O Vaticano concluiu esta segunda-feira os preparativos para a missa desta terça-feira, que marcará, oficialmente, o início do pontificado de Francisco, na Praça de São Pedro, onde são esperadas 250 mil pessoas e líderes políticos e religiosos de todo o mundo. As autoridades preveem um importante dispositivo de segurança, similar ao do funeral de João Paulo II em 2005, para zelar pelos fiéis, turistas e curiosos, além das 132 delegações oficiais, entre as quais de destaca uma grande representação latino-americana.
Uma das primeiras a chegar a Roma foi a presidente argentina, Cristina Kirchner, chefe de Estado do país de origem do até agora arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, e a primeira a ser recebida pelo novo pontífice.
O 266º Papa da história da Igreja católica, um jesuíta que sempre se caracterizou por seu austero estilo de vida, pediu aos peregrinos de seu país que não viajassem à Cidade Eterna e dedicassem esse dinheiro para ajudar os mais necessitados.
No entanto, a julgar pelo Ângelus de domingo, muitos argentinos já se encontram na capital italiana para expressar seu afeto por este pontífice "do fim do mundo", que em poucos dias deu novos ares à milenar instituição, por sua proximidade com o povo e por suas palavras a favor de uma Igreja mais acolhedora e próxima às origens do cristianismo.
A missa de entronização, durante a qual o novo Papa receberá o pálio (estola) e o anel do Pescador (de prata, uma escolha sua) próprios do ministério petrino, deve começar pontualmente às 9h30 locais (5h30 de Brasília).
Antes, Francisco, que reside temporariamente na Casa Santa Marta, dentro dos muros do Vaticano, à espera de ocupar em alguns dias seu apartamento pontifício no Palácio Apostólico, deve saudar a multidão em seu "papamóvel".
De acordo com o Vaticano, o Papa circulará durante cerca de meia hora pela praça, entre os peregrinos, algo nada surpreendente vindo de um pontífice que já quebrou o protocolo em muitas ocasiões para saudar afetuosamente os fiéis, provocando alguma ou outra dor de cabeça para seu serviço de segurança.
A chuva que caiu de forma intermitente sobre a cidade na última semana deve dar um alívio durante a cerimônia ao ar livre que coincide com o dia de São José, padroeiro da Igreja.
O papa pronunciará uma esperada homilia previamente preparada, mas sobre a qual deverá improvisar, nesta missa concelebrada com outros 180 religiosos, e contará com a participação inédita na liturgia dos irmãos franciscanos do convento de La Verna, situado nas montanhas da Toscana.
Francisco, primeiro papa jesuíta, escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis e defende uma "Igreja pobre e para os pobres".
Após a missa, o Papa receberá as delegações, entre as quais se destacam a presidente Dilma Rousseff e o líder mexicano, Enrique Peña Nieto, que dirigem os dois países com mais católicos do mundo.
Também viajaram a Roma os presidentes de Chile, Equador, Paraguai, Costa Rica e Honduras, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, assim como os herdeiros da Coroa espanhola e holandesa, os príncipes Felipe e Willem-Alexander, este último acompanhado por sua esposa argentina, Máxima Zorreguieta.
A presença mais controversa será a do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, acusado de muitas violações de direitos humanos e que não está autorizado a pisar no território da União Europeia (UE), embora esta proibição não vigore no Vaticano.
Também é esperada a presença de vários líderes de outras regiões na entronização do papa Francisco, que no primeiro dia de seu pontificado estendeu a mão à comunidade judaica em uma carta dirigida ao rabino de Roma, Riccardo di Segni.
Este confirmou sua presença, assim como o número dois da Igreja da Inglaterra, o arcebispo de York John Sentamu; Mohamed Youssef Hajar, secretário-geral da Organização Islâmica da América Latina, representará os muçulmanos.