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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou na tarde desta quarta-feira, 22, em Paris, que a polêmica envolvendo o pagamento de diárias pela instituição durante seu período de férias é "uma grande bobagem". O ministro está na capital francesa para participar de uma série de encontros políticos e de uma conferência na sexta-feira, antes de partir para Londres. Para ele, o País "tem coisas mais importantes a tratar" do que debater as 11 diárias, no valor total de R$ 14.142,60, que serão pagas pelo STF.

As declarações foram feitas à imprensa brasileira na saída de um compromisso na Sorbonne, a universidade mais importante da França. Antes de se dirigir ao encontro com a ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, Joaquim Barbosa falou por sete minutos com os jornalistas. Questionado sobre o interesse público dos eventos em Paris e Londres, que interromperão seu período de férias, Barbosa minimizou.

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"O interesse público é esse que vocês estão vendo Eu sou o presidente de um dos poderes da República. Qualquer servidor que se desloca em serviço recebe diárias", argumentou. Sobre as críticas no Brasil, o ministro afirmou que não leu nada a respeito, e completou: "Saí de férias. Acho isso uma tremenda bobagem. Temos coisas muito mais importantes a tratar".

A seguir, reiterou: "Eu acho isso uma coisa muito pequena. Veja bem, você viaja para representar o seu país, para falar sobre as instituições do país, e vocês estão discutindo diárias", disse, enaltecendo a importância dos convites que recebeu. "Quando na história do Brasil o presidente do poder judiciário teve as oportunidades que eu tenho de viajar pelo mundo para falar sobre um poder importante da República?".

Segundo informações do STF, Barbosa receberá diárias no período de 20 a 30 de janeiro. Mas sua agenda oficial só começou nesta quarta, em Paris, e deve se esgotar em 29 de janeiro, com uma palestra no King's College, de Londres.

Sem citar nomes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou nesta quarta-feira, 22, os ministros Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que o sucederam no comando interino da instituição, por não terem assinado o mandado de prisão do deputado e ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no processo do mensalão. Barbosa realizou seu último expediente em 6 de janeiro, segunda-feira, quando negou os recursos da defesa do parlamentar. Depois disso, nada mais foi feito, e o deputado segue em liberdade.

Barbosa está oficialmente em férias desde 7 de janeiro, terça-feira, quando a ministra Cármen Lúcia assumiu o cargo como interina. Desde segunda-feira, 20, o ministro Ricardo Lewandowski a substituiu na função, mas nenhum dos dois assinou o mandado de prisão. Para a defesa de João Paulo Cunha e para integrantes do STF, o regimento interno da instituição obriga que o relator do processo, no caso Joaquim Barbosa, seja o responsável pela assinatura do mandado de prisão do condenado.

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"Se eu estivesse como substituto jamais hesitaria em tomar essa decisão", disparou, comentando a seguir a decisão da ministra Cármen Lúcia, que não assinou o mandado ao substituí-lo. "Não sei qual foi a (sua) motivação. Ela não me telefonou, não falou comigo", disse ele. "A verdade é essa: o presidente do STF responde pelo tribunal no período em que estiver lá, à frente. Responde sobretudo a questões urgentes. Se é urgente ou não é avaliação que cada um faz", afirmou.

Para Barbosa, a decisão de prender o deputado poderia ter sido tomada por qualquer ministro da corte que o substituísse. "Eu assinei, terminei a decisão pouco antes das 6h da tarde (de 6 de janeiro). Meu voo era às saí de casa à 1h da manhã", explicou, detalhando o cronograma de sua partida para o exterior, em 7 de janeiro. "Só depois de divulgada a decisão é que se emite o mandado e se fazem as comunicações à Câmara dos Deputados e ao juiz da Vara de Execuções. Nada disso é feito antes da decisão. Portanto eu não poderia ter feito isso, porque já estava voando para o exterior", argumentou.

O presidente do STF, que interrompeu as férias para participar de encontros políticos e de palestras em Paris e Londres, reclamou ainda do que chamou de "personificação" das decisões relativas ao mensalão. "É bom que os brasileiros saibam o seguinte: a figura do presidente do STF não se confunde com o STF. Aquilo é uma obra coletiva", ressaltou. "Todos os atos que eu venho praticando na ação penal 470 (mensalão) tem sido praticados por delegação do colegiado. Não é ato de Joaquim Barbosa. Qualquer ministro que estiver lá, de plantão, pode praticar o ato."

O magistrado ainda prosseguiu: "O que está havendo é uma tremenda personalização de decisões que são coletivas, mas que querem transformar em decisões de Joaquim Barbosa". Questionado sobre se essa situação o incomodava, respondeu: "Nem um pouco". Mas, a seguir, ressaltou o impacto da falta de uma decisão sobre o mandado de prisão de João Paulo Cunha. "Qual é a consequência concreta disso? A pessoa condenada ganhou quase um mês de liberdade a mais."

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, receberá 11 diárias, no valor total de R$ 14.142,60, durante suas férias, para proferir duas palestras - em Paris (França) e Londres (Inglaterra). Dados do tribunal mostram que Barbosa receberá diárias para viajar no período de 20 a 30 de janeiro.

A primeira palestra que Barbosa fará está marcada para o dia 24 em Paris, segundo a assessoria do Supremo. A segunda ocorre cinco dias depois, em Londres. Até esta terça-feira (14), os eventos não constavam da agenda oficial do presidente do Supremo. Não há, também, informações sobre onde ele está hoje sobre sua agenda para os demais dias.

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O cronograma do evento francês, publicado no site da Agence Nationale de la Recherche - uma agência do governo francês dedicada à pesquisa científica -, indica que Barbosa fará uma palestra de 30 minutos sobre a influência da publicidade das sessões do Supremo, transmitidas ao vivo pela TV Justiça, na racionalidade das decisões do tribunal.

Na segunda palestra, marcada para o dia 29 na Inglaterra, o presidente do Supremo falará sobre o funcionamento da Corte, em colóquio organizado pelo King’s College de Londres.

Oficialmente, Barbosa está em férias. Voltará ao Supremo apenas no início de fevereiro, para a abertura do ano do Judiciário. No final do ano passado, após a última sessão plenária do tribunal, o ministro disse em entrevista que tiraria 20 dias neste mês - do dia 10 ao dia 30.

Na ocasião, em entrevista gravada, ele disse que descansaria até o fim de janeiro. Perguntado sobre seu destino durante as férias, respondeu: "Você está querendo saber demais".

Entretanto, ele antecipou a saída e deixou pendente o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado por envolvimento no esquema do mensalão. De acordo com informações do tribunal, não houve tempo hábil para que ele assinasse o mandado antes de viajar.

João Paulo permanece em liberdade, à espera de uma decisão da Corte. Internamente, a decisão de seu presidente de viajar antes de anunciar uma decisão para o caso do petista provocou críticas entre colegas de tribunal.

Interinos

Com a saída do ministro para as férias, assumiu interinamente o comando do STF a ministra Cármen Lúcia. No início da próxima semana, ela deixa o posto e em seu lugar assume temporariamente o ministro Ricardo Lewandowski. Tanto Carmen como Lewandowski deverão deixar a tarefa de assinar o mandado do deputado do PT para Barbosa.

A defesa de João Paulo entende que nenhum dos dois ministros teria poder para determinar a prisão imediata do parlamentar. Tal decisão caberia somente a Barbosa, que é o relator do processo. De fora do País, conforme integrantes do tribunal, Barbosa não poderia assinar a ordem de prisão.

Além dessa pendência, o presidente da Corte tem de decidir também se ordena a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), igualmente condenado por envolvimento no esquema do mensalão, mas que permanece em sua casa em Levi Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro, aguardando a decisão do relator sobre seu caso.

Barbosa programou sua volta ao tribunal para a abertura do ano judiciário, no dia 3 de fevereiro. No rol de processos pendentes estão, entre outros, os recursos de parte dos condenados no processo do mensalão, o julgamento dos planos econômicos e o pagamento de expurgos decorrentes da correção das cadernetas de poupança - além da questão da constitucionalidade do financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa disse, nesta quarta-feira (9), em evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, que há programas do governo federal que precisam de ajustes, como o abono salarial e o seguro-desemprego. De acordo com Barbosa, o abono salarial tem crescido bastante e algumas regras podem ser ajustadas até para ter espaço para aumentar o salário mínimo.

"Hoje, o abono é pago, integralmente, independente se a pessoa trabalhou um mês ou 12 meses. Se torná-lo proporcional, já vai gerar uma economia substancial", disse, sem falar em números. Outra questão a ser resolvida, de acordo com Barbosa, é se o abono deve ser pago a quem ganha dois mínimos, como é hoje, ou para um salário e meio. "Esse programa foi criado pela Constituição de 1988, quando não tínhamos Bolsa Família nem todos os programas de transferência de renda que temos hoje", afirmou.

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Quanto ao seguro-desemprego, Barbosa disse que boa parte do crescimento tem a ver com o maior grau de formalização do trabalho e aumento do salário mínimo. "Um indexa as despesas e outro, o público-alvo", disse. Porém, disse, antes de reformar, é preciso entender melhor o processo. É preciso, de acordo com ele, fazer um levantamento para ver o tamanho do desembolso por região, idade e tipo de trabalhador. "O Ministério do Trabalho está trabalhando para fazer isso e aí teremos uma ideia se há alguma distorção e onde" afirmou. Ele disse não ter informações para dizer se a questão do seguro-desemprego hoje é de desvio ou maior formalização.

Investimento - Os investimentos devem crescer neste ano em linha com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), entre 2% e 2,5%, previu Barbosa. De acordo com ele, o crescimento em 2014 será menor que no ano passado por uma questão estatística. "No ano passado teve um impulso grande no investimento por caminhões e ônibus, que cresceram 40%. Então, dos 6% de crescimento do investimento, de 3,5 a 4 pontos porcentuais foram de caminhões e ônibus", disse Barbosa, retirando que essa será a razão de o PIB e dos investimentos crescerem menos.

"Mas ainda assim o investimento e o crescimento continuarão a crescer", disse. Ainda de acordo com o ex-secretário, o setor externo vai contribuir positivamente para o PIB de 2014. Com a Europa melhorando e os EUA crescendo, previu Barbosa, as exportações deverão superar o vazamento gerado pelas importações. "Outro ponto favorável será o câmbio", afirmou Barbosa. De acordo com ele, grande parte do ajuste cambial já foi feito. "Pode até ter algo de depreciação adicional nesse ano, mas nada que comprometa a solvência e a estabilidade financeira do Brasil", acrescentou.

O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, pesquisador e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), disse nesta quinta-feira, 9, que, apesar das críticas de muitos analistas, não existe "contabilidade criativa" nos resultados fiscais do governo federal. Barbosa fez essa afirmação ao responder ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, num intervalo do Seminário The Fifth Latin American Advanced Programme on Rethinking Macro And Development Economics, realizado em São Paulo.

"Não acho que temos contabilidade criativa", afirmou. "Tudo o que o governo faz está dentro da lógica da política fiscal e é adequado à metodologia do FMI (Fundo Monetário Internacional), que é a metodologia que todos os países seguem." De acordo com ele, as críticas não se devem tanto ao que o governo faz, mas à falta de melhores esclarecimentos sobre as medidas. "Se tiver mais explicações, a maior parte das preocupações do mercado será dissipada", disse. "O problema é que, normalmente, as explicações vêm depois da tomada de decisões. Acho que é isso que as pessoas mais têm criticado."

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Segundo Barbosa, todos os países adotam operações patrimoniais que não são usuais mas que são feitas em momentos de necessidade. O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda citou como exemplo operações feitas pelo Tesouro dos Estados Unidos na época da crise envolvendo o teto da dívida do país.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, antecipou as férias, inicialmente previstas para começar na sexta-feira (10), e só deve voltar ao trabalho em fevereiro, quando termina o recesso do Judiciário. Com isso, fica indefinida a situação da prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no processo do mensalão. O plantonista no STF passa a ser a ministra Cármen Lúcia.

Barbosa negou recursos de Cunha nesta segunda-feira (6), autorizando a detenção, mas, até o momento, não houve a expedição do mandado. A assessoria do Supremo Tribunal não sabe dizer qual a situação do mandado. Já a defesa de João Paulo diz que ele, ex-presidente da Câmara, aguarda o mandado de prisão para se entregar à Polícia Federal (PF), em Brasília.

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, "não tem traquejo" para ocupar a Presidência da República na hipótese de o ministro decidir se candidatar ao Planalto. Para FHC, Barbosa não possui as características necessárias para liderar o País e sugeriu que seria "mais positivo" se ele eventualmente se candidatasse ao Senado ou à Vice-Presidência.

Barbosa já negou que tenha intenção de se lançar candidato à Presidência em 2014, mas não descarta disputar uma eleição futuramente. Ele admite se aposentar antes do limite legal de 70 anos e seu nome costuma ser incluído em cenários de pesquisas de intenção de voto. O ministro ganhou projeção ao relatar o processo do mensalão. Por ser magistrado, conforme a legislação eleitoral, Barbosa possui um prazo diferente para se filiar a um partido político e disputar um cargo eletivo - ele pode fazer isso até seis meses antes do pleito, ou seja, até abril do ano que vem.

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"Ele não tem o traquejo, treinamento para isso (ser presidente). Uma coisa é fazer carreira de juiz. Outra coisa é ter capacidade de liderar um País. Eu não creio que ele tenha as características necessárias para conduzir o Brasil de maneira a não provocar grandes crises no País", afirmou Fernando Henrique em entrevista ao programa Manhattan Connection, da Globonews, na noite do domingo, 29.

"Tenho admiração por ele. Acho que seria mais positiva uma candidatura não diretamente para a Presidência. Ao Senado, ou talvez até à Vice-Presidência", disse.

Para FHC, o nome do ministro Joaquim Barbosa ganhou força no cenário político graças à descrença da sociedade nas instituições, sentimento que veio a reboque das manifestações de junho. "As pessoas descreem tanto nas instituições que buscam heróis salvadores. Ele teria de ter um partido para começar, acho que ele é uma pessoa que tem sentido comum e duvido que vá fazer uma aventura desse tipo", disse o ex-presidente, para quem a busca por um "salvador" é um movimento "perigoso".

"O sentimento de que nós precisamos ainda de um salvador é a mostra de que nossa democracia não está ainda consolidada. É perigoso."

A assessoria de Barbosa informou que o ministro não iria comentar as declarações de Fernando Henrique.

Mensagem

Na segunda-feira, 30, o ex-presidente publicou no Facebook mensagem em que elogia o Supremo pela prisão dos condenados no mensalão. Segundo ele, a punição dos réus e os protestos de junho foram "sinais alentadores" de um ano que não "foi dos melhores". "O STF mostrou que mesmo os poderosos têm de obedecer às leis, pagando os desvios de comportamento com o preço da liberdade."

FHC, porém, inicia a nota criticando a gestão Dilma Rousseff. Diz que "nuvens pesadas rondam a economia" e que a inflação é "perigosa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A prisão de parlamentares por condenação do Supremo Tribunal Federal (STF) era um tabu no início do ano e tornou-se algo comum, conforme avaliação do ministro Joaquim Barbosa. No total, quatro deputados estão presos em Brasília. E mais um pode ser detido nos próximos dias.

Barbosa disse que a condenação e prisão desses parlamentares marca uma virada na tradição brasileira de dar tratamento diferenciado a réus, dependendo do cargo ou função que exercem.

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"Eu acho que em democracia, não diria que é um fato banal, mas desde que demonstrada a violação de normas penais não há por que se criar exceções para a, b ou c em função dos cargos que exercem", disse nesta quinta-feira, 19. "Essa é a novidade deste ano: o rompimento com uma tradição longa", acrescentou. Ele disse, porém, não acreditar que as prisões reduzam os crimes de corrupção. "Não tenho ilusão quanto a isso", disse.

Depois da última sessão do STF no ano, Joaquim Barbosa afirmou, em tom irônico, que "são tantos" os deputados presos que o fato, que era inédito, agora já se tornou banal. Entretanto, o ministro afirmou não considerar que as condenações e prisões sirvam de inflexão para o envolvimento de parlamentares em atos de corrupção e outros crimes. "Não tenho ilusão quanto a isso", disse.

Prisões

Condenado em 2010, o deputado Natan Donadon foi preso em junho deste ano. O fato era inédito. O último parlamentar condenado e preso foi Chico Pinto, ainda durante a ditadura militar.

Nos meses seguintes, condenados por envolvimento no esquema do mensalão, operado durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva, foram presos José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Na lista de presos, ainda há ex-parlamentares presos, como José Dirceu, Bispo Rodrigues e Romeu Queiroz.

Nas próximas semanas, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), também condenado no processo do mensalão, pode ter a prisão decretada. O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) também aguarda decisão do STF para saber se poderá cumprir a pena em regime domiciliar.

Mensalão mineiro

As prisões que marcaram o ano, conforme avaliação de Barbosa, ainda são poucas se comparadas às dezenas de processos que esperam julgamento do Supremo. No próximo ano, duas delas devem ir a julgamento: as ações penais contra o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG).

Azeredo e Andrade são acusados de participação no mensalão mineiro, esquema que o MP afirma ter sido operado para financiar a campanha para o governo de Minas Gerais em 1998.

Ao responderem na semana passada à enquete da reportagem, que perguntou aos 32 partidos do Brasil se eles filiariam o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, para lançá-lo candidato a algum cargo eletivo no ano que vem, os nanicos responderam com empolgação. A maioria dos dirigentes afirma que ter Barbosa como correligionário seria um "sonho" ou "uma grande aquisição".

Dizem estar de portas abertas: PMN, PRP e PT do B, que juntos têm cinco deputados federais ; e PTC, PRTB, PHS e PEN, sem representação na Câmara. O PEN, que tentou filiar a ex-ministra Marina Silva, espera diz esperar ter mais sorte com Barbosa. "Nosso primeiro sonho foi a Marina. Mas ela, em vez de procurar o novo, voltou-se para o velho ao se filiar ao PSB. Estamos no nosso segundo sonho, que é ter nas nossas fileiras, e disputando a Presidência da República, o ministro Joaquim Barbosa", afirma o presidente da sigla, Adilson Barroso.

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O presidente do PRTB, Levy Fidelix, o homem o aerotrem, afirma que também quer Barbosa na sua legenda. Mas, como é pré-candidato a presidente, diz que o presidente do Supremo seria um ótimo vice em sua chapa. "Seria um reforço tremendo. Nossa chapa ficaria muito forte e tenho certeza de que venço a disputa", afirma. Fidelix diz que, se Barbosa "batesse o pé", até cederia a vaga de candidato principal. "Não é por isso que vamos brigar".

‘O que quiser’

Divinomar do Nascimento, tesoureiro do PTC, diz que Barbosa seria "uma grande aquisição". Antonio Neto, secretário nacional do PRP, disse que o ministro do Supremo poderia ser o que quisesse na sigla. "Ofereceremos legenda a ele com absoluta certeza para o que ele quiser ser: presidente, vice-governador ou senador". Telma Ribeiro, presidente do PMN, declarou: "Claro que daríamos legenda para ele". O deputado Luiz Tibé (MG), afirmou: "O PT do B está aberto a Joaquim Barbosa".

As "declarações de amor" dos partidos nanicos ao presidente do presidente do Supremo não são correspondidas pelo magistrado. Em maio, durante uma palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), Barbosa afirmou que existem no País "partidos de mentirinha". Não foi uma referência aos partidos pequenos, mas a todo o quadro brasileiro.

"Temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos. E tampouco seus partidos e os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder."

A fama de justiceiro que Joaquim Barbosa adquiriu com o julgamento do mensalão empolga pouco os partidos políticos. Dezesseis das 32 legendas do Brasil dizem que não filiariam o presidente do Supremo Tribunal Federal para a disputa do Planalto em 2014.

Oito siglas afirmam que precisariam discutir bastante o assunto antes da decisão e apenas sete, todas elas nanicas, dizem que abririam as portas para ele, segundo enquete feita pelo jornal o Estado de S. Paulo. Fustigado pelo escândalo julgado por Barbosa e crítico feroz do magistrado, o PT foi o único partido que não quis responder ao levantamento.

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Por ser magistrado, o prazo de Barbosa para entrar em uma legenda não foi encerrado em 5 de outubro. Ele poderá se filiar a um partido político até seis meses antes da eleição, no dia 5 de abril do ano que vem.

Em outubro, durante um evento no Rio, Barbosa afirmou que não pensa em se candidatar agora, mas deixou as portas abertas: disse que não descarta antecipar sua aposentadoria - aos 59 anos, ele teria de deixar o tribunal compulsoriamente apenas aos 70 - para uma eventual disputa "no futuro". "Terei tempo para pensar nisso", disse na ocasião.

O nome de Barbosa havia deixado de figurar nos cenários da disputa presidencial aferidos pela maior parte dos institutos de pesquisa. Anteontem, o Datafolha divulgou levantamento que testa de novo o desempenho do presidente do Supremo.

No cenário proposto, Barbosa aparece numericamente em 2º lugar, com 15% das intenções de voto. Fica atrás da presidente Dilma Rousseff, que tem 44%, e tecnicamente empatado com o senador Aécio Neves (PSDB), que tem 14%. Ainda nesse cenário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tem 9% da preferência dos entrevistados.

Segundo a assessoria de imprensa do presidente do Supremo, ele não foi procurado oficialmente por nenhum partido até agora. Em recorrentes declarações, Barbosa costuma fazer duras críticas ao atual quadro político brasileiro e já demonstrou ser um defensor de candidaturas avulsas, em que não é necessária filiação, algo proibido no Brasil.

Integrantes da cúpula do PMDB, principal aliado do PT, afirmam que o partido já tem problemas demais para resolver e que a presença de Barbosa poderia ampliá-los. O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), diz que no partido ele seria apenas mais um na sigla. "Primeiro, ele precisa procurar o partido no Rio (seu domicílio eleitoral) e se filiar. Só depois é que pode apresentar a postulação de uma eventual candidatura na convenção. O PMDB tem 2,5 milhões de filiados. Se o ministro se filiar, será mais um", afirma.

O líder do PSD e primeiro secretário do partido, deputado Eduardo Sciarra (PR), diz que seria necessária uma longa discussão em caso de filiação. "Se o ministro quiser entrar no partido, teremos de reunir a Executiva para tomar uma decisão".

No PDT, o presidente do partido, Carlos Lupi, diz que ninguém nunca falou na possibilidade de filiação de Barbosa. "Esse é um ato de vontade pessoal. Como o Joaquim Barbosa não se manifestou, não dá para ficar falando sobre isso", afirma.

Partidos diretamente envolvidos no escândalo do mensalão são mais enfáticos em rejeitá-lo. "No PR não. Deus me livre", diz o presidente da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM).

"No PP, não", diz o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). A sigla também tem condenados no mensalão.

Para Benito Gama (BA), presidente interino do PTB, partido também envolvido, as siglas precisam fugir das filiações "oportunistas" que envolvem gente famosa: "Não queremos isso".

"O PT não faz comentários sobre esse assunto", diz o presidente da sigla, Rui Falcão. O partido é o maior crítico de como Barbosa conduziu o julgamento e a prisão de sua antiga cúpula.

"Não me parece que o Joaquim Barbosa tenha alguma afinidade com os comunistas", afirma a vice-presidente do governista PC do B, deputada Luciana Santos (PE), futura presidente nacional da legenda.

'Não'

Foi a única resposta de Marcos Pereira, presidente do PRB, partido é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Mesmo a oposição ao governo avalia não haver espaços para Barbosa. Presidente do PSDB, Aécio afirma que ele contribui mais para o País no STF. "O ministro cumpre um papel como presidente do STF que honra os brasileiros. Nosso respeito pelo ministro é tão grande que nem sequer aventamos essa hipótese."

O deputado Roberto Freire, presidente do PPS, que já ofereceu legenda para o tucano José Serra e para a ex-ministra Marina Silva disputarem a Presidência, diz que negaria a filiação de Barbosa. "Essa filiação para uma candidatura não nos interessa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, determinou na noite desta terça-feira, 19, a execução das penas alternativas impostas a três condenados por envolvimento com o escândalo do mensalão. O ex-deputado José Borba, o ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri e o ex-sócio de corretora Enivaldo Quadrado deverão prestar serviços comunitários e pagar multas.

Condenados a penas de até 4 anos, eles garantiram o direito de cumprir medidas alternativas. Além dos serviços comunitários e das multas, Borba e Palmieri estão impedidos de exercer cargo, função pública ou mandato eletivo enquanto perdurar a condenação.

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Os detalhes das condenações e do cumprimento das penas estão em cartas de sentença emitidas hoje por Joaquim Barbosa. Essas cartas foram encaminhadas ao juiz responsável pela Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas do Distrito Federal.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, encaminhou ofício ao vice-presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, pedindo que este reconsiderasse a decisão de manter em seu gabinete uma servidora que atua no tribunal desde o ano 2000.

Adriana Leineker Costa é funcionária efetiva do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e está cedida ao STF. Ela é mulher do jornalista Felipe Recondo, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, que cobre poder Judiciário. Lewandowski disse que não vai reconsiderar a decisão de manter a servidora.

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No ofício, o presidente do STF afirma que a manutenção de Adriana seria "antiética" pela relação dela com o jornalista. O ofício não cita o repórter do Estado, tratando-o como "jornalista-setorista de um grande veículo de comunicação". Sustenta que a permanência da funcionária poderia "gerar desequilíbrio" na relação entre jornalistas que cobrem a Corte.

"Reputo antiética sua permanência em cargo de comissão junto a gabinete de um dos ministros da Casa, além de constituir situação apta a gerar desequilíbrio na relação entre jornalistas encarregados de cobrir nossa rotina de trabalho", diz Barbosa. "Estando a servidora lotada no gabinete de Vossa Excelência, agradeceria o obséquio de suas considerações a respeito", complementa.

Felipe Recondo venceu o prêmio Esso de Jornalismo de 2012, na categoria Regional Sudeste, com uma série de reportagens em parceria com Fausto Macedo intitulada "Farra Salarial no Judiciário". Atua no Estado desde 2007, fazendo a cobertura do Judiciário. Trabalhou na cobertura do julgamento do processo do mensalão.

Em março deste ano, Barbosa o chamou de "palhaço" e o mandou "chafurdar no lixo". A agressão ocorreu após o Estado requerer, via Lei de Acesso à Informação, dados sobre despesas com recursos públicos de ministros da Corte com passagens aéreas, reformas de apartamentos funcionais, gastos com saúde, entre outras. Na ocasião, o presidente pediu desculpas pelo episódio e o atribuiu ao cansaço e a fortes dores na coluna após uma sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Formada em Direito pelo Centro Universitário de Brasília, Adriana atua no STF desde 2000, quando foi aprovada em concurso de nível médio. Em 2011 foi aprovada em concurso de nível superior do TJ-DF e cedida para continuar trabalhando no STF. A cessão vence neste ano e um ofício do vice-presidente ao TJ-DF pedindo a renovação motivou a reação de Barbosa. Adriana atuou no gabinete de Carlos Velloso até 2006, quando este se aposentou, passando, então, a trabalhar com Lewandowski.

Em resposta ao Estado, por meio de sua assessoria, Lewandowski afirmou não ter sido registrado ao longo dos anos de atuação da servidora nenhum episódio relativo a sua relação com o jornalista que tenha interferido no trabalho. Disse que vai manter a servidora em seu gabinete e que não vê motivo justificável para o ofício do presidente da Corte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse ontem acreditar "firmemente que, quando o juiz quer, ele aplica a lei" e que "só não aplica a lei quem é comprometido, medroso ou politicamente engajado".

Barbosa, que participou do Exame Fórum 2013, em São Paulo, afirmou ainda que a pressão política interfere nas decisões judiciais, já que juízes em início de carreira precisam "passar o pires" para uma ascensão profissional. "Deixem o juiz em paz; que siga na carreira sem influência política. A influência política é um dos fenômenos mais perniciosos no Judiciário."

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O ministro do STF também falou sobre a complexidade do sistema jurídico no País e disse qual seria, na sua opinião, o primeiro pedido a ser feito ao próximo presidente da República: "Pediria (ao presidente da República) que se sentasse com os presidentes das duas Casas (Câmara e Senado) e do tribunal (Supremo Tribunal Federal) e que buscasse simplicidade, eficiência e eficácia. Mas, sobretudo, simplicidade".

‘Herança’

Em sua avaliação, o sistema jurídico brasileiro é o mais confuso que existe e seria necessário acabar com essa "herança de Portugal" no País. O magistrado criticou também o excesso de processos em tramitação no STF e no Superior Tribunal de Justiça, criado para receber grande parte das demandas do STF, mas que acabou por se tornar mais uma instância recursal do Supremo, "que, por sua vez, está super congestionado".

O presidente do STF reclamou, ainda, da existência de vários tribunais no Brasil e pediu a valorização dos juízes de primeira instância. "Aumentar gastos públicos com novos tribunais é uma ilusão e não é solução para o aumento da produtividade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A corregedora-geral da Justiça Eleitoral, Laurita Vaz, determinou a retirada do ar do site www.joaquimbarbosapresidente.com.br. Laurita concedeu uma liminar a pedido da vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau. Para a vice-procuradora, a página na internet representa uma possível prática de propaganda eleitoral antecipada.

Apesar de negar reiteradas vezes uma candidatura ao Palácio do Planalto no próximo ano, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, aparece bem colocado nas recentes pesquisas de intenções de voto. Além de chefiar o STF, ele é o relator do processo do mensalão.

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Conforme a decisão tomada na sexta-feira, 23, por Laurita Vaz, o site foi criado pela Trato Comunicação e Editora, que tem como sócio majoritário um vereador do PSL do Rio de Janeiro. De acordo com a ação, o endereço foi disponibilizado para acesso em outubro de 2012.

Na noite passada, não era mais possível acessar o site. Mas, segundo o despacho de Laurita Vaz, nele existiam informações como a biografia e fotos de Joaquim Barbosa, além de charges e depoimentos a seu respeito. Também havia um link para impressão de um adesivo com a frase "Joaquim Barbosa Presidente 2014".

Na decisão, Laurita Vaz esclareceu que, pela legislação em vigor no País, a propaganda eleitoral é permitida somente após o dia 5 de julho do ano da eleição. "Infere-se, em princípio, da imagem do sítio eletrônico trazida aos autos propaganda eleitoral em favor da candidatura do ministro Joaquim Barbosa, para Presidência nas eleições de 2014. Impressiona ainda alusão na inicial da representação a que o conteúdo irregular do sítio eletrônico está sendo veiculado desde outubro de 2012", concluiu Laurita Vaz.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou nesta segunda que está "lisonjeado" com o fato de ter obtido 15% das intenções de voto na última pesquisa do instituto Datafolha para a eleição presidencial de 2014. "Estou lisonjeado", disse.

Em entrevista concedida na semana passada, Barbosa defendeu a possibilidade de pessoas não filiadas a partidos se candidatarem. No entanto, ele afirmou que não pretende disputar as eleições, apesar dos resultados favoráveis nas recentes pesquisas de intenção de voto.

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Joaquim Barbosa ganhou notoriedade após relatar o processo do mensalão, que resultou na condenação de 25 acusados de envolvimento no esquema de corrupção durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na última pesquisa Datafolha, ele aparece com 15% das intenções de voto, empatado com o tucano Aécio Neves e atrás de Marina Silva e da presidente Dilma Rousseff.

Pelas regras em vigor no País, uma pessoa somente pode se candidatar a cargo eletivo se for filiada a um partido. Essa filiação deve ocorrer em até um ano antes da eleição. Mas no caso dos juízes há uma regra especial. Eles devem deixar a Magistratura e aderir a uma legenda com antecedência de seis meses à eleição.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou nesta quarta-feira que provavelmente ficará para o segundo semestre deste ano o julgamento dos recursos dos 25 condenados por envolvimento com o esquema do mensalão. "Pode ir para o segundo semestre", disse Barbosa. Segundo ele, a demora deve-se ao volume dos recursos. "Há peças de 150, 200 páginas."

Relator do processo do mensalão, Barbosa comprometeu-se com os colegas de STF a avisar com pelo menos dez dias de antecedência sobre a realização do julgamento dos recursos. O pedido de aviso foi feito pelo decano do tribunal, Celso de Mello. "Farei isso", disse Barbosa. Em seguida, ele completou: "Estou longe de estar preparado (para o julgamento dos recursos)."

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Com os recursos, além de pedir a redução das penas e até a absolvição, as principais personagens do escândalo requerem o afastamento de Barbosa da relatoria do processo. Para eles, o ministro deveria ter deixado o posto de relator do processo porque tomou posse como presidente do Supremo em novembro.

De acordo com parte dos réus, a relatoria deveria ser assumida pelo ministro ou ministra que ainda não foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para a vaga aberta em novembro com a aposentadoria compulsória de Carlos Ayres Britto. Em geral, os condenados reclamam que a decisão publicada oficialmente pelo STF com as condenações tem contradições, omissões e obscuridades. Eles tentam, na prática, um novo julgamento.

O julgamento dos recursos dos 25 condenados não deverá ser rápido. Para concluir a análise do processo, o tribunal levou mais de quatro meses em 2012. O julgamento começou em agosto e o veredicto saiu apenas em meados de dezembro. Entre os condenados no processo do mensalão estão políticos importantes do PT, partido de Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um deles é o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado 10 anos e 10 meses de prisão, que foi considerado o chefe do esquema de compra de votos no Congresso durante o governo Lula.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), minimizou nesta terça-feira, 21, o impacto de novas declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Na segunda-feira o presidente do STF citou, em relação ao Congresso Nacional, a "ineficiência" e que é "inteiramente dominado". Para Calheiros, não é possível distinguir se o ministro falou como chefe de poder ou como professor. "Eu acho que, com certeza, ele não falou ali como chefe de poder", disse Calheiros.

O senador tomou uma postura mais amena comparada à reação do presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que disse considerar a manifestação de Barbosa "desrespeitosa" e que isso "não contribui para a harmonia" entre os poderes. Renan acrescentou que "a declaração não colabora para o fortalecimento das instituições".

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Dessa forma, o presidente do Senado tenta evitar um novo capítulo na crise entre os poderes que, só este ano, já teve dois episódios: a aprovação, pela Câmara, do projeto que cria Tribunais Regionais Federais (TRFs) - Barbosa se manifestou abertamente contrário à proposta - e a interrupção, por uma liminar do Supremo, do projeto que proíbe a criação de novos partidos enquanto ainda estava em votação do Senado.

Após afirmar que parte dos problemas do Congresso ocorrem porque eles são "de mentirinha", e que a população brasileira raramente se identifica com seus representantes, a assessoria de imprensa do STF divulgou nota para dizer que o presidente do poder se manifestou na "condição de acadêmico e professor", sem a intenção "de criticar ou emitir juízo de valor" sobre o Legislativo.

O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que a declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa contra o Legislativo e os partidos políticos não contribui para a harmonia entre os poderes prevista na Constituição. Alves está em missão oficial nos Estados Unidos e manifestou-se por meio de sua assessoria.

"Uma desrespeitosa declaração como essa não contribui para a harmonia constitucional que temos o dever supremo de observar. E, com a responsabilidade e maturidade que tenho, não quero nem devo tensionar o relacionamento entre os poderes", disse Alves.

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O presidente da Câmara fez ainda uma defesa do Congresso e dos partidos políticos. "O Parlamento e os Partidos Políticos, sustentáculos maiores da democracia brasileira, e todos os seus integrantes, sem exceção, legitimados pelo voto popular, continuarão a exercer o pluralismo de pensamentos, palavras e ações em favor do Brasil mais justo e democrático. Tenho consciência que esse é o verdadeiro sentimento do Poder Judiciário, do Poder Executivo e do Poder Legislativo".

Em palestra realizada em uma faculdade particular em Brasília nesta manhã Barbosa afirmou que o Brasil tem "partidos de mentirinha" e que o Legislativo é "ineficiente" e "dominado pelo Executivo".

Com a saída de Nelson Barbosa da secretaria executiva do Ministério da Fazenda, anunciada na segunda-feira, 13, o governo perde seu principal negociador da reforma do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O tema, que já é polêmico e de conciliação praticamente impossível, enfrentará agora esse entrave adicional. Dificilmente o assunto será entregue a alguém com o mesmo trânsito político de Barbosa. "Ele fez um bom trabalho e teve sensibilidade para entender as disparidades regionais", elogiou o secretário de Fazenda do Maranhão, Cláudio Trinchão, que é coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado que reúne todos os secretários estaduais de finanças. "Saiu no auge das discussões, e o que nos preocupa é quem virá."

Um possível indicado para o posto é Valdir Simão, um auditor da Receita Federal que atualmente ocupa a secretaria executiva do Ministério do Turismo. Essa foi a sugestão apresentada ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, por Nelson Machado, antecessor de Barbosa, durante almoço na última terça-feira, 14.

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Simão foi presidente do INSS quando Machado era ministro da Previdência e tem o perfil de gestor. O ex-ministro também foi responsável pela indicação de Simão para o cargo de secretário adjunto da Receita Federal. Machado, que era cogitado para suceder Barbosa, não tem interesse em voltar ao governo.

A indicação de Simão tem apoio da áreas importantes do ministério. Nos corredores da Fazenda, o seu nome é dado como certo, mas Mantega ainda não tomou a decisão. Ele deve escolher o nome com mais calma. "Pelo histórico do ministro, ele não tem o hábito de decidir rapidamente", disse uma fonte.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) classificou como "preconceituosas" as declarações feitas nesta terça-feira, 14, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Na sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro perguntou, em tom jocoso, se os advogados não acordavam apenas por volta de 11 horas da manhã. "É lamentável que instituições sejam obrigadas a gastar energia com afirmações preconceituosas. (...) O momento atual impõe serenidade, equilíbrio e respeito. A OAB faz um chamamento à razão", afirmou a OAB em nota divulgada nesta quarta.

Na sessão, o CNJ discutia a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo de iniciar o expediente às 9 horas, mas atender os advogados apenas a partir das 11 horas. Barbosa se manifestou favoravelmente à decisão do TJ e fez o que depois chamou de uma piada: "Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas da manhã mesmo?". E acrescentou: "Será que advogados gozam de direitos absolutos neste País?". Um pedido de vista interrompeu o julgamento do caso.

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"O advogado acorda muito cedo e dorme muito tarde, sempre vigilante em defesa do cidadão, principalmente quando injustiçado por autoridades arbitrárias", protestou a OAB na nota. "Ao anunciar que a maioria dos advogados acorda às 11 horas, o presidente do Supremo Tribunal Federal demonstra completo desconhecimento da realidade sofrida e de extrema dificuldade enfrentada pela advocacia brasileira", concluiu a OAB.

O Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) também emitiu nota para rebater as declarações de Barbosa. "O IASP manifesta seu repúdio pelo comentário desrespeitoso do ministro Joaquim Barbosa. (...) É motivo de profunda preocupação a conduta incompatível com o exercício do cargo", acrescentou o presidente da instituição, José Horácio Halfeld.

O Movimento de Defesa da Advocacia (MDA) também divulgou nota e afirmou que a manifestação do ministro, mesmo que em tom de brincadeira, é "inadequada e deselegante". E afirma que a postura do ministro não se coaduna com a "importância e a liturgia do cargo".

"A Advocacia não se cala diante dos episódios mais sombrios vividos na História, de modo que também não poderá se calar em todas e quaisquer situações em que não apenas as prerrogativas profissionais sejam violadas, mas também quando as manifestações do chefe do Poder Judiciário brasileiro ou de qualquer autoridade não se mostrem compatíveis com o Estado Democrático de Direito", concluiu a nota do MDA.

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