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No domingo (25), Marwa, uma jovem de 18 anos, desafiou os talibãs armados estacionados em Cabul, com seu cartaz reivindicando o direito das mulheres à educação no Afeganistão.

"Pela primeira vez na minha vida, me senti muito orgulhosa, forte e poderosa, porque me levantei contra eles e reivindiquei um direito que Deus nos deu", disse Marwa à AFP, recusando-se a informar seu sobrenome.

Na terça-feira passada (20), o governo talibã baniu as mulheres do ensino universitário, o que provocou indignação da comunidade internacional.

Alguns grupos de mulheres organizaram manifestações esporádicas contra a proibição, mas as autoridades rapidamente dispersaram a multidão.

Marwa, por sua vez, optou por protestar sozinha.

A jovem visitou a Universidade de Cabul, a maior e mais importante do instituição de ensino do país, no domingo. Por cerca de dez minutos, Marwa, filmada por sua irmã de um carro, manteve-se, corajosa, diante dos guardas talibãs posicionados na entrada do estabelecimento.

Em um vídeo obtido pela AFP, ela aparece segurando, silenciosamente, um cartaz, no qual estava escrito "Iqra" ("Ler", na tradução do árabe).

"Enquanto isso, eles (os talibãs) me insultaram, mas fiquei tranquila", disse Marwa à AFP.

"Queria mostrar o poder de uma adolescente afegã e mostrar que mesmo uma pessoa sozinha pode se levantar contra a opressão", explica.

"Quando minhas outras irmãs (estudantes) virem que uma jovem sozinha se ergueu contra os talibãs, isso vai ajudá-las a fazer o mesmo e a vencê-los", acrescentou.

- Uma prisão -

As manifestações de mulheres são cada vez menos frequentes no Afeganistão desde que os talibãs recuperaram o controle do país em agosto de 2021. As participantes são, regularmente, detidas e sujeitas à violência.

Poucos dias depois da proibição de acesso das mulheres ao ensino universitário, as autoridades também ordenaram que as ONGs parassem de trabalhar com mulheres.

Os talibãs alegam que ambas as proibições foram decididas porque as mulheres não respeitavam o código de vestimenta islâmico. No Afeganistão, as mulheres são obrigadas a cobrir o rosto e o corpo inteiro.

Nos últimos 16 meses, os talibãs também proibiram os acesso das adolescentes ao Ensino Médio e de mulheres a boa parte dos cargos públicos. Foram, ainda, proibidas de visitar parques, academias e banhos públicos.

Para Marwa, que sonha em ser pintora, morar no Afeganistão é como viver em uma prisão.

"Não quero ser presa. Tenho grandes sonhos que quero realizar. Por isso, decidi protestar", afirma.

O "Queermuseu" abre neste sábado (18) no Parque Lage, zona sul do Rio de Janeiro, quase um ano após ser forçado a encerrar a exposição em Porto Alegre após uma campanha de grupos conservadores que o acusaram de incentivar a "pedofilia", a "zoofilia" e de atacar o cristianismo.

O encerramento prematuro da mostra na capital gaúcha alarmou o mundo artístico e abriu discussões sobre a volta da censura nas artes, mais de três décadas depois do fim da ditadura militar (1964-1985).

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Sua instalação na Escola de Artes Visuais (EAV), no Parque Lage, um palacete bucólico, cercado de verde, aos pés do Cristo Redentor, ocorre graças a uma forte campanha de financiamento coletivo ('crowfunding'), que arrecadou mais de um milhão de reais através de múltiplas iniciativas, entre elas um show inédito de Caetano Veloso.

Também foi possível pelo empenho de curadores e artistas, que desafiaram o veto do prefeito do Rio, o pastor evangélico licenciado Marcelo Crivella, ao projeto de receber a mostra no fim do ano passado mo Museu de Arte do Rio (MAR, municipal).

"É um momento muito importante para a democracia brasileira. Uma demostração contundente para que os setores mais progressistas não aceitem a censura (...) Nunca houve um ato de censura dessa dimensão e gravidade depois do período pós-ditadura", disse na quinta-feira o curador da mostra, Gaudencio Fidelis, na coletiva de apresentação da exposição.

Com mais de 200 obras de 82 artistas brasileiros do nível de Adriana Varejão, Alair Gomes, Alfredo Volpi e Candido Portinari, o "Queermuseu" (algo como museu gay, em tradução livre) ficará aberto ao público de forma gratuita durante um mês.

Paralelamente, haverá debates sobre diversidade sexual ou direitos da comunidade LGBT e também shows de música com artistas 'queer'.

A mostra será praticamente igual à de Porto Alegre, com as mesmas obras provocativas que escandalizaram o Movimento Brasil Livre (MBL): quadros que ilustram menores em poses afeminadas ("Criança viada, travesti da lambada"), outro no qual Jesus é representado como um macaco nos braços de Maria, ilustrações de várias práticas sexuais em uma adaptação dos tradicionais quadros eróticos japoneses e hóstias com várias inscrições como "cu" ou "vagina".

Isto sim, um cartaz na entrada avisa que a mostra não é recomendada para menores de 14 anos e também alerta o visitante de que ali ele verá nus.

- Segurança por precaução -

"Esperamos um enorme sucesso de visitas não pela polêmica. As pessoas verão que havia uma falsa premissa, uma polêmica fabricada. A sociedade poderá ver agora o que é a natureza desta exposição", acredita Fidelis.

Os organizadores asseguram que não temem novas manifestações de grupos de direita mas, por acaso, contrataram uma empresa de segurança e o "Queermuseu" será vigiado por mais de 20 agentes, com reforço de novas câmeras instaladas no recinto.

O diretor do EAV, Fabio Szwarcwald, garante que só receberam uma dezena de e-mails contrários à abertura da exposição, diferentemente de seus colegas do MAR, que receberam centenas e, inclusive, uma "ameaça de morte".

"Não estou tão preocupado com essa questão porque desde que a gente iniciou a campanha foi muito diferente do que ocorreu no MAR", disse Szwarcwald.

O MBL, que liderou o boicote ao "Queermuseu" quando o Banco Santander o inaugurou em Porto Alegre, promete ficar quieto alegando que nesta ocasião a exposição é financiada com recursos privados e não com incentivos fiscais públicos, que "sexualizam as crianças".

"Eles estão rezando para o MBL participar porque se não fosse por nós, ninguém veria essa bosta", disse à AFP Renan Santos, um dos fundadores do MBL, grupo que ficou conhecido durante as passeatas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Pode ir todo mundo pelado lá", ironizou.

Em um desafio ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), manteve para esta terça-feira, 3, a votação que deve derrubar o afastamento do mandato e o recolhimento noturno impostos pela Corte ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). A decisão foi tomada mesmo após a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, sinalizar com um acordo para evitar uma crise institucional e marcar para a semana que vem o julgamento de uma ação que pode pacificar o assunto.

A questão, que será julgada no dia 11 pelo plenário do Supremo, é se o Congresso deve ou não dar aval a medidas cautelares contra parlamentares, como as que foram impostas a Aécio. Eunício, que até o fim de semana estava propenso a adiar a votação e esperar o resultado do STF, mudou de ideia e comunicou a decisão a Cármen nesta segunda-feira, 2. Ao final do encontro, voltou a pregar o entendimento. "A presidente Cármen tem pensado parecido com o que eu penso. Que não adianta os poderes fazerem enfrentamento. Os poderes são independentes, mas têm que ser harmônicos, têm que dialogar", disse Eunício.

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Apesar do discurso conciliatório, Eunício defendeu a prerrogativa do Senado de deliberar sobre o tema. "Os poderes são independentes entre si. Não existe Poder superior a outro Poder. Nem o Congresso que faz as leis é superior a qualquer outro poder. Nem qualquer outro poder é superior ao Congresso, que avalia também inclusive impeachment de outras autoridades, como ministro do Supremo, procurador-geral da República, cassação do presidente da República."

Nesta segunda-feira, o PSDB e a defesa de Aécio ajuizaram um mandado de segurança em que pedem a suspensão do julgamento que determinou as medidas contra o tucano.

O ministro Edson Fachin, que havia sido designado relator do mandado, decidiu encaminhar a Cármen Lúcia o caso para que seja redistribuído. A decisão ocorreu depois que de um questionamento da defesa pelo fato de Fachin ter sido o relator do primeiro afastamento de Aécio.

Uma decisão favorável a Aécio evitaria o desgaste de o Senado derrubar as restrições impostas pelo Supremo. Na Corte, a conversa de Cármen com Eunício e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi vista como mais um esforço para encontrar uma saída após a turbulência política provocada pela decisão da Primeira Turma que afastou Aécio Neves das funções parlamentares.

Auxiliares da presidente do STF reconhecem o desconforto com a atual situação e admitem que Cármen Lúcia tem agido para reduzir danos diante de um quadro que "não é o melhor cenário". Dentro do gabinete de Cármen, a decisão da Primeira Turma foi alvo de críticas.

Além de tentar reverter o agravamento da crise institucional na relação com os outros poderes, a ministra tem tentado apaziguar os ânimos dentro do tribunal. Integrantes do STF, no entanto, acreditam que Cármen deveria ser mais enfática na defesa da própria Corte.

Pressão

O líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), afirmou nesta segunda-feira que a sua expectativa era de que o Senado pudesse esperar o Supremo bater o martelo, mas diz que há muitas pressões para que o Senado vote a questão. Segundo ele, a bancada peemedebista, a maior do Senado, com 23 senadores, está dividida sobre a questão.

A bancada tucana, segunda maior com dez parlamentares, pressionou para que a votação ocorra nesta terça. Numa mudança de postura, até o diretório nacional do PSDB decidiu ingressar com um mandado de segurança em favor de Aécio, presidente licenciado da sigla. Até então, o partido havia atuado de maneira discreta e chegou a demorar um dia para publicar uma nota na qual se manifestou contra as restrições da Justiça ao senador mineiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A facção que levou insegurança ao Rio Grande do Norte e fez com que homens do Exército e da Marinha ocupassem a capital, Natal, nasceu há três anos. O Sindicato RN faz parte de um novo fenômeno que autoridades do Norte e Nordeste vêm enfrentando: criminosos que se uniram como uma resistência ao crescimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo em seus Estados.

Em pouco mais de uma semana, o grupo fez 108 ataques, em 38 cidades, contra a instalação de bloqueadores de celular em penitenciárias do Estado. Ônibus deixaram de circular e o turismo foi afetado, em uma região conhecida por suas praias, dunas e outras belezas naturais.

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As autoridades estimam em pelo menos mil os integrantes da facção. Ela surgiu na Penitenciária Alcaçuz, a maior do Estado, localizada em Nísia Floresta, e no Presídio Estadual de Parnamirim, na Grande Natal. "Começamos a ter notícia do Sindicato ao mesmo tempo nos dois presídios", diz o juiz de execuções penais Henrique Baltazar.

O magistrado conta que o PCC já tinha operações nos presídios do Estado desde 2010. Por meio de escutas telefônicas o Ministério Público Estadual estimava que a facção paulista tinha entre 200 e 300 integrantes nos presídios - para uma população carcerária de cerca de 8 mil detentos. "Havia criminosos daqui que não gostavam do PCC, das normas rígidas de seu estatuto, e decidiram se organizar para fazer frente a eles. Mas não era nada levado muito a sério. Era, como se diz, um bando de ‘nóias’, drogados", continua o juiz.

A coisa mudou em 2015, à medida em que traficantes e ladrões de banco mais organizados foram se juntado ao grupo. Em março, os integrantes do Sindicato organizaram uma rebelião nos dois presídios. O motim se espalhou por outras cadeias do Estado e só se encerrou após uma negociação que incluiu mais respeito aos familiares dos presos nas visitas. Atrás das grades - que, aliás, já não existem no interior das cadeias, segundo o juiz -, o grupo passou a ser visto como vitorioso, e cresceu.

Na mesma rebelião, os potiguares do PCC se amotinaram no presídio de Mossoró, onde estavam concentrados. "Aconteceu que Mossoró foi o único em que o governo entrou na cadeia e acabou com a rebelião. Rapidamente. Eles ficaram desmoralizados", diz o juiz.

O crescimento do Sindicato está relacionado, também, com suas associações. A facção precisou buscar outros fornecedores de drogas para alimentar seus negócios. E se associou, em uma espécie de cooperativa do crime, com outras facções regionais que surgiam como resposta ao domínio dos paulistas.

"Eles antes faziam negócios com o PCC no Paraná. Chegamos a interceptar teleconferências, feitas entre presos de três cadeias diferentes", continua Baltazar. "Aí eles se associaram a outros grupos muito parecidos com eles, de outros Estados. Com os Amigos da Amazônia, com a Al-Qaeda, de Alagoas, e com o Comando Vermelho do Ceará. É assim que eles têm comprado drogas para abastecer o Estado", afirma.

Mortes

O juiz faz as contas: diz que em 2014 havia 300 integrantes do PCC nas cadeias e 200 do Sindicato. Após a rebelião de 2015, o PCC terminou com 200 membros e o Sindicato, 1 mil. "Nesse crescimento, teve muito ‘suicídio’. Houve uns 30 casos de suicídio nas cadeias, que acompanhamos. Na verdade, o cara ‘era suicidado’ pelos companheiros."

O secretário da Segurança Pública do Estado, general do Exército Ronaldo Cavalcanti Lundgreen, também afirma que a situação nos presídios foi uma das agravantes para a crise. Ele diz que somente com a abertura de mais vagas nos presídios é que as facções perderão forças. "A instalação dos bloqueadores foi só o fósforo riscado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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