Tópicos | Centro das Mulheres do Cabo

Luta. Avanço. Direitos Civis. Liberdade. Igualdade. Representatividade. Representatividade política. São palavras que simbolizam o Dia Internacional da Igualdade Feminina, que comemora 49 anos nesta sexta-feira (26). Apesar da importância da data, que deve ser comemorada pelo avanço e reconhecimento dos direitos e da necessidade de igualdade, ainda há muito o que se conquistar. O processo de luta não para até que se tenha todos os direitos adquiridos respeitados.

É importante lembrar que o direito ao voto feminino foi um dos grandes marcos conquistados pelas mulheres há 90 anos no Brasil. País onde a maioria do eleitorado é composto por mulheres, com 52%, mas são os homens que ocupam a maior parte dos cargos eletivos, com uma subrepresentação de 15% das mulheres no parlamento.

##RECOMENDA##

A coordenadora do Centro das Mulheres do Cabo, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, Nivete Azevedo, destacou o marco de jornada de luta feminista pelos direitos das mulheres que a data representa. “A gente ainda tem uma distância muito grande, sobretudo quando falamos na realidade brasileira, que é uma distância muito grande nos direitos das mulheres serem garantidos. Mas não podemos deixar de destacar o marco dessa luta na trajetória das mulheres que não aceitam, não se dobram diante dessa desigualdade e vivem reivindicando esse direito”, observou.

Nivete enfatizou a ainda baixa representatividade feminina dentro da política brasileira. “A data tem um significado importante para mim e a gente continua nesse processo de luta. Nesse momento a gente tem o foco nesse campo que ainda é um dos mais subrepresentados pela mulher, que é a política, especialmente os lugares de poder. A gente não tem ainda no Brasil grandes conquistas, haja vista a nossa subrepresentação no parlamento, desde as câmaras municipais até a Presidência da República, onde já conseguimos chegar e tivemos um papel super importante com a representação da presidenta Dilma Rousseff (PT), mas que foi cruelmente retirada desse local pela condição de ser mulher”, lembrou. 

Trazendo para um âmbito mais local, na Câmara de Vereadores do Recife, por exemplo, dos 39 parlamentares, apenas sete são mulheres. Já na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), na casa das deputadas e deputados estaduais, dos 49 parlamentares, apenas 10 são mulheres. 

Com relação aos avanços, a coordenadora lembrou da lei 17.377/2021, aprovada na Alepe, que Cria o Estatuto da Mulher Parlamentar e Ocupante de Cargo ou Emprego Público, no âmbito do Estado de Pernambuco, com mecanismos para o enfrentamento ao assédio e a violência política contra mulheres. “A lei criminaliza o assédio, a violência, misoginia contra as mulheres no parlamento. É uma lei estadual e isso mostra o quanto a presença das mulheres nesses espaços, por menor que seja a sua representação lá dentro, tem trazido mudanças na história das mulheres. Mas as bandeiras ainda são muitas e a gente vem a passos lentos, mas vem conseguindo aumentar”, disse, sobre a quantidade de mulheres com candidaturas colocadas para estas eleições. 

“Entre os 15% de mulheres representadas no Congresso Nacional, apenas 2% são mulheres negras, a representatividade de mulheres trans não chega a 1% e as indígenas também. É um lugar muito subrepresentado e isso são barreiras que a gente enfrenta para estar nos lugares de decisão política deste País. Não teremos democracia plena enquanto as mulheres, mulheres negras, e mulheres na sua diversidade como um todo estejam ocupando esses espaços de decisão política. É fundamental para que a gente tenha uma democracia plena neste País”, cravou Nivete. 

Por sua vez, a estudante de direito Maria Suburbia salientou, como mulher preta, não se sentir representada de forma igualitária na política.“É uma data que representa a luta pela igualdade de gênero, foram conquistados vários avanços ao longo da história, mas ainda falta muito. Eu me sentiria mais representada vendo pretos e pretas periféricos se tornando vereadores, deputados, ocupando cargos políticos, incentivando e lutando para que outras pessoas negras ocupem esses mesmos espaços de poder”, disse. 

“Precisamos ver mulheres na política, no esporte, em todos os espaços. Apesar das conquistas ao longo dos anos, o machismo estrutural ainda reforça os modelos sociais existentes, como a desigualdade salarial”, pontuou Maria. 

Para Suburbia, a ausência de mulheres em cargos de poder não proporciona um debate adequado em torno das questões fundamentais, como na saúde e na segurança pública. “Muitas mulheres ainda têm dificuldades de ocupar cargos de poder devido à exclusão histórica das mulheres na política, o que reverbera até hoje. A presença de mulheres na política proporcionará um diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões relacionadas às pautas femininas”, destacou. 

Em total convergência, a empreendedora digital e estudante de psicologia Luane Cavalcanti também enfatizou que ainda há muito o que avançar, apesar da data ter uma boa representação na vida das mulheres. “Diferente de outras datas comemorativas, esse marco de igualdade ainda não é realidade para nós mulheres, percebo que estamos melhorando, mas a desigualdade ainda prevalece em todos os ambientes”. 

“Os números falam por si”, expôs, ao revelar que não se sente representada na política. “Somos minorias das câmaras de vereadores aos ministérios do estado brasileiro. Acredito que a figura feminina ainda é vista como incapaz para estar nas esferas do poder político. Quando eleitas, somos invalidadas nos mais diversos assuntos, que fogem da atuação política, no governo atual assumimos, estereotipicamente, responsabilidades em assuntos ligados à família. Nossa presença é mínima e ainda nos limitam, como me sentir representada assim?”, questionou.

Para Luane, estímulo, oportunidade e voto podem ser fatores que auxiliem a ter mais mulheres na política. “Devemos educar nossas meninas para que se vejam como pertencentes ao mundo político, precisamos de partidos que nos deem voz e espaço e que a sociedade, desde já, pesquise, vote e eleja mulheres para cargos políticos. Desde a última eleição, me comprometi a votar em uma candidata feminina, no mínimo. Creio na máxima que para termos resultados diferentes, não podemos continuar fazendo as mesmas coisas”, finalizou.

O Centro das Mulheres do Cabo (CMC), celebra os 16 anos da Lei Maria da Penha, através de um encontro comemorativo, nesta quinta-feira (25), no auditório da instituição, que é referência no campo do feminismo e na luta pelo enfrentamento à violência de gênero, e em defesa dos direitos das meninas, adolescentes, jovens e mulheres.

A ação tem por finalidade ressaltar a importância dos equipamentos públicos que são preconizados pela Lei e a efetivação das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher nos municípios de Pernambuco.

##RECOMENDA##

O encontro acontece, no auditório do CMC, às 14h, reunindo a secretária da Mulher do Cabo, Walkiria Alves, o subinspetor da Patrulha Maria da Penha Ronaldo Francisco de Assis, a coordenadora do Comitê de Monitoramento da Violência e do Feminicídio no Território Estratégico de Suape (COMFEM), Izabel Santos, além da deputada estadual Gleide Ângelo. 

Este ano, o Cabo de Santo Agostinho, registrou 8 assassinatos de mulheres, sendo 2 considerados crimes de feminicídios pela Secretaria de Defesa Social (SDS/PE), tendo registrado 479 casos de violência doméstica e familiar, e 24 estupros nos últimos seis meses na cidade localizada na Região Metropolitano do Recife (RMR).

O Centro das Mulheres do Cabo (CMC) está organizando uma vigília que deve ser realizada em junho para lembrar as sete mulheres que foram mortas este ano na cidade, em média uma por mês, e alertar para o aumento desta violência.

De acordo com a coordenadora geral do movimento, Nivete Azevedo, o número assusta em relação a todo ano passado onde foram registrados 14 assassinatos. “A gente espera que isso aqui pare. Esta é a nossa luta. O nosso movimento denuncia e cobra mais rigor nas punições. Afinal, a morte de uma mulher (fenicídio) é o extremo da violência, que começa com um empurrão, um xingamento”, relatou. 

##RECOMENDA##

A vítima mais recente da violência no Cabo de Santo Agostinho foi Denise Mariano da Silva, de 20 anos, que carregava um bebê no colo, e foi morta a tiros de revólver pelo seu ex-companheiro dentro do ônibus no último domingo (2)

Segundo Azevedo, não há um perfil exato destas mulheres que sofrem violência doméstica, mas elas são na maioria pobres, jovens e moradoras de periferia. “Precisamos continuar avançando nas conquistas dos direitos das mulheres  por uma vida sem violência”, concluiu.

A vigília programada para o dia 27 de junho tem concentração em frente a Delegacia da Mulher do Cabo, no Centro. De lá, o grupo sai em caminhada até o fórum da cidade, onde será realizado o ato às 20h. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando