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Em frente à Igreja São Pedro Mártir, no Sítio Histórico de Olinda, um grupo de turistas passa brevemente, conduzido por um guia que não se demora no local. A cena se repete em outras duas igrejas da Cidade Alta: Nossa Senhora das Graças e Bom Jesus do Bonfim. Todas interditadas pela Defesa Civil e sem acesso aos visitantes. Cadeados, correntes e tapumes da prefeitura trancam a memória do Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. 

Da interdição mais recente, em setembro, os motivos de sempre: problemas estruturais, elétricos, necessidade de restauração imediata. São Pedro Mártir recebia celebrações e missas dominicais. Os fiéis foram “realocados” para a Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Também fechados, o Seminário de Olinda e a Igreja de Nossa Senhora da Graça só pode ser vistos de longe por quem visita o Sítio Histórico. Porém, a situação mais crítica é a da Igreja do Bom Jesus do Bonfim.

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Fechada desde o começo de 2012, o imóvel está, literalmente, caindo aos pedaços. “A rachadura na torre sineira aumenta a cada dia. Há uma fissura no alto que também não era tão grande assim. Com frequência, partes do reboco se desprendem e caem do alto”, explica a moradora da casa vizinha ao monumento, Christiani Gondim. Os tapumes que deveriam isolar a frente da igreja também não resistiram ao tempo e à chuva. “A prefeitura veio, trocou, mas botou esse tapume que não aguenta nada. E tá aí. Sem a proteção, muitos assaltos ocorrerão, com as pessoas se escondendo por trás dos tapumes que ainda restam”, cita Christiani. 

A médica veterinária mora na casa ao lado do Bom Jesus do Bonfim há mais de 50 anos. Foi ela que denunciou a degradação da igreja à prefeitura. Desde então, milita diariamente para uma tomada de decisão da gestão municipal. “É um absurdo para a cidade. Os guias passam com os turistas e dizem que a igreja está em reforma, o que é uma falácia. Não há obra. A igreja está interditada. O teto do altar desabou, a fissura na torre sineira aumenta todo dia. A Defesa Civil foi clara: o risco de desabamento é iminente”.

Christiani Gondim precisou, por aconselhamento da Defesa Civil, “evacuar” os cômodos da frente da casa. Sua tia, de 97 anos, começou a dormir no quarto dos fundos. As consequências da idade, somada às preocupações com a casa, trouxeram confusões mentais à idosa, diz a moradora. “Estou já, já subindo eu mesma para consertar este telhado (da igreja), porque estou cansada de esperar prefeitura, Corpo de Bombeiros. Qual é o custo de apenas se consertar um telhado, minha gente?”.

Iphan esbarra na burocracia e obras seguem sem previsão

Na década de 90, investimentos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), estavam destinados às reformas das igrejas do Sítio Histórico. Porém, em 2009, o governo federal lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Consequentemente, os projetos anteriormente elaborados para o Pronac migraram para o PAC. A partir de então, os projetos emperraram. 

“Tínhamos os projetos feitos de acordo com as exigências do Pronac. Ao passar para o PAC, as exigências técnicas são muito mais complexas. Readequamos os projetos, encaminhamos para análise e sempre há o retorno de notas técnicas que precisam ser contempladas. De fato, estamos tendo problemas com as empresas contratadas para a realização dos projetos”, revela o chefe do escritório técnico do Iphan em Olinda, Fernando Lima. 

Segundo relatou em entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá, a maior dificuldade para andamento das obras é “compatibilizar a elaboração dos projetos com as exigências do PAC”. Lima explica que a verba está disponível e é liberada a partir da conclusão de etapas dos projetos. Mesmo diante cenário de crise, não houve cortes para os projetos de reforma no Sítio Histórico de Olinda. “O recurso existe e, apenas da situação econômica do país, não existe impacto orçamentário para as nossas obras”.

Em 2013, durante o anúncio dos municípios contemplados com o PAC das Cidades Históricas, a presidenta Dilma Rousseff confirmou mais de R$ 60 milhões investidos para 14 projetos em Olinda. Questionado sobre prazos, Fernando Lima foi claro ao dizer que não poderia estipular prazos. “Seria leviano de minha parte e um desserviço (para o público), já que dependo de terceiros. Posso dizer que acredito que, aos menos, o projeto da igreja do Bonfim e a requalificação do adro de São Francisco começam a ser realizados até o fim do ano”.

Com a iniciativa de consolidar a união dos patrimônios das cidades históricas brasileiras com o melhor da música universal, do erudito ao jazz, passando pela world music e elementos que representam a cena contemporânea, o MIMO - Mostra Internacional de Música em Olinda comemora dez anos em 2013 com novidades. A mostra, agora transformado em Movimento MIMO, reúne ações durante todo o ano.

O circuito foi ampliado com a inserção da cidade de Paraty (de 23 a 25 de agosto), seguida por Ouro Preto (29 de agosto a 1º de setembro) e Olinda (2 a 8 de setembro).

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As atividades ao longo do ano, previstas no Movimento MIMO, começam nesta quarta (29) com o lançamento de um portal e ativações de redes sociais próprias e segue com ciclos de palestras, exposição fotográfica comemorativa aos dez anos e multiplicação da etapa educativa no Rio de Janeiro, em São Paulo e Belo Horizonte. A equipe formada pelos empresários de mídia, cultura e entretenimento Luiz Calainho e de conteúdo e marketing Fernanda Cortez, juntamente com a produtora cultural Lu Araújo, anuncia a criação de novas plataformas para comunicação, com conteúdos exclusivos, como uma webradio (com playlists de artistas de diversas partes do mundo) e aplicativos sobre as cidades por onde o MIMO vai passar.

O intuito de transformar o Movimento MIMO em uma referência para o mercado cultural em todo o mundo. O projeto já levou mais de 500 mil espectadores aos 200 concertos realizados e 90 filmes exibidos desde 2004. Nomes como o de Phillip Glass, McCoy Tyner, Nelson Freire, Chucho Valdés, Gotan Project, Maria João Pires, Buena Vista Social Club, Antonio Meneses, Richard Bona, Egberto Gismonti e Gonzalo Rubalcaba, entre outros, passaram pela MIMO.

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