual e em ambiente separado. “O seu João sempre foi um homem muito respeitador. Conhecendo-o, você percebe que há coisas impossíveis [nos relatos]. Ele mesmo diz que nunca foi santo, mas, neste sentido, não há nada [que o desabone]”, acrescentou.

Para Edna e o secretário do centro Francisco Lobo, os promotores do Ministério Público de Goiás podem ter se precipitado ao anunciar as denúncias de crimes sexuais e não descartam a hipótese de que o órgão promova o fechamento do local. “Eu só acho que a Casa não tem nada que ver com isso. A Casa é uma igreja. Você vai fechar uma igreja? Agora, se você quer tirar o padre, o pastor, tudo bem, mas a igreja é a igreja.”

Sentado em frente da sua loja de roupas "Nirvana", em Abadiânia (GO), Antonio de Carmo não escondia a preocupação com as denúncias contra João de Deus. "Não ganho muito com as vendas, mas vivo bem. Se a Casa (Dom Inácio de Loyola, onde o médium atende) acabar, metade do comércio vai junto". Na loja de cristais em frente, vê-se outro relato na mesma linha. O temor é de "quebradeira".

Marcos Júnior, que há oito meses chegou à cidade para ajudar o pai no comércio, nem imagina o que seria de Abadiânia se as atividades do líder espiritual fossem encerradas. "Não gosto nem de pensar. Ele atrai muita gente, movimenta os negócios". Isso vale até para cursos de idiomas. Marcos, por exemplo, para atender melhor fregueses, vai para cidade ao lado cursar inglês e espanhol.

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"Claro que a verdade tem de ser dita, que as denúncias têm de ser investigadas. Se for culpado, merece castigo. Mas não vou esconder que fico preocupada com meu futuro", afirma uma comerciante que trabalha na rua que leva à Casa Dom Inácio, onde João de Deus atende às quartas, quintas e sextas.

Pelas contas do prefeito José Aparecido Diniz (PSD), os atendimentos feitos pelo médium atraem mensalmente cerca de 10 mil pessoas - 40% estrangeiros. Número expressivo, sobretudo considerando os 17 mil habitantes da cidade - a 90 quilômetros de Goiânia e a 120 quilômetros de Brasília. "Olha o salto no consumo", afirma Diniz.

Secretário de Turismo e Meio Ambiente, José Augusto Paralov concorda. "A cidade é pequena e o comércio vive em função disso. Temos 40 pousadas e hotéis, além de uma dezena de restaurantes, que dependem exclusivamente das excursões e romarias. Pode acontecer uma quebradeira".

Pelas contas do município, a Casa Dom Inácio de Loyola cria, direta e indiretamente, 1,3 mil postos de trabalho. Mas também dá gastos. "Muita gente com problema de saúde chega aqui em busca de atendimento espiritual. Mas o que acontece é que muitos acabam parando no hospital", completa o prefeito. Ele relata ainda mortes de fiéis. "E algumas vezes, o traslado do corpo ficou por conta do município". Procurada, a Casa não se pronunciou.

O turismo religioso divide a cidade. De um lado da BR-060 onde está o centro religioso, o comércio de lojas esotéricas, de roupas brancas (pede-se que os visitantes usem essa cor) e do movimento de estrangeiros dá um ar movimentado e pitoresco ao lugar. No outro lado da BR, onde ficam as casas dos moradores da cidade e a maior parte dos prédios públicos, Abadiânia é uma típica cidade do interior. "Até a violência onde ficam os moradores é maior", conta um lojista, que não quis se identificar.

"Era tudo mato". Dona da pousada que leva seu nome, Izaíra Alves da Silva, de 84 anos, diz que "todo mundo vive em torno do médium". Ela conta que, quando se mudou para Abadiânia, há 33 anos, "era tudo mato". "Sou de Dourados (MS). O médium me colocou como guia e passei a trazer excursões de Belém, até conseguir montar minha pousada. Se fechar, acaba tudo mesmo. Como vamos pagar as contas?" Dono da Pousada São Gabriel, Jovelino Junior estima que 90% das ocupações da rede hoteleira local resultam do fluxo de pessoas para a Dom Inácio. "Vi alguma coisa no noticiário e estou assustado. Vai ter desemprego, não sei como a cidade vai sobreviver."

A guia Maria da Penha Ribeiro, de 73 anos, que há mais de 30 anos leva excursões de Belo Horizonte, relata cuidar de duas viagens por mês. "Todos são bem atendidos e não se cobra. Quem quer faz doação em dinheiro ou remédio."

Outra guia, Claudia Celina Silva, de 59 anos e de Cuiabá, está com excursão fechada para esta terça-feira (11). "Telefonei para todos e querem ir do mesmo jeito. A maioria é portadora de câncer e vai só para agradecer. Estou apavorada com a possibilidade de fechar (a casa). Sou católica, mas devo muito ao médium. Meu filho teve cinco comas, o último de 45 dias. Nenhum médico me deu esperança, mas ele voltou a enxergar e andar.

O guia internacional Anselmo Lima, de Brasília, que organiza excursões da França, disse que não há cancelamentos. "Mas é importante que toda essa situação seja esclarecida."

Polêmico. A expectativa é para ver o que ocorrerá na quarta, quando os trabalhos semanais teriam início. "Estou certa que muitos vão chegar. Como eu", disse a diarista Maria Aparecida Barros. A cada quatro meses, ela viaja de Curitiba para Abadiânia, em busca de tratamento para seu filho, Luan, de 27 anos.

Com Síndrome Wolfran (doença genética rara), Luan apresenta visão comprometida. "Há cinco anos venho aqui na casa (onde o médium atende). Depois disso, a progressão da doença diminuiu." Maria Aparecida é uma das que acreditam que em pouco tempo as denúncias serão desmentidas. "Isso vai passar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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