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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 19, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a isenção de impostos a igrejas e partidos políticos. O novo texto garante que ambos possam não pagar tributos no caso de compras de bens, serviços para formar patrimônio. A PEC ainda passará à discussão em uma comissão especial antes de ir a plenário.

O texto, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, justifica a criação da iniciativa pelo "interesse social". "A equidade dessa imunidade (...) sejam religiões ou partidos políticos, estariam fadadas à extinção, algo que contrasta com o pluralismo político e a liberdade de religião", afirmou.

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Apenas o PSOL foi contra a proposta. "A PEC retira essa ideia das finalidades essenciais, passando a dizer que qualquer serviço, acúmulo, patrimônio, obra, gozarão da imunidade tributária. Isso é estender demais, ferindo o próprio princípio da imunidade tributária", afirmou Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

Tanto o governo como a oposição foram favoráveis. No PT, o líder do governo, José Guimarães (CE), votou favoravelmente. O líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ) atacou o governo para defender o posicionamento.

"Prefiro que os recursos fiquem com os templos religiosos do que com o Estado, com o governo atual", afirmou. Além partidos e igrejas, caso o projeto seja sancionado, entidades sindicais dos trabalhadores e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos também serão contempladas.

"Onde foi que seus tataravós encontraram o amor das suas igrejas, batizaram seus filho e velaram seus mortos?", perguntou Crivella. "Os templos religiosos estão na nossa formação desde o momento em que o conquistador chegou na Bahia, colocou uma cruz e rezou uma missa."

A relatora da PEC, a ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro (União-RJ) optou pela admissibilidade do projeto. "A PEC em questão está em plena consonância com os preceitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal" justificou. O relator anterior era Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que deixou o exercício da atividade para assumir o ministério de Portos e Aeroportos.

O projeto teve amplo apoio de todas as legendas, inclusive do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que esteve ao lado de Crivella no ato de divulgação da proposta.

Grupos religiosos partiram para uma iniciativa para isentar igrejas de impostos em múltiplas frentes. Como mostrou o Estadão em julho, a proposta de reforma tributária aprovada na Câmara autorizou uma emenda que beneficiam igrejas.

Se o texto não sofrer alterações nesse campo no Senado, entidades como organizações beneficentes vinculadas a templos religiosas deixarão de pagar alguns impostos que incidem sobre patrimônio renda e serviços.

Com o controle da pandemia de Covid-19 e o aumento do número de pessoas vacinadas em todo o país, várias cidades retomaram neste ano as celebrações da Semana Santa. Depois de dois anos sem eventos presenciais, a população poderá assistir missas e encenações da Via Sacra, além de procissões e outros eventos religiosos.

Alguns dos principais roteiros da fé católica estão abertos à população nesta semana. entre eles o Santuário de Aparecida, no estado de São Paulo; a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA), e o Santuário de Bom Jesus da Lapa, na Bahia.

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Santuário de Aparecida

Uma das celebrações mais populares da fé católica, a programação de Semana Santa do Santuário Nacional de Aparecida também está de volta após dois anos de participações restritas devido à pandemia. A Missa do Crisma ocorre nesta quinta-feira de manhã. À noite, haverá missa, no Altar Central, seguida de vigília até a meia-noite. Amanhã de manhã ocorre a Via Sacra. Neste ano, o rito de encenação das 14 estações da Paixão de Cristo em Aparecida levará a reflexões sobre a paz mundial.

“O Santuário, juntamente as igrejas do Brasil, novamente se enche de esperança para acolher, com muita alegria, os romeiros e devotos de Nossa Senhora para as celebrações desta Semana Santa. A expectativa é que possamos acolher a todos os peregrinos que visitarão a Basílica ao longo semana. Claro, ainda em proporções menores aos anos antes da pandemia”, disse o padre Diego Antônio, prefeito da igreja.

Morro da Capelinha

Em Brasília, a tradicional Via Sacra do Morro da Capelinha está de volta. A dramatização da morte e ressurreição de Jesus Cristo, encenada próximo à cidade de Planaltina (DF), completa 49 anos em 2022. A estimativa do governo do Distrito Federal é que cerca de 100 mil pessoas se desloquem, no dia 15 de abril, para o Morro da Capelinha.

“Será um momento de exaltação à fé e de renovar esperança na volta à normalidade. Nossas tradições religiosas e culturais permaneceram inabaláveis e agora voltam com toda energia, criando um clima de grande expectativa no segmento da economia criativa”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues.

A Paixão de Cristo no Morro da Capelinha está marcada para as 15h desta sexta-feira (15). O local terá espaço para que pessoas com deficiência possam acompanhar a encenação presencial. O evento também será transmitido pelo canal do Grupo Via Sacra no YouTube.

Caminhada em Trindade

A população de Trindade (GO) e turistas poderão acompanhar a Caminhada de Fé, encenação da Paixão de Cristo, ao longo da GO-060, a Rodovia dos Romeiros. A apresentação contará com 300 atores do Grupo Desencanto de Teatro e terá início às 7h de sexta-feira. Serão sete painéis ao longo da caminhada, entre eles cenas de Maria Madalena, dos discípulos e da conspiração contra Jesus. Ao final, no sétimo painel, a crucificação de Jesus e dos dois ladrões.

Antes da Caminhada, porém, haverá missas, procissões e a adoração do Santíssimo. Para sábado (16) estão programadas confissões e missas, além de celebrações das Dores de Maria e de vigílias pascais em diferentes igrejas. No Domingo de Páscoa estão marcadas missas no Santuário Basílica, na Matriz, Igreja do Santíssimo Redentor, Carmelo da Santíssima Trindade e na Vila São Cottolengo.

Basílica de Nossa Senhora de Nazaré

A programação da Semana Santa em Belém está concentrada na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, local de uma das maiores romarias do Brasil, o Círio de Nazaré, realizado anualmente no segundo domingo de outubro. Em seu site oficial, a administração da basílica destacou o retorno da população às atividades presenciais.

“Após dois anos consideravelmente difíceis, este período de suma importância poderá ser vivenciado em sua totalidade, tal como se é necessário, por isso, os Padres Barnabitas convidam todos os fiéis a participarem, na Basílica Santuário de Nazaré e comunidades paroquiais, da programação da Semana Santa”.

A programação em Belém inclui a Via Sacra dos Padres Barnabitas, às 9h; celebração da Paixão do Senhor, às 15h; procissão do Senhor Morto, às 18h; e Via Sacra na Praça Santuário, às 19h.

Procissão do Fogaréu

Na Cidade de Goiás (GO), a tradicional Procissão do Fogaréu também está confirmada após dois anos sem ocorrer, devido à pandemia. A celebração começou no fim da noite de ontem (13). “É muito importante resgatar nossas raízes e celebrar a saída de um período de dificuldades”, afirmou o secretário de Cultura do estado, César Moura.

A Procissão do Fogaréu, realizada há 277 anos, representa a perseguição e prisão de Jesus Cristo pelos soldados romanos e faz parte das celebrações da Semana Santa. A apresentação ocorre sempre à meia-noite da quinta-feira santa, quando tambores anunciam a chegada de farricocos vestidos com túnicas coloridas e chapéu simbolizando os soldados.

Bom Jesus da Lapa

No Santuário de Bom Jesus da Lapa (BA), fiéis de várias partes do país também acompanham as celebrações. O último domingo (10) foi marcado pela Procissão de Ramos, seguida da Santa Missa, que contaram com presença maciça de fiéis. A gruta de Nossa Senhora da Soledade ficou cheia. Todos os presentes usavam máscaras.

A Via Sacra em Bom Jesus da Lapa começa cedo amanhã, às 5h30, com celebrações ao longo do dia. A encenação da Paixão de Cristo está marcada para as 19h. As celebrações do Santuário serão transmitidas pela TV Bom Jesus, Rádio Bom Jesus FM, TV Pai Eterno e TV Aparecida.

Um grupo formado por 16 entidades religiosas deve R$ 1,6 bilhão em impostos, de acordo com o levantamento de autoria da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Na lista, obtida pelo UOL, estão líderes evangélicos aliados do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que atuaram, inclusive, pelo perdão das dívidas públicas.

O volume de débitos representa 81% de todas as dívidas de instituições evangélicas, católicas, espíritas e islâmicas devedoras em todo o país. Além disso, nenhuma das 16 entidades deve menos de R$ 20 milhões.

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O Brasil não exige pagamento de impostos para igrejas. Contudo, quando a Receita Federal descobre que as instituições atuaram de forma semelhante às empresas, elas passam a ser taxadas com imposto de renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

Por exemplo, quando uma entidade paga uma espécie de bônus de arrecadação para pastores, significa dizer que há distribuição de lucros. Dessa forma, desobedecendo às regras estabelecidas para organizações que se apresentam como instituições sem fins lucrativos.

Ademais, quando mantém funcionários, as igrejas precisam pagar impostos e obrigações ligadas à folha de pagamento dos trabalhadores, além de contribuições previdenciárias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), imposto de renda retido na fonte e outras multas trabalhistas.

Bolsonarismo na lista de devedores

Entre os 16 grupos religiosos apontados como os maiores devedores do Brasil, estão alguns dos mais fervorosos apoiadores do presidente. Entre eles, a Igreja Mundial do poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, com um débito de R$ 153 milhões em multas trabalhistas, Fundo de Garantia, imposto de renda, PIS e débitos previdenciários.

Em um processo da Justiça apontado pelo UOL, o juiz Mário Roberto Veloso declarou que Valdemiro recebeu R$ 1,2 milhão da igreja só no ano passado, sugerindo que a igreja estaria “transferindo seu patrimônio” ao pastor. Durante a pandemia, o Ministério Público também precisou desmentir uma publicidade do religioso, que estava vendendo feijões para “curar a Covid-19”.

A igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, criada e liderada pelo casal Sônia Hernandes, bispa, e pelo apóstolo Estevam Hernandes, também são devedores, e acumulam pouco mais de R$ 40 milhões em débitos como imposto de renda retido na fonte dos funcionários, Previdência, multas trabalhistas, PIS, salário-educação e contribuição ao sistema “S”.

Estevam, que é organizador da Marcha para Jesus, ato religioso de cunho fundamentalista e pró-Bolsonaro, foi preso em 2007 nos Estados Unidos, sob a acusação de contrabandear dinheiro e conspiração. Conforme o UOL, ele conseguiu na Justiça norte-americana o direito de ir  para a detenção domiciliar no ano seguinte e, posteriormente, voltou ao Brasil.

Já o conhecido pastor Romildo Ribeiro Soares, ou simplesmente missionário R.R Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, conseguiu quitar parte da dívida milionária neste ano. Apesar disso, ainda aparece na lista elaborada pela PGFN, pois precisa devolver ao erário cerca de R$ 84 milhões.

 

A partir desta quarta-feira (26), as regiões administrativas de Pernambuco passarão por um novo período de aplicação mais rígida das medidas restritivas, para tentar conter o avanço da Covid-19 no Estado. As novas regras valerão de 26 de maio a 6 de junho, como complemento ao Decreto nº 50.561, de 23 de abril de 2021, e são exceção para as macrorregiões 3 e 4 (ambas no Sertão do Estado), nas quais permanece o funcionamento das atividades em geral até 20h, de segunda a sexta-feira, e até 18h, nos fins de semana.

Estas medidas contemplam o funcionamento de escolas e universidades, públicas e privadas; escritórios comerciais e de prestação de serviços; clubes sociais, esportivos e agremiações (não se aplicam à realização de jogos de futebol profissional); competições e práticas esportivas coletivas, profissionais ou voltadas ao lazer; praias marítimas e fluviais, inclusive os calçadões e parques; ciclofaixas destinadas a atividades de lazer ou recreativas; e shoppings centers e galerias comerciais.

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Confira abaixo os detalhes do novo decreto:

RECIFE E RMR

A capital pernambucana é contemplada pela Geres I, assim como as demais cidades da Região Metropolitana e Zona da Mata. Para este grupo, fica vedado o funcionamento de estabelecimentos e a prática de atividades econômicas e sociais de forma presencial apenas aos finais de semana, que dentro do período do lockdown correspondem aos dias 29 e 30 de maio e 5 e 6 de junho, independente do horário.

Desta forma, estão permanentemente fechados e/ou proibidos aos fins de semana no Grande Recife:

- O funcionamento de academias de ginástica;

- Acesso a parques;

- Ciclovias e ciclofaixas;

- Ciclofaixas destinadas a atividades de lazer ou recreativas;

- O acesso à praia e aos calçadões (*permitido apenas prática de esporte individual, exceto nadar no mar);

- Competições e práticas esportivas coletivas, profissionais ou voltadas ao lazer (*permitido apenas futebol profissional, desde que cumpra os protocolos do setor).

Durante a semana, as atividades acima estão permitidas até às 20h, também respeitando as medidas de proteção e o distanciamento social mínimo de um metro e meio.

Os municípios da Gerência Regional de Saúde (Geres) I são: Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Chã de Alegria, Chã Grande, Glória do Goitá, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Pombos, Recife, São Lourenço da Mata, Vitória de Santo Antão.

Sertão

Diferentemente das demais regiões, no Sertão do Estado permanece o funcionamento das atividades em geral até 20h, de segunda a sexta, e até 18h nos finais de semana.

Agreste em quarenta mais rígida

São 65 municípios, contemplados pelas Geres II, IV e V, adotando medidas mais rígidas de segunda a domingo, no Agreste pernambucano. Os altos registros de casos na região e a lotação de unidades de Saúde preocupa o governo e coloca a área em estado de alerta.

Logo, academias de ginástica, parques, ciclovias, ciclofaixas, praias, competições esportivas e de lazer, ou qualquer atividade pública e presencial estão estritamente proibidas de segunda a sexta-feira e também aos sábados e domingos.

Seguem permitidos os serviços essenciais à Saúde e os descritos abaixo:

- Desde que possuam acesso externo e independente aos shopping centers e similares, os estabelecimentos destinados ao abastecimento alimentar da população neles localizados, a exemplo dos supermercados, ficam autorizados a funcionar;

- Fica autorizada, para o atendimento em agências bancárias e lotéricas, a abertura de shopping centers e similares;

- O funcionamento das feiras livres nos municípios abrangidos pelo decreto será disciplinado por ato do respectivo(a) prefeito(a), observando as peculiaridades locais e evitando aglomerações;

- As igrejas, templos e demais locais de culto podem ficar abertas, nos finais de semana inclusive, para a realização de atividades administrativas, serviços sociais e celebrações religiosas apenas de forma virtual, sem público.

Veja quais são as cidades das regiões administrativas mencionadas:

Geres II (Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobó, Passira, Salgadinho, Surubim, Vertente do Lério);

Geres IV (Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo oda Madre de Deus, Cachoeirinha, Camocim São Félix, Caruaru, Cupira, Frei Miguelinho, Gravatá, Ibirajuba, Jataúba, Jurema, Panelas, Pesqueira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambuca, São Bento do Una, São Caitano, São Joaquim o Monte, Tacaimbó, Taquaritinga do Norte, Toritama, Vertentes);

Geres V (Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucati, Jupi, Lagoa do Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Saloá, São João, Terezinha).

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), sancionou na manhã desta segunda-feira (10), a lei que classifica igrejas como serviço essencial durante a pandemia da Covid-19.

O texto tem origem no PL 1094/2020, de autoria do deputado estadual Pastor Cleiton Collins (PP), que junto à ala ideológica através da bancada evangélica, sugeriu templos religiosos como necessidade durante situações de calamidade pública.

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O PL foi aprovado em 22 de abril e conseguiu recolher 37 assinaturas para pedir reunião extraordinária que discutiria a essencialidade das igrejas durante este período. O total de assinaturas foi superior ao mínimo exigido de um terço da Casa, ou seja, 17 parlamentares.

Nos dois turnos, a matéria recebeu 46 votos favoráveis e dois contrários, do mandato coletivo das Juntas (Psol) e de João Paulo (PCdoB), que já havia emitido parecer contrário à aprovação.

Capitalização política

A cerimônia de sanção foi transmitida pelas redes oficiais do pastor autor da lei, que reafirmou aos seus seguidores que "a igreja é essencial sim" e que não apenas na pandemia, pois "a todo tempo a igreja é importante, mas agora, é ela quem aproxima a população do cuidado espiritual. Com a sanção, nenhuma igreja será fechada".

Os cultos podem continuar sendo realizados de forma remota, mas de acordo com a norma, as igrejas e templos devem seguir de portas abertas, com as atividades regulares.

No entanto, antes de ser sancionado, o texto sofreu alterações. Agora, a lei diz que, em caso de situações excepcionais, devidamente justificadas, o Poder Executivo poderá determinar, por meio de decreto, restrições às atividades presenciais religiosas.

Integrantes ativos da ala ideológica como Joel da Harpa (PP) e Clarissa Tércio (PSC) já se manifestaram contra as mudanças, alegando que desta forma, a situação anterior à sanção não se difere muito da de agora.

A gestão João Doria (PSDB) anunciou que o Estado vai migrar na próxima segunda-feira, 12, da fase emergencial para a vermelha. Na nova etapa, serão reduzidas as restrições ao comércio (com a possibilidade de drive-thru e take away, por exemplo), e também ficam liberadas as escolas e os campeonatos esportivos. Cultos e celebrações religiosas coletivas, porém, continuam proibidas - o veto começou em 11 de março. Enquanto o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e a Arquidiocese de São Paulo defenderam a decisão, a Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) criticou a medida.

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 9 votos a 2, que Estados e municípios podem restringir cultos e missas na pandemia. O entendimento do Supremo é que a proibição busca preservar vidas diante do agravamento da pandemia e, por isso, não viola a Constituição nem a limitação de direitos individuais. Uma das ações que contestavam o veto a missas e cultos foi movida pela Anajure.

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"Somos favoráveis à decisão de manter a restrição a cultos religiosos. Neste momento, as restrições deveriam inclusive ser maiores, incluindo academias, bares e restaurantes. Precisamos todos nos esforçar para que as mortes e contágios por covid-19 diminuam.", afirmou a secretária-geral do Conic, pastora Romi Bencke.

"Que celebremos em nossas casas e deixemos os momentos presenciais apenas para quando forem imprescindíveis. Este é o caso do acompanhamento a sepultamentos. Mesmo estes precisam seguir rigorosamente os protocolos", acrescentou Romi, lembrando que a maioria das igrejas oferecem celebrações online. "Isso não fere a fé. Se tiver dificuldade com a internet, podemos ler a Bíblia, fazer orações em nossas casas também. A Igreja é o povo de Deus e não o templo físico", disse.

A Anajure, por sua vez, protestou. "As liberdades civis fundamentais não podem ser reféns de disputas políticas. Seja como for, a Anajure recomenda às igrejas em São Paulo que, em função da situação caótica do sistema de saúde de SP, cumpram rigorosamente as determinações", afirmou o presidente da Anajure, Uziel Santana.

Uziel diz ainda ver contradição na medida de Soria. "Entendemos que há incoerência do governo de São Paulo. Durante todo o ano de 2020, quando a pandemia era um fenômeno novo, com pouco conhecimento científico sobre o assunto, o governo Doria, em todos os seus decretos que falavam sobre atividades religiosas, nunca suspendeu por completo os cultos ou missas abertas ao público", disse. "Somente em 2021, quando o Estado já deveria estar mais preparado numa situação pandêmica, do ponto de vista da saúde, é que se proibiu", complementou.

A Arquidiocese de São Paulo também comentou a restrição, afirmando que mantém a posição publicada em comunicado do dia 12 de março. Nele, dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, defende o cumprimento do dever das autoridades públicas e a colaboração da população.

"A Arquidiocese de São Paulo é favorável à restrição de atividades coletivas, mas o atendimento individual continua, assim como a transmissão de missas pela internet. A orientação é que as igrejas mantenham as portas abertas para que as pessoas possam fazer suas orações e confissões de forma individual, desde que não haja aglomeração dos fiéis", informou a instituição católica.

Beneficiadas com um perdão de dívidas concedido sob a bênção do presidente Jair Bolsonaro, as igrejas acumulam R$ 1,9 bilhão em débitos inscritos na Dívida Ativa da União (DAU). O Estadão/Broadcast teve acesso a uma planilha que detalha os tributos devidos pelas instituições religiosas. Algumas delas deixaram de pagar à União até mesmo a contribuição previdenciária e o Imposto de Renda já descontados do salário dos empregados.

Cerca de R$ 1 bilhão dessa dívida corresponde a débitos previdenciários não especificados, isto é, podem ser tanto a parcela devida pelo empregador quanto a parte recolhida em nome do empregado. Outros R$ 208 milhões do montante são contribuições patronais inadimplentes. Os valores incluem débitos em fase de cobrança, negociados em algum tipo de parcelamento ou até mesmo suspensos por decisão judicial.

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Há ainda R$ 4 milhões em contribuições que as igrejas descontaram da remuneração de seus funcionários, mas não repassaram ao INSS. Deixar de repassar à Previdência a contribuição dos contribuintes configura apropriação indébita, um crime previsto no Código Penal e punido com dois a cinco anos de reclusão, além de multa.

Os valores consideram apenas as cobranças sob responsabilidade da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), sem incluir os débitos ainda em fase administrativa, que tramitam na Receita Federal.

Discórdia

As cobranças previdenciárias estão no centro de uma discórdia entre o Fisco e as instituições religiosas. A lei diz que a prebenda, como é chamado o valor recebido pelo pastor ou líder do ministério religioso por seus serviços, não é considerada remuneração, ou seja, seria isenta de contribuições à Previdência. Mas o próprio texto condiciona o benefício ao pagamento de valor fixo, sem parcela variável conforme a natureza ou a quantidade do trabalho executado.

A Receita começou a identificar nos últimos anos que igrejas se valiam da prebenda para distribuir participação nos lucros e pagar remuneração variável de acordo com o número de fiéis ou conforme a localidade do templo (mais informações nesta página). A lógica seria conceder pagamentos mais gordos a quem tivesse os maiores "rebanhos". O Fisco começou, então, a lançar autos de infração e cobrar das igrejas os tributos devidos com multas e encargos sobre a parcela variável da prebenda.

Para tentar resolver o impasse, a bancada evangélica no Congresso Nacional emplacou em agosto do ano passado a aprovação de uma lei que derruba todas as fiscalizações que tinham como alvo a cobrança previdenciária sobre a prebenda.

Como revelou o Estadão/Broadcast, meses antes Bolsonaro havia promovido uma reunião entre o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para discutir os débitos das instituições religiosas. Procurados na época, tanto o Planalto como o deputado não quiseram se manifestar. "Isso aí é uma reunião com o presidente, eu não tenho nada a declarar", afirmou Soares.

Bolsonaro, que já havia ordenado à equipe econômica "resolver o assunto", acabou sancionando o trecho da lei que buscava liberar as cobranças sobre a prebenda.

Dias antes da aprovação da lei, a Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada por R. R. Soares, ingressou com uma ação na Justiça Federal pedindo a anulação de uma cobrança de R$ 30,6 milhões em contribuições previdenciárias sobre a prebenda, cujo auto de infração foi lavrado em 2013.

Após a sanção, a defesa recorreu à lei recém-criada para tentar justificar a extinção dos débitos. Ainda não há sentença no caso, mas, segundo apurou o Estadão/Broadcast, a Receita Federal tem o entendimento de que a mudança recente na legislação não tem impacto sobre as cobranças em andamento.

Uma posição nessa linha foi dada pela juíza Adriana Barretto de Carvalho Rizzotto em despacho de 1.º de março deste ano. "Não há como se reconhecer que a atuação desrespeitou diploma legal não existente à época de sua ocorrência, independentemente da previsão do § 16 (...) incluído pela Lei nº 14.057, de 14 de setembro de 2020", afirmou a juíza, referindo-se ao dispositivo patrocinado pela bancada evangélica.

A bancada evangélica tem se articulado agora para incluir, na reforma tributária, a ampliação do alcance de sua imunidade tributária para qualquer cobrança incidente sobre propriedade, renda, bens, serviços, insumos, obras de arte e até operações financeiras (como remessas ao exterior).

Arcabouço

O economista Rodrigo Orair, especialista em finanças públicas e ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, critica o arcabouço brasileiro de isenções tributárias às igrejas.

De acordo com ele, em outros países é comum que as instituições religiosas fiquem livres de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, mas não dos demais tributos, como a contribuição previdenciária. Já no Brasil, os benefícios têm alcance maior. "Uma coisa é isentar tributos pela prestação de serviços não mercantis. Faz sentido. Outra coisa é isentar a contribuição previdenciária, inclusive a do pastor", diz. "A sociedade arcará com a aposentadoria deles por longos anos sem que eles tenham contribuído." Em sua opinião, as igrejas não deveriam ser isentas da contribuição ao INSS, de 20% sobre a folha, muito menos deixar de repassar os valores recolhidos em nome dos empregados.

Regra desrespeitada

As igrejas têm imunidade constitucional contra a cobrança de impostos - que é só um tipo de tributo e não engloba as contribuições. O Código Tributário Nacional (CTN), por sua vez, condiciona a imunidade tributária à não distribuição de "qualquer parcela do patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título".

Ao detectar que as igrejas vinham distribuindo parte dos lucros obtidos com o dízimo dos fiéis, mesmo que de forma disfarçada por meio de contratos de prestação de serviços, a Receita entendeu que a imunidade estava afastada para esses casos - e passou a atuar de forma rigorosa.

Os dados obtidos pelo Estadão/Broadcast mostram que as igrejas devem R$ 270,8 milhões em Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPF); R$ 125,9 milhões em PIS/Cofins; R$ 101,9 milhões em Imposto de Renda Retido na Fonte (descontados dos empregados e não repassados à Receita); e R$ 90,4 milhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Há ainda dívidas relacionadas a FGTS, contribuições ao Sistema S e ao salário-educação.

Na mesma lei que buscou livrar a prebenda de cobranças do Fisco, os parlamentares aprovaram isenção de CSLL. Esse dispositivo precisou ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro para evitar crime de responsabilidade, passível de impeachment, devido ao impacto fiscal. Em março, o Congresso derrubou o veto, gerando fatura de R$ 1,4 bilhão em isenções até 2024.

Especialistas chamaram a atenção para o fato de essa mudança ter sido aprovada dias depois de a equipe econômica fazer esforço pela aprovação, na PEC emergencial, de artigo que exige do governo a apresentação de um plano para cortar subsídios à metade em oito anos.

Na avaliação de técnicos do governo, a sucessão de eventos transmitiu a mensagem de que o plano de redução de renúncias tributárias é "para inglês ver". Além da isenção futura, a derrubada do veto vai extinguir dívidas geradas a partir da CSLL. Ao Congresso, a Receita informou que o passivo que será perdoado é de R$ 221,94 milhões, mas cálculos atualizados, que incluem questionamentos na esfera administrativa, apontam para até R$ 450 milhões. Fora cobranças envolvendo a CSLL que estão sob responsabilidade da PGFN, de R$ 90,4 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma nova versão da proposta que considera a atividade religiosa como essencial em períodos de calamidade pública foi aprovada, nesta quarta (31), pela Comissão de Administração Pública. O texto mantém o reconhecimento da importância das igrejas, mas prevê que, em circunstâncias excepcionais, o Poder Executivo possa determinar restrições à realização de eventos presenciais.

Como o parecer do relator, deputado Tony Gel (MDB), altera integralmente o conteúdo do Projeto de Lei (PL) nº 1094/2020, de autoria do deputado Pastor Cleiton Collins (PP), a matéria precisaria voltar à Comissão de Justiça (CCLJ) para deliberação. Segundo o emedebista, o substitutivo busca conciliar dois direitos constitucionais – à vida e à liberdade de culto –, que estariam em choque. 

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“Nosso País vive o momento mais crítico desta pandemia. Em situações como essa, é necessário que o Poder Executivo possa atuar de modo a restringir, ainda que temporariamente, a realização de atividades religiosas presenciais com o intuito de resguardar o direito à vida da população pernambucana”, observou Tony Gel no  parecer. O parlamentar lembrou, também, que o próprio PL 1094 já estabelecia a obediência às determinações da Secretaria Estadual de Saúde.

“As limitações existentes em períodos excepcionais não atingem, por exemplo, a transmissão virtual das celebrações religiosas, garantindo, assim, o direito à liberdade religiosa”, prosseguiu. Fica mantida a assistência pessoal nos templos, que podem ficar abertos para acolher quem sinta necessidade de orientação por parte das lideranças religiosas e para ações sociais, como a distribuição de alimentos. “O Governo do Estado nunca fechou igrejas, apenas impediu reuniões com aglomerações”, concluiu o relator.

A proposição modificada recebeu os votos favoráveis dos deputados José Queiroz (PDT), João Paulo Costa (Avante) e do presidente do colegiado, Antônio Moraes (PP). Por outro lado, foram contrários ao parecer Alberto Feitosa (PSC), Delegado Erick Lessa (PP) e Romero Salles Filho (PTB).

O argumento de Lessa e Salles Filho levou em conta que o PL 1094 está “pronto para votação em Plenário” e não deve ter a deliberação adiada por conta da alteração do texto. “O projeto foi discutido no mérito e aprovado pelas Comissões de Cidadania e de Saúde. Está maduro, foi amplamente debatido e deveria ter sido votado pelo colegiado de Administração há três semanas. Para mim, já deveria ter entrado na pauta da Ordem do Dia”, frisou o deputado do PP. 

Autor da proposta, Cleiton Collins solicitou que mudanças só sejam feitas após o primeiro turno de votação em Plenário, de modo que a transformação do PL em lei não seja atrasada. Ele reiterou o pedido feito na última Reunião Plenária: “Tenho certeza de que Pernambuco vai se tornar o 14º Estado a reconhecer as igrejas como essenciais. É muito importante que os templos fiquem abertos, sempre atendendo a todos os protocolos, para salvar vidas”, defendeu.

Discussão

Outros três parlamentares que não integram a Comissão de Administração se pronunciaram durante a reunião. Joel da Harpa (PP) afirmou que o direito constitucional à liberdade de culto implica não limitar a realização de encontros presenciais. “Eu me preocupo quando vejo que o substitutivo dá à Secretaria de Saúde o poder de interferir no que a religião A ou B deve fazer. O Estado não pode restringir nenhuma liturgia”, salientou. “Ainda mais quando não se sabe por quanto tempo esta situação pode perdurar.”

Antonio Fernando (PSC) apoiou a conciliação contida no parecer: “Os templos não devem ser fechados de forma nenhuma, apenas precisam existir limitações para impedir as aglomerações”. Por fim, João Paulo (PCdoB) observou que “o problema do PL 1094 é extrapolar o limite das religiões, tirando prerrogativas de governadores e prefeitos”. “Nem Estado deve se intrometer nos limites da fé, nem as igrejas devem entrar no papel do Estado”, pontuou. 

Já o vice-líder da Oposição, deputado Alberto Feitosa, concordou com o texto sugerido por Tony Gel. Entretanto, disse que só poderia votar a favor dele se houvesse um acordo com a bancada do Governo, a fim de que a Comissão de Justiça e os demais colegiados apresentassem seus pareceres à proposição na Reunião Plenária desta quinta (1º) para “agilizar a aprovação”. “Como a constitucionalidade foi definida pelo Plenário, não há sentido em voltar para a CCLJ. Não só os colegas esperam há bastante tempo por essa matéria, mas toda a sociedade.” 

O líder do Governo, deputado Isaltino Nascimento (PSB), informou não haver concordância entre os governistas sobre a adoção desse procedimento. “Na nossa bancada, o posicionamento mais significativo é o de que o substitutivo siga a tramitação normal, sendo apreciado em Justiça na semana que vem e, depois disso, discutido em Plenário sem nenhum problema”, declarou.

Antônio Moraes enfatizou que “ninguém está votando contra nem a favor da religião”. “Todos nós aqui sabemos da importância que todas as crenças têm. Estamos levando em conta, porém, milhares de vidas que estão sendo perdidas todos os dias”, ressaltou.

Recursos para PPPs

A Comissão de Administração Pública acatou ainda, nesta manhã, o PL nº 1896/2021, do Poder Executivo, que prevê a vinculação de até 3,5% da receita mensal do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) ao pagamento de obrigações estabelecidas em contratos de parceria público-privadas (PPPs). Esse valor seria reservado para projetos firmados no âmbito do Programa de Parcerias Estratégicas de Pernambuco (PPPE), criado em 2019.

Na justificativa anexada à matéria, o Governo diz que a “vinculação de recursos do FPE ao pagamento de contrapartidas públicas em PPPs já é utilizada com sucesso na Bahia, e seria uma medida essencial para o êxito, em nosso Estado, de um modelo que depende fundamentalmente da capacidade de atrair investidores, parceiros e financiadores, que detenham segurança e garantia do cumprimento das obrigações contratuais de longo prazo”.

No total, foram discutidos e aprovados 13 projetos de lei. Também foi definida a relatoria de outras 29 proposições.

*Da Alepe

 

Em campanha reservada a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Augusto Aras, recebeu dois líderes evangélicos de setores da Assembleia de Deus fora da agenda, na última segunda-feira, 15. Ao pastor Silas Malafaia (Vitória em Cristo) e ao bispo Abner Ferreira (Ministério Madureira), Aras posicionou-se contra o fechamento de igrejas durante o período de restrições impostas por governadores e prefeitos em função do agravamento da pandemia de covid-19. O relato é de Malafaia.

O encontro, que ocorreu na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), não foi informado na agenda pública de Aras. Católico e sem a preferência dos evangélicos, o procurador-geral corre por fora na tentativa de ser indicado ao Supremo em julho, quando está prevista a aposentadoria compulsória do ministro Marco Aurélio Mello, que completará 75 anos. A vaga foi prometida reiteradas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro, ainda no primeiro ano de governo, a um ministro "terrivelmente evangélico".

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Um líder do segmento protestante, frequentemente tietado por candidatos à vaga, relatou, reservadamente, que a sucessão no Supremo entrou na pauta do encontro e que todas as costuras estão sendo feitas de forma sigilosa. Em busca de prestígio, Aras intensificou a procura por canais de aproximação com os pastores. Malafaia, por sua vez, disse à reportagem que o procurador-geral não falou abertamente se pretende a vaga de Marco Aurélio. Segundo ele, por ser "muito ético".

O pastor disse à reportagem que Aras não pediu segredo sobre o encontro reservado e, por isso, poderia falar abertamente. Por meio de sua assessoria, Aras confirmou a reunião, mas não deu detalhes. Afirmou apenas que "foram tratados temas de interesse dos evangélicos".

Em seu gabinete, Aras relatou ações que caíram no agrado dos líderes religiosos da Assembleia de Deus. O chefe do Ministério Público Federal comentou sobre uma reunião anterior com procuradores-gerais de Justiça, que chefiam o Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal. O objetivo seria alinhar a atuação do órgão. O pastor disse que o PGR afirmou, "com sensatez e equilíbrio", aos procuradores: "Não mexam em templos religiosos".

"Nessa reunião, ele (Aras) declarou o que está na Constituição. Primeiro, lugar de culto é inviolável, ninguém pode fechar ou impedir um culto religioso. Segundo, que as religiões cumprem um papel que o Estado não consegue, têm um papel terapêutico nessa história. A fé atua em áreas que um médico não atua. Então, que era um absurdo por violar um preceito constitucional e a prática de um povo, que 95% têm alguma religião. Ele disse para mim que apenas um procurador se contrariou, todos os demais concordaram com a fala dele. Essa foi a palavra dele, que acha um absurdo, uma afronta."

Um aliado de Aras na PGR, a par das conversas, disse que ele pediu que o Ministério Público ficasse de fora de decisões sobre o funcionamento das igrejas. Segundo este mesmo subprocurador, Aras ponderou aos procuradores-gerais de Justiça que a decisão é de competência das autoridades sanitárias e segue critérios técnicos. Aras teria dito, na mesma linha, que o MP não deve assumir a responsabilidade política dos gestores pelas escolhas, nem intervir inadequadamente a favor ou contra o fechamento dos templos.

Regras

Prefeitos e governadores impuseram limitações ao funcionamento de templos religiosos em geral, como o impedimento de cultos presenciais ou o fechamento total. Malafaia afirma que eles foram "hipócritas", porque não interferiram em aglomerações no transporte público, como ônibus e trens, mas prejudicam o comércio e os espaços de culto. Por isso, os representantes das igrejas passaram a procurar aconselhamento jurídico. "Enche a paciência de tanta hipocrisia e omissão. Quero ver o poder público ir em áreas proletárias e mandar fechar. Tenho 60 igrejas em comunidades. Está tudo aberto, um movimento louco. Vai na Maré, na Rocinha, no Alemão", argumenta Malafaia.

Malafaia, no entanto, diz que não viu na atitude de Aras um movimento pensado para se cacifar no segmento. "Se o Aras quisesse se promover para agradar os evangélicos ele divulgava tudo, vazava para a imprensa essa postura dele. Mas não falou com ninguém. Sinceramente, não sou nenhum bobinho, a gente conhece bem o jogo. Ele é um cara religioso também, católico", opina o pastor.

Em 2019, quando correu por fora da lista tríplice votada pelos membros do MPF e conseguiu ser escolhido por Bolsonaro para a PGR, Aras também manteve reuniões em segredo com evangélicos e, como o Estadão revelou na época, comprometeu-se com uma pauta moral cristã, a partir de uma carta elaborada pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure).

A entidade também é cortejada por interessados na vaga do STF. Um dos nomes fortes considerados é o atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins, que frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia. No ano passado, a Anajure realizou um congresso nas dependências da corte, e Martins defendeu a liberdade religiosa como direito fundamental, no painel de abertura. O presidente do STJ costuma usar frases como "Deus no comando" em conversas de aplicativo e teria angariado apoios na bancada evangélica recentemente. No entanto, pesa contra ele o fato de ser próximo ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), opositor de Bolsonaro. Ambos são alagoanos.

Malafaia e Ferreira comandam igrejas no Rio de Janeiro. Ambos apoiam Bolsonaro e exercem influência política no segmento. O atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), é da mesma linha assembleiana comandada pela família Ferreira, que inclui a AD Madureira e a AD Brás. Esse ministério da Assembleia de Deus é historicamente ligado ao partido PSC e foi acusado de intermediar o recebimento de propina para o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ). O próximo presidente da frente parlamentar será o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), fiel da ADVEC, de Malafaia.

Por enquanto, o favorito entre os evangélicos é o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pastor da Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília. Dos nomes colocados, ele também possui o melhor trânsito no STF. A simpatia dos ministros, porém, foi abalada com a série de inquéritos que Mendonça passou a requerer à Polícia Federal para investigar críticos de Bolsonaro com base na Lei de Segurança Nacional.

"O André Mendonça tem a unanimidade da liderança evangélica. Mas quem vai bater o martelo é o presidente. Ninguém colocou faca no pescoço de Bolsonaro. O André tem apoio de 95% da liderança, ele é o cara que tem mais chance, sem menosprezar Aras, Humberto Martins", disse Malafaia.

Lista evangélica

Para dar alternativas a Bolsonaro, em setembro do ano passado os pastores indicaram uma lista tríplice ao presidente, encabeçada pelo desembargador federal William Douglas, seguido pelo ex-desembargador eleitoral Jackson di Domenico e pelo procurador de Justiça Eduardo Sabo. Bolsonaro, contudo, preteriu os evangélicos e deu a cadeira aberta pela aposentadoria do ex-ministro Celso de Mello ao ministro Kassio Nunes Marques, avalizado por políticos do Centrão.

A lista continua válida, tendo sido endossada por lideranças evangélicas ligadas ao Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), que visitaram Bolsonaro na segunda-feira, após participarem de encontro com Augusto Aras. Eles são, majoritariamente, pentecostais e neopentecostais. Foram ao Palácio do Planalto nomes como Renê Terra Nova (Ministério Internacional da Restauração), Estevam Hernandes (Renascer em Cristo), César Augusto (Fonte da Vida) e Samuel Câmara (Assembleia de Deus em Belém). Segundo Malafaia, o grupo não fez novos apelos por um dos nomes indicados porque poderia soar como tentativa de "constranger" o presidente, que já sabe da preferência pelo ministro da Justiça.

O discurso dos evangélicos é que foi Bolsonaro quem prometeu a indicação da segunda vaga ao segmento e que agora deverá cumprir sua palavra. Lideranças das igrejas deram apoio majoritário ao presidente em 2018, e pesquisas de intenção de voto indicam novamente um favoritismo do presidente no segmento para a disputa da reeleição no ano que vem.

A pandemia derrubou a presença em até 70% em algumas igrejas católicas de São Paulo, mudou horários e está alterando até o perfil dos fiéis. Idosos passaram a buscar alternativas pela internet, longe das aglomerações, e a meia-idade e a juventude predominam entre os que mantêm o hábito de ir às celebrações.

"O movimento diminuiu bastante", diz Alzira Cardoso Azevedo, de 62 anos, que costuma frequentar a missa pela manhã na Igreja Imaculada Conceição, dos frades capuchinhos, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, Bela Vista, região central de São Paulo. Ela afirma que as pessoas estão assistindo à missa em casa, com medo do contágio, e preferem rezar nas transmissões por redes sociais. "Mas tem uma outra coisa acontecendo também. Aqui temos muitos jovens e eles, sim, continuam vindo nas missas mais tarde."

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"A frequência caiu mais da metade", diz o funcionário José Oliveira. Ele explica que as pessoas se acomodavam em bancos com capacidade para quatro ou cinco sentados, mas hoje estão limitados a duas. O pároco da Imaculada Conceição, frei Nilton Groppo, de 51 anos, conta que durante a semana um horário de missa, das 19h30, foi cancelado. Ele argumenta, porém, que a redução das presenças ocorre mais entre os idosos. "Mas temos a presença de jovens em todos os horários", diz.

O movimento presencial desabou também na paróquia dos irmãos paulinos, Santo Inácio de Loyola, da Vila Mariana, na zona sul. "É um bairro que tem muitos idosos", explica o pároco Mário Pizetta, de 68 anos. Segundo ele, no segundo semestre as atividades foram normalizadas, mas com forte redução dos fiéis.

Na Igreja Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, a percepção é semelhante. "Temos capacidade para receber 350 pessoas sentadas, mas agora temos aí cerca de 110, 115, no máximo", conta o padre Michelino Roberto, de 54 anos, há 13 no templo da Avenida Brasil. Ele argumenta, porém, que a queda na frequência não diminuiu a fé das pessoas. Ao contrário, "a procura pelo serviço se intensificou".

De acordo com o padre, houve crescimento da audiência das missas transmitidas pela internet, via YouTube ou Instagram, que chegam a registrar até 1,7 mil aparelhos ligados, como ocorre aos domingos.

Nas missas presenciais, salienta o religioso, os frequentadores seguem as regras do distanciamento, uso de máscaras e higiene das mãos e, além disso, desenvolvem seus meios de evitar a aglomeração. "A gente nota que há uma solidariedade natural. Eles sabem limites e buscam horários diferenciados." Durante a missa, na hora do ofertório, é exibido um código (QR Code), com as recomendações de como agir para creditar as ofertas em dinheiro.

Já na Catedral da Sé, como local de passagem, no centro, a frequência não sofreu forte redução. Mas o templo também transmite as cerimônias pelas redes sociais. Só a página da Sé no Facebook registra cerca de 12,7 mil seguidores.

Outras religiões

 

No Templo Budista Zu Lai, em Cotia, região metropolitana de São Paulo, as visitas, palestras e cultos foram suspensos. As reuniões ocorrem somente para transmissão pela página da internet aos sábados e domingos. Antes da pandemia, eventos chegavam a reunir mais de 5 mil pessoas.

Já fiéis das igrejas da Congregação Cristã do Brasil retornaram aos cultos. "Aqui, a gente tem os irmãos e irmãs que orientam a gente no distanciamento social nos bancos, com máscara, álcool gel e também controle de temperatura na entrada", conta uma frequentadora de Taboão da Serra, na região oeste da Grande São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL 255/21) que altera a Lei do  Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para permitir que recursos do fundo possam ser aplicados também na construção de templos religiosos. Hoje, segundo a lei, esses recursos devem ser aplicados em habitação, em saneamento básico, em infraestrutura urbana e em operações de crédito de entidades hospitalares filantrópicas.

A Constituição Federal já garante imunidade tributária a qualquer entidade de cunho religioso no Brasil, isentando-as de todos os impostos governamentais incidentes sobre o templo onde ocorrem cerimônias religiosas ou incidentes sobre rendas e serviços relacionados à entidade mantenedora.

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Autor do projeto, o deputado Roberto de Lucena (Pode-SP) afirma que o Estado brasileiro, muito embora laico, deve reconhecer o papel social desempenhado pelas instituições de cunho religioso.

“Muitas são as atividades desempenhadas por religiosos em total consonância com a ação estatal. Nada mais legítimo do que possibilitar então que os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço sejam também utilizados para a construção de templos religiosos, que são agências de cidadania e de fomento da participação comunitária e colaboram decisivamente para a saúde física, emocional e, com exclusividade, da saúde espiritual da população”, diz o autor.

*Da Agência Câmara de Notícias

O Governo do Estado suspendeu, na última quarta-feira (20), a realização de eventos sociais e corporativos em todo o território pernambucano. A decisão, que começa a valer na próxima segunda-feira (25), visa tentar diminuir o crescimento dos casos de Covid-19, que vem ocorrendo em todo o estado desde novembro do ano passado. Apesar disso, a decisão não deve impactar em batizados e casamentos realizados pelas igrejas em Pernambuco.

De acordo com comunicado da Arquidiocese de Olinda e Recife, o decreto proíbe a realização das festas ocasionadas por batizados e casamentos, mas não a celebração que realiza os sacramentos. Por isso, tais cerimônias serão mantidas. “Sejam respeitadas as medidas de distanciamento social, o número limitado de pessoas nas celebrações, o uso de máscaras e a higienização das mãos e que se evitem eventos que causem aglomerações de fiéis nas igrejas e em seus espaços anexos”, escreveu Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife. 

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A proibição dos eventos sociais e corporativos deve permanecer pelos próximos 30 dias, assim como o fechamento de parques em todo o Estado. Nesta quinta-feira (21), a Secretaria Estadual de Saúde registrou 1.985 casos da Covid-19, em Pernambuco. Entre os confirmados hoje, 55 (3%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 1.930 (97%) são leves. Agora, Pernambuco totaliza 246.799 casos confirmados da doença, sendo 30.492 graves e 216.307 leves.

Cerca de 340 milhões de cristãos foram "fortemente perseguidos" no mundo em 2020, um fenômeno em constante crescimento e que foi agravado pela pandemia de coronavírus, de acordo com um relatório da ONG Portas Abertas, publicado nesta quarta-feira (13).

"As minorias cristãs perseguidas enfrentaram violência sem precedentes e aumento da discriminação. A Covid-19 ampliou as tendências que temos constatado há vários anos", escreve a ONG protestante ao apresentar sua lista anual de 50 países onde os cristãos estão no centro da mira.

Cerca de 340 milhões de cristãos - católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos, pentecostais... - foram "fortemente perseguidos", contra 260 milhões em 2019, denuncia a ONG, que registra os ataques, de "discreta opressão diária" à "violência mais extrema".

"Isso representa 1 cristão em cada 6 na África e 2 em cada 5 na Ásia", destaca Patrick Victor, diretor da Portas Abertas França, que garante que os números estão "abaixo da realidade".

As causas desta perseguição extrema ou muito forte na África Subsaariana, no Sul da Ásia e no Oriente Médio estão ligadas ao "nacionalismo religioso", particularmente na Ásia, e ao "extremismo islâmico que está se espalhando" na África.

O número de cristãos mortos aumentou 60%, passando de 2.983 para 4.761. "Mais de 90% na África Subsaariana", explica Victor.

Pelo sexto ano consecutivo, a Nigéria lidera "os países onde mais pessoas foram mortas por sua fé" (3.530 mortos), à frente da República Democrática do Congo (460) e do Paquistão (307).

Em contrapartida, a ONG observa que o número de igrejas atacadas (fechamentos, ataques, danos, incêndios) reduziu pela metade (4.488) em comparação com 2019.

A China lidera esta lista com 3.088 igrejas atacadas (contra 5.576 em 2019), à frente da Nigéria.

"Na China, assim como na Índia, a perseguição aos cristãos é sistemática e até sistêmica", diz Victor.

O número de cristãos detidos por sua fé aumentou para 4.277, contra 3.711 em 2019, com cerca de metade na Eritreia (1.030) e na China (1.010).

Se levados em conta todos os tipos de perseguição, a Coreia do Norte, onde "a fé em Deus é um crime contra o regime", segundo a ONG, lidera o ranking mundial, seguida pelo Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão e Eritreia.

"Não há motivos estritamente religiosos por trás das perseguições. Elas podem estar relacionadas ao nacionalismo religioso, como na Índia ou na Turquia, ou ao controle do Estado, como na China, ou ao crime organizado e cartéis de drogas como na Colômbia e México", resume a associação.

De olho no eleitorado evangélico, o candidato a prefeito do Recife, João Campos (PSB), apresentou iniciativas que pretende implementar na cidade para atender a população vulnerável, caso seja eleito, durante um encontro com lideranças da Igreja Brasil para Cristo. 

No encontro, João citou quatro propostas: a criação de centros de referência para atendimento a usuários de drogas, para pessoa com deficiência, para pessoa idosa e mais três para população de rua, sendo um deles com foco na criança e adolescente. Ao falar sobre o assunto, o candidato reforçou a importância do papel social das igrejas no enfrentamento às desigualdades. 

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“Eu acredito muito no papel social das igrejas. O estado sozinho não resolve todos os problemas. Ele precisa de instituições que tenham vocação de cuidar das pessoas e a igreja tem. Nós vamos fazer isso, aproximando o diálogo entre a gestão e as instituições religiosas da nossa cidade”, afirmou. 

No encontro, João também destacou a importância do investimento na educação. Para ele, esse é o grande indutor da redução das desigualdades sociais. Por isso, o candidato reforçou que é preciso dobrar o número de vagas em creches, o forte investimento na alfabetização de crianças, e também o reforço na profissionalização de jovens, com o programa Embarque Digital, que vai oferecer capacitação na área de tecnologia e estímulo ao mercado de trabalho. 

O candidato aproveitou a ocasião para apresentar outras propostas ao público, como o Hospital da Criança, o Crédito Popular, e o A Casa é sua, que vai conceder títulos de posse a 50 mil recifenses, com prioridade para a mulher.

*Com informações da assessoria de imprensa

Coletivos de cristãos e evangélicos criados em reação à eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, lançaram dezenas de candidatos por partidos de esquerda e centro-esquerda no pleito deste ano. O objetivo, segundo eles, é disputar com a direita os votos desse segmento que representa quase um terço do eleitorado, levando a polarização política para dentro das igrejas, território onde o bolsonarismo exerce hegemonia. A movimentação já provoca reação de grandes denominações, como a Igreja Universal do Reino de Deus, que tenta frear a atuação desses novos grupos.

Criado em 2018 como resposta à atuação do bolsonarismo dentro das igrejas, o Cristãos Contra o Fascismo vem se preparando para disputar a primeira eleição neste ano. Serão 42 candidaturas a vereador, algumas delas coletivas, e três a prefeito em todo o Brasil por sete partidos diferentes: PT, PDT, PSOL, PCdoB, Cidadania, Rede e UP. Os candidatos têm origem em igrejas como Assembleia de Deus, Presbiteriana, Batista e Católica.

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"Estava havendo uma perseguição dentro das igrejas em função das escolhas políticas e assuntos envolvendo LGBTs, negros e pobres", disse Diana Brasilis, candidata a vereadora em São Paulo pelo PDT e integrante do grupo, que já reúne mais de 40 mil pessoas.

O Cristãos Contra o Fascismo é apenas um dos vários coletivos de religiosos, na maior parte evangélicos, surgidos nos últimos anos como espaço para expressão política de fiéis que discordam da linha ideológica conservadora de direita predominante nas principais denominações. Movimento pela Bancada Evangélica Popular, Frente Evangélica pelo Estado de Direito, Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Evangélicos pela Diversidade e outros registraram candidatos neste ano e vão disputar os votos no segmento que, segundo pesquisas, foi determinante para a vitória de Bolsonaro em 2018.

As iniciativas se somam aos esforços dos partidos de esquerda para aumentar o diálogo e voltar a disputar essa parcela do eleitorado. O PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB e Rede adotaram ações voltadas a este segmento. "Sempre tivemos bom diálogo, inclusive no governo Lula. Em 2014 Dilma (Rousseff) e Aécio (Neves, do PSDB) dividiram este eleitorado meio a meio. Só não tivemos sucesso em 2018, quando o Bolsonaro teve 70% entre os evangélicos e o Fernando Haddad, 30%. Desde então a gente vem tentando organizar esse diálogo", disse Geter Borges, da coordenação nacional do Núcleo Evangélico do PT.

Segundo ele, o partido terá 2.033 candidatos a vereador, 66 a prefeito e 68 a vice que se declaram evangélicos. É a primeira vez que o partido faz esse recorte, o que mostra maior atenção a este segmento. Mas, para Borges, a principal mudança vem dos próprios evangélicos: "Existe uma reação e vários agrupamentos estão surgindo".

'Alternativa'

O Movimento pela Bancada Evangélica Popular, por exemplo, deve lançar dez candidatos a vereador, quatro deles em São Paulo. "A gente está tentando oferecer uma alternativa de fé para o público evangélico e isso está atraindo muita gente. Até porque é na periferia, onde tem mais evangélicos, que há mais opressão", disse Samuel Oliveira, candidato a vereador em São Paulo pelo PCdoB.

Segundo ele, as igrejas tradicionais já detectaram a movimentação e estão reagindo. Na edição do dia 27 de setembro, a Folha Universal, jornal da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), publicou uma chamada na primeira página sobre grupos que propagam "a divisão entre evangélicos" e explicando porque a iniciativa é "questionável". No programa "Entrelinhas", veiculado no streaming da Iurd, o pastor Renato Cardoso dedicou 30 minutos a listar os motivos pelos quais evangélicos não podem ser de esquerda. Um dos argumentos é que, segundo ele, o evangelho sempre associa a palavra esquerda ao "mal", embora os conceitos de esquerda e direita tenham surgido apenas na Revolução Francesa, muitos séculos depois da crucificação de Jesus Cristo.

"Silas Malafaia, Edir Macedo e outros tinham um discurso hegemônico, sempre falando em nome de todos os evangélicos, e estão reagindo depois que a gente se levantou", disse o pastor José Barbosa Júnior, da Comunidade Cristã da Lapa, no Rio. O surgimento de coletivos e candidaturas evangélicas de esquerda, diz ele, é um sintoma de que a polarização política também chegou aos templos religiosos.

'Desigrejados'

Segundo o teólogo, muitos fiéis são forçados a sair das igrejas por discordância política com os pastores e acabam criando pequenos núcleos paraeclesiásticos. Diana Brasilis, do PDT, chama estes fiéis de "desigrejados". Barbosa aponta ainda a dificuldade da esquerda para entender e dialogar com este segmento. "Como os evangélicos que têm mídia são os conservadores, a esquerda os rechaçou e entregou de bandeja para a direita", acrescentou.

Essa dificuldade foi detectada pela Fundação Perseu Abramo, do PT, na pesquisa Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo, revelada pelo Estadão em 2017. O estudo mostrava que a base evangélica é menos conservadora do que se imaginava, principalmente em comparação com o discurso dos pastores, e que as igrejas ocuparam o vácuo deixado pelos partidos de esquerda na periferia a partir da chegada de legendas como o PT ao poder.

"O diálogo com os evangélicos tem que ser menos pragmático e mais afetivo. O voto é consequência desse relacionamento, porque do outro lado tem o pastor que pergunta toda semana à senhorinha evangélica de coque no cabelo se está faltando alguma coisa na geladeira. Quem ela vai obedecer?", questionou Vinícius Lima, evangélico, candidato a vereador em São Paulo pela Rede.

Reverenda trans tenta vaga na Câmara

Primeira reverenda transsexual da América Latina, Alexya Salvador será candidata a vereadora em São Paulo pelo PSOL. Segundo ela, a esquerda errou ao tratar as igrejas evangélicas como "inimigas". "A esquerda errou quando não quis dialogar. Agora, começa a repensar. Entendemos que Jesus, enquanto um homem político do seu tempo, lutou contra a opressão", disse Alexya ao Estadão.

Em sua participação nas redes sociais, a reverenda defende as causas de gênero. Em seu material de propaganda aparecem as cores da bandeira do movimento transgênero: azul, rosa e branco.

Alexya frequenta a Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), uma denominação internacional fundada em 1968 nos Estados Unidos com a intenção de ser aberta à comunidade LGBT, seus familiares e amigos. Na eleição passada, Alexya se candidatou ao cargo de deputada estadual, também pelo PSOL. Conseguiu 10.486 votos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da bancada evangélica da Câmara, Silas Câmara (Republicanos-AM), diz ter maioria para manter o perdão às igrejas do pagamento de quase R$ 1 bilhão em dívidas com a Receita e ainda a isenção do pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) daqui para frente.

"A bancada evangélica vai se reunir amanhã (nesta terça, 15) e vamos definir a nossa estratégia, mas o sentimento geral é de derrubar o veto", disse Silas. Para um veto presidencial ser rejeitado é preciso o apoio da maioria absoluta dos parlamentares de cada uma das Casas (41 votos no Senado e 257 votos na Câmara). São 144 parlamentares, entre deputados e senadores que compõem a bancada evangélica.

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Da forma como foi aprovado pelo Congresso, o projeto previa isenção do pagamento da CLSS, anistia das multas recebidas por não pagar a CSLL e anistia das multas por não pagamento da contribuição previdenciária. Desses três pontos, Bolsonaro manteve apenas o terceiro. Os outros dois foram vetados porque, segundo o governo, a sanção poderia ferir regras orçamentárias constitucionais.

Em uma publicação em rede social, na noite deste domingo (13) Jair Bolsonaro defendeu que o próprio veto seja derrubado no Congresso. Isso porque segundo o presidente, ao contrário dele, os parlamentares não teriam que se preocupar com as implicações jurídicas e orçamentárias de seus votos.

"Para mim, era desnecessário vetar. Todas as autoridades da área jurídica e tributária do País, que não são empregados do governo, disseram que a matéria era constitucional e justa. Não estamos pedindo nenhum tipo de privilégio. Só que tornassem sem efeito as multas inconstitucionais que foram feitas contra as igrejas", afirmou Silas.

O Código Tributário Nacional mantém multas e autuações mesmo que a lei que as determinou seja posteriormente alterada ou revogada, como ocorreu com as igrejas. Uma lei de 2015 isentou os templos de recolher tributos sobre a chamada "prebenda", nome que se dá ao pagamento que ministros recebem.

A anistia de débitos enfrentava forte resistência da equipe econômica e também foi desaconselhada pelos assessores jurídicos do presidente, que alertaram para o risco de crime de responsabilidade, passível de impeachment. O trecho sancionado por Bolsonaro e pode dar aos templos religiosos maior margem de manobra no acerto de contas com a Receita.

Manutenção

O líder do PT, Enio Verri (PR), disse que a bancada do partido, com 53 deputados, deve votar pela manutenção do veto. Já os líderes do Solidariedade, Zé Silva (MG), e do Cidadania, Arnaldo Jardim (SP), ainda iriam se reunir com suas bancadas para definir uma posição.

A líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), avalia que o veto do presidente Jair Bolsonaro sobre o perdão de dívidas de igrejas com a Receita foi resultado de pressão popular. Para ela, o mesmo efeito pode ocorrer com os parlamentares para que mantenham o veto: "O veto só ocorreu em função dessa pressão social. Se ela se refletiu no presidente, ela pode se refletir nos parlamentares."

Ao mesmo tempo, a deputada considerou a sugestão do presidente de que o Congresso derrube seu veto como uma forma de o mandatário agradar dois lados, sem afetar relação com a bancada evangélica, um pilar de sua base no parlamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (14) publica o veto parcial do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 1581/2020, que trata de descontos em pagamento de precatórios. Seis dispositivos foram barrados pelo presidente ao sancionar a lei, dentre eles parte dos benefícios incluídos no texto para atender a demandas de igrejas.

Bolsonaro vetou o artigo que excluiria as igrejas do rol de contribuintes da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o que ampliaria o alcance da imunidade para templos prevista na Constituição, hoje restrita a pagamento de impostos, e não de outros tributos. O presidente manteve, porém, o artigo que declara nulas autuações emitidas pela Receita sobre prebenda, como é chamado o valor recebido pelo pastor ou líder do ministério religioso pelos serviços.

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Os dois pontos favoráveis às igrejas foram introduzidos no texto sobre precatórios pelo deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do pastor neopentecostal Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como Missionário R.R.Soares. Bolsonaro foi eleito com o apoio de diversas lideranças evangélicas. Embora se declare católico, o presidente tem uma relação próxima a pastores e igrejas evangélicas. A primeira-dama Michelle Bolsonaro é frequentadora da Igreja Atitude, no Rio.

Ainda neste domingo, o presidente disse nas redes sociais que, se fosse deputado ou senador, derrubaria o próprio veto. O governo também disse que irá tratar do assuntos em projetos futuros, em "instrumentos normativos a fim de atender a justa demanda das entidades religiosas".

O presidente Jair Bolsonaro oficializou, nesse domingo (13), o veto a uma parte do perdão a dívidas de igrejas que havia sido aprovado pelo Congresso Nacional. Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República afirmou que Bolsonaro se mostra favorável à não tributação de templos e que, apesar dos vetos, o governo vai propor "instrumentos normativos a fim de atender a justa demanda das entidades religiosas", sem citar quais.

A anistia de débitos enfrentava forte resistência da equipe econômica e também foi desaconselhada pelos assessores jurídicos do presidente, que alertaram para o risco de crime de responsabilidade, passível de impeachment. Outro trecho da lei, porém, foi sancionado por Bolsonaro e pode dar aos templos religiosos maior margem de manobra no acerto de contas com a Receita Federal.

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"Confesso, caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo", afirmou o presidente nas redes sociais, após a divulgação do veto.

"Embora se reconheça a boa intenção do legislador, alguns dispositivos não atenderam às normas orçamentário-financeiras e o regramento constitucional do regime de precatório, razão pela qual houve a necessidade da aplicação de vetos", diz a nota. "Quanto aos pontos específicos das entidades religiosas e templos de qualquer denominação, o presidente Jair Bolsonaro se mostra favorável à não tributação de templos de qualquer religião, porém a proposta do projeto de lei apresentava obstáculo jurídico incontornável, podendo a eventual sanção implicar em crime de responsabilidade do Presidente da República", afirmou a Secretaria-Geral da Presidência. O documento, no entanto, não cita nem explica quais seriam esses "instrumentos normativos".

Como mostrou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro já havia dado a sinalização de veto parcial a integrantes da bancada evangélica em reunião na última quarta-feira (9), no Palácio do Planalto. Também participaram do encontro o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto. Embora tenha dito que pessoalmente concordava com o perdão e queria sancionar a medida, Bolsonaro demonstrou receio em cometer crime de responsabilidade. Órgãos de controle acompanham com atenção os desdobramentos deste projeto, segundo fontes ouvidas pela reportagem.

As igrejas têm imunidade constitucional contra a cobrança de impostos, mas a proteção não alcança as contribuições, como a CSLL (sobre o lucro líquido) e a previdenciária. Nos últimos anos, a Receita Federal identificou manobras dos templos para distribuir lucros e remuneração variável de acordo com o número de fiéis sem o devido pagamento desses tributos - ou seja, burlando as normas tributárias.

A medida aprovada pelo Congresso Nacional pretendia, por meio de uma lei ordinária, estender a imunidade constitucional das igrejas à cobrança da CSLL e ainda anular dívidas passadas. Outro dispositivo almejava anistiar multas e outras cobranças aplicadas sobre a prebenda, como é chamada a remuneração dos pastores e líderes do ministério religioso.

Como revelou o Estadão/Broadcast, ambos os artigos foram propostos pelo deputado David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, que tem milhões em dívidas com a União.

Bolsonaro vetou o primeiro dispositivo, que trata da CSLL, para afastar qualquer eventual violação à Constituição. Mas o presidente sancionou o artigo sobre a prebenda, de caráter mais interpretativo.

Após estimativas iniciais apontarem o risco de desfalque de R$ 1 bilhão aos cofres da União caso os dois artigos fossem sancionados, cálculos atualizados da área econômica mostraram um prejuízo potencial de até R$ 2,9 bilhões.

Com a sanção do artigo sobre a prebenda, o risco seria de R$ 1,1 bilhão. Mas a avaliação na área econômica é que o dispositivo foi mal redigido e dá margem para que a Receita Federal siga na briga pela cobrança dos débitos. Isso porque o projeto só interpretou uma norma vigente, que, segundo esses técnicos, já era seguida à risca pelo Fisco.

A percepção na área econômica é que os templos usarão a norma sancionada para tentar reabrir a discussão jurídica, que hoje já está na fase de execução de bens dessas igrejas, para tentar pleitear a anulação, mas não necessariamente terão sucesso na disputa.

Para evitar essa judicialização, a equipe econômica havia recomendado veto total às medidas, mas precisou ir para a mesa de negociação diante do desejo do Palácio do Planalto em fazer um aceno à bancada evangélica, que é um importante pilar de sustentação do governo.

"Nesse contexto, o artigo 9º não caracteriza qualquer perdão da dívida previdenciária, apenas permite que a Receita Federal anule multas que tenham sido aplicadas contrariando a Lei nº 13.137", diz a nota da Secretaria-Geral.

Bolsonaro foi eleito com o apoio de diversas lideranças evangélicas. Embora se declare católico, o presidente tem uma relação próxima a pastores e igrejas evangélicas. A primeira-dama Michelle Bolsonaro é frequentadora da Igreja Atitude, no Rio.

Três integrantes do primeiro escalão do governo são pastores: a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Milton Ribeiro (Educação).

A bancada evangélica tem se articulado para incluir, na reforma tributária, a ampliação do alcance de sua imunidade tributária para qualquer cobrança incidente sobre propriedade, renda, bens, serviços, insumos, obras de arte e até operações financeiras (como remessas ao exterior). A avaliação de tributaristas, no entanto, é que a medida não daria às igrejas salvo-conduto para continuar driblando a fiscalização para distribuir lucros disfarçados de renda isenta.

Um projeto aprovado pelo Congresso Nacional pode anular dívidas tributárias de igrejas acumuladas após fiscalizações e multas aplicadas pela Receita Federal. Segundo apuraram o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o valor do "perdão" seria de quase R$ 1 bilhão. O texto aguarda a sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro, que tem na bancada evangélica um importante pilar de sustentação política de seu governo. Ele tem até 11 de setembro para decidir se mantém ou não a benesse aos templos religiosos.

Como revelaram Estadão e Broadcast no fim de abril, Bolsonaro promoveu na época uma reunião entre o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para discutir os débitos das igrejas. O presidente já ordenou à equipe econômica "resolver o assunto", mas os técnicos resistem. Bolsonaro também já defendeu publicamente a possibilidade de acabar com taxas ainda pagas pelas igrejas e "fazer justiça com os pastores, com os padres, nessa questão tributária".

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David Soares foi autor da emenda que introduziu, durante a votação na Câmara dos Deputados, o perdão que pode beneficiar inclusive a Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada pelo pai do deputado. A instituição tem R$ 37,8 milhões inscritos na Dívida Ativa da União, além de outros débitos milionários ainda em fase de cobrança administrativa pela Receita.

Contatado por telefone e informado do conteúdo dessa reportagem, o deputado disse que não concederia entrevista.

Drible na legislação

As igrejas são alvos de autuações milionárias por driblarem a legislação e distribuírem lucros e outras remunerações a seus principais dirigentes e lideranças sem efetuar o devido recolhimento de tributos. Embora tenham imunidade no pagamento de impostos, o benefício não afasta a cobrança de contribuições (como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a CSLL, ou a contribuição previdenciária).

Esses dois tributos são justamente os alvos da anistia aprovada pelo Congresso Nacional por meio do projeto de lei 1581/2020, que trata de descontos em pagamento de precatórios (valores devidos pela União após sentença definitiva na Justiça).

A emenda proposta pelo deputado David Soares exclui as igrejas do rol de contribuintes da CSLL, ampliando o alcance da imunidade prevista na Constituição. O texto ainda diz que "passam a ser nulas as autuações feitas" com base no dispositivo anterior à proposta recém-aprovada - ou seja, elimina a dívida.

Outro artigo declara "nulas as autuações emitidas" pela Receita Federal antes de outra lei, de 2015, que buscava frear as autuações sobre a prebenda, como é chamado o valor recebido pelo pastor ou líder do ministério religioso por seus serviços.

A prebenda é isenta de contribuições à Previdência, desde que seja um valor fixo, mas o Fisco começou a identificar pagamentos variáveis, com características de participação nos lucros ou bonificações a quem tem os maiores "rebanhos" de fiéis. Os auditores começaram então a lançar autos de infração e cobrar os tributos devidos com multas e encargos.

Cunha e R.R. Soares. Uma lei aprovada em 2015 tentou colocar um ponto final às cobranças, isentando valores pagos em forma de ajuda de custo de moradia, transporte e formação educacional. Em um vídeo publicado nas redes sociais em outubro de 2016, o missionário R. R. Soares aparece ao lado do então presidente da Câmara Eduardo Cunha, ligado à bancada evangélica, agradecendo pela aprovação da lei.

A Receita, porém, reagiu exigindo a comprovação desses gastos e continuou aplicando multas nos casos em que não havia apresentação de documentos, ou ainda sobre outros tipos de parcelas pagas aos pastores. Enquanto isso, abriu-se uma verdadeira queda de braço em torno do passivo acumulado, que agora o Congresso Nacional quer perdoar.

Segundo apuraram Estadão e Broadcast, a área econômica deve recomendar veto aos trechos que anulam as dívidas das igrejas. Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério da Economia não quis comentar. A Secretaria-Geral da Presidência da República, que abriga a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), principal órgão de assessoramento jurídico do presidente, informou que "o projeto citado está em análise".

Hoje as igrejas têm ao todo R$ 1,5 bilhão em débitos inscritos na Dívida Ativa. O perdão, no entanto, valeria apenas para as autuações sobre não pagamento de CSLL e contribuição previdenciária.

A consulta pública da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) mostra que os templos acumulam R$ 868 milhões em dívidas previdenciárias de qualquer espécie (não necessariamente apenas sobre prebenda), mas não detalha débitos da CSLL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em memória aos mais de 105 mil mortos pela covid-19 no país, os sinos de igrejas brasileiras tocaram ao meio dia deste sábado (15). A homenagem é uma reverência também a seus familiares e ao trabalho dos profissionais da área de saúde que atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus no Brasil. A ação é parte da programação do Dia de Oração pela Vida e pelo Brasil, organizado pela Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB).

Segundo a CNBB, houve relatos de sinos tocando em diversas partes do país, após uma articulação realizada com os bispos para que a ação chegasse ao máximo de igrejas possíveis. Os sinos tocaram na Catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, maior templo católico do Brasil localizado no interior paulista; na Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA); em igrejas no interior de minas, entre outras.

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Ao longo do sábado, até as 21h, a CNBB organizou momentos de oração – incluindo missas, celebrações e lives – que podem ser acompanhados pelas redes sociais da entidade e pelos canais de TV de inspiração católicas do país. No site, lançado especialmente para o dia, é possível acompanhar a programação. De acordo com o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral CNBB, dom Joel Portela Amado, a conferência organizou o dia para unir a igreja no Brasil como forma de contribuir para a superação do quadro triste da pandemia e do avanço do novo coronavírus, além de reforçar sua atuação em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, construído em parceria com um conjunto de organizações da sociedade brasileira.

Pacto

Assinado em 7 de abril, o Pacto pela Vida e pelo Brasil reúne seis entidades representativas de diversos setores da sociedade brasileira. O documento reconhece que o país vive uma grave crise – sanitária, econômica, social e política – e exige de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro e responsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis.

Ainda no documento, as entidades afirmam que “a sociedade civil espera, e tem o direito de exigir, que o governo federal seja promotor desse diálogo, presidindo o processo de grandes e urgentes mudanças em harmonia com os poderes da República, ultrapassando a insensatez das provocações e dos personalismos, para se ater aos princípios e aos valores sacramentados na Constituição de 1988”.

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