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Desde o dia 26 de fevereiro, 619 festas clandestinas foram interrompidas em São Paulo por descumprimento das normas sanitárias e de restrição de circulação decretados pelo Plano São Paulo. A informação é da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Apenas nesse sábado (20), foram encerradas 39 festas clandestinas e realizadas 4.008 dispersões e 28,6 mil abordagens, informou hoje (21) a secretaria. Em uma dessas festas clandestinas, que ocorreu na noite de ontem (20), a polícia flagrou 60 pessoas que estavam aglomeradas em um bar na Avenida Interlagos, na zona sul da capital. Quatro homens responsáveis por essa festa clandestina foram autuados. O local foi interditado pela prefeitura.

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Desde fevereiro, 829 pessoas foram presas em todo o estado durante a Operação Toque de Restrição. Desde o dia 6 de março, todo o estado de São Paulo está na Fase 1-Vermelha do Plano São Paulo, onde somente serviços considerados essenciais podem funcionar. Na semana passada, o estado entrou em uma fase ainda mais restritiva, com proibição de cultos e cerimônias religiosas coletivas, suspensão de aulas e paralisação de partidas de futebol e outras atividades esportivas. Bares, casas noturnas e festas estão proibidos de funcionar neste momento. As medidas pretendem aumentar a taxa de isolamento e reduzir a ocupação dos leitos de internação, atualmente próximo a um colapso.

Organizadores de festas clandestinas têm driblado a fiscalização das autoridades de saúde e de segurança graças às redes sociais e estruturas cada vez mais elaboradas para manter secreto o local do evento. Maria Cristina Megid, diretora da Vigilância Sanitária do Estado, reconheceu que não está sendo fácil coibir festas e aglomerações, hoje proibidas em São Paulo.

"Tem tido muita dificuldade para identificar esses locais. Temos recebido algumas denúncias e pedido apoio da segurança pública. Conseguimos desmobilizar algumas, mas outras não. Quem tem consciência do momento e sabe que essas festas sãos de risco, denuncie. A identidade será preservada", disse ao Estadão.A população pode denunciar festas clandestinas e outras aglomerações por telefone (3065-4666) e e-mail (secretarias@cvs.saude.sp.gov.br).

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Os métodos são semelhantes. O convite fica disponível para visualização de qualquer um no Instagram e no Facebook, com data, horário, preço e o lineup de quem vai tocar. A única informação restrita é o endereço, divulgado só horas antes.

O local que aparece no convite nem sempre é o certo. Um promotor de eventos, que pediu anonimato, foi no mês passado à festa LGBT Indústria, realizada duas vezes por mês - uma em SP e outra no Rio. Cada edição ocorre em um local, geralmente longe do centro.

A edição de novembro em São Paulo foi em um sítio próximo da Represa do Guarapiranga, zona sul. "Fomos ao endereço, paramos no estacionamento. Ali havia organizadores espalhados dando informações divergentes. Numa tentativa de despistar a fiscalização, acredito. Indicavam um lugar errado, você se perdia e voltava. Aí indicavam o certo", contou. "Devia ter 4 a 5 mil pessoas. Todas já chegavam sem máscara e não havia distanciamento nenhum. Lá dentro, todo mundo junto, se abraçando, beijando. Como se não existisse o coronavírus."

Na festa da Indústria do dia 6, os organizadores enviaram o endereço falso. Nesse local, um funcionário dizia o lugar certo. O DJ Yan Goedertt divulgou no Instagram vídeo da festa. É possível ver milhares de pessoas aglomeradas, sem máscaras.

Na mensagem, o DJ agradece ao organizador Paulo Galdino. Nos materiais de divulgação, há o nome de Galdino, telefone e dados bancários, para depósito do dinheiro do ingresso. O Estadão não conseguiu contato com o organizador.

O promotor de eventos destacou que, por ser clandestina, há uma precariedade nos serviços. "Me informei sobre as pessoas que trabalhavam no evento. Era uma rede de amigos e parentes que estava ali para colaborar. Não eram profissionais. Em um momento, duas pessoas passaram mal em um camarote. Uma amiga, médica, tentou entrar para ajudar e não conseguiu. Depois, apareceram os bombeiros e essas pessoas foram levadas para o que deveria ser um ambulatório. Era uma tenda, com alguns colchões no meio de um gramado, e mais nada."

'Celebrar a vida'

A festa Rolezera, que já acontecia eventualmente antes da pandemia, teve edição marcada para o último dia 5. Não informou o local e havia um site, com acesso por senha, para vender ingresso. No WhatsApp, a mensagem dizia: "Não podíamos deixar de juntar nossos amigos pra nos despedir desse ano atípico, né? Celebrar a vida e a amizade, com muita música e energia boa." O organizador e o dono do local estão sujeitos a penas de um mês a um ano de detenção e multa. Já houve no Estado 1,2 mil autuações por aglomeração ou não uso de máscara no comércio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) anunciou, neste sábado (23), que entrará com uma representação junto à Procuradoria Geral da República (PGR), pedindo investigação sobre a rede de informações não oficial que o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter, na reunião ministerial do dia 22 de abril liberada ao público pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após afirmar que precisaria receber mais informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Bolsonaro declarou: “sistemas de informações: o meu funciona” [...] Os ofi… que tem oficialmente, desinforma [sic]”.

“Vamos entrar com uma representação na PGR para que se investigue o aparato clandestino de inteligência utilizado por Bolsonaro. No vídeo da reunião dos ministros, Bolsonaro foi explícito ao falar da efetividade do órgão paralelo de informação. Mais um crime nesta saga golpista”, escreveu Ivan Valente, em suas redes sociais.

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Os dados da Abin contradizem as falas do presidente. Segundo os relatórios da instituição, o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) recebeu 1.272 relatórios de inteligência produzidos por órgãos do governo, entre os anos de 2019 e 2020. As informações são repassadas para o Planalto, auxiliando na tomada de decisões estratégicas para o governo.

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