Esta quinta-feira (27) marca o aniversário de 65 anos do autor e ilustrador de Histórias em Quadrinhos (HQs), Frank Miller, conhecido por apresentar de maneira bastante satisfatória enredos tenebrosos e uma visão mais séria dos personagens trabalhados, entre eles, o “Demolidor” (1964) da Marvel e o “Batman” (1915) da DC.
Miller é um consumidor ativo de quadrinhos desde a sua infância e isso fez com que ele alimentasse o desejo de se tornar um quadrinista. Assim como muitos profissionais da área, o jovem iniciou sua carreira com curtas histórias para editoras como DC e Marvel, que tinha entre uma ou três páginas.
##RECOMENDA##
Em 1979, Miller teve seu primeiro contato com o “Demolidor”, após ser convidado para desenhar o herói Peter Parker, nas edições 27 e 28 de “O Espetacular Homem-Aranha”, que na época, contaram com a participação especial do herói cego.
Após demonstrar um forte interesse pelo personagem, o jovem quadrinista assumiu os desenhos das HQs de o “Demolidor”, a partir da edição 158, de 1979. Em 1981, Miller também assumiu o roteiro das histórias, que não só agradou o público leitor, como também conseguiu bons números de vendas para as HQs do super-herói cego.
O Cavaleiro das Trevas
Não foi apenas na Marvel que Miller deixou sua marca, pois em 1986 ele também escreveu e desenhou “O Cavaleiro das Trevas” para a editora DC Comics, obra que mostra um Batman já aposentado, que retorna a suas atividades como Homem-Morcego, após perceber que Gotham City estava tomada pela criminalidade.
A obra implementou todos os conceitos do Batman, que nos dias de hoje, são considerados essenciais para o personagem. Para o quadrinista Hugo Maximo, Miller foi responsável por mudar a maneira como o leitor enxerga um dos maiores super-heróis das HQs. “Embora nos quadrinhos, já se apresentava com ares mais sérios, para o público em geral, o Batman ainda era visto como o herói caricato, com o cinto de bugigangas dos anos 1960”, explica.
Em termos gerais, Maximo destaca que Miller apresentou o Batman que todos conhecem hoje. “O anti-herói sombrio e amargurado, a vingança encarnada, a justiça das ruas. Fato que acabou por influenciar centenas de milhares de outros anti-heróis, definindo o subgênero do vigilante urbano ao redor do globo”, afirma o quadrinista.
As particularidades de Miller
Apaixonado pela ficção Pulp (narrativas que se caracterizam por possuir um exagerado nível de violência) e pelas obras Noir (produções que mesclam tons escuros com claros, com o predomínio dos primeiros), as páginas de Miller, segundo Maximo, se destacam por possuir diversas sombras, becos, luar e ângulos que até aquele momento, eram inéditos nos quadrinhos.
Maximo lembra que em o “Demolidor”, Miller brilhou tanto como roteiro, quanto na concepção das artes. “Miller forma a coluna vertebral do Homem Sem Medo, com elementos que ainda ecoam até hoje”, ressalta. Já em “O Cavaleiro das Trevas”, o quadrinista reforça que ele não apenas cristalizou o anti-herói da maneira como ele é conhecido hoje em dia, como também conseguiu trazer uma carga mais madura e dramática para as HQs de super-heróis.
Além disso, Maximo também pontua o livro de Miller “A Cidade do Pecado” (1992). “Em minha modesta opinião, nesta obra, Miller extravasa todo seu amor pelo Noir, pelo preto e branco, pela violência e pelos detetives traídos e amargurados”, finaliza.