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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai inserir perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero a partir de janeiro em todas as pesquisas que tenham entrevistas diretamente com informantes pessoa física, afirmou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do órgão estatístico.

"A partir de janeiro, todas as pesquisas do IBGE que falam com pessoas vão incluir perguntas sobre identidade de gênero e orientação sexual", garantiu Azeredo, durante a divulgação dos dados populacionais do Censo Demográfico 2022 por idade e sexo.

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"Nós formamos um grupo de trabalho, fizemos um teste na Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Foi para testar o questionário que a gente iria aplicar na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde. Apesar de rotina, a partir de janeiro, a coleta já começa levantando perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar vai levar perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero. A Pesquisa Nacional de Saúde do ano que vem vai inserir a pergunta de orientação sexualidade de gênero. A pesquisa de orçamento familiar vai levar as perguntas de orientação sexual e identidade de gênero", enumerou.

Segundo ele, as perguntas "vão se modificando" à medida que o IBGE for adquirindo experiência no tratamento do assunto com os informantes.

O pesquisador lembrou que o IBGE já testou uma pergunta sobre orientação sexual na Pesquisa Nacional de Saúde, que foi divulgada como estatística experimental, mas o retorno foi aquém do esperado.

"Deu um número muito abaixo do que a gente tinha expectativa", disse ele.

As dificuldades na coleta desse tipo de informação pessoal e sensível, somadas à necessidade de testes metodológicos para tratamento do assunto, fizeram o instituto não inserir a pergunta sobre orientação sexual e identidade de gênero no Censo Demográfico.

O órgão estatístico chegou a ser acionado na Justiça no ano passado, ocasião em que defendeu o argumento técnico sobre a questão. O Censo Demográfico 2022 traz informações sobre o sexo da população atribuído na hora do nascimento.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) precisará de uma complementação de recursos para conseguir completar toda a coleta de dados do Censo Demográfico 2022. O orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões, solicitado ao governo federal no ano de 2019, foi corroído pela inflação após dois anos de adiamentos consecutivos.

"Os gastos, que a gente já sabe que vai extrapolar, têm o valor da gasolina. Isso é muito claro, a gente utiliza muita gasolina no Censo", contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE. "No aluguel dos carros tivemos aumento muito expressivo, e o aluguel de aeronaves para sobrevoar locais da Região Norte. A gente está tentando contornar e recompor isso", completou.

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Segundo Azeredo, o Ministério da Economia está ciente da necessidade de complementar o orçamento do Censo e teria sinalizado favoravelmente ainda ao fim do ano passado sobre a liberação de recursos extras.

"A gente já tem sinalização positiva do Ministério da Economia", disse Azeredo. "Já era esperado esse processo de complementação. Uma vez o censo começado, ele vai terminar", garantiu Azeredo.

Segundo o diretor, o órgão ainda não sabe "a grandeza de recursos necessários", mas o assunto foi discutido com integrantes do ministério durante um seminário em dezembro de 2021.

"A gente vai comunicar ao Ministério da Economia, com certeza vai ter uma forma de ser colocado (o orçamento complementar ainda em 2022)", disse Azeredo. "A gente está bastante tranquilo com relação a isso, a gente recebeu sinal do Ministério da Economia."

Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico visita todos os lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia. A falta de destinação de verbas pelo governo federal também foi um obstáculo. Em 2021, o orçamento não trouxe os recursos necessários para a condução do Censo, que acabou cancelado novamente, mas desta vez sob uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ocorresse em 2022.

Com os adiamentos, dois concursos públicos para contratação de mais de 200 mil trabalhadores temporários tiveram que ser cancelados. Um terceiro concurso público, aberto para atender ao Censo de 2022, não conseguiu contratar o número necessário de trabalhadores, obrigando o órgão a fazer novos processos de seleção extraordinários.

O instituto encerrou no último dia 15 um processo seletivo simplificado complementar para contratação temporária de 48.535 recenseadores do Censo 2022, mas abriu no dia seguinte nova seleção complementar para mais 913 vagas, desta vez de agentes censitários.

Cimar Azeredo reconhece que a "falta de pessoal para fazer o Censo" é um desafio. Ele argumenta que em ano eleitoral há uma disputa maior também pela mão de obra existente.

"Lembro que em 2000 tivemos dificuldade na região Norte de encontrar pessoas que tivessem escolaridade para estar fazendo Censo em determinados municípios", contou.

Ele acrescenta que os cancelamentos dos dois editais anteriores desestimularam novas inscrições.

"Isso gera um certo desânimo, descrédito, das pessoas que estão fazendo concurso", reconheceu Azeredo. "O IBGE abriu um terceiro concurso, não teve o sucesso que a gente esperava, e a gente já sabia que podia ocorrer", disse.

Segundo ele, a simplificação nas regras da última convocação de candidatos, com dispensa de pagamento de inscrições e entrega de currículo, tem possibilitado a contratação de recenseadores.

"Tem problemas em alguns lugares, mas a situação está sendo resolvida", garantiu o diretor.

Previsto para ir a campo a partir do dia 1º de agosto, o IBGE se prepara para um cronograma apertado de convocação e treinamento de temporários. O resultado do último processo de seleção de funcionários está previsto para o próximo dia 30, com publicação de edital de convocação em 11 de julho, e treinamentos entre 18 e 22 de julho.

A operação censitária foi orçada inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020. Em meio a pressões do governo pela redução no orçamento, os questionários originais foram enxugados, e a verba encolheu para R$ 2,3 bilhões. No ano de 2021, o valor de apenas R$ 53 milhões no orçamento sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro inviabilizava até os preparativos. Mais tarde, após a decisão do STF, o IBGE conseguiu assegurar uma complementação orçamentária para os trabalhos preparatórios em 2021 e a verba para a coleta em 2022.

Neste mês, uma nova disputa na justiça voltou a ameaçar a coleta neste ano. O IBGE informou nesta segunda-feira, 27, ter obtido uma decisão judicial liberando o instituto da obrigação de incluir no questionário do Censo Demográfico 2022 uma pergunta sobre orientação sexual e identidade de gênero.

No último dia 9, o instituto informara em comunicado ter acionado a Advocacia Geral da União (AGU) para recorrer da decisão liminar concedida pelo juiz Herley da Luz Brasil, da 2.ª Vara Federal Cível e Criminal do Acre, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), sob o argumento de que a falta de estatísticas dificulta o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a população LGBTQIA+.

O órgão estatístico alertava em resposta que, se tivesse que cumprir o determinado pela Justiça Federal no Acre, o levantamento censitário teria que ser adiado pela terceira vez. Em comunicado, o IBGE afirmava não ser possível atender à decisão "com técnica e metodologia responsáveis e adequadas".

Na última sexta-feira, 24, o desembargador federal José Amilcar Machado, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, acolheu o argumento do órgão estatístico de que não havia tempo hábil, nem metodologia adequada, tampouco recursos financeiros para que o levantamento censitário levantasse as informações demandadas sobre a população LGBTQIA+.

A nova decisão judicial lembra que o instituto precisaria de uma "dedicação de, no mínimo, mais 06 (seis) meses" para ajustar procedimentos, metodologia e questionário para atender à demanda do MPF. No entanto, a data de início do processo de coleta de dados está prevista para o dia 1º de agosto, lembra o documento.

"Conquanto seja evidente a relevância do pleito de identificação de toda a população brasileira, em todos os seus aspectos, a elaboração, processamento e definição de qualquer alteração nos questionários constitui trabalho que deve ser realizado com critério e responsabilidade técnica que atenda ao objetivo almejado", menciona a nova decisão do TRF.

"O IBGE só vai se manifestar sobre a suspensão da liminar da Justiça Federal do Acre, pelo TRF1, depois que a AGU tiver sido intimada e examinado a decisão", escreveu o órgão, em nota publicada junto com a decisão do desembargador do TRF.

Os mais de 200 mil recenseadores que estão sendo recrutados começarão em 35 dias o levantamento de informações em todos os cerca de 76 milhões de domicílios do País.

"Com efeito, a coleta de dados tirada com informações obtidas sem o respectivo respaldo técnico metodológico pode implicar estabelecimento de política pública inconsistente ou até mesmo equivocada para a população LGBTQIA+" escreveu o desembargador federal José Amilcar Machado, na decisão publicada na última sexta-feira.

As informações recolhidas pelo Censo servem de base, por exemplo, para o rateio do Fundo de Participação de estados e municípios, sendo essenciais também para políticas de saúde, como a necessidade de alocação de profissionais e equipamentos para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e planejamento de políticas educacionais. Os dados são usados ainda como base para pesquisas amostrais, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do próprio IBGE, que levanta informações sobre o mercado de trabalho, como a taxa de desemprego, e até para pesquisas eleitorais.

A taxa de desemprego permaneceu estável entre os meses de fevereiro e agosto de 2014, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta quinta-feira (25), a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de agosto. Nesse intervalo, a taxa oscilou entre 4,8% e 5,1%, o que não representa um movimento significativo, observou Azeredo.

"A taxa só vai alterar se a proporção de desocupados em relação à população economicamente ativa apresentar variação, e isso não ocorreu", afirmou o coordenador. Em agosto, a taxa de desemprego ficou em 5,0%, ante 4,9% em maio.

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Segundo Azeredo, houve geração de vagas no mês passado, com 178 mil postos de trabalho criados, alta de 0,8% ante julho. Foi a primeira vez que a ocupação cresceu este ano. "Mas a taxa de desocupação não caiu porque a geração não foi suficiente", disse. Além disso, o contingente de desocupados também aumentou, embora não tenha sido significativo. Mais 39 mil pessoas ficaram sem trabalho, alta de 3,3% ante julho. "Temos uma tendência de aumento da desocupação, ainda que não significativa", afirmou Azeredo.

A queda de 1,5% no rendimento médio real dos trabalhadores em junho ante maio foi generalizada entre as seis regiões metropolitanas que compõem a PME. Esse movimento pode ter levado mais pessoas a buscar um trabalho, provocando aumento a População Economicamente Ativa e redução dos inativos, observou Azeredo.

"Nos meses anteriores, principalmente de maio para junho, tivemos queda no rendimento. Então, essa migração não se deu de uma hora para outra. Houve queda de rendimento lá atrás, e está recuperando agora. Em algumas regiões, essa queda foi mais significativa", afirmou Azeredo. "Então, esse aumento da PEA pode ter sido migração em função de redução de poder de compra de meses anteriores, principalmente de maio para junho", ressaltou. No mesmo período, entre julho e agosto, a população não economicamente ativa caiu 0,9%.

Esclarecimento

O IBGE esclareceu que os valores dos rendimentos médios habituais divulgados hoje para os meses de maio, junho e julho estão a preços correntes nos respectivos meses. Os dados não foram atualizados com a inflação dos períodos seguintes.

Em agosto, o rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 2.055,50. No mês anterior, a cifra havia sido de R$ 2.019,00. Em junho, o montante somou R$ 2.019,90, enquanto em maio, o rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.045,10.

Os dados foram conhecidos apenas hoje, já que a greve dos servidores do instituto, que durou 79 dias, havia afetado a coleta e análise das informações da Pesquisa Mensal de Emprego.

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