Tópicos | Breno Silveira

Morreu na manhã deste sábado (14), aos 58 anos, o cineasta Breno Silveira. O diretor estava no primeiro dia de filmagens do longa-metragem Dona Vitória, estrelado por Fernanda Montenegro, quando sofreu um infarto. Breno teve o mal súbito em Limoeiro, no interior de Pernambuco. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.

Breno Silveira fez sucesso no universo cinematográfico ao capitanear as produções 2 filhos de Francisco, baseado na história da dupla Zezé Di Camargo & Luciano, Era uma vez e Gonzaga: de Pai pra Filho. Além do cinema, o brasiliense também foi responsável por dirigir a série 1 Contra Todos, projeto que recebeu inúmeras indicações ao Emmy Internacional.

##RECOMENDA##

Nas redes sociais, diversos famosos lamentaram a morte de Breno. "Que tristeza essa notícia do Breno Silveira. Meu Deus", escreveu o ator pernambucano Armando Babaioff, no Twitter. Helio de La Peña comentou: "Triste com a partida de Breno Silveira. Um cara bacana, talentoso, criativo e parceiro. Muito novo pra nos deixar cheio de planos na cabeça. Beijos na família e nos amigos".

A série brasileira ‘1 Contra Todos’, do canal Fox, teve certa dificuldade para conseguir gravas cenas da sua segunda temporada, que estreia na próxima segunda (11). A produção precisava de imagens dentro do Congresso Nacional, pois o personagem principal, vivido por Júlio Andrade, encontra um novo propósito na política depois de passar anos na cadeia injustamente. O problema? A autorização para a captação dessas imagens não foi concedida. Com isso, a equipe teve que ser criativa para conseguir o que precisva.

“Foi cinema de guerrilha. A gente teve que adentrar aqueles portões lá de um jeito brasileiro”, disse Júlio Andrade em entrevista ao UOL. Como na época da gravação o ator não era conhecido pelo seu papel em ‘Sob Pressão’, série que está no ar pela Globo, o diretor Breno Silveira teve a ideia de entrar no local apenas com um iPhone na mão, se passando por turistas em Brasília, e tentar fazer as filmagens sem que percebessem que se tratava de uma equipe de TV.

##RECOMENDA##

Tudo estava indo bem e algumas imagens foram feitas, com direito a acesso ao Plenário vazio, até que o ator principal foi reconhecido por um repórter pelo seu papel no filme ‘Gonzaga – De Pai Para Filho’. “Falei ‘ferrou’. Teve que sair cada um para um lado, fugindo da segurança. E foi assim que a gente filmou as cenas que vocês vão ver nos episódios”, comentou Breno.

O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro premiou na noite desta quarta (13), na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, os melhores filmes nacionais de 2012. O longa de Breno Silveira  Gonzaga de Pai para Filho foi o grande vencedor da noite.

O filme recebeu 15 indicações e foi premiado nas categorias de Melhor Ator (Júlio Andrade), Melhor Longa-metragem de Ficção, Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Montagem de Ficção e Melhor Som.

##RECOMENDA##

Raul - o início, o fim e o meio, de Walter Carvalho, ganhou quatro prêmios: melhor documentário, melhor montagem de documentário e melhor direção de arte - dividido com Xingu e Heleno - além de ser eleito melhor documentário pelo voto popular. O longa Heleno, de José Henrique Fonseca, faturou quatro troféus: melhor direção de fotografia, melhor direção de arte, melhor figurino, e melhor maquiagem. Dira Paes foi eleita melhor atriz, por sua atuação em À beira do caminho.

Ângela Leal levou para casa o título de melhor Atriz Coadjuvante na atuação do filme Febre do Rato, do diretor Cláudio Assis. O longa também ganhou o prêmio de melhor Roteiro Originalcom Hilton Lacerda. Leandra Leal, filha de Ângela, levou também o título de Melhor Atriz Coadjuvante pelo trabalho como Silvia, no longa Boca.  

A atriz Ruth de Souza foi a grande homenageada deste ano. Ruth começou a carreira nos palcos em 1945, sendo a primeira atriz negra a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda foi a primeira brasileira a receber uma indicação a um prêmio internacional, o Leão de Ouro em Veneza, em 1954, por Sinhá moça.

Confira os vencedores em cada categoria:

Melhor longa-metragem de ficção

Gonzaga - De Pai Para Filho, de Breno Silveira  

Melhor longa-metragem de ficção - voto do público

Febre do Rato, de Claudio Assis  

Melhor longa-metragem em documentário

Raul - O Início, o Fim e o Meio, de Walter Carvalho  

Melhor longa-metragem em documentário - voto do público

Raul - O Início, o Fim e o Meio, de Walter Carvalho  

Melhor longa-metragem infantil

Peixonauta - Agente Secreto da O.S.T.R.A, de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo  

Melhor longa-metragem em animação

Brichos - A Floresta É Nossa, de Paulo Munhoz  

Melhor direção

Breno Silveira, por Gonzaga - De Pai Para Filho

Melhor atriz

Dira Paes como Rosa, por À Beira do Caminho

Melhor ator

Júlio Andrade como Gonzaguinha 35/40 anos, por Gonzaga - De Pai Para Filho

Melhor atriz coadjuvante

Ângela Leal como Dona Marieta, por Febre do Rato e Leandra Leal como Silvia, por Boca

Melhor ator coadjuvante

Claudio Cavalcanti como Dr. Ismael, por Astro - Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico e João Miguel como Miguelzinho, por Gonzaga - De Pai Para Filho

Melhor direção de fotografia

Walter Carvalho, por Heleno

Melhor direção de arte

Cassio Amarante, por Xingu; Daniel Flaksman, por Corações Sujos e Marlise Stochi, por Heleno

Melhor figurino

Rita Murtinho, por Heleno

Melhor maquiagem

Martín Marcías Trujillo, por Heleno

Melhor efeito visual

Carlos Faia, Gus Martinez e Xico de Deus, por 2 Coelhos

Melhor roteiro original

Hilton Lacerda, por Febre do Rato

Melhor roteiro adaptado

David França Mendes, por Corações Sujos, adaptado da obra homônima de Fernando Morais  

Melhor montagem de ficção

Afonso Poyart, André Toledo e Lucas Gonzaga, por 2 Coelhos

Melhor montagem de documentário

Pablo Ribeiro, por Raul - o Início, o Fim e o Meio

Melhor som

Alessandro Laroca, Armando Torres Jr., Eduardo Virmond Lima, Renato Calaça e Valéria Ferro, por Gonzaga de Pai para Filho

Melhor trilha sonora

Paulo Jobim, por A Música Segundo Tom Jobim

Melhor trilha sonora original

André Abujamra e Marcio Nigro, por 2 Coelhos

Melhor curta-metragem ficção

Laura, de Thiago Valente  

Melhor curta-metragem documentário

Elogio da Graça, de Joel Pizzini  

Melhor curta-metragem animação

Cabeça de Papelão, de Quiá Rodrigues  

Melhor longa-metragem estrangeiro

Intocáveis (França), de Olivier Nakache e Eric Toledano  

Melhor longa-metragem estrangeiro - voto do público

Intocáveis (França), de Olivier Nakache e Eric Toledano

Adaptar personagens reais para o cinema é sempre um desafio. A missão exige ainda mais engenho quando o biografado se trata de um ícone musical responsável por rasgar o Brasil cantando para o povo, além de ter colocado a música nordestina no mundo.

No entanto, mais difícil ainda é quando a sua história se mistura e até se confunde com a de seu filho, outro ícone da música brasileira. Sem cair na narrativa tradicional das cinebiografias, o diretor Breno Silveira apostou no tema da paternidade para contar a trajetória musical do Rei do Baião em Gonzaga - De Pai pra Filho. Daí já é de se esperar a reação do público, uma vez que o fio condutor escolhido por Breno é o ingrediente principal de seus trabalhos anteriores (Dois Filhos de Francisco e À Beira do Caminho), feitos para emocionar.

Um Gonzaga humano e latente, que se reencontra com o filho depois de anos e leva uma vida inteira para reconquistá-lo é o que se vê na tela. A dificuldade para criar o primogênito enquanto realizava shows pelo Brasil fez do Rei do Baião uma figura ausente e questionável para o próprio herdeiro. “Você não passa de uma foto, de um cartaz. Que rei é esse?” é o que se vê em uma das cenas em que Gonzaguinha, interpretado de forma vigorosa por Julio Andrade, cobra um acerto de contas com o pai.

##RECOMENDA##

Criado no Morro de São Carlos, favela do Rio de Janeiro, pelos padrinhos Xavier (Luciano Quirino) e Dina (Silvia Buarque), Gonzaguinha carregou consigo o peso da diferença cultural entre ele o pai, inclusive no que diz respeito a fazer a música que cada um acredita.

Em entrevista concedida ao filho, que gravou todo o reencontro numa fita cassete, Gonzagão permite uma sessão de terapia com Gonzaguinha, que passa a entender por que foi abandonado, quem era sua mãe e toda a sua história de vida. A fita foi o ponto de partida escolhido por Breno para contar a história dos dois, separados pela vida, mas unidos pela música. Imagens de arquivo, entre elas as da turnê Vida de Viajante, de 1981 - primeira vez em que pai e filho se encontraram no palco - fora utilizadas na montagem. 

A adolescência do Rei - quando aprendeu a tocar sanfona na cidade de Exu, sertão do Cariri, onde nasceu – é um dos períodos determinantes de sua história explorados no filme. O alistamento no exército na década de 1930 para fugir de um amor proibido com a filha de um coronel e a viagem para o Rio de Janeiro em busca do reconhecimento artístico também compõem o recorte escolhido por Breno.

O filme também mostra a luta para aproximar a música nordestina - cercada de preconceitos - do povo brasileiro, que teve seu momento decisivo quando Luiz Gonzaga se apresentou no programa de rádio de Ary Barroso. Tudo isso deixando de lado aquilo que lhe era familiar, inclusive o filho, mas sempre remontando a sua origem e transmitindo-a para o povo.  Aliás, Gonzaga fazia questão de tocar em locais abertos para o público que não podia pagar.

Em mais um trabalho, Breno se utiliza da música para contar uma história brasileira. Porém, na cinebiografia, a obra de Gonzaga deixa de ser o ponto central da história e torna-se coadjuvante, dando o lugar de protagonista à intimidade do biografado para com o público. E nem apenas como trilha sonora funciona, no filme, a música do artista. Ela é, sobretudo, parte do roteiro, na medida em que informa algo que não se vê na tela e ajuda a contar a história.

Interpretado em três gerações por Land Vieira (adolescente), Chambinho do Acordeon (fase adulta) e Adélio Lima (depois dos 50 anos), Luiz Gonzaga ganha sustentação na tela não só pela semelhança física com os atores – sobretudo Chambinho e Adélio – mas pela essência nordestina extraída dos intérpretes, que souberam transmitir a verdade gonzagueana.

A atuação de Nanda Costa como Odaléia, primeira esposa de Luiz Gonzaga e mãe de Gonzaguinha, mesmo que curta, não passa despercebida. Familiarizada com o cinema, Nanda ganha destaque pela dedicação à personagem, que se firma como uma das principais atenções da obra na fase em que o universo familiar começa a ganhar contornos na vida de Gonzaga.

Gonzaga - De Pai pra Filho é um eco para o Brasil se ver como relação humana, o que faz a obra ter um alcance popular devido ao drama familiar. Cara a cara com a tela, não é difícil perceber que cada um de nós tem muito de Luiz Gonzaga.

O longa, baseado no livro Gonzaguinha e Gonzagão – uma história brasileira de Regina Echeverria, entra em cartaz em todo o Brasil nesta sexta-feira (26). No Recife, a estreia ocupa sei salas nos cinemas UCI Tacaruna, Casa Forte e Recife, além do Box Cinema.

O filme Gonzaga - de pai pra filho estreia nesta sexta (26) nos cinemas brasileiros, e a expectativa é grande para conferir o longa-metragem que retrata o mais importante músico nordestino, Luiz Gonzaga. A trama da película foca na difícil relação de Gonzaga com seu filho, o também músico e compositor Gonzaguinha.

Dirigido por Breno Silveira (Dois Filhos de Francisco e À Beira do Caminho), Gonzaga - de pai pra filho tem como protagonistas o sanfoneiro Chambinho do Acordeon (um dos três que interpretam Luiz Gonzaga, vivendo a fase adulta do artista) e Júlio Andrade, que encarna Gonzaguinha.

##RECOMENDA##

Os três conversaram separadamente com o LeiaJá sobre a experiência de filmar um filme baseado na história de um ícone da cultura brasileira. Confira as entrevistas exclusivas com o diretor e os protagonistas de Gonzaga - de pai pra filho, concedidas a Thamiris Barbosa.

Breno Silveira, diretor
Mais um sucesso do cinema brasileiro vem aí?

Eu espero que seja um sucesso. Gonzaga vem como uma segunda biografia, depois de Dois Filhos de Francisco e há muito tempo eu procurava uma história que fosse emocionante e bem brasileira, que falasse de dois personagens de nossa música. E Gonzaga... é uma honra poder falar de um homem tão grande quanto Luiz Gonzaga. Acho que é um filme emocionante como Dois Filhos e muito brasileiro, para qualquer classe, idade, para qualquer brasileiro que esteja afim de ver um bom filme.

Porque a escolha por contar a história de Gonzagão e Gonzaguinha? Como você chegou à relaçâo entre os dois como fio condutor do filme?

Seria praticamente impossível fazer um filme sobre Gonzaga era preciso um eixo, um recorte. Gonzaga é um personagem que merece dez filmes (risos). Ele ´muito grande. A ideia foi partir de umas fitas que eu recebi, nas quais Gonzaguinha entrevista o pai. A partir do que o pai está contando nessas fitas eu faço o filme. E é legal porque você entende um pouco da relação dos dois, Gonzaguinha pergunta porque foi abandonado no morro, quem era a mãe... Então são duas misturas de que eu gosto muito, tem o drama, que também tinha em Dois Filhos, e tem a história musical de dois gigantes da nossa música. Tem toda essa química, prometo que vocês vão se emocionar, se apaixonar, rir, eu acho que temos um bom filme para mostrar.

Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou para realizar Gonzaga-de pai pra filho?

Foram duas dificuldades que para mim foram as maiores. A primeira é resumir a história de Gonzaga, que não tinha fim. Nada cabia em duas horas, o primeiro roteiro a gente começou há sete anos, até peneirar e conseguir contar essa história. Demorou muito, porque são infinitas as histórias de Gonzaga. A segundo foi encontrar quem fizesse Gonzaga. Quem poderia ter a cara dele, tocar o acordeon, atuar no filme, são muitos desafios. Eu levei quase um ano para encontrar os três Gonzagas que fazem o meu filme, e a dificuldade de encontrar um Gonzaguinha. Essas foram as coisas mais difíceis neste filme e eu estou feiz com o resultado, a gente tem três atores maravilhosos vivendo Gonzagão, parecidos, que tocam e cantam, então tem muita música, e um Gonzaguinha espetacular, que completa o filme.


Chambinho do acordeon, Luiz Gonzaga

Como foi a sua preparação para interpretar o papel de uma pessoa tão importante?

Foi em cima da discografia e de histórias verídicas de Luiz Gonzaga. Como eu sou sanfoneiro, tive que ter um preparo com o Sérgio Pena, conhecer as artimenahs do ofícoi. Tivemos vários laboratórios, como ir à Feira de São Cristóvão, tocar no meio da rua. Eu tive que perder dez quilos. Teve fonoaudióloga, fisioterapeuta... Teve toda a questão psicológica de ficar longe de casa, passei quase seis meses longe da família, foi muito complicado, mas acho que a gente conseguiu estabelecer uma meta e dar conta do recado.

Para você, qual desses aspectos foi a maior dificuldade?

As dificuldades foram muitas, começando logicamente pela preparação, como eu disse. Interpretar Luiz Gonzaga, um ídodlo, um homem considerado um santo não s´po on Nordeste, mas no Brasil. E como sempre fui muito fã de Luiz Gonzaga, foi mais difícil ainda. Essa coisa de tocar, conhecer o "timing" do cinema, foi complicado, mas quando a gente chegou no primeiro "ação", eu já estava com o preparo psicológico. Eu encarei Luiz Gonzaga como um personagem para não ficar aquela coisa do mito. E trabalhamos bastante.

Você se disse um fã de Gonzaga. Como foi interpretá-lo e como você foi escolhido para o papel?

Chegou um email dizendo que a Conspiração Filmes estava precisando de atores e sanfoneiros que parecessem com Gonzaga. Então nós fomos, em um carro alugado, de São paulo ao Rio de Janeiro, a minha esposa dirigindo e eu tentando decorar o texto. Fiz o teste todo tremendo. Eu tinha chegado de um show na noite anterior. Interpretar Luiz Gonzaga é um sonho do qual não acorcei ainda. Como eu vi o Breno (Silveira, diretor do filme) dizer em uma entrevista que Gonzaga foi o primeiro popstar que tivemos no país. Falar deste projeto tão grandioso me deixa até nervoso, acho que Gonzaga - de pai pra filho vai entrar para a história do cinema.

Júlio Andrade, Gonzaguinha

Como se deu a sua preparação para interpretar Gonzaguinha neste filme?

Minha preparação vem desde muito pequeno, que eu me lembre aos oito anos de idade, quando comecei a escutar Gonzaguinha, a me apaixonar pela música, pela história. Depois disso virei músico, ator, tudo também por influência. Esse filme fala de relações humanas, de família. E eu acho que um pai se torna pai quando vira referência e Gonzaguinha foi uma referência para mim. De alguma forma, ele foi meu pai também, então está tudo misturado. A minha preparação para este filme começa há cinco anos quando fiquei sabendo que o filme ia rolar através de uma amiga que foi a pessoa que deu as fitas cassetes que originaram o roteiro do filme para o Breno Silveira. Desde então eu fiquei pensando muito nisso, focando muito. Joguei para o mundo, para o universo e chegou nos ouvidos da Conspiração e do Breno e eles me chamaram para um teste. Fiz o teste e passei. A preparação para o filme em si foi muito solitária e particular eu dirira, porque a gente tinha um preparador de elenco, o Pena, que teve que focar muito no Chambinho que não é ator. E o Breno achava que eu já tinha muito de gonzaguinha, que não precisava participar desses meses de preparação. Eu me alimentei de muitas histórias, muita música, pessoas que conheceram o Gonzaguinha e puderam me falar de detaklhes do cotiano deles. A gente está acostumado com o Gonzaguinha da TV, onde ele se veste daquele personagem. Eu pude conhecer o Gonzaguinha através dos olhos de amigos e familiares, então fui minunciando esses detalhes para poder chegar no filme e botar pra fora.

Você falou que ouve Gonzaguinha desde seus oito anos. Como foi interpretar um ídolo?

Eu levei meu pai na pré-estreia do filme no Festival do Rio, e para ele só caiu a ficha quando começou o filme. Foi meu pai quem me apresentou Gonzaguinha, ele é apaixonado por Gonzaguinha, então foi emocionante porque ele falou: "meu filho, não estou acrediando que estou aqui e que você fez um filme do Gonzaguinha e que a gente está neste cinema, o Odeon, no Rio de Janeiro. Então é muito grande para mim, eu posso contar nos dedos de uma mão os momentos mais felizes da minha vida e esse vai estar eternamente, tanto pesoalmente quanto profissionalmente. Pessoalmente porque tem essa relação com o ídolo, e profissionalmente porque é o filme que vai atingir o maior público da minha carreira. Sou muito grato e me sinto muito privilegiado de ter participado deste filme.

Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou no processo de gravação de Gonzaga - de pai pra filho?

Era a hora de entrar em cena. Ao mesmo tempo que foi tudo muito prazeroso, eu não podia deixar passar aquele momento porque o cinema é um registro eterno, você tem que estar muito preparado para estar em cena. A minha maior dificuldade foi me colocar naquela situação e segurar esse personagem, esse mito, que na minha cabeça já era grande e aos olhos do povo é maior ainda então eu tinha que segurar essa peteca. Todas as cenas foram ritualísticas para mim, eu sempre me concentrei muito, me concentrava da hora de dormir até a hora da cena, e a maior dificuldade era manter essa concentração. Mas foi tudo extremamente prazeroso, todos os momentos que eu vivi fazendo esse filme.

Na próxima sexta-feira (10), o longa-metragem brasileiro À Beira do Caminho estreia no circuito comercial. O filme que chega aos cinemas do país conta a história de João (João Miguel), que perde seu grande amor numa tragédia e vaga durante anos como caminhoneiro pelo país. Um dia João, ele conhece um menino que o ensina novamente a importância dos laços afetivos.

O longa, dirigido por Breno Silveira, foi o grande vencedor do Cine-PE deste ano e conta com Dira Paes, Ludmila Rosa e Vinícius Nascimento no elenco.

##RECOMENDA##

Confira o trailer:



Serviço
À Beira do Caminho
Sexta-feira, 10 de agosto
Classificação etária: 14 anos

Nesta quinta (26), começou a décima sexta edição do Cine PE Festival do Audiovisual. As atividades começaram cedo, às 9h, com as primeiras aulas das oficinas de direção, roteiro, e trilha sonora ministrada por Jorge Bodanzky, José Roberto Torero e David Tygel, respectivamente. Às 15h, o Festival deu início à mostra Um olhar para Moçambique, que acontece na Universidade Católica de Pernambuco.  

A partir das 20h, no Teatro Guararapes, Centro de Convenções de Pernambuco, deu-se início à programação principal do Cine PE: as mostras competitivas de curtas e longas metragens. Quem veio ao evento viu a mostra "Angeli vê o cinema nacional", instalada no foyer do teatro, onde ainda ficam o Espaço Gourmet e stands variados. Como de praxe, o público também teve a oportunidade de encontrar atores, diretores, técnicos circulando, incluindo um dos homenageados do Festival este ano, o ator Ney Latorraca. "É um dos momentos mais felizes da minha vida receber essa homenagem, estou excitado igual uma criança", afirmou Ney para o LeiaJá. 

##RECOMENDA##

A mostra competitiva se iniciou um pouco depois das 21h com o curta "Depois da queda", dirigido por Bruno Bini. O filme usa o recurso de tramas e personagens que se cruzam, com uma edição que pode confundir um espectador menos atento, por não ser cronológica nem linear. Um bom curta com momentos cômicos e outros emocionantes, como a cena final em que um pai coloca seu bebê - que está em uma incubadora após a morte da mãe, então ainda grávida - para ouvir a voz gravada da esposa que perdeu. A produção foi aplaudida com entusiasmo ao fim da exibição.

Segundo curta da noite, "O descarte" é uma animação narrada pelo personagem principal, que investe no suspense e na violência, utilizando-se de alguns clichês cinematográficos, como o "grupo misterioso" que guia as ações do personagem central e a descoberta de que ele foi usado em uma trama na qual caiu de paraquedas. "Qual queijo você quer" encerrou o primeiro dia da mostra de curtas e trouxe uma linguagem mais simples, com apenas duas locações (a sala e a cozinha de um apartamento). Toda a ação do filme se resume no diálogo de um casal de idosos em que ela está em crise por tudo o que não fez na vida, enquanto ele apenas quer mais queijo. De maneira simples e tocante, "Qual queijo" se resolve bem sem estripulias estéticas. 

Dando início à mostra competitiva de longas metragens, "À beira do caminho", dirigido por Breno Silveira, foi exibido ao público pela primeira vez. Um problema no áudio durante toda a exibição atrapalhou um pouco a estreia, mas a história dramática, que não foge ao final feliz, parece ter conquistado o público. "À beira do caminho" tem como presença marcante as músicas de Roberto Carlos, que interagem o tempo todo com os personagens, até conduzindo a cena. 

Um caminhoneiro solitário (João Miguel) dá carona a uma criança (Vinícius Nascimento) que perdeu a mãe e procura o pai, que a abandonou quando ela estava grávida. Depois de tentar deixá-lo em delegacias e postos da polícia, e até mesmo abandoná-lo em Petrolina, sertão pernambucano, acaba aceitando sua presença e se dá a missão de ajudá-lo a encontrar o pai. O encontro com o pequeno Duda e a história do abandono pelo pai faz o caminhoneiro João enfrentar seu próprio passado, quando também abandonou a filha. A história do solitário atormentado pelo passado, ríspido e intempestivo que encontra a possibilidade de candura no convívio "indesejado" com uma criança não é exatamente nova, mas é bem contada e funciona. Um recurso simples e direto, as frases de parachoque de caminhão aparecem regularmente no filme, sempre complementando e dialogando com a história vivida pelos personagens. 

Uma grande qualidade do longa está certamente na boa atuação do elenco, com destaque para João Miguel, Dira Paes e o pequeno Vinícius, que tinha apenas 11 anos quando filmou. Ele conta ter sido escolhido entre mais de 800 crianças e, inspirado pela história do filme, ensina: "Nunca é tarde para se tentar", disse à reportagem do Leiajá. "O Vinícius é um presente para o filme", afirma o diretor Breno Silveira, que na apresentação do filme havia dito que "À beira do caminho" é "sobre um homem aprendendo a amar". 

No fim da exibição, o organizador do Cine PE apreceu no palco e se desculpou publicamente pelo problema no áudio do longa, e avisou que haverá outra sessão a ser marcada "Com as condições de som que o filme merece".

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando