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Em decorrência do deslizamento do bloco rochoso que causou a morte de dez pessoas no sábado (8), o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a três municípios que interditem o acesso a áreas de cânions no Lago de Furnas. A orientação é para que a medida vigore até que seja feito um mapeamento geológico do local, com laudo que ateste a segurança para atividades de navegação e turismo.

A tragédia ocorreu em uma das principais atrações turísticas de Capitólio (MG), localizado a cerca de 290 quilômetros de Belo Horizonte. O bloco de pedra despencou por volta de 12h30 no local onde estavam lanchas que transportavam dezenas de turistas. Pouco tempo depois do ocorrido, imagens gravadas por quem estava em embarcações menos afetadas se disseminaram pelas redes sociais.

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Capitólio é um dos municípios que recebeu a recomendação do MPF. A prefeitura já interditou o local da tragédia. As outras duas cidades são São João Batista do Glória (MG) e São José da Barra (MG). As prefeituras têm um prazo de 15 dias para informar se acatam os pedidos. Em caso negativo, o MPF poderá avaliar se vai à Justiça para obrigar a adoção das medidas.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, todos os mortos estavam em uma única lancha, embora uma outra tenha afundado e mais duas também tenham sido fortemente atingidas pelo impacto da rocha no lago. Vídeos mostraram o ponto de vista de outras embarcações que, mesmo um pouco mais distantes, foram afetadas pela enxurrada de água que se formou, mas conseguiram deixar o local. Além dos mortos, pelo menos 24 vítimas precisaram de socorro em unidades de saúde, algumas com fraturas e escoriações.

Assim como em boa parte do estado de Minas Gerais, um alto volume de chuvas foi registrado nas últimas semanas em Capitólio. Cerca de duas horas antes da tragédia, a Defesa Civil chegou a emitir um alerta de cabeça d'água para a região. Os passeios turísticos, no entanto, foram mantidos.

No documento encaminhado aos três municípios, o MPF recomendou também a proibição de navegação de turismo nas áreas da região quando a Defesa Civil emitir alertas para ocorrência de tempestades, chuvas intensas e riscos de cabeça ou tromba d'água. Essa medida deve valer até que os planos de ordenamento náutico de cada cidade sejam revistos, com o mapeamento dos locais cujo acesso deve ser proibido sob tais condições climáticas.

"Essas interdições e proibições temporárias e preventivas deverão ser amplamente divulgadas, pela mídia e no portal eletrônico do município, e comunicadas formalmente às associações de turismo náutico e aos profissionais autônomos cadastrados no município que realizam passeios náuticos na região, e a fiscalização de seu cumprimento deverá ser feita de forma coordenada pela Marinha do Brasil e pela prefeitura municipal", acrescenta o documento.

Ofícios

O MPF enviou ainda um ofício à Marinha, responsável por fiscalizar a navegação e estabelecer o ordenamento da orla nos cursos d ́ água. Foram solicitadas informações sobre o trabalho realizado no local. A empresa Furnas Centrais Elétricas, controlada pela Eletrobras e responsável pela geração de energia elétrica no reservatório, também foi oficiada para apresentar o mapa geológico da área e eventuais relatórios. Em ambos os casos, foi fixado prazo de cinco dias para a resposta.

Esses pedidos do MPF estão sendo feitos dentro de um procedimento de apuração instaurado no domingo (9), um dia após a tragédia. Outras investigações também já foram abertas por três diferentes instituições: Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Polícia Civil e Marinha.

Dos dez mortos pela queda de rochas nos cânions de Capitólio (MG), no sábado (8), cinco eram de um mesmo núcleo familiar. Outras duas vítimas eram mãe e filha; ambas com os namorados. Além deles, as vítimas são dois amigos e um marinheiro. Todos estavam na lancha chamada Jesus, que foi diretamente atingida pelo deslocamento de pedras. Segundo familiares e marinheiros, a embarcação havia alterado a rotina, indo diretamente para o cânion, em vez de fazer uma parada turística comum, a pedido dos viajantes.

Neste domingo (9), em Passos, a 100 km de Capitólio, a dor dos que foram ao Instituto Médico-Legal (IML) identificar os corpos e fazer exames de DNA (para os que não eram possíveis de ser identificados), era por rostos conhecidos. Pais, mães, padrastos, filhos, primos, sobrinhos e amigos. Quase todos, de uma forma ou outra, tinham relação.

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Entre os cinco mortos da mesma família, o policial militar reformado Sebastião Teixeira, de 68 anos, era casado com Marlene Teixeira. Eles eram pais de Geovany Teixeira da Silva, de 41, e avós de Geovany Gabriel Teixeira da Silva, de 14. Além deles, Thiago Teixeira, de 30, era sobrinho do casal. Outras duas vítimas, Carmen Pinheiro da Silva, de 41, e Camila da Silva Machado, de 21, eram mãe e filha. Carmen era namorada de Geovany, filho de Sebastião e Marlene. Camila também embarcou na lancha com o namorado: Maycon Douglas Deosti, de 25 anos.

Também morreram no acidente o marinheiro Rodrigo Alves dos Santos, de 40 anos, e os amigos Rodrigo Marinho e Júlio Antunes. O acidente deixou 32 feridos, 23 liberados na Santa Casa de Misericórdia de Capitólio. A unidade da Santa Casa de Passos recebeu duas vítimas, ainda em quadro estável. Já a Santa Casa de Piumhi atendeu duas com fraturas abertas, mas já liberadas. Outros quatro foram levados para a Santa Casa de São José da Barra e também tiveram alta.

Perda

Sentado em um banco do IML, olhar perdido em um ponto do teto, o pai de Maycon, Jânio Rodrigues, de 49 anos, reunia o que lhe restava de forças para perguntar ao legista se o corpo do filho seria liberado ainda ontem. O trabalho é lento. A maior parte das vítimas precisa ser reconhecida pelo exame de DNA: o impacto da rocha sobre o barco tornou o trabalho forense quebra-cabeças. "Ele era tudo…tudo. A mãe está lá em casa inconsolável", diz o homem que saiu de Sumaré, na região de Campinas, às 5 horas, para fazer "a pior viagem de sua vida".

Ao seu lado estava Eleandro Pinheiro da Silva, de 39 anos, irmão de Marlene e tio de Camila, a namorada do filho de Jânio. Olhos vermelhos, cabeça baixa, precisaria colher sangue para o exame de identificação. Tentava falar algo, mas não conseguia. Apenas balançava a cabeça e esperava.

Do lado de fora, Marileide de Fátima Rodrigues, de 37 anos, era amparada pela família. Ela é mulher do marinheiro Rodrigo, que pilotava a lancha. Havia 5 anos o casal se mudou de Betim para Capitólio. Agora, ela fará sozinha o caminho de volta. "Aquilo era a vida dele. Morreu fazendo o que mais amava. Não sei o que dizer."

Fora de lugar

É o cunhado dela, Leandro Eduardo, que tenta, então, explicar o que ouviu de marinheiros e funcionários do píer de onde partiu a lancha. "Não era para ele estar naquele barco. Normalmente ele pilotava outra. Ele pediu para ir na Jesus", diz. Segundo ele, a ordem das paradas também foi alterada. "O primeiro lugar que ele pararia seria a Lagoa Azul, mas um dos turistas pediu para ir para a região dos cânions antes. Ele foi."

Já os familiares tiveram de ir a Passos ontem. Entre eles, a mãe de Giovany Gabriel, de 14 anos, Vanessa Oliveira Ferreira, de 33. A família mora em Serrania, na região de Poços de Caldas. No sábado, o menino deixou a cidade para o passeio ao lado dos avós, do pai e da namorada. Agora, nada parecia capaz de segurar a mãe em pé. "Ele era um menino doce."

No início da noite, uma equipe do IML de Belo Horizonte chegou ao local para auxiliar na identificação dos corpos. O trabalho pode se estender por até 30 dias. A dor dessas famílias ainda vai se arrastar. "Não sei como vai ser. Não, sei", dizia a mulher do marinheiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou a identificação de oito mortos no acidente de Capitólio, um deslizamento de rochas que atingiu lanchas de passeio. O único identificado formalmente foi Julio Borges Antunes, de 68 anos, nascido em Alpinópolis (MG). O corpo já foi liberado para sepultamento. Houve também a qualificação de outras 9 pessoas que estavam na mesma lancha de Antunes.

Um homem de 40 anos, natural de Betim, que seria o piloto da lancha. Uma mulher de 43 anos, de Cajamar (SP) e sua filha de 18 anos, natural de Paulínia. Um homem de 67 anos, nascido em Anhumas (SP), sua mulher de 57 anos, seu filho de 37 anos e seu neto de 14 anos - ambos desaparecidos até o momento da entrevista. Um homem de 24 anos, natural de Campinas e um homem de 24 anos, nascido em Passos.

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Segundo o médico legista Marcos Amaral, de Passos, as identificações serão feitas por meio de amostras de DNA, raios-X de arcadas dentárias e outros recursos, com o apoio do Instituto de Identificação de Belo Horizonte. "Como foi um impacto de altíssima energia, os corpos estão bastante prejudicados, o que dificulta o trabalho".

Todos os turistas da lancha estavam em uma pousada em São José da Barra, em Minas Gerais. Segundo Marcos de Souza Pimenta, delegado regional de Passos, o foco do trabalho será continuar a identificação das vítimas, por meio da coleta de material genético dos familiares de primeiro grau, para confrontá-los com os corpos e fragmentos corporais encontrados.

Pimenta informou que esteve no local do acidente no sábado, junto com o perito criminal Rogério Chibata, que segue trabalhando no local junto com o Corpo de Bombeiros e a Marinha. Chibata passou a tarde de ontem coletando e identificando fragmentos corporais.

Causas do acidente

Sobre as causas do desprendimento da rocha, o delegado disse que seria prematuro fazer qualquer declaração. "Uma rocha daquele tamanho não cai de uma hora para outra. É uma ação que leva muito tempo", disse Pimenta. Segundo ele, a Polícia Civil continuará em interlocução com geólogos especialistas no tema.

"Com relação às lanchas, fizemos uma investigação preliminar e constatamos que elas estão aptas a transportar turistas na região", afirmou. Segundo o delegado, se o tempo não estivesse chuvoso, poderia haver entre 50 e 100 pessoas nadando naquele trecho, inclusive crianças.

"Não descartamos a possibilidade da erosão da rocha ter sido provocada pela chuva ou até por um choque pelo som das lanchas que param ali e fazem um escarcéu naquele local", disse Pimenta. "É de conhecimento público que há aglomerações de turistas lá. Esse assunto será analisado pela Marinha, que fiscaliza as águas da Represa de Furnas", disse.

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Prefeito do município de Capitólio-MG, onde uma rocha caiu em lanchas turísticas no sábado (8), Cristiano Silva (PP) disse, em entrevista à CNN, que "querer apontar um culpado agora é injustiça". Neste domingo (9), os bombeiros seguem fazendo buscas por três desaparecidos.

Pelo menos sete pessoas morreram e 32 ficaram feridas após o incidente no cânion no Lago de Furnas. O prefeito se referiu ao ocorrido como uma fatalidade inédita para a região.

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"Dentro dos cânions temos leis que proíbem que as pessoas nadem e a ancoragem de lanchas", comentou o gestor, explicando que a fiscalização é feita por um fiscal utilizando jet ski. "O ordenamento marítimo está a cargo da Marinha. Temos a Marinha na nossa região desde 2019, e o ordenamento está por conta deles", disse.

Para Cristiano Silva, o barulho das cachoeiras próximas e o som dos motores da lancha podem ter atrapalhado as vítimas de perceberem os gritos de alerta de pessoas que estavam mais distantes. "O caminho é buscar pessoas especializadas, sentar com os órgãos competentes para traçar um plano buscando a segurança dos trabalhadores, da população e principalmente dos turistas", declarou.

Neste sábado (8), uma rocha gigante se soltou de um cânion, localizado em Capitólio, Minas Gerais, e atingiu três embarcações que faziam turismo no local. Uma pessoa foi morta por conta da tragédia. 

Segundo informado pelo tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, entre 15 e 20 pessoas foram afetadas com o deslizamento da rocha. Aihara salienta que cerca de 70 a 100 pessoas estavam no local.

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No momento, o espaço onde aconteceu o deslizamento está isolado e interditado pelas autoridades locais. Nos vídeos que circulam pelas redes sociais é possível ver o exato momento que a rocha cai em cima das embarcações.

Confira

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Uma brasileira de 58 anos de idade morreu neste sábado (10) depois de ficar quatro dias internada em um hospital de Novara, na região do Piemonte, após cair em uma espécie de cânion no Val Grande, entre Ossola e Verbano.

Ana Cristina Rezende, que residia em Turim, havia deixado Cicogna, uma fração do município de Cossogno, junto com seu marido para fazer uma trilha de seis dias.

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A caminhada, no entanto, foi interrompida na área do Corone di Ghina quando ocorreu o acidente e a mulher caiu por mais de 150 metros. A brasileira foi socorrida e hospitalizada, mas não resistiu aos graves ferimentos. 

Da Ansa

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