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Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, chegou nesta segunda em Goiânia e foi levado para a Superintendência da Polícia Federal. A segurança no local foi reforçada com policiais federais e agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

A Justiça Federal de Goiás marcou para esta terça as audiências de instrução para o julgamento de Cachoeira, e outros sete membros da organização criminosa comandada pelo bicheiro. O processo é resultado da operação Monte Carlo, em que 81 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

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Em 31 de maio, uma liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendeu os depoimentos. Nesta terça, 10 testemunhas de defesa e outras quatro de acusação serão ouvidas. Na quarta-feira será a vez dos réus. Um deles - Geovani Pereira da Silva - está foragido.

Sem autorização para receber visitas, a namorada dele, Andressa Mendonça, esteve na sede da PF e entregou um bilhete "de amor". Ela voltou a dizer que o bicheiro está deprimido. Durante a tarde, Cachoeira passou por exames psicológicos a pedido do juiz da 11ª Vara Federal, Alderico Santos. A consulta foi realizada por um perito da PF e acompanhada por Antônio Frota, psiquiatra do contraventor. A partir da avaliação, o magistrado poderá decidir se ele permanece preso ou poderá responder ao processo em liberdade.

O magistrado também autorizou que Carlinhos Cachoeira conversasse com seus advogados, reservadamente, por quatro horas.

Na última semana, a defesa de Cachoeira tentou suspender as audiências, alegando que nem todas as diligências, especialmente aquelas direcionadas às empresas de telefonia, foram cumpridas. No entanto, o Alderico Santos indeferiu o pedido e manteve as audiências. Advogado de Cachoeira, Augusto Botelho, afirmou que a defesa não irá recorrer da decisão e que as audiências devem ocorrer.

Convocado pela CPI que investiga suas relações com políticos, Cachoeira afirmou que estava disposto a contar o que sabia após o depoimento em juízo marcado para a quarta-feira.

Alderico Santos é quem vai conduzir as audiências. Ele foi designado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região depois que Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela abertura do processo de investigação, abandonou a causa diante de ameaças de morte. Santos é tido como um juiz independente e experiente.

Ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, Adriano Aprígio foi solto nesta segunda depois de pagar uma fiança de R$ 10 mil. Sócio do Laboratório Vitapan, Aprígio foi preso depois de ameaçar a procuradora Léa Batista de Oliveira. Segundo a PF, o ex-cunhado era laranja do bicheiro.

Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelam que o secretário de Segurança Pública de Goiás, João Furtado Neto, teria recebido propina do esquema comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para supostamente liberar repasses para a Delta Construções. Em conversas grampeadas com autorização judicial, Cachoeira e o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu demonstram irritação com o fato de Furtado Neto supostamente ter congelado o repasse de verbas para a empreiteira.

Segundo o ex-diretor da Delta, o secretário teria ameaçado não renovar ao final do ano passado o contrato para aluguel de carros caso não fosse honrado um compromisso com ele. Para a PF, o acerto seria o pagamento de propina, que, em vez de ter sido repassado ao secretário, estaria sendo embolsado pelo governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo (PSDB).

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O contrato do aluguel de carros é apontado pela polícia como parte do "compromisso" firmado no início do mandato entre Perillo e a Delta, com a intermediação de Cachoeira. O acerto envolveria a liberação de créditos milionários devidos à empreiteira pelo governo goiano mediante suposto pagamento de propina ao chefe do Executivo estadual.

"Aquela suspensão do cara (João Furtado) e passar para o número 1 (segundo a PF, Marconi Perillo), o do babaca do João Furtado, declarou guerra para nós viu? Travou todo meu procedimento da nota fiscal ir pro (sic) financeiro para me pagar e metendo os cravos em mim", reclamou Abreu, em telefonema para Cachoeira às 12h49 de uma sexta-feira, dia 15 de julho do ano passado.

Cachoeira pede que o ex-diretor da Delta explique a situação novamente. Abreu conta-lhe que o secretário de Segurança teria colocado uma pessoa "no meio do percurso" para cuidar do pagamento das faturas da empreiteira. Ele disse ainda que, com a suspensão acerto pessoal com Furtado Neto, os repasses foram congelados. "Ele (o secretário) travou nossas coisas lá. Travou tudo", disse Abreu.

"E aí", perguntou Cachoeira. "E aí, mandou recado, meu amigo. Se eu não voltar a cumprir com ele, vai ficar tudo travado e ameaçou chegar no final do ano e não renovar o contrato e licitar tudo de novo", respondeu o ex-diretor da Delta.

"Vagabundo, não é? Porque que ele não pagou antes? Vou falar com Edivaldo que ele tá indo lá agora com o governador (sic)", disse Cachoeira, referindo-se ao ex-diretor do Departamento de Trânsito em Goiás Edivaldo Cardoso, que deixou o cargo no início de abril após terem sido reveladas gravações de conversas dele com o contraventor.

Cerca de sete horas depois, os dois voltam a se falar ao telefone. O ex-diretor da Delta pergunta a Cachoeira como foi a conversa com o número 1. Não fica claro com quem o contraventor conversou. No grampo, Cachoeira diz que Perillo quer falar com ele "pessoalmente". E acrescenta que vão se encontrar na casa de Edivaldo Cardoso. O contraventor acrescenta que vai para a conversa com Perillo com um "arsenal".

Sem precisar data, o governador admitiu à CPI ter se reunido com Cachoeira em uma ocasião na casa de Cardoso. Segundo ele, os dois conversaram rapidamente sobre incentivos fiscais para a empresa de medicamentos.

Outro lado - Em nota, a assessoria de imprensa do secretário de Segurança Pública negou e repudiou "as ilações" envolvendo-o baseadas no vazamento de conversas entre presos da Operação Monte Carlo. Segundo o órgão, os pagamentos para a Delta seguiram um "cronograma normal" desde que Furtado Neto assumiu o cargo, em janeiro de 2011.

O secretário disse, por meio da assessoria, que a própria PF não encontrou "nenhuma prova contra o secretário no âmbito das investigações" e que não há uma gravação sequer de conversa dele com qualquer um dos indiciados pela polícia.

A assessoria de imprensa do governador de Goiás afirmou que não houve nenhuma ameaça quanto à renovação do contrato com a Delta, muito menos a interrupção dos pagamentos. Ele disse ainda que há "pessoas que retiram fragmentos de mais de 30 mil horas de gravações com a clara intenção de montar uma ilação sobre propinas".

Perillo afirmou em nota que já declarou "por diversas vezes" que Cachoeira jamais lhe fez qualquer tipo de cobrança. "Nunca algum prestador de serviços, nos governos comandados por Marconi Perillo, teve que pagar qualquer quantia em troca de benefícios ou cumprimento de obrigações contratuais", disse.

A Delta negou qualquer tipo de irregularidade no contrato. "A Delta venceu concorrência pública, aberta e transparente destinada a fornecer veículos para a Secretaria de Segurança de Goiás. Os automóveis foram colocados à disposição do estado, sempre foram usados da forma contratada e sobre este serviço prestado havia o pagamento devido estabelecido em contrato", afirmou, em nota.

Segundo a empresa, Abreu foi afastado da empreiteira em março de 2012 em razão das acusações que pesam contra ele. "A empresa não tem conhecimento sobre a veracidade ou não de conversas mantidas por ele, nem do motivo delas", afirmou. "É falso afirmar que a Delta Construção se beneficiou indevidamente de contratos, ou beneficiou outrem", disse.

 

O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) afirmou nesta quinta-feira (19) que vai apresentar um requerimento para convocar para depor na CPI do Cachoeira o primo do senador Wilder Morais (DEM-GO), o advogado Denílson Martins Arruda. Denílson recebeu um depósito de R$ 30 mil na sua conta bancária da Alberto e Pantoja Construções - empresa de fachada que, de acordo com a Polícia Federal, era usada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro.

O repasse foi realizado no dia 7 de julho de 2010, início da campanha eleitoral. Suplente de senador, Wilder assumiu a cadeira de Demóstenes Torres (sem partido-GO), cassado na semana passada pelo Senado. Na época do repasse, Demóstenes e Wilder disputavam o voto dos eleitores. A Alberto e Pantoja era abastecida com recursos da Delta Construções que serviriam para financiar o caixa dois de disputas eleitorais.

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"O primo tem que ser convocado e temos que marcar o quanto antes o depoimento do senhor Wilder", afirmou Randolfe, lembrando que o suplente de Demóstenes já tem requerimento para depor na CPI desde o final de maio. "O Cachoeira é uma espécie de arquiteto da chapa do Senado", avaliou.

Wilder tomou posse na sexta-feira (13) da semana passada e ainda não explicou sua relação com Cachoeira. Grampos da Polícia Federal indicam que o contraventor teria trabalhado para colocá-lo na suplência de Demóstenes e na secretaria de Infraestrutura do governo goiano, cargo ocupado antes de assumir no Senado. "Há elementos para convocá-lo", disse Randolfe.

Influência - Ex-filiado ao PT e agora no PSD, Denílson é ex-chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Goiás no governo Lula. Conforme escutas da PF, Cachoeira exercia influência no órgão e chegou a atuar em favor da Delta. Wilder é dono da Pedreira Caldas, registrada em Caldas Novas e que constava, até 2011, como arrendatária de uma área de extração de calcário em Goiás, controlada pelo departamento.

O advogado foi exonerado em março de 2009. Um processo administrativo aberto pelo DNPM no mesmo ano concluiu que o ex-servidor cobrou propina para liberar licença de um garimpo no Estado. Por isso, no ano passado, foi punido com a destituição do cargo e proibido de voltar à administração pública por cinco anos.

O advogado negou que o repasse da empresa de fachada tenha abastecido campanhas. Ele disse que não conhece Cachoeira e que o repasse foi uma doação para o Nerópolis Esporte Clube, time goiano do qual é dirigente. Toda a negociação, diz, foi feita pelo prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB). O nome do laboratório de Cachoeira, Vitapan, estampou a camisa do time.

Denílson informou ter recorrido da decisão que o proibiu de exercer cargos na administração pública e alegou que o processo de investigação foi baseado em declarações "frágeis e contraditórias".

 

Primo do senador Wilder Morais (DEM-GO), que sucedeu o senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) no cargo, o advogado Denílson Martins Arruda recebeu em sua conta bancária R$ 30 mil da Alberto e Pantoja Construções - empresa de fachada que, de acordo com a Polícia Federal, era usada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro.

O valor foi transferido em 7 de julho de 2010, início da campanha eleitoral, quando Demóstenes, na época filiado ao DEM, e seu suplente disputavam o voto dos goianos. Os dados constam de relatório da PF, ao qual a reportagem teve acesso. Registrada em nome de laranjas, a Alberto e Pantoja era abastecida com recursos da Delta Construções que serviriam para financiar o caixa 2 de disputas eleitorais.

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Ex-filiado ao PT e agora no PSD, Denílson é ex-chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Goiás no governo Lula. Conforme escutas da PF, Cachoeira exercia influência no órgão e chegou a atuar em favor da Delta. Wilder é dono da Pedreira Caldas, registrada em Caldas Novas e que constava, até 2011, como arrendatária de uma área de extração de calcário em Goiás, controlada pelo departamento.

O advogado foi exonerado em março de 2009. Um processo administrativo aberto pelo DNPM no mesmo ano concluiu que o ex-servidor cobrou propina para liberar licença de um garimpo no Estado. Por isso, no ano passado, foi punido com a destituição do cargo e proibido de voltar à administração pública por cinco anos.

Clube

Denílson nega que o repasse da Alberto e Pantoja tenha abastecido campanhas. Segundo ele, trata-se de uma doação para o Nerópolis Esporte Clube, time da segunda divisão de Goiás, do qual é dirigente. O ex-chefe do DNPM alega, no entanto, que não conhece o contraventor e que toda a negociação foi feita pelo prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB), citado nas investigações das PF: "Como o time não tinha conta bancária, o dinheiro foi posto na minha. Quem conseguiu foi o prefeito."

Numa conversa interceptada pela PF um dia depois da transferência, Cachoeira orienta seu contador, Geovani Pereira, sobre a operação: "Você lança de crédito 30. Você põe Nerópolis Esporte Clube. Lança de crédito para mim, tá bom?". O advogado sustenta ter documentos que comprovam a doação.

Laboratório - Ele diz que, a pedido do prefeito, foi emitida uma nota fiscal para o laboratório Vitapan, de Cachoeira, cujo nome estampou a camiseta da equipe. E diz ter estranhado, dias atrás, quando foi questionado sobre a Alberto e Pantoja: "Fiquei surpreso com essa empresa. Não sabia quem ia doar". O advogado informou ter recorrido da decisão que o proibiu de exercer cargos na administração pública e alegou que o processo de investigação foi baseado em declarações "frágeis e contraditórias".

Drible - O prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB), diz que o repasse da Alberto e Pantoja bancou o patrocínio da Delta ao time de futebol. Ele explica que pediu ajuda ao então diretor da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que teria se comprometido a doar duas parcelas de R$ 30 mil. Mas não soube explicar por que a Delta, com centenas de contas bancárias no País, valeu-se de uma empresa do esquema Cachoeira. Tavares se diz amigo de Cachoeira há 20 anos, mas sustenta não ter negociado com ele.

"Pedimos o patrocínio à Delta. Na época, o Cláudio era o diretor. Não tinha conhecimento de quem fez o pagamento." O suposto patrocínio foi pago por Cachoeira. Dias antes do pagamento, Cachoeira diz, num telefonema para Geovani Pereira: "Lança de crédito para mim. Não precisa mandar o dinheiro, não, que eu já paguei."

Eleito em 2008 e candidato à reeleição, Tavares é citado no inquérito da PF. Numa escuta, Cachoeira pede ao deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) que empreste um avião a Tavares. Em outra, pergunta a um aliado: "Quer pegar o lixo para você, a varrição de Nerópolis?" As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), não acredita que a briga entre PT e PSDB, na comissão, possa prejudicar o andamento dos trabalhos. "Não pode e não vai inviabilizar os trabalhos", disse o senador. De um lado, os tucanos acusam os petistas de estarem focando as investigações apenas no governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com o objetivo de desviar as atenções do julgamento do processo do Mensalão no Supremo Tribunal Federal, e de outro, o PT rebate e quer aprofundar as investigações do esquema montado em Goiás.

Vital não quis opinar se a comissão deveria reconvocar o governador Perillo para explicar as novas acusações de que teria firmado um compromisso com a Delta Construções, intermediado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mas lembrou que o "núcleo da quadrilha" está em Goiás. "Não sou eu que estou dizendo, qualquer criancinha sabe disso, ela nasceu lá", afirmou. Ele ressalvou, no entanto, que esse fato não é "determinante" para o governador ir ou não à comissão. "Não tenho convicção disso, até porque espero que a CPI analise".

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Vital disse que a reconvocação do governador de Goiás é um dos 280 requerimentos que devem ir a votação no mês de agosto. O calendário dos trabalhos da comissão será divulgado na próxima semana.

Vital também se recusou a comentar o pedido de convocação de Wilder Morais (DEM-GO), suplente do senador cassado Demóstenes Torres (sem partido-GO). Gravações da Polícia Federal revelaram que Wilder deveria a suplência de Demóstenes a Cachoeira. "A presidência não versa sobre conceitos isolados de requerimentos, a presidência se pronuncia depois de requerimentos aprovados", afirmou.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu nesta quarta-feira (18) as acusações da oposição de que a Polícia Federal tem tido uma atuação seletiva para perseguir adversários e proteger aliados do governo. "Toda vez que a PF apura algo, os que querem defender o investigado sempre dizem que é ação orquestrada", afirmou o ministro, assegurando que a atuação da Polícia Federal é "republicana, autônoma e independente de qualquer interferência política".

"Já ouvi dizer, às vezes até de pessoas da base aliada, que a PF estaria atuando contra o governo e que o ministro da Justiça havia perdido o controle da PF. Mas será que a PF deve ter controle?", indagou o ministro da Justiça. Ele alegou que esse tipo de atuação destinada a proteger amigos e perseguir inimigos era típica da idade média e não dos dias atuais. "Agora, é a oposição que acusa (de perseguição)", disse.

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Segundo o ministro, no fundo o que se critica é a atuação republicana da Polícia Federal. "Não há cores políticas nem ideológicas nas investigações. O que há é a apuração de fatos. Portanto, podem ficar absolutamente tranquilos: aqui não se persegue governador, deputado ou senador por ser do PSDB, do PT, da base governista ou da oposição. Aqui se apuram fatos", garantiu.

Cardozo disse que a postura da PF tem se notabilizado por esse tipo de postura nos últimos tempos. "Acho a crítica totalmente descabida, talvez vinda de pessoas que querem fazer defesa política de uma investigação que não tem nada de política", completou. Ele se referia às críticas feitas pelo governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, de que a PF age orquestradamente para prejudicá-lo.

O ministro da Justiça concedeu entrevista após a solenidade na qual deu posse aos novos titulares da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), Juliana Pereira; e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Marques de Carvalho. A Senacon foi criada em maio de 2012. O órgão coordena o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), formado por Procons, Defensorias Públicas, Ministérios Públicos, entidades civis de defesa do consumidor e delegacias do consumidor. Já o Cade, autarquia ligada ao Ministério da Justiça, começou a funcionar com novas competências em 29 de maio, em virtude da Lei 12.529/11, que reformulou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC).

 

O governador de Goiás, Marconi Perillo, ganhou nesta terça o afago público da direção de seu partido, que havia mantido silêncio diante das últimas notícias que apontavam para o suposto envolvimento dele com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Os líderes nacionais tucanos se reuniram para dizer que "tem total confiança na conduta de Marconi".

Para justificar as sucessivas denúncias de corrupção e envolvimento do governador com Carlinhos o Cachoeira, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) repetiu, durante o que chamou de "ato de solidariedade", o mantra de "ação orquestrada". Da "ação" fariam parte a presidente Dilma Rousseff, parcela da Polícia Federal - ambos selecionando as informações que chegam à CPI do Cachoeira - e também "a internet", a CUT e a UNE, com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu. Unidos, formariam uma cortina de fumaça para proteger os réus do mensalão: "Jogam o holofote sobre Marconi para apagar o resto do Brasil", bradou Guerra.

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O discurso de defesa foi referendado pelo líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), que se disse favorável à investigação de Perillo, mas não à reconvocação para a CPI, na qual seriam feitas "repetições desnecessárias".

A decisão do partido de sair em defesa de Perillo - mesmo dizendo que se tratava de uma "defesa da democracia, e não do governador, que já é grandinho para se defender sozinho" - foi costurada na segunda-feira, data em que Perillo enviou seus representes de Goiás para Brasília. Na reunião com líderes tucanos, apresentaram mais explicações e alinhavaram o discurso-bálsamo que, sobretudo, destacou a "operação de guerra" do PT, deferida por conta do desespero dos petistas em estarem perdendo para a oposição em sete das principais capitais do País, segundo contagem tucana.

Intimidação

O deputado petista Odair Cunha (MG), relator da CPI do Cachoeira, rebateu a acusação e disse que o PSDB está querendo intimidar a CPI. "Nós temos uma clareza, precisamos investigar a organização do senhor Carlos Cachoeira e nenhum tipo de constrangimento ou de intimidação vai parar o nosso trabalho", disse.

Mais uma vez, o relator não disse se vai sugerir, ao final dos trabalhos da CPI, o indiciamento de Perillo por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele não quis opinar sobre a afirmação feita pelo colega Paulo Teixeira (SP), vice-presidente da CPI, de que já há elementos suficientes para indiciar Perillo.

"A PF fez um trabalho totalmente isento, diferentemente de policiais civis e militares do estado de Goiás, inclusive da cúpula dos órgãos, que atuaram na defesa dos interesses de Cachoeira", afirmou.

Cruzamento de dados bancários da CPI do Cachoeira, da Polícia Federal e do governo de Goiás indicam que a Delta Construções teria bancado a compra da casa do governador Marconi Perillo (PSDB) pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em troca da liberação de mais de R$ 9 milhões em créditos da empresa com o Estado. O tucano nega relação entre a transação imobiliária e os pagamentos do governo.

A PF acredita que a Delta firmou um "compromisso" com Perillo, intermediado por Cachoeira, após a posse no governo. A compra da casa teria sido a primeira negociação após o acerto.

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Análise dos extratos bancários mostra o "Deltaduto" em cinco momentos: 1) o dinheiro que sai da empreiteira; 2) passa por duas empresas comandadas pelo esquema do contraventor, a Alberto e Pantoja e a Adércio e Rafael Construções; 3) recursos de ambas abastecem a conta da Excitant, controlada pelo sobrinho de Cachoeira, Leonardo Augusto de Almeida Ramos; 4) três cheques assinados por Leonardo pagam a compra da casa; 5) e a liberação de créditos à Delta.

A movimentação ocorreu de fevereiro a maio de 2011. Em sete depósitos, a Delta transferiu às duas empresas de fachada R$ 5,4 milhões. Elas repassaram à Excitant R$ 1,4 milhão, em cinco transações. Perillo recebeu esse valor pela casa, em três cheques assinados pelo sobrinho de Cachoeira. A fatura da Delta foi paga em três prestações de cerca de R$ 3,2 milhões.

Escutas - As suspeitas de acerto são reforçadas pelas interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo. Em 1.º de março de 2011, às 15h04, Cachoeira pergunta ao ex-vereador Wladimir Garcêz (PSDB) se ele vai mostrar a Perillo "aqueles nove milhões" que o Estado tem de pagar.

"Você levou para mostrar para ele", pergunta Cachoeira. "Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois zero quarenta e três", disse Garcêz, que admitiu à CPI ter trabalhado tanto para a empreiteira como para o contraventor. "Então tá", responde Cachoeira.

Uma hora depois, nova conversa entre os dois mostra que, segundo Garcêz, Perillo ficou de resolver, em referência ao pagamento à Delta. No mesmo dia, a Delta recebeu a primeira parcela de cerca de R$ 3,2 milhões. Um dia depois, o tucano recebeu a primeira parcela pela casa.

As investigações da PF, reveladas pela revista Época, apontam que Cachoeira decidiu se desfazer da casa após a compra. Segundo a polícia, o imóvel foi vendido ao empresário Walter Paulo Santiago por R$ 2,1 milhões. Cachoeira teria recebido R$ 1,5 milhão. Perillo, outros R$ 500 mil, repassados pelo então assessor especial Lúcio Fiúza, que teria ficado com R$ 100 mil.

Em nota, Perillo alegou que os três repasses citados pela PF fazem parte de um total de 13 pagamentos feitos de forma regular à Delta, por parte da Secretaria de Segurança Pública. Há cinco casos posteriores à negociação da casa de repasses com idêntico valor. "Verificando os valores, conclui-se que os pagamentos são regulares e continuados, considerando apenas os trâmites burocráticos para sua efetivação."

Em nota, a Delta disse estar à disposição da Justiça e da CPI para prestar "todos os esclarecimentos". A empresa "reserva-se, porém, o direito de não responder a questões pontuais formuladas com base em vazamentos parciais de informações", diz o texto. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), nega relação entre a compensação dos cheques que recebeu pela venda de uma casa e a liberação de ordens de pagamento atrasadas à Delta Construções S/A. Relatório da Polícia Federal sugere que o tucano condicionou a quitação de faturas à negociação do imóvel com ágio de R$ 500 mil. A casa teria sido comprada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e paga por empresa que recebeu dinheiro de laranjas da Delta.

Por meio de nota, o governo afirma que "os pagamentos se referem a um contrato de locação de veículos e são feitos de forma continuada". Em 2009, a Delta venceu licitação para fornecimento de carros alugados ao Estado. À época, Goiás era governador por Alcides Rodrigues (PP), eleito com apoio de Perillo. Ao longo do mandato os dois se desentenderam e hoje Perillo trata o governo anterior como oposição.

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O tucano argumenta que não houve participação da Delta ou de Carlinhos Cachoeira na negociação da casa. A conversa teria acontecido exclusivamente com o ex-vereador e ex-secretário de Estado no segundo governo de Marconi (2003-2006), Wladimir Garcêz (PSDB); preso na Operação Monte Carlo como um dos principais aliados de Cachoeira. "Se o sr. Wladimir Garcêz tratou do assunto (da casa) com mais pessoas, isto ocorreu sem o conhecimento ou assentimento do governador", diz a nota.

Os três cheques depositados na conta de Perillo eram da empresa Excitant Confecções, de propriedade de uma ex-cunhada de Cachoeira e, à época, administrada pelo sobrinho dele, Leonardo Almeida Ramos. O tucano diz que não sabia de quem eram os cheques. Na nota, acrescenta que não cabe a ele "investigar a origem dos recursos usados para o pagamento", sobre o fato de a empresa ter recebido dinheiro do grupo ligado a Cachoeira e à Delta.

O governo também questiona o fato de não haver especificação sobre quais seriam as "portas abertas" no governo de Goiás. Relatório da PF mostra Cachoeira e seu sócio, o ex-diretor regional da Delta no Centro Oeste, Cláudio Abreu, comemorando a "porta aberta". A conversa é de 3 de março. Em agosto, a empreiteira venceu lotes de licitações na Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop). O governo argumenta que houve deságio do valor estimado inicialmente.

Reconvocação - Parlamentares integrantes da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira pretendem apresentar requerimentos pedindo a reconvocação de Perillo, para esclarecer os fatos revelados no relatório da PF. Quanto a isto, o governo goiano diz que "um grupo na CPMI trata de transformá-la em tribunal de exceção com um só alvo: o governador de Goiás, por ser adversário do PT".

Na nota, o governo diz que, "em vez de buscar esclarecer em profundidade as relações da Delta com os governos federal, estaduais e municipais, CPMI e reportagens continuam batendo na mesma tecla da venda da casa do governador, já exaustivamente explicada e bem entendida pelas pessoas de boa fé".

 

O ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro afirmou à CPI do Cachoeira que os depósitos feitos por Geovani Pereira da Silva, contador do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ao escritório de advocacia do qual é sócio serviram para pagar uma consultoria jurídica. No dia 14 de junho, a CPI aprovou requerimento do senador Pedro Taques (PDT-MT) no qual pediu explicações a Brindeiro sobre cinco repasses, no valor de R$ 161 mil, feitos por Geovani ao escritório Morais, Castilho e Brindeiro.

Em ofício de 10 páginas encaminhado à comissão, o ex-chefe do Ministério Público Federal disse que seu escritório firmou um contrato com a empresa norte-americana Ocean Development II, que tinha interesse em saber se era legal a reativação de loterias estaduais em Goiás e Santa Catarina. Segundo Brindeiro, foi o argentino Roberto Coppola quem procurou o escritório em busca de assistência jurídica, porque estava interessado em concorrer a licitações públicas para a prestação dos serviços nos dois Estados.

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As investigações da CPI e da Polícia Federal já revelaram que Coppola agia como uma espécie de consultor de Cachoeira. Brindeiro negou ter tido qualquer relacionamento com Cachoeira ou com Geovani. O ex-procurador-geral disse ter feito um dos pareceres segundo o qual as loterias estaduais criadas por lei federal anterior à Constituição de 1988 poderiam continuar a funcionar legalmente. Esse é, segundo ele, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). No documento enviado à CPI, não fica claro se esta é a situação de Goiás e de Santa Catarina.

Brindeiro lembrou que, como ingressou na carreira antes da Constituição de 1988, tem direito a advogar. Ele disse ser sócio minoritário com 18% das cotas, o que, por essa razão, não lhe garante poderes de gestão financeira. O ex-procurador-geral, que comandou o MP no governo Fernando Henrique Cardoso, ainda está na ativa como subprocurador-geral da República. "Não há, assim, na conduta do signatário de elaborar o citado parecer jurídico - única conduta que lhe pode ser verdadeiramente atribuída nesse episódio - qualquer desvio ético que enseje descumprimento do Código de Ética do Conselho Nacional do Ministério Público e muito menos da Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar 75/95)", afirmou.

 

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta segunda-feira que espera que o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, apresente explicações ao partido sobre as novas denúncias de envolvimento com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Por meio da assessoria de imprensa, Guerra informa que, até o momento, Perillo tem dado explicações suficientes em relação ao seu envolvimento com Cachoeira.

O presidente do PSDB aguarda esclarecimentos sobre o suposto compromisso firmado entre o governador de Goiás e a Delta Construções, intermediado por Cachoeira. Segundo reportagem publicada pela revista "Época", Perillo teria recebido propina para liberar o pagamento de créditos devidos pela empreiteira. Há suspeita de que o acerto também envolveu a venda da casa do governador para Cachoeira.

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Guerra disse, por meio da assessoria de imprensa, que mantém a confiança no correligionário, mas aguarda novos esclarecimentos ainda nesta semana. O presidente do PSDB chega na noite de hoje a Brasília e não há, pelo menos até agora, previsão de uma reunião extraordinária da executiva do partido para discutir o caso Perillo.

Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam ontem que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o "compromisso" firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, assim que assumiu o cargo no ano passado. O acerto, cujo teor integra relatório da Polícia Federal revelado pela revista Época, inclui a liberação de créditos milionários da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.

O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda do imóvel, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com a revista, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no fim de fevereiro, foi legal. A reportagem não conseguiu contato telefônico com o advogado de Perillo.

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"São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que apresentará na segunda-feira o pedido para reconvocar o governador e ter acesso ao relatório da PF. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. "Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa", afirmou o deputado do PDT. Randolfe defende que a CPI faça uma sessão extraordinária na próxima semana para tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto isso será possível.

Com base em interceptações telefônicas, a reportagem aponta que Cachoeira se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil para mobiliá-la e decorá-la.

Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Ricardo Brito)

Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam neste sábado que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o "compromisso" firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira assim que assumiu o cargo no ano passado. O acerto, cujo teor integra relatório da Polícia Federal revelado na mais recente edição da revista Época, inclui a liberação de dívidas milionárias da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.

O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda da casa, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com a revista, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no final de fevereiro, foi legal. A reportagem não conseguiu contato telefônico com o advogado de Perillo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

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"São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que apresentará na segunda-feira o pedido para trazê-lo de volta à comissão e ter acesso ao relatório da PF que foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que investiga o governador. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. "Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa", afirmou o deputado do PDT.

Agosto

Randolfe defende que a comissão faça uma sessão extraordinária na próxima semana para aprovar os requerimentos e tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto será possível ouvir o governador.

Com base em interceptações telefônicas e quebras de sigilo, a reportagem aponta que Cachoeira, uma espécie de agente da Delta, se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil para mobiliá-la. Mas Cachoeira a demoveu, dizendo que ela iria ganhar um "carro zerinho".

Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.

Trechos de um relatório do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal contém evidências de envolvimento do governador de Goiás, Marconi Perillo, com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira, diz reportagem publicada na revista Época desta semana.

Segundo a revista, o relatório de 73 páginas e 169 diálogos telefônicos, foi entregue no dia 27 à Procuradoria Geral da República e está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo. O documento explica o episódio da venda da casa do governador de Goiás para o bicheiro.

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Conforme a reportagem, o exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que, assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um "compromisso", com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo. A PF também concluiu, segundo a reportagem, que o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava, que ele queria vender o imóvel e receber uma "diferença" de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoeira e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas, conforme o texto.

A PF também chegou a conclusão de que Perillo recebeu os cheques de Cachoeira; o dinheiro para os pagamentos - efetuados entre março e maio do ano passado - saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta.

Ainda segundo a reportagem, a PF concluiu que a Delta entregou a um assessor de Perillo a "diferença" de R$ 500 mil e que a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.

Perillo preferiu não prestar esclarecimentos à Revista. Em nota, limitou-se a dizer que "prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI". Na nota o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado".

Diante do vídeo que mostra o prefeito de Palmas (TO), o petista Raul Filho, negociando com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a cúpula do PT vai insistir que o prefeito nunca foi um quadro histórico do partido. A estratégia é tentar isolá-lo, deixando claro que seu envolvimento com o contraventor não faz o PT sangrar.

A tendência é que Raul Filho seja expulso da legenda depois da abertura de processo na Comissão de Ética do partido. Parte da direção do PT defende que esse processo seja concluído somente depois das eleições municipais de outubro.

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Flagrado em conversa com Cachoeira em 2004, Raul Filho depõe nesta terça-feira (10) na CPI para explicar suas relações com o grupo. No depoimento, os petistas não pretendem blindar seu correligionário. Pelo contrário: a tática será frisar que Raul Filho é uma figura de menor importância dentro do partido. A ideia é não dar "munição" para a oposição atacar os petistas, que querem deixar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), permanentemente na berlinda sob a acusação de envolvimento com o esquema de Cachoeira.

No processo de "desconstrução da imagem" do prefeito de Palmas, integrantes da direção nacional do PT fazem questão de lembrar que Raul Filho já passou por legendas como a Arena, o PFL, o PSDB e o PPS, antes de desembarcar no partido, em 2003, com as bênçãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2004, Raul foi eleito prefeito de Palmas pela primeira vez.

Petistas rememoram ainda que, em abril do ano passado, Raul Filho e sua mulher, a deputada estadual Solange Duailibe, chegaram a ser expulsos do PT pelo Diretório Estadual do Tocantins, sob alegação de infidelidade partidária: ambos apoiaram a candidatura de João Ribeiro, do PR, ao Senado, contra o petista Paulo Mourão. Mas em junho, a direção nacional suspendeu a decisão, anulando a expulsão.

No depoimento previsto para hoje, o PT não armou nenhum esquema para defender Raul Filho. A avaliação de parte dos petistas é que o prefeito "tem culpa no cartório". "Vamos ouvir o que ele tem a falar", disse o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP). "Ele tem que dar explicações. Mas todos os indicativos são de que ele não está envolvido com a organização criminosa", afirmou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O prefeito de Palmas será o último a depor na CPI do Cachoeira, antes do recesso parlamentar, que começa na semana que vem. Das seis convocações aprovadas em reunião administrativa da CPI, na semana passada, Raul Filho foi o único a ter seu depoimento agendado.

A cúpula da comissão deixou para agosto os depoimentos mais polêmicos: Fernando Cavendish, dono da Delta; Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit); e Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ligado ao PSDB e ex-diretor da Dersa, empresa responsável pela manutenção das estradas paulistas.

Flagrante - Em vídeo exibido há uma semana pelo Fantástico, da Rede Globo, Raul Filho expõe possíveis oportunidades que poderiam ser exploradas por Cachoeira nos serviços públicos de Palmas em troca de dinheiro para sua campanha política.

O vídeo foi encontrado pela Polícia Federal na casa de Adriano Aprígio, ex-cunhado de Cachoeira, durante a Operação Monte Carlo. Aprígio foi preso na semana passada. A gravação, de quase uma hora de conversa, mostra Cachoeira oferecendo recursos para a campanha de Raul Filho, então candidato à Prefeitura de Palmas, em 2004. Em troca, o petista sinaliza que Cachoeira teria espaço em seu governo, com a assinatura de contratos em diversos setores da economia da cidade. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

A Policia Federal prendeu nesta sexta, pela manhã, Adriano Aprígio de Souza, sob acusação de ameaçar, por meio de mensagem via e-mail, a procuradora da República, Léia Batista de Oliveira, que investiga a máfia dos caça-níqueis em Goiás.

No processo, conhecido por Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, os procuradores Léia Batista e Daniel Salgado denunciaram 81 pessoas por crime de sonegação fiscal, peculato, violação de sigilo e formação de quadrilha.

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De acordo com a PF, uma das três mensagens ameaçadoras, que foram recebidas pela procuradora, partiu da casa de Adriano em Anápolis, no interior de Goiás.

Adriano de Souza é ex-cunhado de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como chefe da Máfia dos caça-níqueis, e que está preso desde o mês de fevereiro.

O ex-cunhado é apontado como sócio oculto de Cachoeira na farmacêutica Vitapan, com sede em Anápolis. A empresa, de acordo com a denúncia da Polícia, teria sido empregada na lavagem de dinheiro.

O delegado Raul Alexandre, da PF, afirmou que Adriano Aprígio de Souza ficará preso por um prazo de 10 dias, por ameaça e coação à procuradora. Explicou, ainda, que poderá sair antes, a partir de habeas corpus (HC). Ou, ver o prazo de prisão ampliado, a partir dos novos rumos das investigações.

"Rastreamos os e-mails e assim chegamos até o apartamento do Adriano", ressaltou o delegado. "Lá, além de efetuar a prisão também apreendemos um computador".

Raul Alexandre afirmou, ainda, que a procuradora vem recebendo proteção policial e foi cercada por outras medidas de segurança.

Comentou o delegado, Raul Alexandre, que as mensagens começaram a ser recebidas pela procuradora no dia 13 de junho. Eram todas ofensivas, ameaçadores, e empregaram "palavras de baixo calão", disse ele. O primeiro e-mail disse, entre outras coisas: "Não sou burro, sei que serei identificado, mas vou provar que sou inocente, que sou trabalhador e vítima ao ser equiparado aos demais denunciados"

No segundo, dia 23 de junho, o autor frisou: "Sua vadia ainda vamos te pegar. Cuidado, você e sua família correm perigo"

O teor e a data do terceiro e-mail não foram informados. Porém, o delegado da PF garante que pelo menos um dos três e-mails foi enviado a partir do apartamento onde mora Adriano Aprígio, em Anápolis, distante 64 quilômetros de Goiânia (GO).

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para que o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, volte para a penitenciária federal de Mossoró (RN). Para o procurador regional da República Carlos Alberto Vilhena, a 3ª Turma do TRF-1 não tinha competência para determinar a transferência de Cachoeira de Mossoró para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília.

A pedido da defesa de Cachoeira, o desembargador do TRF1 Tourinho Neto, concedeu no dia 16 de abril liminar para revogar a transferência do contraventor para Mossoró, um presídio com Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ele estava preso lá desde o dia 29 de fevereiro, quando foi deflagrada pela Polícia Federal a Operação Monte Carlo.

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Para Tourinho, Cachoeira não apresentava alto risco para a sociedade nem havia cometido crime hediondo.

No novo recurso, o procurador disse que a questão sobre a transferência de Cachoeira deveria ter sido apreciada pela Corte Especial do TRF-1, o principal colegiado do tribunal, e não pela 3ª Turma. Vilhena argumenta que só a Corte Especial teria competência para julgar ações que questionam leis. No caso, estavam em jogo as leis que dispõem sobre transferência e inclusão de pessoas em presídios de segurança máxima e a lei que regulamenta o RDD.

A Polícia Federal em Goiás prendeu na manhã nesta sexta-feira Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por ameaçar a procuradora da República Léa Batista de Souza. A PF cumpriu as ordens de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal, a pedido do Ministério Público.

Apontado pela polícia como laranja do contraventor, Adriano Aprígio enviou, segundo as investigações, dois e-mails apócrifos em tom ameaçador à procuradora que atuou na Operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema comandada por Carlinhos Cachoeira. O primeiro foi enviado em 13 de junho, dizendo que Léa Batista teria sido "dura" demais com o grupo de Cachoeira. A segunda ocorreu no dia 23, com palavras de baixo calão e ameaças a ela e à família dela.

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Após a segunda ameaça, Léa passou a receber proteção policial. Ela já disse que não vai abandonar o caso, ao contrário do que decidiu o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela prisão de Cachoeira no final de fevereiro. A CPI aprovou na quinta-feira convite para que o juiz fale sobre as ameaças que sofreu.

Ao rastrear o emissor das mensagens, a PF descobriu que as mensagens partiram de um computador cujo IP estava na casa de Adriano Aprígio. "Ameaças veladas ou ostensivas não nos farão retroceder. Tentativas de intimidação não adiantarão. Continuaremos firmes na defesa da sociedade", garatiram em nota os procuradores da República Daniel de Resende Salgado e Marcelo Ribeiro de Oliveira, que cuidaram do caso.

O ex-cunhado de Cachoeira, que já foi denunciado por envolvimento no esquema de jogos ilegais e corrupção descoberto pela Operação Monte Carlo, deve responder na Justiça a mais essa acusação.

Nem a alegação de que o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, estaria com depressão convenceu o Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal a determinar a sua soltura. Por unanimidade, os desembargadores da 2ª. Turma Criminal do TJ rejeitaram nesta quinta um pedido para que a prisão preventiva de Cachoeira fosse revogada.

Relator do caso, o desembargador Sousa e Ávila disse que o sistema prisional tem médicos e condições de garantir a saúde de seus presos. Em caso de necessidade de transferência para hospital para realização de exames ou para tratamentos mais específicos, o magistrado também disse que a medida é possível.

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Além de ter rejeitado a alegação de que Cachoeira deveria sair da prisão por causa da depressão, a 2ª. Turma do TJ discordou do argumento da defesa do bicheiro de que ele deveria ser solto porque outros réus no mesmo processo já não estão mais presos.

O desembargador disse que os outros acusados não representavam mais risco para a instrução do processo uma vez que não fazem mais parte da empresa Delta e não são reincidentes criminalmente. Em relação a Cachoeira, o magistrado afirmou que pedidos de soltura têm de ser analisados com extrema cautela por causa do poder econômico dele e da grande influência nos meios políticos e na administração pública.

A CPI do Cachoeira aprovou na manhã desta quinta-feira a quebra de sigilos de quatro pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A iniciativa, com o apoio unânime de 24 parlamentares da comissão, tem por objetivo fechar o cerco contra o tucano. Perillo é suspeito de ter tido uma casa comprada e despesas de campanha pagas pelo esquema comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Foram quebrados os sigilos bancário e fiscal de Jayme Rincon, ex-tesoureiro da campanha de Perillo e atual presidente da Agência Goiânia de Transportes e Obras Públicas (Agetop). Convocado para depor na CPI, Rincon ainda não veio porque apresentou atestados médicos. Ele terá de explicar suspeitas de caixa dois na campanha de Perillo e a negociação da venda da casa do governador de Goiás, local onde Cachoeira foi preso em fevereiro.

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A CPI quebrou também o sigilo de mensagens de celular e telefônico de Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial de Perillo. Assim como Rincon, ele teria feito pagamento via caixa dois para quitar dívidas da campanha do governador goiano.

A comissão quebrou ainda os sigilos telefônico e de mensagens de celular de Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador. Eliane, que ficou em silêncio quando compareceu à CPI no final do mês passado, é acusada de ter repassado informações sigilosas ao grupo do contraventor.

O ex-presidente do Departamento de Trânsito (Detran) de Goiás Edivaldo Cardoso de Paula, que não foi localizado pela CPI para depor na última terça-feira, também teve seus sigilos bancário, fiscal, telefônico, de SMS quebrados na sessão desta manhã. Ele teria sido indicado para o cargo por Cachoeira.

A comissão já havia quebrado os sigilos bancário, fiscal, telefônico e de SMS de Perillo desde janeiro de 2002. A comissão decidiu agora pedir cópia dos relatórios das Estações de Rádio Base (ERB) do governador de Goiás, nos quais é possível saber por onde ele passou. Esse mesmo pedido foi aprovado para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).

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