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O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar, durante o recesso judiciário, mais 30 denúncias apresentadas na esteira dos atos de 8 de janeiro. A Corte designou uma sessão virtual, com início no dia 15, para sentenciar ou inocentar acusados de participar da intentona golpista que resultou na depredação das dependências dos Três Poderes em Brasília.

O julgamento, no entanto, só tem previsão de acabar no dia 5 de fevereiro. Isso porque o STF encerra os trabalhos do ano judiciário no próximo dia 19. Depois, os ministros permanecem em recesso até fevereiro do ano que vem, quando o Supremo inicia as atividades de 2024.

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Apesar de a Corte ter decidido que as ações penais em tramite no STF voltarão a ser julgadas pelas Turmas do Tribunal, a análise dos 30 processos já pautados se dará no plenário. O procedimento se dá em razão das ações serem anteriores à mudança decidida em sessão administrativa.

Até o momento, o STF já condenou 30 acusados do 8 de janeiro. Os processos versam sobre crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa armada, entre outros.

Victor Bonato, influencer evangélico de 27 anos, foi preso e está sendo investigado por crimes sexuais denunciados por três fiéis do movimento Galpão, de Alphaville, São Paulo. As vítimas afirmam que Victor utilizou de sua influência para forçar relações sexuais com elas.

A prisão preventiva foi determinada a pedido do Ministério Público e da Polícia Civil de São Paulo no dia 20 de setembro, três dias depois do influenciador anunciar que iria dar um tempo das redes sociais. Bonato foi pego em Cesário Lange, no interior paulista.

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Bonato publicou um vídeo pedindo desculpas às vítimas Foto: Reprodução/Instagram

O caso segue em investigação sob sigilo pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Barueri. A advogada Samara Batista Santos, afirma que seu cliente nega todas as alegações e emitiu um pedido de perdão para as partes envolvidas.

O movimento evangélico Galpão anunciou o afastamento do influencer pois “alguns acontecimentos ferem diretamente o que o Galpão acredita e segue, fere a palavra e está em desacordo com o que Jesus nos ensina”.

Nas suas redes sociais, Victor Bonato divulgou um vídeo em que diz ter cometido “alguns pecados” e que caiu em “imoralidades”. Ele se declarou profundamente envergonhado e arrependido por decepcionar sua família e aqueles que os acompanham.

"Eu quero pedir perdão às meninas com quem eu falhei, que eu defraudei, que eu magoei e com quem eu não tive atitude de homem. Quero pedir perdão à família de cada uma pelas falhas que eu cometi. Espero que vocês possam me perdoar. E se vocês não conseguirem, eu também entendo", diz o suspeito.

Ainda no vídeo público, ele retira qualquer culpa do Galpão e declara que irá tirar um tempo para “se curar” e pede perdão por ter “falhado”.

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Denunciada por funcionários por diversas irregularidades, a empresa Speed Mais contatou o LeiaJá para refutar as alegações e fez sérias acusações contra o deputado federal Túlio Gadelha (Rede), que foi ao local para ouvir os trabalhadores. Segundo Jacédna Andrade, sócia fundadora, o deputado usou a situação para se promover e seria ligado a uma empresa concorrente, o que ele nega.

Funcionários da empresa, localizada na Rua do Apolo, área central do Recife, relataram à nossa reportagem uma série de irregularidades. De animais peçonhentos nas dependências da empresa a pagamentos atrasados, os trabalhadores afirmam "sofrem perseguições por parte de alguns superiores".

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O deputado Túlio Gadelha esteve no local e fez postagem no Instagram sobre as denúncias.

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Em mensagem enviada ao LeiaJá, a sócia da Speed Mais afirmou que "tudo que foi postado não tem nada de verdade" e que “acionou o jurídico” contra o deputado Túlio Gadelha.

“Foi lá para se promover, pois tem uma empresa concorrente que não se conforma em ter perdido um contrato grande para nós e fica nos perseguindo”, disse Jacédna Andrade.

O LeiaJá procurou o deputado. Através de nota, a assessoria disse que Túlio ingressou com uma representação no Ministério Público do Trabalho denunciando o caso e refutou as acusações de Jacédna Andrade.

“Túlio foi presidente da Fundação de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) e tem histórico de ações em defesa de pautas trabalhistas. Não é proprietário de empresa alguma e irá tomar todas as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação infundada e caluniosa que tente atacar o seu histórico ético, profissional e de luta em defesa da classe trabalhadora”, diz trecho da nota.

Depois que Luísa Sonza revelou em rede nacional ter sido traída por Chico Veiga, muita gente estava ansiosa para conferir a live de Casimiro. Afinal, o influenciador participava frequentemente das lives feitas pelo streamer.

Como um bom amigo, o streamer não defendeu Chico. Pelo contrário, admitiu que o rapaz errou com Luísa e ainda contou como o assunto chegou até ele.

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"A gente estava conversando e o Chico meio de canto. Eu falei: Cara, o que aconteceu?. E ele me contou a m***a que ele fez. Vim para casa, era duas da manhã, e dormi. Quando é dez horas da manhã, Anna Beatriz (esposa de Casimiro) me acorda e fala que Luisa Sonza está na Ana Maria Braga. E aí aconteceu tudo isso", disse.

Casimiro ainda contou que Chico não desativou o Instagram, e que seu perfil foi derrubado depois de uma série de denúncias.

"Hoje eu não falei com o Chico direito, ele perdeu o WhatsApp, pois vazaram o número dele. Quando Ana Beatriz me acordou de manhã falando que Luisa estava na Ana Maria a mensagem nem chegou. O Instagram ele perdeu, não desativou, ele recebeu tanta denúncia que caiu. Eu não gostaria de ser porta-voz desse vagabundo, mas estou sendo aqui: ele não tem outra conta. Ele está só esperando a conta dele voltar, pois foi derrubada", contou.

E continua: "Ele está triste, chateado. Sabe que foi babaca. Simples assim. A gente pouco conversou sobre o assunto. O que eu soube, a Anna Beatriz me falou, a repercussão também. Ele fez merda, acho que sabe disso, e é isso, não tem muito mais o que resenhar em cima disso. Acho que foi resolvido da maneira que foi e é isso. Não sei se a galera ficaria satisfeita com a minha versão da parada, pois foi tudo muito rápido para todos nós".

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que investiga os atos golpistas que desencadearam a invasão aos Três Poderes no início do ano, chegará aos 100 dias de trabalho na próxima semana. Desde que foi instaurada no Congresso Nacional, em maio, a comissão recebeu dezenas de depoentes e as provas colhidas geraram investigações paralelas na Polícia Federal (PF). 

Os trabalhos podem durar até 180 dias, ou seja, até a segunda semana de novembro, e serão concluídos com a publicação de um relatório, aprovado por meio de votação. Algumas das presenças mais notáveis na CPMI do 8 de Janeiro foram Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL); o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, os militares e ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno, além do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, que depôs nessa quinta-feira (31). 

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Apesar de já ter prestado depoimento à PF nessa quinta-feira (31) - e ficado em silêncio -, o casal Bolsonaro (Michelle e Jair) não foi ouvido na CPMI. Ao todo, 36 pessoas foram convocadas e os parlamentares devem votar, em breve, se serão feitas novas adições à lista. Confira, ao fim desta publicação, a lista completa com os nomes. 

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As principais revelações

Deputado bolsonarista incitou atos golpistas de janeiro 

A Polícia Federal concluiu que o deputado André Fernandes (PL-CE) incitou atos antidemocráticos que resultaram na invasão e destruição das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Fernandes é o autor do requerimento de criação da CPMI e um dos integrantes, indicado pelo PL. 

“Ante os fatos narrados e do que foi colhido na investigação policial, tem-se que o deputado federal André Fernandes praticou a conduta insculpida no art. 286, CP – incitar, publicamente, a prática de crime, qual seja, de tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, disse o relatório da PF. 

O investigado publicou a imagem da porta de um armário vandalizado, naquele mesmo dia, do Supremo Tribunal Federal, contendo a inscrição do nome do ministro Alexandre de Moraes, na qual inseriu a seguinte legenda: "Quem rir, vai preso", depreende-se que ele coadunou com a depredação do patrimônio público praticada pela turba que se encontrava na Praça dos Três Poderes e conferiu ainda mais publicidade a ela. 

A quase-delação do hacker da "Vaza Jato" 

Walter Delgatti, hacker preso e investigado pela Polícia Federal (PF), prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro em 17 de agosto. A primeira fase do depoimento foi marcada por revelações graves do depoente, em especial, sobre a relação com o Governo Bolsonaro e aliados.  

Jair Bolsonaro (PL) teria oferecido indulto a Walter Delgatti para assumir a responsabilidade de um grampo contra Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O pedido teria sido feito diretamente por Bolsonaro, em ligação telefônica, quando o hacker encontrou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de combustível na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. 

Segundo Delgatti, a ligação a Jair Bolsonaro foi feita por um celular novo e que também tinha um chip novo, aparentemente utilizado apenas para aquele contato. Ele também alegou que foi convidado para ser "garoto propaganda" da campanha de Bolsonaro contra a segurança das urnas; ele simularia invasão a uma urna, durante uma campanha do 7 de Setembro. 

Mauro Cid, ex-braço direito dos Bolsonaro 

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid continua depôs à PF sobre o esquema de desvio de joias e relógios do acervo público. Diferente do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que recorreram ao direito de ficar em silêncio, Cid optou por responder às perguntas dos delegados. Ele já prestou mais de 24h de depoimento e concluiu a oitiva nessa quinta-feira (31), contrariando a estratégia dos ex-aliados. 

Outro alvo que também está falando à PF é o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens. Em uma conversa interceptada pela PF, Cid disse que o pai estava com uma quantia de US$ 25 mil em espécie que seria entregue a Bolsonaro. O general também tirou fotos de estátuas dadas ao ex-presidente que foram colocadas em leilão nos Estados Unidos. 

Após ficar em silêncio nas primeiras vezes em que foi chamado a depor, Cid mudou de estratégia depois que seu pai foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela PF. Logo após a operação, ele trocou de advogado pela terceira vez e contratou o criminalista Cezar Bitencourt. 

O depoimento controverso de G.Dias 

Parlamentares de oposição da CPMI do 8 de janeiro pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR) o indiciamento e a prisão do general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Os crimes seriam de prevaricação e falsificação de documento público para, supostamente, acobertar responsabilidades no dia dos ataques contra as sedes dos Três Poderes em Brasília. 

De acordo com o antigo titular, o Plano Escudo, protocolo de defesa do Palácio do Planalto, estava ativo desde 5 de janeiro e foi executado no dia 6. No entanto, apesar das evidências de que invasões aconteceriam no dia 8, o plano não foi acionado contra os atos golpistas. Isso foi afirmado por Dias durante depoimento à CPMI nessa quinta-feira (31). 

Lista de convocados 

1. Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF; 

2. Tenente-Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro; 

3. Ricardo Garcia Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública e foi interventor da Segurança Pública do DF; 

4. Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI; 

5. General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa; 

6. Jorge Teixeira de Lima, delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF); 

7. Jorge Eduardo Naime, Coronel/PMDF então Comandante do Departamento de Operações (DOP) da PMDF; 

8. Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal; 

9. Coronel Elcio Franco Filho, ex-secretário do Ministério da Saúde; 

10. Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP); 

11. Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF; 

12. Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF; 

13. Robson Cândido, delegado-geral da Polícia Civil do DF; 

14. Marcelo Fernandes, delegado da Polícia Civil do DF; 

15. Márcio Nunes de Oliveira, ex-delegado-Geral da Polícia Federal; 

16. Milton Rodrigues Neves, delegado da Polícia Federal e ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança do DF; 

17. Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, coronel da Polícia Militar do DF e ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP); 

18. Leonardo de Castro, diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado da Polícia Civil do DF; 

19. Júlio Danilo Souza Ferreira, ex-Secretário de Segurança Pública do DF; 

20. Valdir Pires Dantas Filho, perito da Polícia Civil do DF (PCDF); 

21. Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF; 

22. Ailton de Barros, ex-militar; 

23. Jeferson Henrique Ribeiro Silveira, motorista do caminhão-tanque onde foi colocada uma bomba nas proximidades do aeroporto de Brasília; 

24. Alan Diego dos Santos, suspeito de planejar o ataque a bomba no DF; 

25. Wellington Macedo de Souza, réu pela tentativa de explosão do caminhão-tanque; 

26. Adauto Lucio de Mesquita, empresário; 

27. Edilson Antonio Piaia, empresário e produtor rural de Campo Novo do Parecis; 

28. Diomar Pedrassani, empresário; 

29. Argino Bedin, empresário; 

30. Roberta Bedin, empresária; 

31. Albert Alisson Gomes Mascarenhas, empresário; 

32. Ainesten Espírito Santo Mascarenhas, empresário 

33. Leandro Pedrassani, empresário; 

34. Joveci Xavier de Andrade, empresário; 

35. José Carlos Pedrassani, empresário; 

36. George Washington de Oliveira Sousa, gerente de postos de combustíveis. 

 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPIM) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro discute a reconvocação do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao abrir a sessão nesta terça-feira (8), o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) questionou o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), se não era a hora de reconvocar Mauro Cid diante das denúncias vazadas à imprensa de que ele teria feito, em 11 dias, R$ 60 mil em depósitos na conta da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.  

Maia respondeu que se compromete a colocar em votação, na próxima sessão, o requerimento para reconvocar Mauro Cid. O presidente da CPMI ponderou, porém, que não vê relação direta entre a denúncia de venda de pedras preciosas e os atos golpistas. “Eu não enxergo relação causal entre pedras preciosas e o ato de 8 de janeiro”, disse, acrescentando que a comissão não foi criada para investigar atos de corrupção.  

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A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que faz parte do escopo da investigação apurar quem financiou os atos golpistas. “Se tem dinheiro vivo circulando nas mãos de quem tinha uma minuta do golpe em seu celular, a outra ponta que recebe não vai ser investigada? Só a CPMI vai poder separar, depois de olhar e depois investigar, se tinha ou não relação com o processo antidemocrático brasileiro. Não podemos dizer, a priori, que não tem relação”.  

Feghali pediu que a comissão aprove o acesso à movimentação financeira do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama. No requerimento apresentado à CPMI, a deputada fluminense cita as mensagens trocadas entre Cid, outros militares e servidores que revelariam, segundo ela, “seu envolvimento no caso da tentativa de apropriação de joias milionárias da Arábia Saudita”.  

As informações chegaram à CPMI por meio do compartilhamento de informações de investigações em curso, que envolvem o ex-ajudante de ordens da Presidência da República. “A reconvocação do Sr. Mauro Cid se justifica pois, diante da necessidade de esclarecer seu possível envolvimento com os grupos que financiaram a trama golpista”, opinou Feghali.  

Mauro Cid tem sido alvo de uma série de denúncias vazadas à imprensa a partir de dados disponibilizados à CMPI. As informações indicariam que ele teria negociado a venda de joias e presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, quando ele ainda era presidente. Segundo a legislação vigente, presentes recebidos por chefe de Estado devem ser incorporados ao patrimônio público.  

A reportagem está procurando as defesas de Mauro Cid e Michelle Bolsonaro para comentar as acusações e aguarda retorno. 

 

O número de denúncias de violação de direitos, como torturas, castigos, maus-tratos e ameaças, sofridos por pessoas encarceradas triplicou em 2023 no estado de São Paulo. Os relatos feitos à Defensoria Pública do estado neste ano (211 casos) são 3,45 vezes maiores do que os denúncias recebidas em todo o ano passado (61).

O coordenador do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo, Diego Polachini, avalia que “o sistema como um todo é uma tortura”. Segundo ele, a violação de direitos dentro do cárcere não se restringe a casos pontuais, ela é sistemática, e a única solução passa pelo desencarceramento do máximo de pessoas possível.

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“A vivência na cadeia já é torturante. A ideia de prender uma pessoa numa jaula evidentemente configuraria tortura em qualquer aspecto, mas como é uma pessoa que está cumprindo pena, isso não é considerado”, disse o defensor em entrevista à Agência Brasil. No momento, há apenas hipóteses para o aumento nas denúncias, conforme apontou Polachini: um aumento na intensidade das torturas e maior acesso das famílias aos meios de denúncias.

Em março deste ano, a Defensoria Pública de SP enviou para o Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Tortura uma análise do cumprimento pelo Brasil das regras constantes na Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, denunciando práticas violentas e inércia do estado diante dos casos.

No documento, o órgão aponta o prejuízo do veto pelo governo do estado, em 2019, ao projeto de lei que estabelecia um Mecanismo e um Comitê de Prevenção e Combate à Tortura no estado; a necessidade de investigação rápida e imparcial em casos de violência institucional; e denuncia ainda graves episódios de tortura praticados por grupos táticos prisionais.

Polachini destaca casos ocorridos durante a invasão do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), que estão no documento. O grupo tático prisional, subordinado à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), deveria ser uma intervenção pontual para reprimir desordens nas unidades. No entanto, a defensoria avalia que o grupo se tornou presença habitual e ostensiva nos presídios, sendo protagonista de episódios corriqueiros de violência e tortura contra pessoas presas.

“Em ações regulares, normalmente eles invadem uma cadeia, quando tem alguma alegação de distúrbio ou algum preso que não quer voltar para cela, com bomba de borracha, cachorros, os presos são obrigados a ficar pelados, sendo ameaçado muitas vezes pelos cachorros muito próximos. Então é uma tortura psicológica muito severa que eles fazem”, contou o defensor.

Objetos ilícitos nas celas

Um dos episódios relatados à Organização das Nações Unidas (ONU) foi operação realizada em 2015, na Penitenciária de Presidente Prudente, para apreender possíveis objetos ilícitos nas celas. Na ocasião, cerca de 240 detidos sofreram violência física e psicológica por duas horas e meia. De acordo com o documento, mesmo sem encontrar resistência, os agentes do GIR xingaram e agrediram fisicamente os presos com socos, chutes e golpes de cassetete, além de disparos de balas de borracha em ambiente fechado. 

“Vários presos sofreram lesões corporais, principalmente nas costas e nádegas, demonstrando que estavam em posição indefesa. Como se não bastasse, entre os feridos estavam um idoso e um cadeirante, o que demonstra o nível de brutalidade dos ataques”, relatou a Defensoria na análise.

O documento aponta que, além da violência institucional, outras violações sistemáticas que configuram atos de tortura no sistema prisional paulista são “a superlotação carcerária, falta de ventilação e iluminação adequadas, equipes mínimas de saúde insuficientes, falta de medicamentos, má qualidade da estrutura física dos prédios, racionamento de água, falta de água potável, falta de chuveiros quentes, limitação e ausência de banhos de sol, falta de itens de higiene pessoal e vestuário e falta de alimentação adequada e em quantidade suficiente”.

Fome

Há reclamações recorrentes sobre a quantidade da alimentação no sistema penitenciário paulista. “O medo da fome é constante no sistema carcerário, os presos vivem sob essa ameaça e passam fome constantemente aqui no estado de São Paulo. Eles precisam complementar a alimentação através do apoio familiar. Se a família não manda comida, eles reclamam que passam muita fome, que a comida não é suficiente”, revelou Polachini à Agência Brasil.

O defensor citou ainda situações conhecidas como “pena de fome”, em que irregularidades cometidas pelas pessoas encarceradas são punidas com racionamento de comida. “Eles ficam sem comer por um período ou é diminuída a comida para eles. Isso me parece uma evidente tortura”, comentou. Além disso, segundo ele, cotidianamente boa parte das unidades racionam a água, os presos muitas vezes são privados de tomar banho e passam sede constantemente.

Em relação as violências psicológicas, há denúncias de ameaças por parte dos funcionários das unidades prisionais. “Quando vai chegando perto da saída dele [para o semi aberto], os funcionários começam a ameaçar com [aplicação de] faltas graves, então ele vive uma constante tortura psicológica com medo de falar qualquer coisa, fazer qualquer coisa, e ter o direito dele a progressão de regime impedido.”

Segundo ele, há também uma tortura que é feita durante as revistas. “Tem penitenciárias específicas em que os presos, para saírem para trabalhar, por exemplo, ainda que eles estejam no regime semi aberto, eles têm que tirar a roupa todo dia”. O defensor acrescentou que, em uma das denúncias recebidas pela Defensoria, uma pessoa com deficiência era obrigada a tirar a roupa e sentar no chão em todas as saídas da cela, o que foi definido como “torturante” pelo denunciante.

Condições ideais

O defensor público Polachini ressalta que a única limitação imposta pela Justiça às pessoas encarceradas é privação de liberdade. Diante disso, os demais direitos, garantidos a qualquer cidadão, deveriam ser garantidos também dentro do cárcere. Segundo ele, esse é o entendimento das cortes superiores e dos tribunais internacionais.

Entre as medidas consideradas básicas, estão o afastamento de guardas e agentes penitenciários envolvidos em casos de tortura, acesso a médico, melhoria na oferta de alimentação, tanto em quantidade como em qualidade, proibição do racionamento de água.

“Todos os direitos que as pessoas têm na rua os presos deveriam ter, então direito a trabalho, a estudo, à dignidade - que abarca uma quantidade maior de direitos. Os presos têm exatamente todos os direitos de um cidadão [em liberdade]: não pode ser torturado, não pode ser agredido, não pode ser xingado, não pode ter racionamento de produtos essenciais, como água a energia elétrica”, disse.

Para ele, a melhoria das condições estruturais do sistema penitenciário passa por medidas de desencarceramento. “A única solução que eu vejo como melhoria disso é o desencarceramento. O sistema carcerário em si é feito para ser uma forma de tortura, então para reduzir a tortura só tirando pessoas lá de dentro. Então o desencarceramento da maior quantidade de pessoas possíveis para evitar que mais pessoas sofram com isso.”

Existem instrumentos atualmente que visam à redução da população carcerária, mas que não são colocadas em prática pelo judiciário. “A nossa Constituição trata a prisão como uma exceção. 40% dos presos são presos preventivos, são presos que não foram condenados ainda. A constituição e Código do Processo Penal, e até as recomendações do próprio CNJ e do STF, falam que a prisão antes da sentença é uma exceção”, disse.

“Muitas vezes isso infelizmente não é aplicado, principalmente, aqui no estado de São Paulo, que tem um alto índice de conversão das prisões em flagrante em prisão preventiva. Medidas alternativas à prisão preventiva poderiam ser mais aplicadas, já são completamente previstas”, acrescentou.

Ele citou o habeas corpus coletivo, concedido pelo STF em 2018, que determinou a substituição da prisão preventiva por domiciliar para gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, em todo o território nacional. No entanto, a medida ainda apresenta dificuldade de aplicação.

“Os juízes aqui em São Paulo acabam sendo muito reticentes na aplicação disso, muitas vezes falando que só tem duas opções: a mãe cometeu o crime com a criança ou sem a criança. Se ela comete o crime com a criança, [consideram que] ela está sendo uma mãe que deixou a criança em risco. Se ela comete um crime sem a criança, [consideram que] ela já tinha abandonado filho, então não teria porque ela ter direito a prisão domiciliar”, lamentou o defensor.

Entre as recomendações do documento enviado à ONU, a Defensoria pede que país adote medidas que garantam o afastamento cautelar de servidores públicos suspeitos de envolvimento em crimes de tortura e maus tratos e que haja investigação célere, imparcial, eficaz e dentro de um prazo razoável dos casos.

A coordenadora auxiliar do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo, Surraily Youssef, avalia que a maior investigação que se faz em casos de violência cometida por agentes do estado não é da conduta do policial, por exemplo, mas da conduta da pessoa que foi presa.

“O que a gente percebe é que há ainda uma desvalorização da narrativa sobre violência das pessoas que já tiveram em algum momento algum contato com a Justiça Criminal e é essa cultura que nós precisamos reverter e combater para que aquela narrativa seja central para dar início aos mecanismos de apuração”, disse.

Ela acrescenta que os marcos institucionais, tanto nacionais como internacionais, indicam que a tortura é uma prática que sempre tem que ser vedada e todos os órgãos que tem contato com denúncias de tortura, principalmente o judiciário e o Ministério Público, devem dar encaminhamento a uma investigação de pronto.

Youssef avalia que é preciso pensar mecanismos de fiscalização dos ambientes de privação de liberdade, a fim de ampliar as possibilidades de acesso ao cárcere para essa fiscalização, como por exemplo o Mecanismo e o Comitê de Combate à Tortura no âmbito estadual, que são previstos no protocolo adicional da Convenção Contra a Tortura da ONU. Os instrumentos estavam previstos em projeto de lei, aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo, mas foi vetado pelo governo.

“O [João] Doria vetou em 2019 o projeto, que instituía o Mecanismo e o Comitê Estadual, que poderiam acessar os espaços de privação de liberdade. E não só o cárcere, há denúncias de violência em comunidade terapêuticas, em hospitais psiquiátricos, em casa de repouso, então é importante a gente ampliar, e a existência do mecanismo e do comitê permitiria a realização de inspeções nesse espaço prisionais”, disse.

Ela acrescenta que, quando existe uma abertura para fiscalização desses espaços de privação de liberdade, é possível não só registrar as práticas de tortura, mas pensar recomendações para que elas sejam superadas.

Outro lado

A Secretaria da Administração Penitenciária informou que não tolera quaisquer desvios de condutas de servidores e que, para toda denúncia de tortura ou ato correlato, o funcionário é investigado e, caso comprovada a denúncia, é afastado e punido de acordo com a legislação. Segundo a pasta, existem canais para recebimento de denúncias, como a Ouvidoria e a Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário e o sigilo do denunciante é preservado.

“Sobre alimentação, a SAP informa que são servidas pelo menos três refeições (café, almoço e jantar) diariamente. A alimentação é balanceada e segue um cardápio previamente estabelecido e elaborado por nutricionistas. Não há racionamento de água nas unidades da SAP. Todos os presídios seguem o que determina a Organização Mundial de Saúde, que estipula o consumo mínimo per capita de 100 litros diários de água”, diz a nota.

Para combater a superlotação prisional, a pasta informou que, neste ano, estão previstas as entregas de três novas unidades nos municípios de Aguaí, Riversul e Santa Cruz da Conceição, que terão o total de 2.469 vagas. “O governo de São Paulo também incentiva a adoção de penas alternativas pelo Poder Judiciário, além da realização de mutirões visando dar maior agilidade aos processos. Nos últimos dez anos, o número de vagas foi ampliado em 40,12% em todo estado”, finalizou.

O padre esloveno Marko Ivan Rupnik, conhecido por ser o autor de mosaicos em igrejas em várias partes do mundo - entre elas, o Santuário Nacional de Aparecida do Norte (SP) -, foi expulso da Companhia de Jesus, ordem religiosa a qual pertencia. A demissão ocorre após uma série de acusações de abuso sexual feitas contra o jesuíta.

Em carta assinada pelo conselheiro-geral da Companhia de Jesus, Johan Verschueren, a expulsão do padre é atribuída à "sua recusa obstinada em observar o voto de obediência". Rupnik agora tem 30 dias para apelar da decisão. Após esse período, a expulsão será definitiva.

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Aos membros da companhia, a qual pertence o Papa Francisco, Verschueren afirmou que Rupnik recebeu "uma última chance" de fazer as pazes com "seu passado" e "dar um sinal claro para as pessoas afetadas que estavam testemunhando contra ele" e entrar no "caminho da verdade". Segundo o conselheiro, ele a rejeitou.

As denúncias de supostos episódios de abuso sexual e psicológico remontam ao início da década de 1990, e envolvem freiras da comunidade eslovena Loyola de Ljubljana, fundada por um religioso de quem Rupnik era amigo e pai espiritual.

Há alguns meses, quando estouraram as denúncias, os jesuítas afirmaram que Rupnik havia sido sancionado com algumas restrições após uma investigação de abuso sexual e psicológico.

Segundo eles, o departamento responsável por processos em matéria de abuso sexual recebeu uma denúncia em 2021 contra o padre "sobre sua maneira de realizar seu ministério".

Na época, a Companhia de Jesus foi incumbida de abrir um investigação preliminar e, "depois de estudar o resultado, o Dicastério considerou que os fatos em questão deveriam ser considerados extemporâneos e, portanto, encerrou o processo no início de outubro de 2022".

Posteriormente, soube-se que outra investigação havia sido aberta contra Rupnik, conhecido sobretudo pela sua faceta de artista, por ter supostamente ter "absolvido uma mulher com quem teve relações sexuais durante a confissão".

Com os novos desdobramentos, a Companhia de Jesus decidiu pela expulsão de Rupnik.

Em nota, o Centro Aletti, ateliê fundado por Rupnik, afirmou que o próprio padre já havia pedido para deixar a Companhia de Jesus em janeiro deste ano, uma vez que "a confiança em seus superiores se deteriorou".

O comunicado diz ainda que o padre é alvo de "acusações difamatórias e não comprovadas". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O cuidador de idosos busca animar o grupo. Eles estão no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, em Brasília, uma instituição de longa permanência de idosos na capital federal, conveniada ao sistema público de proteção de pessoas acima dos 60 anos de idade em situação de vulnerabilidade. Lá, em outros lares de acolhimento e nas ruas brasileiras, há histórias de diferentes tipos de violências invisibilizadas. Nesta quinta-feira (15), é Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa. 

O som é o pagode, que anima Maria*, de 75 anos. “Eu gosto de dançar, de ouvir. Só não sei cantar”. Ela, que nasceu em uma cidade do interior nordestino, foi empregada doméstica até se aposentar e morava em região periférica da capital federal. “Eu fiquei viúva muito jovem. Eu trabalhava em casa de família”. 

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Antes de ser acolhida no Lar dos Velhinhos, vivia sozinha e contava com apoio de amigos. “Um dia, uma pessoa ficou preocupada comigo porque achou que eu não estava vivendo bem, porque não fazia as três refeições. Foi assim que esse amigo me inscreveu no Lar e me acolheram há três anos nesse lugar maravilhoso”.

O sorriso de Maria diminui quando cita que o único filho não a visita.

“Ele ganha pouco também. Ficou com minhas coisas. Mas meu filho não quer nem saber de mim”.  

O psicólogo do Lar dos Velhinhos Leonardo Tavares afirma que os idosos chegam às casas em diferentes situações de vulnerabilidade e que é preciso uma atenção individualizada a cada demanda. “Cada pessoa que chega aqui é como um universo. São muitas histórias e nosso papel é garantir a individualidade de cada idoso”. O Lar tem hoje 92 idosos acolhidos. “Diante da necessidade e do crescimento populacional, há no Distrito Federal cinco espaços, o que ainda é pouco”, considera. O Lar faz permanente campanha para doações tanto financeiras, de roupas, móveis e agasalhos.

Abandono e negligência

Histórias de abandono e negligência fazem parte do caminho de violência a que estão submetidos os idosos. Segundo dados coletados pela Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, nos primeiros cinco meses de 2023, pelo caminho de denúncias do Disque 100 (incluindo telefone, e-mail e redes sociais), o Brasil contabilizou 37.441 casos de negligência, 19.987 de abandono, 129.501 de violência física, 120.351 de violência psicológica e 15.211 de violência financeira. Houve um aumento em todos eles se comparados aos números do mesmo período do ano passado.

O secretário nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, avalia que os números vinham sendo subnotificados e que a maior quantidade de denúncias pode significar maior confiabilidade nas instituições de que vai haver alguma providência. “Um dos nossos focos neste mês alusivo ao enfrentamento da violência contra o idoso (Junho Violeta) é a maior divulgação do Disque 100”. Ele reconhece que alguns grupos, por diferentes vulnerabilidades sociais, podem estar mais expostos à violência.

Ele diz que os dados têm mostrado que a idade na qual ocorre a violência está começando desde os 60 anos de idade. “A gente entende que vários cenários podem ser causadores dessa violência, não só o âmbito familiar, mas também das instituições. A nossa prioridade é tirar essa pessoa idosa da cena da violência”.

Pandemia e violência dentro de casa

O secretário contextualiza que o período da pandemia expôs dificuldades extremas para os idosos. “Nós temos, infelizmente ainda, a constatação de que boa parte dessa violência ocorre dentro de casa”.

O médico-gerontólogo Alexandre Kalache, um dos principais pesquisadores brasileiros sobre o assunto, avalia que a pandemia expôs diferentes violências contra os idosos. 

“A pandemia nos prestou, de uma forma perversa, o flagrante que o país precisa dar saltos gigantescos para que a gente combata o idadismo, o preconceito contra o idoso. No Brasil, o velho é sempre o outro”.

O pesquisador é presidente do Centro Internacional da Longevidade (International Longevity Centre, ILC Brazil) e co-diretor do Age Friendly Institute, baseado em Boston (Estados Unidos). “A avaliação que eu faço sobre as políticas para o enfrentamento da violência, da negligência e abandono é que nós temos hoje uma oportunidade histórica para retomar aquilo que vinha sendo feito e que infelizmente sofreu um lapso”. Para ele, nos últimos anos, não houve reais políticas públicas de proteção a esse grupo da sociedade. 

Ele leva em conta que o Brasil será um dos três países que mais rapidamente irá envelhecer até o ano de 2050. China e Tailândia estão entre as nações que precisam também se organizar para proporcionar dignidade a uma faixa etária que não para de crescer. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que pessoas com 60 anos ou mais chegaram a 31,23 milhões de pessoas. 

“Realmente nós perdemos muito tempo. Como você pode justificar que um país que tem 3% da população mundial seja responsável por 11% das mortes pela covid-19. Houve muito desleixo porque as principais vítimas da pandemia eram pessoas idosas”, afirmou Kalache.

Além disso, as vítimas principais estavam entre as populações mais carentes. “Ribeirinhas, favelados, população negra e indígenas, quilombolas… A vulnerabilidade no Brasil é da desigualdade social. Você se torna um idoso entre aspas, não por ter cumprido um determinado número de anos, mas por você ter comorbidades”.

O secretário Alexandre da Silva entende que as soluções passam por ações educativas.

“É necessário entender que muitas vezes essa violência começa pequenininha, com um apelido, com o uso indevido do dinheiro da pessoa idosa. Mas envolve também ações físicas, psicológicas, sexuais, e o aumento das violências patrimoniais”.

Ele diz que o governo vai apresentar uma série de ações para minimizar as violências, e fortalecer as parcerias com estados e municípios.  

“O importante é que o idoso nunca se cale. Ele nunca deve consentir com nenhum tipo de violência”. Para isso, segundo orienta o secretário, é possível a todos os cidadãos encontrarem algum órgão com um serviço de saúde ou um espaço socioassistencial, como os Cras e Creas, que são os centros de referência de assistência social.

O pesquisador Alexandre Kalache lembra que quando era diretor na Organização Mundial da Saúde do Departamento de Envelhecimento, houve um estudo em 12 países, incluindo o Brasil, e que a tônica principal era a observação da violência institucional nessas nações. “Eu me lembro de uma senhora na Jamaica que disse não ter coragem de fazer perguntas para uma enfermeira. No Canadá, outra idosa citou momento de um constrangimento. Um outro senhor, nesse mesmo estudo, me disse que um grito dói mais do que um tapa na cara”. 

Constrangimento que outro idoso, Gabriel Ximenes, de 82 anos, que vive de um salário  mínimo de aposentadoria e de vigiar carros em Brasília, sentiu quando foi  pedir um empréstimo em um banco. Entre as dívidas, precisa tentar pagar a conta d´água da casinha de dois cômodos que mora em Águas Lindas de Goiás (GO), a 40 quilômetros de onde vigia carros. “Me falaram que eu não conseguiria por causa da idade”. Foi embora e, por isso, precisa trabalhar de domingo a domingo. A esposa e o filho esperam diariamente pelas moedas que recolhe.

Para o secretário Alexandre da Silva, não cabe somente ao idoso chamar atenção pelos constrangimentos, preconceitos ou outras violências por quais passa. “Esse apoio é um dever não só da vítima, mas de toda a sociedade”, afirma Alexandre da Silva

No Lar dos Velhinhos, Maria* lamenta a falta de visitas, mas descobriu novos amigos. “Eu não paro de falar. Por mim, dançaria todos os dias. Claro que tenho saudades. Mas o nosso momento é também aproveitar a vida, né?”.    

* O nome da entrevistada e algumas informações do Lar dos Velhinhos não foram mencionados para garantir a privacidade da idosa.

A Amazon concordou nesta quarta-feira (31) pagar US$ 30,8 milhões (R$ 157 milhões) para encerrar as denúncias sobre privacidade contra Ring e Alexa apresentadas por reguladores americanos, incluindo acusações de que os funcionário da empresa espionaram usuários, de acordo com documentos da corte.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) acusou a empresa de câmeras de segurança residencial Ring, de propriedade da Amazon, por não implementar proteções básicas para impedir hackers ou acesso aos dispositivos dos usuários ou suas contas por parte dos funcionários.

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De acordo com a denúncia, as falhas de segurança da Ring resultaram em violações de privacidade "notórias", como a "vigilância" de usuários por câmeras de segurança em seus quartos ou banheiros.

"O desrespeito da Ring pela privacidade e segurança expôs os consumidores a espionagem e assédio", disse Samuel Levine, diretor do escritório de proteção ao consumidor da comissão, em um comunicado.

Sob uma ordem proposta, que requer a aprovação de um juiz, a Ring terá que excluir todos os dados visualizados ilegalmente e aumentar a segurança.

Os hackers exploraram as vulnerabilidades não apenas para acessar transmissões de vídeo, mas também para controlar as câmeras para fazer trotes contra menores, avanços sexuais e ameaçar famílias em troca de recompensas, de acordo com a FTC.

A Ring pagará US$ 5,8 milhões (R$ 29,5 milhões) como parte do acordo, afirma o documento do tribunal. "A Ring abordou rapidamente essas questões por conta própria há vários anos, muito antes de a FTC lançar sua investigação", disse a empresa à AFP, acrescentando que discordava das alegações.

A Amazon pagará US$ 25 milhões (R$ 127 milhões) adicionais como parte de um acordo separado para encerrar as alegações de que as gravações de voz de menores gravadas pela assistente virtual Alexa foram mantidas quando deveriam ter sido apagadas, de acordo com o regulador.

A lei americana "não permite que as empresas mantenham os dados das crianças indefinidamente por qualquer motivo e certamente não permitem que seus algoritmos sejam treinados", disse Levine.

A Amazon identificará e excluirá todas as informações pessoais salvas de perfis de menores que não estejam mais ativos, de acordo com o pedido proposto.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já tornou réus 1.176 acusados de envolvimento com os atos golpistas de 8 de janeiro. A marca foi atingida nessa segunda-feira (29) com o fim do julgamento do sexto grupo de denunciados.

Com a aceitação das denúncias, os réus passarão a responder a uma ação penal e, ao final do processo, serão condenados ou absolvidos das acusações.

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Desde abril, a Corte julga as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Foram denunciadas 1,3 mil pessoas que participaram diretamente da depredação da sede do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso e do Palácio do Planalto ou que foram presas no acampamento que estava montado em frente ao quartel do Exército, em Brasília.

Na próxima quinta-feira (2), a Corte vai iniciar o julgamento do sétimo grupo de acusados. 

Os denunciados respondem por incitação ao crime, associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e dano qualificado.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, lançou nesta segunda-feira (22) um canal de denúncias específico para cobrança de preços abusivos nos postos de combustíveis. Os consumidores poderão registrar reclamações em um formulário online, que já está disponível.

A iniciativa é mais um desdobramento das ações para tentar fazer valer a decisão da Petrobras, que reduziu nesta semana o preço dos combustíveis vendidos às distribuidoras. A redução foi de R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel, que caiu de R$ 3,46 para R$ 3,02, e de R$ 0,40 por litro da gasolina, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78.

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Apesar disso, consumidores de diversas partes do país reclamaram que as reduções nos valores não foram repassados e, em alguns casos, o preço até subiu para em seguida voltar ao patamar anterior, como forma de fraudar uma redução.

Para verificar se os postos de abastecimento estão repassando de forma adequada as variações de preço ao consumidor final e se estão cumprindo as normas e regulamentações vigentes, a Senacon coordenará, na próxima quarta-feira (24), o Mutirão do Preço Justo, em todo o Brasil.

Com apoio dos Procons, será feito o monitoramento da precificação dos combustíveis nas cidades brasileiras, com envio para a Senacon do maior e do menor valor encontrado nos estabelecimentos. O relatório com os dados será apresentado ao público no dia 30 de maio.

Curso

Em outra iniciativa, o governo está com inscrições abertas, até o dia 29 de maio, para o curso Conhecendo o Mercado de Combustíveis. A formação pretende apresentar o funcionamento do mercado de combustíveis, possibilitando conhecer as características dos produtos comercializados e como o poder público age para regular essa atividade por meio da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

Segundo o governo, o curso tem carga horária de 20 horas e foi desenvolvido visando, prioritariamente, os consumidores, agentes públicos de órgãos vinculados à proteção da defesa do consumidor e agentes de mercado.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) terminam de analisar às 23h59 desta segunda (15), em plenário virtual, mais 250 denúncias contra envolvidos nos atos antidemocráticos e golpistas de 8 de janeiro. 

Esse é o quarto bloco de denúncias submetidas ao colegiado, somando um total de 800 até esse grupo. Com o julgamento virtual, o STF decidirá se abre ações penais contra os acusados.

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O julgamento começou à 0h da última terça-feira (9). As acusações foram apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito dos Inquéritos 4.921 e 4.922.

Caso as denúncias sejam recebidas, os denunciados vão se tornar réus. A fase seguinte é a coleta de provas, que inclui os depoimentos e alegações das testemunhas de defesa e de acusação. Na sequência, caberá ao STF julgar se condena ou absolve os acusados. Não há prazo específico para esse julgamento

Mais 250 denúncias

Nesta terça (16), o STF inicia o julgamento de mais 250 denúncias contra acusados dos atos antidemocráticos. Esse julgamento também será realizado em sessão virtual. 

O quinto bloco somará 1.050 denúncias que chegaram ao STF. O julgamento ocorrerá até as 23h59 do dia 22 de maio (a segunda-feira seguinte). 

Inquéritos

O inquérito 4.922, que investiga os executores materiais dos atos, inclui as denúncias em relação a crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e dano qualificado.

O inquérito 4.921 investiga os autores intelectuais e pessoas que instigaram os atos. Os acusados podem se tornar réus por incitação ao crime e associação criminosa.

Nos primeiros três meses de 2023, as violações de direitos humanos contra pessoas idosas alcançaram 202,3 mil registros em todo o país, segundo dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, mantida pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) do governo federal.

O número é 97% maior se comparado com o mesmo período de 2022, quando foram registradas 102,8 mil violações. A pasta pondera, no entanto, que os números podem envolver um número menor de pessoas físicas, pois uma denúncia pode ser registrada sobre mais de uma violação.

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A Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa atribui o aumento dos dados ao trabalho de divulgação Disque 100.

O serviço funciona diariamente, 24 horas, por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel, bastando discar 100.

O Disque 100 também pode receber denúncias via WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), também votou nesta quinta-feira, 27, para receber a segunda leva de denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) contra mais 200 bolsonaristas envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro. Ele acompanhou os ministros Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os protestos golpistas e Dias Toffoli. O placar está 3 a 0.

O julgamento está em curso no plenário virtual do Supremo. A votação fica aberta até a próxima terça-feira. Dia 2 de maio. No plenário virtual, os ministros registram os votos no sistema e não há reunião do colegiado.

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O que o Tribunal está decidindo nesta etapa é se aceita ou não as denúncias para tornar os radicais réus. O mérito das acusações será debatido em um segundo momento, quando na prática poderão ser impostas condenações.

Ao votar para abrir as ações penais, Moraes defendeu que os radicais tentaram "destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência, pleiteando a tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos".

As denúncias em julgamento atingem manifestantes que teriam participado diretamente dos atos de vandalismo e outros que teriam incitado os protestos golpistas.

As primeiras 100 denúncias foram aceitas em julgamento encerrado na segunda-feira, dia 24. O placar foi de 8 a 2. Apenas os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divergiram. Eles foram os últimos a votar, a poucas horas do final do julgamento, e defenderam o envio das denúncias para a Justiça Federal.

A PGR denunciou mais de 1,3 mil pessoas. Por causa do volume, o STF decidiu reunir as denúncias em blocos para agilizar os julgamentos. Os casos são pautados em conjunto, mas as acusações são analisadas uma a uma.

O tribunal deve seguir esse ritmo de trabalho até concluir a análise de todas as denúncias. A terceira leva de acusações vai a julgamento entre os dias 3 e 8 de maio no plenário virtual. A instrução dos processos abertos também deve seguir a cargo do STF.

Para marcar o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, celebrado na nesta quinta-feira (27), a Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos e a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) aperfeiçoaram o aplicativo Laudelina, que reúne leis que protegem os direitos das mulheres que atuam no setor. Agora o aplicativo também se tornou um canal para que as trabalhadoras possam denunciar casos de trabalho análogo à escravidão.

O aplicativo Laudelina pode ser acessado pelo celular ou pelo computador e, na nova versão, ocupa menos espaço na memória do aparelho móvel. Com a tecnologia PWA, a versão atualizada do aplicativo permite que as usuárias consigam utilizá-lo no navegador, sem que precisem fazer download ou tenham uma conexão de alta velocidade. A primeira versão lançada venceu o Equals in Tech, prêmio que reconhece projetos de tecnologia que reduzem a desigualdade de gênero.

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Além de reunir a legislação da categoria, o aplicativo permite que as trabalhadoras domésticas integrem uma rede de contatos. Outra funcionalidade é facilitar o acesso a vídeos e notícias que podem ser de seu interesse, no âmbito profissional, conforme ressalta a diretora da Fenatrad Cleide Pereira Pinto.

A representante das trabalhadoras ponta que muitas delas têm medo de denunciar os patrões por explorá-las e desrespeitar seus direitos. Com frequência, diz ela, os empregadores se aproveitam do afeto que parte delas acaba tendo pela família das casas onde trabalham para confundi-las a respeito do que elas podem exigir como profissionais.

"O assédio moral na nossa categoria é dizer você é parte da nossa família", afirma Cleide, que é também presidente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. "Patrão bom é o que cumpre com a obrigação trabalhista."

A coordenadora de Trabalho Doméstico Remunerado da Themis, Jéssica Pinheiro Miranda, lembra o perfil das empregadas domésticas, que é o que as lança em um lugar de vulnerabilidade intensa, que se agravou com a pandemia de covid-19. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o contingente é de 6,2 milhões de pessoas, entre diaristas, babás, jardineiros e cuidadores. Ao todo, 92% (5,7 milhões) são mulheres, das quais 3,9 milhões são negras.

"Elas estão no epicentro da discriminação, tanto de raça quanto de gênero e classe", salienta Jéssica, acrescentando que as vantagens que os patrões conseguem tirar das domésticas se dão em razão dos resquícios de um passado escravagista.

"Nesse ano, a PEC das domésticas está fazendo dez anos. A gente sabe que foi uma luta do movimento de trabalhadoras domésticas pela conquista dessas leis há mais de 80 anos. Elas só foram reconhecidas na lei como categoria profissional em 1972, quando tiveram também direito à carteira assinada", comenta. "E, ainda hoje, existe uma diferença de equiparação entre as trabalhadoras domésticas e as outras categorias. Um exemplo é o seguro-desemprego, que, para as domésticas, é de apenas três meses, enquanto para outros trabalhadores, dependendo do tempo de trabalho, pode se estender até cinco meses."

O nome do aplicativo é uma homenagem a Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Para baixá-lo no celular, basta acessar o aplicativo na PlayStore e na AppleStore. Para desenvolver a mais recente versão da ferramenta, as entidades contaram com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), a Care International e a Cummins.

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) colocar no banco dos réus os cem primeiros denunciados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre a ofensiva antidemocrática, votou, nesta terça-feira (25), para que a Corte máxima receba outras 200 acusações oferecidas pela Procuradoria-Geral da República contra incitadores e executores da depredação das dependências dos Três Poderes.

Assim como no caso dos primeiros golpistas tornados réus, Moraes defendeu a abertura de ação penal contra os outros 200 acusados pela PGR argumentando que as acusações feitas os radicais eram "gravíssimas" e, em análise preliminar, justificavam sua colocação no banco dos réus. O ministro destacou a inconstitucionalidade de condutas que pretendam "destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência, pleiteando a tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos".

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Cem acusados como autores do vandalismo registrado nas sedes do Congresso, Supremo e Planalto são acusados de crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Já aos cem incitadores dos radicais, são imputados os delitos de incitação ao crime e associação criminosa.

As denúncias oferecidas pela PGR são analisadas pelos ministros no Plenário virtual do Supremo, em sessão que tem previsão de terminar no próximo dia 2 de maio. No julgamento que se encerrou nesta segunda-feira, 24, o STF determinou, por maioria de votos, a abertura de ação penal contra 50 executores e 50 incitadores da ofensiva antidemocrática.

No julgamento das primeiras denúncias, os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça apresentaram "ressalvas" e divergências. Primeiro, argumentaram que o Supremo seria incompetente para analisar as acusações feitas contra investigados sem foro por prerrogativa de função.

Considerando que já havia maioria formada para receber as denúncias, eles então defenderam a recepção das denúncias contra os executores dos atos golpistas, presos na Praça dos Poderes no dia 8 de janeiro, mas a rejeição das acusações feitas a detidos no dia seguinte, 9, no acampamento bolsonarista montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

O julgamento da primeira leva de acusações contra os bolsonaristas que participaram dos atos golpistas do dia 8 de janeiro ainda não acabou, mas a votação do próximo bloco de denúncias já tem data marcada no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF). A sessão vai acontecer entre os dias 25 de abril e 2 de maio.

A ministra Rosa Weber, presidente do STF, decidiu emendar os julgamentos. O primeiro acaba no próximo dia 24 e o segundo será aberto logo no dia seguinte. A sessão que vai analisar mais 200 denúncias foi marcada a pedido do ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os protestos extremistas.

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A tendência é que o tribunal siga esse ritmo até terminar de analisar as mais de 1,3 mil denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). As acusações estão sendo analisadas uma a uma, mas os julgamentos são marcados em bloco para acelerar a conclusão.

As votações ocorrem no plenário virtual. Nessa modalidade, os ministros não se juntam para debater os processos. Os votos são registrados na plataforma online sem reunião do colegiado.

O que o STF está decidindo nesta etapa é se aceita ou não as denúncias. O mérito das acusações será debatido apenas em um segundo momento, se o tribunal decidir tornar os manifestantes réus.

O tribunal deve aceitar as denúncias. Os ministros têm defendido publicamente a responsabilização dos envolvidos nos atos golpistas. Os manifestantes deixaram um rastro de destruição no Palácio do Planalto, no Congresso e no próprio Supremo.

O primeiro julgamento já tem seis votos para abrir processo contra os manifestantes. As denúncias analisadas atingem bolsonaristas acusados de incitar os protestos golpistas e de participar diretamente dos atos de vandalismo.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o terceiro membro da Corte a votar para tornar réus 100 acusados de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele e o ministro Dias Toffoli seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes.

A Corte começou a julgar as primeiras 100 denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na madrugada desta terça-feira (18). O julgamento, realizado em plenário virtual, deve ser finalizado na próxima segunda-feira, 24. Até lá, oito ministros ainda devem publicar seus votos.

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Moraes decidiu começar a análise das primeiras denúncias pelas pessoas que continuam presas devido aos atos golpistas. Mais de mil já foram liberados com medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.

Ao todo, a PGR denunciou 1.390 pessoas. As peças analisadas agora pelo Supremo foram apresentadas em dois inquéritos. Um deles, que reúne metade dos acusados, investiga os incitadores dos atos golpistas. O outro apura os executores da depredação, que foram presos em flagrante na sede dos três Poderes no dia 8 de janeiro passado.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou a inconstitucionalidade de condutas e manifestações que pretendam "destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência" e pedindo a "tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos". O ministro defendeu que a Corte máxima receba denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra 100 acusados de envolvimento com os atos golpistas do 8 de janeiro.

"Não existirá um Estado Democrático De Direito sem que haja Poderes de Estado, independentes e harmônicos entre si, bem como previsão de Direitos Fundamentais e instrumentos que possibilitem a fiscalização e a perpetuidade desses requisitos; consequentemente, a conduta por parte da denunciada revela-se gravíssima e, ao menos nesta análise preliminar, corresponde aos preceitos primários estabelecidos no indigitados artigos do nosso Código Penal", anotou.

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Cem dias depois de radicais invadirem e depredarem as dependências das sedes dos três Poderes, o Supremo Tribunal Federal deu início nesta terça-feira (18), a uma primeira análise de denúncias apresentadas contra 100 acusados pelos atos golpistas. O julgamento se dá no Plenário virtual do STF, com previsão de término no dia 24. No dia seguinte, terá início uma nova sessão virtual, para analisar outras denúncias contra acusados pelos atos golpistas.

As denúncias sob avaliação dos ministros do STF a partir desta terça-feira constam dos inquéritos que miram os instigadores e os executores das depredações nas sedes dos Três Poderes e versam sobre crimes de associação criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, ameaça, perseguição, incitação ao crime, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A avaliação do ministro Alexandre de Moraes é a de que há "justa causa" para abertura de ação penal contra os denunciados. Segundo ele, há "suporte probatório mínimo que evidencie a materialidade do crime e a presença de indícios razoáveis de autoria, não estando presentes as hipóteses de rejeição ou absolvição sumária". Em seu voto, o ministro ainda reforçou a competência do STF para analisar as acusações apresentadas pela PGR e afastou alegações de que as denúncias eram ineptas.

No caso dos 50 denunciados como incitadores da ofensiva antidemocrática, Alexandre de Moraes ponderou que os investigados se associaram "por intermédio de uma estável e permanente estrutura montada em frente ao Quartel General do Exército Brasileiro sediado na capital do País, aos desideratos criminosos dos outros coautores, no intuito de modificar abruptamente o regime vigente e o Estado de Direito, a insuflar " as Forças Armadas à tomada do poder " e a população, à subversão da ordem política e social, gerando, ainda, animosidades entre as Forças Armadas e as instituições republicanas".

Já os acusados no bojo do inquérito sobre os executores das depredações registradas no dia 8 incluem presos dentro do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional. A PGR narrou que as invasões às sedes dos Poderes, "foi organizada em linhas de ataque, com funções específicas".

A Procuradoria-Geral da República já denunciou 1.390 investigados - 239 apontados como executores, 1.150 como incitadores e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos Três Poderes. Agora, os procuradores se dedicam à identificação dos financiadores da ofensiva e à apuração sobre a omissão de agentes públicos no dia dos ataques.

Ao todo, 2.151 pessoas foram presas em razão dos atos de 8 de janeiro - ou durante a ofensiva antidemocrática ou no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília. Hoje, seguem detidos 208 homens e 86 mulheres, entre eles investigados que foram capturados pela Operação Lesa Pátria - investigação da Polícia Federal sobre os radicais.

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