Primeiro atleta paralímpico da história a disputar uma Olimpíada, o ex-velocista sul-africano Oscar Pistorius deixou a prisão em liberdade condicional nesta sexta-feira (5), na cidade de Pretória, na África do Sul, quase dez anos após matar a tiros sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, no banheiro de sua casa.
O Departamento de Correções da África do Sul anunciou em uma declaração de apenas duas frases por volta das 8h30 que Pistorius havia sido libertado e "agora estava em casa". Não forneceu mais detalhes além de confirmar o novo status do ex-atleta como "em liberdade condicional".
##RECOMENDA##Pistorius, de 37 anos, cumpriu quase nove anos de sua sentença de homicídio de 13 anos e cinco meses pelo assassinato da modelo e estudante de Direito Reeva Steenkamp no Dia dos Namorados de 2013. Ele se tornou elegível para liberdade condicional depois de cumprir pelo menos metade de sua sentença e foi aprovado para condicional em novembro de 2023.
O porta-voz do Departamento de Correções, Singabakho Nxumalo, disse à agência de notícias The Associated Press que Pistorius seguiu o procedimento padrão para ser libertado: ele foi levado do Centro Correcional de Atteridgeville, na capital sul-africana, para um escritório de liberdade condicional antes de ser libertado para sua família. Nxumalo recusou-se a dizer a que horas Pistorius foi libertado e onde se encontrava.
Em março, o atleta que corria com próteses nas duas pernas teve pedido de liberdade condicional negado, mas, em outubro, após cumprir mais da metade da pena, o Tribunal Constitucional da África do Sul decidiu que ele poderia se qualificar para deixar a prisão de forma condicional.
O atleta sul-africano nasceu com um problema genético que levou seus pais a decidirem amputar ambas as pernas abaixo dos joelhos quando ele tinha 11 meses de idade. Mais tarde, alcançou fama mundial ao competir com duas próteses de carbono. Dono de quatro medalhas de ouro paralímpicas (uma dos 100 metros, duas dos 200 e outra dos 400), competiu nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e chegou à semifinal dos 400 metros, além de ter disputado a final do revezamento 4x400 metros, mas saiu sem pódio.
O velocista era tido como um símbolo de superação e estava no auge da carreira quando matou Reeva Steenkamp. Durante o julgamento, alegou ter atirado quatro vezes pela porta fechada do banheiro, pois teria confundido a namorada com um suposto ladrão que teria acessado a casa através da janela do banheiro. A conclusão das autoridades, contudo, foi que Reeva se trancou no local durante uma briga e Pistorius a matou em um acesso de raiva.
A pena inicial, decretada em 2014, foi de cinco anos de prisão, em um caso de repercussão mundial. No ano seguinte, após apelação do Ministério Público, o Supremo Tribunal de Recurso da África do Sul anulou essa condenação e aumentou a pena para seis anos. Após novo recurso do Ministério Público, em 2017, a pena foi alterada mais uma vez e passou a ser de 15 anos. Na prática, essa sentença significava 13 anos e cinco meses de prisão, depois de deduzido o tempo da fase em que Pistorius passou sob fiança em prisão domiciliar.