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O Ministério Público Federal não quer que o inquérito criminal sobre o cartel de trens seja transferido para Brasília. Em manifestação à Justiça Federal, a Procuradoria da República argumentou que a investigação deve permanecer no âmbito da Polícia Federal em São Paulo.

A Justiça vai decidir agora o destino do inquérito aberto pela Polícia Federal para rastrear suposto conluio entre multinacionais do setor metroferroviário e pagamento de propinas para agentes públicos e políticos.

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O pedido de deslocamento do inquérito para Brasília foi apresentado na quinta-feira pelo delegado Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Combate a Ilícitos Financeiros, braço da PF. O argumento central do pedido é que dos autos constam referências a autoridades com foro privilegiado perante os tribunais superiores, inclusive parlamentares.

A citação aos políticos foi feita inicialmente em relatório produzido pelo ex-diretor de transportes da Siemens, Everton Rheinheimer. Em outubro, ele fez delação premiada na PF, na qual afirma ter provas de corrupção.

A PF já indiciou por corrupção o ex-diretor de Operações e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) João Roberto Zaniboni. Ele ocupou o cargo entre 1999 e 2003 (governos Mário Covas e Geraldo Alckmin). Documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça revelam que Zaniboni recebeu US$ 836 mil em uma conta no Credit Suisse de Zurique - os procuradores de Genebra sustentam que parte desse valor é fruto de corrupção. O criminalista Luiz Fernando Pacheco, defensor de Zaniboni, disse que ele recebeu dinheiro por consultoria prestada antes de assumir o cargo na estatal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu em reunião nesta segunda-feira, 9, pedir informações sobre o caso Siemens ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. O pedido será encaminhado nesta tarde e Cardozo terá dez dias para responder. O caso Siemens é como tem sido chamada a série de denúncias de cartel nos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal, investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça.

Ao ser perguntado sobre que tipo de dado será pedido ao ministro da Justiça, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Américo Lacombe, disse: "Fizemos apenas o pedido de informações", mas quem decide sobre o que será informado é ele. Sobre o processo aberto para apurar a conduta da chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, que usou helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina, também utilizado para remoção de pacientes graves resgatados em acidentes e tragédias naturais, Lacombe afirmou que esse acontecimento deverá ser julgado na próxima sessão da Comissão de Ética, e que "não tem nada pronto". De acordo com ele, Ideli enviou à comissão as explicações requeridas.

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Lacombe afirmou também que ainda não foram tratados na comissão o caso da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, e o processo envolvendo dois assessores do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Magda foi nomeada no início de novembro para compor o membro do Conselho de Administração da PPSA, estatal que vai gerir os contratos do pré-sal. Mas a permanência dela no cargo foi questionada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, uma vez que a PPSA terá, por lei, a atuação fiscalizada pela ANP. A lei que criou a empresa estabelece que a PPSA "deve fornecer à ANP as informações necessárias às suas funções regulatórias".

Já os ex-assessores de Mantega Marcelo Fiche e Humberto Barreto Alencar terão a conduta avaliada pela Comissão de Ética por terem sido acusados de receber propina de R$ 60 mil da empresa que presta serviços de assessoria ao ministério, a Partnersnet Comunicação Empresarial. A denúncia foi feita pela revista Época. Fiche e Alencar, que estão afastados dos cargos, e a empresa negam as acusações. A reunião da comissão desta segunda-feira continua nesta tarde. A próxima sessão do colegiado está marcada para 29 de janeiro.

O governo do Estado de São Paulo afirmou, em nota da secretaria de Transportes Metropolitanos, ser o "maior interessado em esclarecer denúncias de formação de cartel por parte de empresas contra a população de São Paulo", e disse considerar "precipitado noticiar o recorte isolado de um inquérito ainda em curso e sigiloso, com base em trecho de despacho de um delegado". O governo declarou que a Corregedoria-Geral da Administração "já abriu procedimentos para apurar o assunto e punirá com rigor o eventual envolvimento de servidores públicos em irregularidade".

O advogado de Roberto Zaniboni, Luiz Fernando Pacheco, disse que ele "recebeu por serviços prestados antes de assumir cargo de diretor da CPTM." O criminalista Eduardo Carnelós, defensor do consultor Arthur Teixeira, repudia taxativamente a acusação. "O sr. Arthur é especialista em sistema ferroviário, com amplas condições de trabalhar como consultor na área. Ele jamais se prestaria ao papel de lobista, muito menos de pagador de propinas."

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A Siemens afirmou que "as investigações sobre o setor metroferroviário têm como fonte denúncia espontânea e voluntária resultantes de suas investigações internas desde 2008, que não encontrou quaisquer evidências de corrupção". A Alstom declarou que "recorre a consultores especializados e de eficiência comprovada no mercado com o único objetivo de auxiliá-la na composição de suas propostas e na condução da execução de seus projetos". A Bombardier afirmou que "não participou da formação do consórcio Sistrem". "Nesse período, a companhia não possuía operações no Brasil." A Mitsui afirmou que "tem diligentemente cooperado com as investigações" do Cade". "Como a investigação ainda está em andamento, a Mitsui não comentará o caso". Nenhum representante da CAF foi localizado.

O criminalista Marcelo Martins de Oliveira, que defende Oliver Hossepian, esclareceu que o ex-presidente da CPTM encontra-se gravemente enfermo. O advogado é enfático. "Não existe nenhum tipo de responsabilidade da parte do dr. Hossepian. Ele fez toda a sua carreira profissional no serviço público, na Fepasa e na CPTM, e tornou-se especialista conceituado em transportes. Não há no inquérito nenhum elemento que possa justificar seu indiciamento, quer por ação, quer por omissão, ou por qualquer tipo de elemento circunstancial." Oliveira destaca que o patrimônio que Hossepian "amealhou em sua vida é absolutamente compatível com os seus vencimentos, bem como com o seu nível de vida". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal em São Paulo pediu o deslocamento para Brasília do inquérito sobre o cartel de trens suspeito de operar entre 1998 e 2008 em licitações milionárias dos sistemas de trens e metrô do governo paulista d PSDB no governo do Distrito Federal do DEM. O argumento central é que a investigação traz menção a autoridades com prerrogativa de foro perante tribunais superiores. Em um dos despachos que constam do inquérito, o delegado responsável pelo caso cita "provas" de pagamento de propina a "políticos vinculados ao governo do Estado de São Paulo".

O pedido foi feito quinta-feira e está sob análise da Procuradoria da República em São Paulo. A manifestação será submetida à Justiça Federal, a quem caberá decidir se caso vai para Brasília. A Justiça pode negar o pedido da Polícia Federal e manter o caso em São Paulo caso entenda que a mera citação aos políticos não justifica submeter o caso a tribunais superiores.

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Um inquérito que tramita na primeira instância pode ser remetido ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal se surgir a necessidade de se investigar agente público com foro privilegiado - deputados e senadores são investigados via STF e governadores, via STJ.

Em maio, a multinacional alemã Siemens fez acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por meio do qual apontou a existência do cartel. A empresa, porém, não falou sobre propina. O executivo da Siemens Mark Gough, porém, admitiu à Polícia Federal que a empresa suspeita, sim das propinas, ‘Provas’.

O inquérito dos trens é presidido pelo delegado Milton Fornazari Junior, da Delegacia de Combate a Ilícitos Financeiros (Delefin). Fornazari diz, na página 2.818, volume XIII dos autos, que "há provas" de que "políticos vinculados ao governo do Estado de São Paulo" receberam propina de cinco multinacionais por meio de lobistas.O delegado fez a anotação no despacho de indiciamento do ex-diretor de Operações e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Roberto Zaniboni, por corrupção passiva, crime financeiro, lavagem de dinheiro e cartel.

A PF sustenta que os pagamentos foram realizados "por ordem das empresas integrantes do Consórcio Sistrem (Alstom, Siemens, CAF, Mitsui e Bombardier)", vencedor de licitação em 1999 para projeto da Linha 5 do Metrô - construção do trecho Capão Redondo/Largo 13 de Maio, ao preço de R$ 735 milhões em valores atualizados.

A menção a parlamentares chegou ao inquérito da PF em junho, quando o delegado Braulio Galloni, de Brasília, encaminhou a Fornazari relatório com denúncia de pagamento de propinas a políticos do PSDB e do PPS. O documento, de 17 de abril, foi produzido pelo ex-diretor da divisão de transportes da Siemens Everton Rheinheimer, que aponta "um esquema de corrupção de grandes proporções". Em 14 de outubro ele fez acordo de delação premiada na PF, que o identifica como "X" - procedimento usual para proteção do delator.

As acusações iniciais de Rheinheimer foram levada pelo deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) - secretário de Serviços da gestão Fernando Haddad - ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em junho, Cardozo enviou o documento à PF, a fim de que fosse feita uma análise preliminar sobre a veracidade das informações. A inclusão do relatório no inquérito provocou crise entre PSDB e PT. Os tucanos pediram a demissão do ministro. Nesta semana, advogados de sete parlamentares foram à PF pedir cópia do inquérito. Eles não foram atendidos sob argumento de que não estão sendo investigados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou, nesta sexta-feira, 29, processo administrativo contra dez postos de combustíveis, três proprietários, um agente da polícia civil de Minas Gerais e o sindicato desses postos, o Minaspetro. O processo apura suposto cartel no mercado de combustíveis em Uberlândia (MG), informou o Cade por meio de nota.

O caso teve início a partir de denúncias, acompanhadas de depoimentos e interceptações telefônicas autorizadas judicialmente. Todo esse material foi enviado ao Cade pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

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O conselho informa que há indícios de que, em 2009, os proprietários dos postos teriam pressionado, com o apoio de um agente da polícia civil de Minas Gerais, outros donos de estabelecimentos a elevarem os preços cobrados dos consumidores, que estavam em queda naquela época. Para forçar o aumento de preços, os acusados teriam organizado manifestações para dificultar o funcionamento de postos concorrentes.

Empresas e pessoas físicas serão notificadas para apresentar defesa, informa o Cade. Ao final da instrução, a Superintendência-Geral emitirá parecer opinando pela condenação ou pelo arquivamento do processo, e enviará o caso para julgamento final pelo Tribunal do Cade. Se condenados, os envolvidos poderão pagar multas que variam de 0,1% a 20% de seu faturamento.

O documento produzido pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer e entregue à Polícia Federal em junho afirma que houve formação de cartel em mais quatro contratos firmados pela empresa com o governo de São Paulo. Em maio, a multinacional alemã já tinha apontado ilegalidades em outros cinco na autodenúncia feita ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Os quatro contratos, para reforma dos trens das Linhas 1 e 3 do Metrô, ainda estão vigentes.

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A Polícia Federal e o Ministério Público apuram se o cartel, que segundo a Siemens durou de 1998 a 2008, atuou para além do que alega a própria empresa.

Rheinheimer é um dos seis executivos da multinacional que assinaram o acordo de leniência com o Cade. Ele trabalhou por 22 anos na empresa alemã, que deixou em 2007, quando ocupava o cargo de diretor da divisão de transportes.

Os contratos citados por ele no relatório hoje anexado a um inquérito da Polícia Federal somam R$ 2,2 bilhões em valores corrigidos. Eles foram celebrados em 2008 e 2009, durante o governo José Serra (PSDB), e têm duração de 68 meses.

Além da Siemens, as empresas Alstom, Iesa, Bombardier, Tejofran, Temoinsa, T'Trans e MPE foram contratadas para reformar 98 trens das linhas 1 e 3 do Metrô. Eram quatro consórcios, e cada um ficou com um lote - houve uma única proposta por lote.

Rheinheimer escreveu ter sido informado sobre a presença do cartel nesses contratos por Ronaldo Moriyama, ex-sócio da MGE Transportes, empresa suspeita de ser uma das rotas da propina paga pela Siemens. Segundo investigadores, a multinacional subcontratava a MGE, que sacava a propina em dinheiro em valores sempre abaixo de R$ 10 mil.

"Segundo informações do Ronaldo Moriyama, ex-diretor e ex-sócio da MGE, empresa subcontratada pelo Siemens para executar parte da reforma dos trens, houve formação de cartel neste projeto", escreveu Rheinheimer no documento em posse da Polícia Federal que agora ele afirma ser "anônimo".

Segundo o ex-diretor, "a participação da MGE no projeto tem, obviamente, um único propósito: viabilizar o pagamento de propina ao pessoal do Metrô, já que as novas regras de compliance adotadas pela Siemens após o escândalo de corrupção não permitem mais o pagamento direto pela própria empresa, como foi o caso da Linha 5 do Metrô".

O executivo ainda afirmou que "a Siemens não precisa da MGE para executar os serviços, pois dispõe de uma oficina específica para esta finalidade no interior". "A Siemens não iria abrir mão de faturamento sem nenhuma razão. É óbvio que houve um motivo mais forte para a subcontratação da MGE."

Competição baixa. O Tribunal de Contas do Estado, que ainda não terminou de analisar os contratos, em sua única avaliação até o momento afirmou que "não se verificou grande competitividade" na concorrência. "Não houve propriamente uma disputa licitatória, mas uma atividade de consorciamento", sustentou em 2010 o então conselheiro Eduardo Bittencourt, hoje aposentado. Ele voltaria a fazer os mesmos reparos em 2011, após as partes apresentarem suas razões.

O conselheiro Dimas Ramalho, que herdou o caso, oficiou autoridades públicas para se manifestarem sobre as concorrências.

Em despacho, ele disse haver "possibilidade de ocorrência de suposta fraude no caráter competitivo dessas licitações dado que as licitantes estão sendo investigadas em decorrência de acordo de leniência celebrado com o Cade".

 

Para Metrô, acusações não são confiáveis

Procurado, o Metrô afirmou que as acusações "vieram de um documento apócrifo, não assinado, cuja autoria foi atribuída a uma pessoa que não a admite e aponta nelas distorções".

Sob pressão, Everton Rheinheimer afirmou nesta sexta, por meio de nota, que as informações do relatório "foram distorcidas e não condizem com a realidade".

A Siemens afirmou que "todas as investigações atuais referentes ao setor metroferroviário têm como fonte a denúncia da Siemens que, em suas investigações internas desde 2008, não encontrou evidências de corrupção", mas não comentou a acusação sobre os contratos atuais.

O advogado de Ronaldo Moriyama, José Luis Oliveira Lima, disse que "as acusações são levianas e desprovidas de qualquer plausibilidade". "Ronaldo Moriyama jamais teve esse tipo de diálogo com o sr. Everton. As medidas cabíveis serão tomadas."

A Alstom, que integrou um consórcio com a Siemens em um dos lotes, sustentou que "está colaborando com as autoridades e não informará mais detalhes devido ao sigilo dos mesmos". A Bombardier negou "qualquer relação com a empresa MGE". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira que foi ele o responsável pelo envio à Polícia Federal de um relatório sobre o cartel de trens que cita corrupção envolvendo políticos ligados a Geraldo Alckmin (PSDB), entre eles o chefe da Casa Civil do governador paulista, Edson Aparecido. Cardozo informou ainda ter recebido o texto, elaborado pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, das mãos do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), hoje secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo.

As informações constam de nota oficial divulgada nesta sexta pelo Ministério da Justiça e contradizem um memorando de 11 de junho do delegado Braulio Cezar da Silva Galloni, coordenador-geral de Polícia Fazendária da Polícia Federal de Brasília. Esse memorando anunciava o encaminhamento das acusações contra os tucanos aos policiais federais paulistas. Nele, o delegado dizia expressamente que o relatório com as denúncias tinha chegado a ele via Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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Àquela altura, o Cade já havia fechado um acordo de leniência com a Siemens e investigava oficialmente o cartel de trens em São Paulo e no Distrito Federal. O acordo de leniência, porém, não citava corrupção. Já o relatório do ex-diretor da Siemens, sim. O conteúdo desse relatório foi revelado pelo Estado na quinta-feira.

Cardozo diz, na nota, que repassou a papelada para a Polícia Federal, órgão que é submetido ao seu ministério, "no estrito cumprimento do dever legal, para as devidas investigações". O Cade, a quem o delegado de Brasília atribuía a origem do relatório com as acusações contra tucanos, é uma autarquia do mesmo ministério. Ou seja, também é submetido a Cardozo.

Ainda na quinta-feira, quando a reportagem foi publicada, o Cade divulgou nota dizendo que não havia recebido ou enviado qualquer relatório aos federais.

Relações antigas. Simão Pedro, que, segundo a nota do Ministério da Justiça, entregou o relatório com as acusações contra os tucanos para Cardozo, é autor, como deputado estadual, de duas representações ao Ministério Público sobre o cartel. O petista tem se empenhado para que o escândalo seja investigado.

Ele e o ministro integram a mesma corrente política do PT, a "Mensagem ao Partido".

O hoje secretário municipal de Haddad também é próximo do presidente do Cade, Vinícius Carvalho. Antigo militante petista, Carvalho trabalhou como chefe de gabinete de Simão Pedro na Assembleia Legislativa paulista.

Pelo fato de ter omitido essa relação em cinco currículos oficiais - inclusive em material entregue aos senadores que aprovaram sua indicação ao cargo -, o presidente do Cade foi recentemente advertido pela Comissão de Ética da Presidência da República.

No relatório com as denúncias contra políticos tucanos, o ex-diretor da Siemens cita três vezes o nome de Simão Pedro. Nas duas primeiras, diz que foi com base em informações suas que o petista fez as representações protocoladas no Ministério Público paulista, e que ambos se reuniram com três promotores. Na outra, afirma que, com a ajuda do petista, encontrou-se por duas vezes com o presidente do Cade "para orientá-lo sobre alguns aspectos importantes do acordo de leniência a ser assinado entre o órgão e a Siemens".

O ex-diretor diz ainda que ajudou Carvalho a elaborar a lista de nomes e endereços para a execução dos mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal, "de forma que nenhum nome, fato ou documento importante fosse omitido pelas empresas".

Em contato telefônico nesta sexta, o secretário de Haddad foi questionado sobre as informações prestadas por Cardozo e sobre sua relação com Rheinheimer. Ele pediu alguns minutos para responder e disse que ligaria de volta. Porém, não atendeu mais as ligações. Duas horas depois, enviou uma mensagem de texto por celular dizendo que em 15 minutos encaminharia uma nota comentando o assunto. Contudo, 20 minutos à frente enviou novo torpedo: "Não vou me manifestar por enquanto".

Colegas de Carvalho relataram na sexta que ele estava "angustiado" e "indignado" com pressões que passou a sofrer de políticos tucanos citados no relatório do ex-diretor da Siemens.

Até o relatório escrito por Rheinheimer ser revelado, apenas ex-diretores de estatais paulistas eram citados como beneficiários de propina do cartel de trens. Os políticos negam qualquer relação como esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal indiciou criminalmente o engenheiro Arthur Gomes Teixeira, controlador da Procint Projetos e Consultoria Internacional e apontado como lobista do cartel dos trens - organização que se teria infiltrado no setor metroferroviário dos governos do PSDB Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, entre 1998 e 2008.

O indiciamento ocorreu segunda-feira, em audiência tensa. A PF enquadrou Teixeira por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime financeiro.

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Foi sugerido a Teixeira que colaborasse com a investigação. Mas ele não aceitou. Indignado, alegou não ter nenhum envolvimento com o cartel, nem com repasse de propinas.

A PF está convencida de que, por meio da Procint, Teixeira realizou pagamento de propinas a agentes públicos e a políticos. Dossiê enviado pelo Ministério Público da Suíça, juntado ao inquérito da PF, indica que o ex-diretor de operações da CPTM, João Roberto Zaniboni, recebeu US$ 836 mil na conta Milmar, de sua titularidade, no Credit Suisse de Zurique.

Parte desse valor - US$ 103,5 mil - teria sido repassada em 2 de maio de 2000 por Teixeira, pela conta Rockhouse. Outros US$ 113,3 mil caíram na conta de Zaniboni, enviados por Sérgio Meira Teixeira, amigo de Arthur. Dono da Constech Consultoria, Sérgio morreu em 2011. Ele e Arthur mantinham sociedade informal, empregando mais de 20 profissionais, a maior parte engenheiros.

A propina teria sido paga a Zaniboni em troca da contratação do cartel, beneficiado também com aditamentos autorizados pelo ex-executivo da CPTM. Esses aditamentos elevaram em R$ 11,4 milhões, em valor da época (outubro e dezembro de 2002), o custo contratual.

A Suíça condenou Zaniboni por lavagem de dinheiro e aplicou multa contra ele. Os procuradores de Genebra informaram que "ainda está em aberto a investigação criminal contra Arthur Teixeira". Eles pediram "com veemência" interrogatório do consultor.

Teixeira nega o papel de pagador de propinas. Graduado pela Escola Politécnica da USP em 1959, aos 78 anos, ele ostenta extenso currículo profissional dedicado a grandes empresas do setor ferroviário. Seu advogado, o criminalista Eduardo Carnelós, é taxativo. "Ele (Teixeira) nunca esteve envolvido com corrupção, jamais se prestaria a uma atitudes dessas."

Carnelós ressalta que "a partir da ampla experiência acumulada no setor ferroviário, o sr. Arthur deu início à organização de um setor de coordenação de consórcios". "Aos que, por má-fé ou ignorância, confundem a formação de consórcio com cartel, deve-se esclarecer que as duas práticas não se equivalem. Consórcio tem por objetivo reunir tecnologias e otimizar os recursos e a capacidade de várias empresas para a prestação de um serviço melhor e em menor tempo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dirigentes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgam apenas parcialmente suas agendas com autoridades, advogados e representantes de empresas com interesse em processos e investigações. Registros de entrada no prédio do órgão em Brasília, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostram que a passagem de várias pessoas pelos gabinetes fica na obscuridade.

Ao se apresentar na portaria do conselho, o visitante precisa se identificar e informar com quem pretende falar. Segundo esses registros, em 6 de dezembro de 2012, por exemplo, ao menos seis pessoas passaram pela portaria para falar com o conselheiro Alessandro Serafin Octaviani Luís, mas ele não divulgou nenhum compromisso.

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Também há omissões nas agendas dos conselheiros Eduardo Pontual (três visitantes), Marcos Paulo Veríssimo (3) e Elvino de Carvalho (2), além do procurador-chefe do Cade, Gilvandro Vasconcelos (5), e do superintendente adjunto Diogo Thomson de Andrade (5).

A divulgação das agendas está prevista na Lei de Acesso à Informação e foi regulamentada por meio de portaria do presidente do Cade, que determina sua atualização diária.

Em nota, o conselho justificou que as agendas são registradas, exceto quando a divulgação pode prejudicar apuração em curso ou quando a investigação de um caso decorre da própria audiência marcada. Também há omissão, segundo o órgão, quando se trata de procedimentos sigilosos ou de acesso restrito às partes.

O Cade alegou que o registro do acesso ao seu prédio é um documento interno que "visa a garantir maior controle e segurança" e que as reuniões "efetivamente realizadas" pelas autoridades constam da agenda pública". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos principais denunciantes do cartel do metrô em São Paulo, o deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) levou informações sobre o caso ao presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Marques de Carvalho, meses antes de o órgão fechar com a Siemens um acordo de leniência. O Cade apura denúncias de cartel no setor metroferroviário paulista durante governos tucanos entre os anos de 1998 e 2008.

A tratativa entre Vinícius e Simão Pedro foi mantida em segredo pelo Cade e negada por ambos até a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo confrontá-los ontem com registros da portaria do próprio órgão e de um "post" esquecido pelo deputado no Twitter. Vinícius e Simão teriam se encontrado em 19 de setembro e em 6 de dezembro de 2012. Os encontros, no entanto, foram omitidos da agenda oficial de Vinícius no site do Cade.

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O presidente do Cade é investigado pela Comissão de Ética da Presidência por omitir em quatro currículos oficiais, entre eles o analisado na sabatina que viabilizou sua nomeação no cargo, ter sido chefe de gabinete de Simão Pedro na Assembleia paulista entre 19 de março de 2003 e 29 de janeiro de 2004. A informação foi revelada pelo jornal, o que gerou a abertura do processo.

Quando a ligação veio à tona, o presidente do Cade e o deputado negaram, veementemente, em entrevistas gravadas, terem se encontrado ou tratado do assunto após Vinícius assumir o cargo, em julho de 2012.

"Nossa, faz muitos anos que eu não falo com ele (Simão Pedro)... Como presidente do Cade nenhuma vez ele foi lá... Ele, até onde eu sei, tinha umas denúncias que ele tinha feito ao MP. Nunca fez denúncia ao Cade", afirmou Vinícius, em 24 de setembro passado.

O deputado também assegurou não ter falado com o ex-assessor, nem por telefone, após ele assumir o órgão de investigação. "Quero te reafirmar: não tive contato com o Cade nesse período", sustentou, atribuindo a uma "coincidência danada do destino" o caso ter aportado no Cade após a nomeação de Vinícius.

Mas o próprio Simão Pedro informou, no Twitter, o primeiro encontro com o ex-assessor, em setembro de 2012. "Tenho audiência c/ Vinícius Carvalho, presidente do Cade, sobre formação de cartel nas obras do Metrô/SP", avisou, pouco antes da viagem a Brasília, com passagens reembolsadas pela Assembleia.

Registros da portaria do Cade em Brasília, obtidos pela reportagem indicam outro encontro entre os dois, a partir das 11h36 de 6 de dezembro. Procurado pela reportagem, ontem, o deputado mudou a versão. "Diante de evidências de formação de um cartel neste último caso, levantadas inclusive pelo Tribunal de Contas do Estado, resolvi, dentro das prerrogativas de meu mandato, procurar o Cade na tentativa de encaminhar o assunto naquele órgão", admitiu, em nota.

Em meados deste ano, o Cade anunciou o acordo de leniência.

O Cade, em nota, disse que as agendas públicas estão no site, mas que encontros sigilosos, incluindo os que motivam abertura de investigações, não são divulgados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) suspendeu em decisão liminar as inserções político-partidárias do diretório estadual do PT que seriam veiculadas na noite desta quarta-feira, 4, e que mencionam supostos "desvios milionários do metrô".

A suspensão foi determinada após representação do diretório estadual do PSDB, que alegava "irregularidade" na propaganda. De acordo com o advogado da PSDB, Milton Terra, a finalidade dessas peças deve ser de "difundir a ideologia" dos partidos e essa inserção, alega, teria por objetivo "atacar o governo e o PSDB".

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"Eles estão desvirtuando a propaganda, essa inserção não é uma propaganda eleitoral", disse Terra.

Na propaganda petista, o deputado estadual Claudio Marcolino, líder do partido na Assembleia Legislativa, pergunta se o espectador não gostaria de um metrô com "26 km a mais" ou "tarifa zero" e responde: "Seria assim, se não fossem os desvios bilionários do governo estadual nos escândalos do metrô e na CPTM. É necessária uma rigorosa apuração. Queremos transparência".

De acordo com o advogado tucano, a propaganda chegou a ir ao ar na semana passada e na última segunda-feira, 2. Segundo a decisão liminar, assinada pelo Corregedor Regional Eleitora, Antônio Carlos Mathias Coltro, o PT ainda pode inserir outra peça no lugar dessa.

A polícia federal do México capturou no estado de Nayarit (oeste) o traficante Alberto Carrillo Fuentes, conhecido como "Betty a feia", que é considerado líder do novo cartel de Juárez.

Carrillo, de 47 anos, era procurado por crimes contra a saúde, crime organizado e homicídio.

Ele assumiu a liderança do cártel de Juárez depois que seu irmão Vicente, conhecido como "El Viceroy", aparentemente renunciou ao cargo.

Outro irmão do detido e fundador do cartel, Amado Carrillo Fuentes, conhecido como "El Señor de los Cielos", faleceu em circunstâncias não esclarecidas em 1997 após uma cirurgia plástica.

Segundo a revista Proceso, o cartel de Juárez trava atualmente uma intensa batalha contra o cartel de Sinaloa, de Joaquín "El Chapo" Guzmán, o narcotraficante mexicano mais procurado pela polícia federal, nos estados do noroeste do país como Chihuahua, Sinaloa, Sonora, Coahuila e Durango.

A guerra tem por objetivo controlar o tráfico de drogas para os Estados Unidos a partir da cidade de fronteira de Ciudad Juárez.

A Siemens esclareceu que, em 2007, estabeleceu um sistema de compliance - mecanismo interno de obediência às leis - para "detectar, remediar e prevenir práticas ilícitas que porventura tenham sido executadas, estimuladas ou toleradas em qualquer lugar do mundo". Segundo a companhia, "com base nesse princípio, quando a empresa encontra indícios de irregularidades, faz uma minuciosa investigação interna e leva proativamente o caso às autoridades competentes".

A Siemens diz que compliance é "um compromisso sério e por isso a empresa não especula ou lança julgamentos sem que haja uma verificação justa e criteriosa, já que a ausência desses elementos pode levar a precipitações e injustiças contra pessoas e instituições".

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A empresa afirma que coopera integralmente com as autoridades. Em nota, a multinacional alemã refuta "quaisquer acusações que não sejam baseadas em provas validadas por órgãos oficiais competentes e que denigram a imagem, seja da empresa, de governos, partidos políticos, pessoas públicas ou privadas, ou qualquer integrante da sociedade".

Sobre sua disposição em combater irregularidades, a Siemens diz: "Trata-se de um compromisso inegociável, que assumimos mundialmente, de eliminar tais condutas e que nos coloca na vanguarda da mudança que todos querem para a sociedade".

"Infelizmente isso pode ser entendido de forma equivocada. Esse é o preço de um movimento transformador da sociedade", observa a empresa. "Não se trata de um discurso vazio ou estratégia publicitária. É um compromisso sério, que não admite desvios. E não se refere somente ao presente e ao futuro, mas também ao passado, sem se eximir de investigar casos que tenham ocorrido em qualquer lugar do mundo.

A Siemens acredita que somente a concorrência leal e honesta pode assegurar um futuro sustentável para as empresas, os governos e a sociedade como um todo."

Quatro contratos vigentes do Metrô de São Paulo com empresas denunciadas pela empresa Siemens por formação de cartel no sistema metroferroviário - incluindo a própria multinacional alemã - são alvo de inquérito do Ministério Público estadual. Os promotores que investigam as contratações suspeitam que o cartel, que segundo a Siemens durou de 1998 a 2008, gestões do PSDB, pode ter atuado para além do que alega a própria companhia.

As investigações, que tiveram início em 2012 e ainda estão em caráter inicial, se baseiam em informações prestadas por um ex-funcionário da Siemens no Brasil.

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Os contratos, que em valores nominais somam R$ 1,75 bilhão, foram celebrados em 2008 e 2009 e têm duração de 68 meses. A Siemens e as empresas Alstom, Iesa, Bombardier, Tejofran, Temoinsa, T’Trans e MPE foram contratadas para reformar 98 trens das Linhas 1 (Azul) e 3 (Vermelha) do Metrô.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE), que ainda não terminou de analisar os contratos, em sua única avaliação até o momento afirmou que "não se verificou grande competitividade" na concorrência, já que houve uma única proposta por lote - eram quatro consórcios, cada um ficou com o lote para o qual apresentou proposta. "Não houve propriamente uma disputa licitatória, mas, uma atividade de consorciamento", sustentou em 2010 o então conselheiro Eduardo Bittencourt, hoje aposentado. Ele voltaria a fazer os mesmos reparos em 2011, após as partes apresentarem suas razões no processo.

Bittencourt ainda ressaltou, ao abordar a opção por concorrência nacional em vez de internacional, existência de "risco de se reduzir substantivamente o grau de competitividade do certame, acarretando em prejuízo ao erário público, em um setor cuja expansão e melhoria são de vital importância para o bem estar da população, sob a qual recai o ônus de todos os investimentos realizados".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Controladoria-Geral da União (CGU) enviou nesta segunda-feira, 19, notificação para que a Siemens se explique, em até dez dias, sobre as denúncias de envolvimento em cartel e suborno de agentes públicos no Brasil. O órgão avaliará, juntamente com parceiros, a retirada da multinacional do Cadastro Pró-Ética, que reconhece as empresas empenhadas em "reduzir riscos de fraude e corrupção, na busca de um ambiente mais íntegro".

O rol tem hoje 15 empresas de grande porte, como Infraero, Duratex, Caixa Econômica Federal (CEF) e Eletropaulo, que pleitearam a inclusão a um comitê gestor multilateral - além da CGU, fazem parte desse colegiado representantes de oito instituições, como o Instituto Ethos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A entrada na lista, criada em abril de 2011, serve às interessadas como um carimbo de compromisso com as boas práticas corporativas.

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A Siemens foi uma das primeiras admitidas, em agosto do mesmo ano, após se envolver, a partir de 2007, em escândalo de escala global que resultou em multa bilionária e sanções em vários países.

Para ser aprovado no Pró-Ética, é preciso preencher um questionário e apresentar documentos que comprovem o engajamento contra fraudes. Desde a criação do cadastro, 138 empresas iniciaram o preenchimento do questionário, mas só 30 concluíram, sendo a metade aprovada.

Para passar no funil, apesar do histórico recente de denúncias, a multinacional alemã alegou não ter diretores e gerentes condenados por corrupção e informou proibir práticas dessa natureza em seus contratos.

No comunicado enviado nesta segunda, em nome do comitê gestor, a CGU requer esclarecimentos que demonstrem, à luz das novas denúncias, o compromisso da multinacional "em promover a ética e combater a corrupção".

Em 6 de setembro, o comitê gestor deve se reunir e deliberar sobre eventual suspensão ou exclusão do cadastro. "Espera-se que nos sejam enviadas informações capazes de demonstrar a efetiva aplicação das medidas previstas no programa de integridade da empresa. Acrescenta-se que seria de grande valia para avaliação do comitê esclarecer-se se há fatos que envolvam a Siemens em irregularidades após a entrada da empresa no cadastro", diz a notificação.

O deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), na tentativa de defender seu partido do envolvimento sobre o suposto cartel nas licitações do metrô de São Paulo afirmou que outros Estados estão envolvidos no caso. Segundo o parlamentar, o PT e o PSB também fizeram contratos do mesmo porte que o PSDB.

“Já foi comprovado no Ceará, no contrato que foi feito pelo PT e PSB. É uma coisa que deve ser investigado. Se teve prejuízo ao erário publico é preciso que as empresas sejam punidas e processadas”, declarou o tucano.

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O possível escândalo do cartel envolvendo os tucanos, já está sendo chamado pelos petistas de “trensalâo”. O termo faz referência às denúncias do mensalão, que recaem sobre os próprios petistas, e das licitações de trens do metrô e da CPTM em São Paulo.

Os manifestantes que protestam contra o suposto cartel nas Companhias de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metropolitano de São Paulo (Metrô) puseram fogo na tarde desta quarta-feira numa catraca e num boneco representando os corruptos e os empresários do transporte, na Rua Boa Vista, em frente à Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos.

A Polícia Militar (PM) acompanha o ato sem interferir. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) pede aos motoristas que evitem circular pela região central da capital paulista por causa da presença dos manifestantes. O deputado estadual Carlos Giannazzi (Psol-SP) afirmou que é importante que a próxima manifestação seja na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para pressionar deputados governistas a instaurar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigue a formação de cartel nas licitações do Metrô e da CPTM. "Temos 26 deputados. Precisamos de mais seis assinaturas", disse. Representantes dos metroviários e do Movimento Passe Livre (MPL) entregaram uma carta à assessoria da Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos. A carta pede o fim do corrupção, "a devolução do dinheiro desviado pelo cartel" e a punição dos corruptos e corruptores.

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A Siemens não comentou a decisão do governo paulista de processar a empresa. Em nota, o presidente e CEO da multinacional no Brasil, Paulo Stark, afirmou que não pode se manifestar publicamente sobre as denúncias porque as investigações ainda estão em andamento. "A empresa coopera integralmente com as autoridades, manifestando-se oportunamente quando requerido e se permitido pelos órgãos competentes."

A empresa diz esperar que "o assunto seja tratado com a devida seriedade e não como instrumento para qualquer outro uso ou interesse, e a confidencialidade inerente ao caso". "Por isso, a Siemens vem a público refutar quaisquer acusações que não sejam baseadas em provas validadas por órgãos oficiais competentes e que denigram a imagem, seja da empresa, de governos, partidos políticos, pessoas públicas ou privadas, ou qualquer integrante da sociedade", afirma a nota, numa repetição de discurso desde que o caso eclodiu.

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"Em 2007 estabelecemos um sistema de Compliance (integridade e obediência às leis) para detectar, remediar e prevenir práticas ilícitas que porventura tenham sido executadas, estimuladas ou toleradas por colaboradores e chefias da Siemens em qualquer lugar do mundo. Trata-se de um compromisso inegociável, que assumimos mundialmente, de eliminar tais condutas e que nos coloca na vanguarda da mudança que todos querem para a sociedade", afirma nota. "Estamos vivendo um momento ímpar da história do País, rumo a uma sociedade mais ética, à integridade e às mudanças necessárias para que haja um legado de transparência", conclui o texto assinado pelo CEO da empresa alemã no Brasil, Paulo Stark.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A quarta-feira paulistana será marcada por dois protestos, ambos sobre o transporte e com críticas ao escândalo envolvendo suposto cartel em licitações de metrô e trens metropolitanos no Estado. A primeira manifestação, marcada para as 15h no Vale do Anhangabaú pelo Movimento Passe Livre (MPL) e pelo sindicato dos metroviários (Metroviários-SP), tenta se descolar da bandeira "Fora Alckmin", enquanto a reunião convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) de São Paulo em frente à Assembleia Legislativa, às 17h, vai pressionar pela abertura de uma CPI para investigar o envolvimento dos tucanos no caso.

Metroviários contam com o apoio do MPL para organizar a manifestação que sai do Vale do Anhangabaú, circula pelo Centro e segue para a Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Em texto publicado na internet, o MPL aponta que a manifestação "é mais uma mobilização na luta por um transporte verdadeiramente público, organizado de acordo com os interesses dos seus trabalhadores e usuários, e não pelo lucro das empresas e políticos". Também endossa a manifestação o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

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Para Nina Capello, uma das representantes do MPL, o ato vai dialogar com a população e é bastante diferente dos protestos organizados pelo movimento em junho, quando foi conquistada a revogação do aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. "O ato de amanhã não será muito grande. É um ato denúncia, para panfletar. Não é nos moldes do que fizemos em junho, quando eram protestos subsequentes com pauta clara", comentou. Até o momento, 7,1 mil pessoas confirmaram presença pelo Facebook no evento criado pelo metroviários. A expectativa do sindicato é de que pelo menos 5 mil pessoas participem da mobilização.

No ato organizado pela CUT-SP, contudo, a pauta é direta: "Nós queremos apuração rigorosa das denúncias sobre o que está sendo acusado, dos governos tucanos", disse o presidente da central em São Paulo, Adi dos Santos Lima. "A diferença entre os protestos é o local. Achamos que é importante pressionar na Assembleia porque é lá que vai ser votado o pedido de abertura de CPI", completou Lima.

A CUT-SP admite apoio ao protesto do Vale do Anhangabaú, mas metroviários e MPL ressaltam a diferença entre os dois atos. Moraes, do sindicato dos metroviários, aponta para a tentativa de "politização" do dia de protestos pela central.

'Trensalão'

Na semana passada, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, batizou o escândalo de "trensalão" e disse que no dia 14 em São Paulo haveria uma manifestação contra o "propinoduto ou trensalão". Na segunda-feira, 12, ao ser indagado como encarou o uso do termo "trensalão", Geraldo Alckmin (PSDB) ironizou: "Eles querem misturar coisas totalmente distintas; querem confundir a opinião pública. Uma coisa é corrupção, crime comprovado, entre político para agente público; outra coisa é setor privado fazer conluio para prejudicar o Estado".

Na tarde desta terça-feira, 13, a menos de 24 horas do primeiro protesto, o governador Alckmin anunciou que o governo vai à Justiça contra a Siemens "pela lesão aos cofres públicos" por conta da formação de cartel em licitações da CPTM e do Metrô. "Ela vai indenizar centavo por centavo".

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) negou nesta segunda-feira que seu nome tenha aparecido em troca de correspondências sobre a formação de um suposto cartel que atuava na licitação de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô, conforme noticiado na semana passada. "Meu nome não surgiu. Nós fizemos uma luta anticartel, para pagar R$ 200 milhões a menos", rebateu.

Serra avaliou como "boa" a decisão judicial que determinou a liberação dos documentos em posse do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a investigação do suposto cartel. "Se todo mundo tem (os documentos), é bom que seja liberado a todo mundo mesmo", disse, mencionando o fato que muitos dos documentos já foram divulgados para a imprensa, mesmo mantidos sob sigilo.

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As declarações foram dadas após o ex-governador proferir palestra sobre "Desenvolvimento brasileiro e seus principais problemas" na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na região central da cidade.

Modelo político

 

Serra avaliou, durante palestra, que o modelo político atual já se esgotou. Para ele, esse esgotamento ocorreu a partir de 2010, quando "a bonança externa se esgotou". "A China passou a crescer menos, a Europa está com problemas e os Estados Unidos estão em fase de recuperação, mas isso tem uma contrapartida (negativa), que é o dinheiro tornar-se mais caro. Esse é o panorama geral", avaliou. Além disso, ele disse que houve um "esgotamento dos limites de endividamento da população" e a suposta "desindustrialização" do País como razão para o suposto esgotamento do atual modelo.

Serra criticou também o que chamou de ausência de uma política comercial externa no País. "Outro ponto crítico a que chegou (o Brasil) é a falta de medidas e políticas comerciais, que o Brasil não tem. Tratados de livre comércio, deve ter tido uns 400 nos últimos anos. O Brasil fez somente três, um com Israel, o segundo com a Palestina, e o terceiro com o Egito, que ainda nem se assinou", avaliou. Ele criticou a chamada política externa multilateral do País. "Inventaram o tal do multilateralismo, inteiramente na contra corrente do mundo, que está realizando acordos bilaterais", afirmou.

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