Tópicos | Augusto dos Anjos

A cantora e compositora pernambucana Marília Parente foi buscar no poeta Augusto dos Anjos e no cineasta Zé do Caixão a inspiração para o primeiro videoclipe de sua carreira solo. O resultado foi uma produção em clima de terror cômico, feita no melhor estilo ‘faça você mesmo’, que ilustra os versos da canção Estou Desocupado com Outras Coisas Desimportantes.  A estreia do clipe acontece na próxima terça (17), no YouTube da artista. 

Com um protagonista nada convencional, um esqueleto de plástico batizado de Richard, Marília escolheu locações a céu aberto pela cidade do Recife, como o rio Capibaribe e o Parque Santana, na Zona Norte da capital, para gravar as cenas.  Além de ocupar esses espaços, a artista procurou dar à produção uma estética de terror fazendo alusão ao atual momento do país, porém, sem perder o humor, elemento que costuma funcionar como elixir das dores internas e externas.

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O roteiro e captação de imagens do clipe foram feitos pela própria Marília em parceria com a  fotógrafa Juliana Verçosa.  Já a montagem é assinada pelo cineasta Jean Santos. Tudo feito no melhor estilo ‘faça você mesmo’, lema comum à classe de artistas independentes brasileiros.  Aliás, a pernambucana vem se valendo desse espírito desde o início da carreira - sobretudo durante a pandemia -, e continua produzindo e gravando novidades, por conta própria, em casa.

A música  Estou Desocupado com Outras Coisas Desimportantes faz parte do primeiro álbum de Marília Parente,  Meu Céu, Meu Ar, Meu Chão e seus Cacos de Vidro, lançado em 2019 e disponível nas principais plataformas digitais.  A faixa, que mistura a sonoridade folk com música indiana, é a primeira do disco a ganhar imagens. O clipe estará disponível no YouTube da artista na próxima terça (17). 

Em pé com as mãos para trás, Márcia Cordeiro observava o poema Deus-Verme, de Augusto dos Anjos, no painel à sua frente. Vestida com o uniforme amarelo de trabalho, a funcionária da limpeza de 43 anos que trabalha na Casa das Rosas aproveitava a pausa no expediente para apreciar os versos mórbidos do poeta paraibano. "Eu vejo a vida assim também. O que morre é a carne. O espírito ainda continua, como ele fala. A alma vai para algum plano por aí."

A fachada do sombrio e, ao mesmo tempo, elegante casarão localizado na Avenida Paulista exibia um cartaz com o termo Esdrúxulo!, que não poderia ser mais apropriado para chamar atenção para a mostra em homenagem ao escritor, morto há 100 anos. "Ele possuía uma visão panteísta e filosófica da vida, de que o ser humano faz parte de um contexto maior, em constante evolução, sendo a morte parte da transformação do universo", diz o curador da mostra, Júlio Mendonça.

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Augusto dos Anjos viveu e produziu pouco. Desde o nascimento, em 1884, até a morte por pneumonia, em 1914, publicou apenas um livro, Eu. Formado em Direito, foi influenciado principalmente pelo pai, ávido leitor de filosofia europeia. O interesse por outros campos do conhecimento, como a biologia, incrementaria seu repertório. Aliando morte, poesia e ciência, ele formaria ali a identidade de sua escrita.

À máxima latina memento mori (lembre-se de que és mortal), que carrega seus versos de pessimismo e morbidez, não escapa nem a trágica morte prematura de seu primeiro filho, retratada em "Porção de minha plásmica substância / Em que lugar irás passar a infância/ Tragicamente anônimo, a feder?"

Arriscando o português, o australiano Barnaby Smeaton entrava em contato com a obra do poeta pela primeira vez. "Não sou religioso, então a literatura secular é um espaço para pensar sobre a morte. Estamos preocupados com a vida cotidiana. Não paramos para pensar muito sobre o fim."

Smeaton, aliás, representa uma parcela da popularidade que o poeta ganhou, como explica Júlio Mendonça. "Ao longo das décadas, o livro de Augusto dos Anjos tornou-se um dos mais populares da literatura brasileira. Tem atraído desde leitores iniciados até outros com pouco repertório. Ele interesse ainda a jovens urbanos que pensam na morte, na morbidez, na visão pessimista do mundo, temas recorrentes na cultura contemporânea. Esperamos esse público por aqui." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

JOÃO PESSOA (PB) - O poeta paraibano Augusto dos Anjos será congratulado com uma estátua de corpo inteiro. A homenagem será custeada pela Companhia de Eletricidade da Paraíba, a Energisa, segundo informou o presidente do Conselho Administrativo da empresa, Ivan Botelho.

Foram doados R$ 75 mil para a Academia Paraibana de Letras (APL), onde a estátua será construída. A expectativa, de acordo com a APL, é que o monumento fique pronto até o próximo mês de junho.

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Esta será a primeira vez que o poeta será homenageado desta forma no estado e o anúncio coincide com mês de 130 anos de seu nascimento. Augusto dos Anjos nasceu no dia 20 de abril de 1984, em Cruz do Espírito Santo, cidade localizada na Região Metropolitana de João Pessoa, e morreu em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de novembro de 1914.

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