Tópicos | Queermuseu

A exposição Queermuseu conseguiu derrubar a classificação proibitiva para 14 anos a qual havia sido submetida pela justiça. Nesta terça (21), o desembargador Fernando Foch revogou a decisão do juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso do Rio de Janeiro, que restringia a visitação de adolescentes nessa faixa de idade ou menores que ela.

Aberta no último sábado (18), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro, a mostra havia sido proibida para menores de 14 anos mesmo que acompanhados pelos pais. A alegação do juiz era de que o conteúdo da exposição, com nudez e obras de cunho sexual, seria imprópria para essa faixa etária. Os advogados da EAV entraram com um agravo de instrumento para derrubar a liminar e conseguiram derrubar a decisão.

##RECOMENDA##

Entretanto, a EAV seguirá a recomendação de classificação indicativa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro com afixação de placas informativas a respeito do conteúdo da mostra: "Esta exposição contém obras de arte com representações de nudez, sexo e simbologia religiosa. Recomendamos levar isso em consideração antes de entrara na sala de exposição. O conteúdo desta exposição não é recomendado para menores de 14 anos desacompnahados dos seus pais ou responsáveis", dirão as placas.

[@#relacionadas#@]

O "Queermuseu" abre neste sábado (18) no Parque Lage, zona sul do Rio de Janeiro, quase um ano após ser forçado a encerrar a exposição em Porto Alegre após uma campanha de grupos conservadores que o acusaram de incentivar a "pedofilia", a "zoofilia" e de atacar o cristianismo.

O encerramento prematuro da mostra na capital gaúcha alarmou o mundo artístico e abriu discussões sobre a volta da censura nas artes, mais de três décadas depois do fim da ditadura militar (1964-1985).

##RECOMENDA##

Sua instalação na Escola de Artes Visuais (EAV), no Parque Lage, um palacete bucólico, cercado de verde, aos pés do Cristo Redentor, ocorre graças a uma forte campanha de financiamento coletivo ('crowfunding'), que arrecadou mais de um milhão de reais através de múltiplas iniciativas, entre elas um show inédito de Caetano Veloso.

Também foi possível pelo empenho de curadores e artistas, que desafiaram o veto do prefeito do Rio, o pastor evangélico licenciado Marcelo Crivella, ao projeto de receber a mostra no fim do ano passado mo Museu de Arte do Rio (MAR, municipal).

"É um momento muito importante para a democracia brasileira. Uma demostração contundente para que os setores mais progressistas não aceitem a censura (...) Nunca houve um ato de censura dessa dimensão e gravidade depois do período pós-ditadura", disse na quinta-feira o curador da mostra, Gaudencio Fidelis, na coletiva de apresentação da exposição.

Com mais de 200 obras de 82 artistas brasileiros do nível de Adriana Varejão, Alair Gomes, Alfredo Volpi e Candido Portinari, o "Queermuseu" (algo como museu gay, em tradução livre) ficará aberto ao público de forma gratuita durante um mês.

Paralelamente, haverá debates sobre diversidade sexual ou direitos da comunidade LGBT e também shows de música com artistas 'queer'.

A mostra será praticamente igual à de Porto Alegre, com as mesmas obras provocativas que escandalizaram o Movimento Brasil Livre (MBL): quadros que ilustram menores em poses afeminadas ("Criança viada, travesti da lambada"), outro no qual Jesus é representado como um macaco nos braços de Maria, ilustrações de várias práticas sexuais em uma adaptação dos tradicionais quadros eróticos japoneses e hóstias com várias inscrições como "cu" ou "vagina".

Isto sim, um cartaz na entrada avisa que a mostra não é recomendada para menores de 14 anos e também alerta o visitante de que ali ele verá nus.

- Segurança por precaução -

"Esperamos um enorme sucesso de visitas não pela polêmica. As pessoas verão que havia uma falsa premissa, uma polêmica fabricada. A sociedade poderá ver agora o que é a natureza desta exposição", acredita Fidelis.

Os organizadores asseguram que não temem novas manifestações de grupos de direita mas, por acaso, contrataram uma empresa de segurança e o "Queermuseu" será vigiado por mais de 20 agentes, com reforço de novas câmeras instaladas no recinto.

O diretor do EAV, Fabio Szwarcwald, garante que só receberam uma dezena de e-mails contrários à abertura da exposição, diferentemente de seus colegas do MAR, que receberam centenas e, inclusive, uma "ameaça de morte".

"Não estou tão preocupado com essa questão porque desde que a gente iniciou a campanha foi muito diferente do que ocorreu no MAR", disse Szwarcwald.

O MBL, que liderou o boicote ao "Queermuseu" quando o Banco Santander o inaugurou em Porto Alegre, promete ficar quieto alegando que nesta ocasião a exposição é financiada com recursos privados e não com incentivos fiscais públicos, que "sexualizam as crianças".

"Eles estão rezando para o MBL participar porque se não fosse por nós, ninguém veria essa bosta", disse à AFP Renan Santos, um dos fundadores do MBL, grupo que ficou conhecido durante as passeatas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Pode ir todo mundo pelado lá", ironizou.

Após campanha virtual, a Escola de Artes Visuais (EVA), do Rio de Janeiro conseguiram arrecadar recursos para montar a exposição Queermuseu: Cartografias da diferença na arte brasileira, que foi alvo de críticas e censura em 2017, chegará à cidade carioca na segunda quinzena de junho deste ano.

No início de 2018, a EVA lançou uma campanha de financiamento coletivo, o objetivo era arrecadar o equivalente a R$ 690 mil até o final de março. No entanto, a 'vaquinha virtual' coletar R$ 800 mil em 58 dias. O valor angariado será destinado à reforma das Cavalariças, espaço do Parque Lage que receberá a exposição, operações e montagem das obras de artistas como Candido Portinari e  Lygia Clark. A curadoria ficará sob responsabilidade de Gaudêncio Fidelis.

##RECOMENDA##

[@#galeria#@]

Em 2017, a ‘Queermuseu – Cartografias da diferença na América Latina', que ocupava o Santander Cultural de Porto Alegre, foi acusada de conter obras ofensivas, blasfêmia contra símbolos católicos e incitar a pedofilia e zoofilia. Após vários protestos, a mostra foi cancelada.

LeiaJá Também

--> Vereador diz que Queermuseu fazia 'apologia à zoofilia'

--> MPF recomenda reabertura da exposição “Queermuseu" no RS

O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS) recomendou ao Santander Cultural a imediata reabertura da exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença da arte brasileira” até a data em que estava previsto originalmente seu encerramento. A exposição deveria ficar em cartaz até 8 de outubro, mas foi cancelada no dia 10 deste mês. O MPF deu prazo de 24h para o Santander Cultural responder se acatará ou não a recomendação.

A recomendação da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do MPF, ressalta que os organizadores da exposição poderão adotar medidas informativas ou de proteção à infância e à adolescência em relação a eventuais representações de nudez, violência ou sexo nas obras expostas e também medidas visando a garantia da segurança das obras e dos visitantes.

##RECOMENDA##

O MPF também recomenda que o Santander Cultural realize, a suas custas, nova exposição em proporções e objetivos similares à que foi interrompida, preferencialmente com temática relacionada a diferença e a diversidade, e que esta esteja aberta aos visitantes em período não inferior a três vezes o tempo em que a “Queermuseu” permaneceu sem visitação - a título de compensação pelo período em que a exposição permaneceu sem acesso ao público em geral.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Fabiano de Moraes, ressalta no texto da recomendação que o precedente do fechamento de uma exposição artística causa um efeito deletério a toda liberdade de expressão artística, trazendo à memória situações perigosas da história da humanidade como os episódios envolvendo a “Arte Degenerada” (Entartete Kunst), com a destruição de obras na Alemanha durante o período de governo nazista.

Manifestação - Outro ponto destacado pelo MPF é que as obras que trouxeram maior revolta em postagens nas redes sociais não têm qualquer apologia ou incentivo à pedofilia, conforme manifestação pública - divulgada por diversos meios de comunicação - dos promotores de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul com atribuição na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes que estiveram visitando as obras.

Para Fabiano, as principais polêmicas que cercaram a exposição Queermuseu seriam contornadas, em grande parte, com a inclusão de informação, por parte dos organizadores, de aviso aos responsáveis por crianças e adolescentes em relação ao teor de algumas obras existentes na exposição, mesmo que tal exigência não esteja clara no Estatuto da Criança e Adolescente.

[@#relacionadas#@]

Do site do MPF

A exposição Queermuseu, que estava em cartaz no Santander Cultural, em Porto Alegre, e que foi cancelada após uma negativa repercussão no qual muitos consideraram que a exposição fazia referência a pedofilia e apologia à zoofilia. No entanto, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) repudiou o cancelamento da mesma. 

O deputado chegou a fazer uma comparação polêmica com o crucifixo exposto na Câmara dos Deputados. “Se tivéssemos que falar em apologia, nós teríamos que tirar o crucifixo daí porque é uma apologia à tortura, afinal de contas o crucifixo é um instrumento de tortura. Jesus morreu torturado. Estaríamos, então, fazendo apologia à tortura a colocar o crucifixo ali. As pessoas precisam ser mais inteligentes".

##RECOMENDA##

“Quero repudiar a postura do Santander Cultural ao cancelar uma exposição com artistas plásticos. Alguns contemporâneos, outros já consagrados. Uma exposição de artes plásticas sobre a diversidade cultural na América Latina. É lamentável que o Santander Cultural tenha feito isso a partir de pressão de grupelhos fascistas, que estavam na exposição intimidando as pessoas, constrangendo as pessoas com vídeos e acusando as pessoas de pedofilia e apologia à zoofilia. Eu queria lembrar às pessoas que aquilo são quadros, um trabalho de artes plásticas”, disse durante pronunciamento na Câmara. 

Jean Wyllys não poupou críticas declarando que também repudiava a “burrice” e a falta de sensibilidade artística. “E de incoerência de pessoas que querem censurar, em pleno século 21, expressões artísticas. O Ministério Público se posicionou dizendo que não há apologia de nenhum tipo naquela exposição. Aquele quadro é tanto apologia à zoofilia quanto imagens de crime em uma telenovela, de um assassinato, ou de um telejornal. É uma apologia ao homicídio. O último atentado às artes dessa forma aconteceu durante o nazismo, durante exposição Arte Degenerada, quando os nazistas fizeram exatamente o que esses grupelhos fizeram agora em Porto Alegre”.

Durante seu discurso, Wyllys foi vaiado. Isso não o intimidou e disparou contra os outros parlamentares. “O que está acontecendo aqui é que um bando de vendilhões do tempo, de hipócritas e investigados pela justiça querendo utilizar esse caso para abafar os seus próprios crimes. Essa gente não tem moral para falar de artistas deste país. Volto a dizer: bando de ignorantes, bando de hipócritas e bando de corruptos”, disparou. 

Nesta quarta (13), a vereadora do Recife Michele Collins (PP) se declarou indignada com a exposição. "Foi promovida a pornografia, zoofilia, pedofilia e escárnio a símbolos religiosos. Também ocorreu racismo, já que eles colocaram a imagem de uma santa simulando a Virgem Maria abraçada com um macaco, representando o menino Jesus”, criticou. 

 

[@#video#@]

A vereadora do Recife Michele Collins (PP) se declarou “indignada” com o evento exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em cartaz há quase um mês no Santander Cultural, em Porto Alegre, e que foi cancelada no último domingo (10) após uma onda de protestos nas redes sociais. Sob a ótica dela, muitas das obras expostas eram “consideradas ultrajantes para as famílias brasileiras”. 

“Foi promovida a pornografia, zoofilia, pedofilia e escárnio a símbolos religiosos. Também ocorreu racismo, já que eles colocaram a imagem de uma santa simulando a Virgem Maria abraçada com um macaco, representando o menino Jesus”, declarou. “Aproximadamente 270 obras foram expostas, muitas delas consideradas ultrajantes para as famílias brasileiras. Graças a Deus que a população se manifestou e esse escárnio foi retirado antes que corresse o risco de chegar à nossa cidade”, acrescentou.

##RECOMENDA##

A vereadora também disse que está organizando um voto de repúdio contra a instituição bancária. “Não apenas o Santander, mas outras empresas também tem promovido conteúdo contra a família, como o Boticário e a Natura. Quero pedir aos vereadores que assinem esse requerimento e que se juntem a mim, podendo dessa forma, enviar esse voto de repúdio ao banco para que saibam que a família brasileira se sentiu ofendida, em todos os cantos do país”, frisou.

A exposição ‘Queermuseu – Cartografias da diferença na América Latina’, em cartaz há quase um mês no Santander Cultural de Porto Alegre, teve que ser fechada antes da hora por conta de protestos encabeçados por integrantes do Movimento Brasil Livre. Diversas pessoas que consideraram as obras ofensivas protestaram em frente ao museu e nas redes sociais, se queixando de que a mostra promovia a blasfêmia contra símbolos católicos, a pedofilia e zoofilia, e pediram seu encerramento.

[@#galeria#@]

##RECOMENDA##

A exposição contava com 270 obras de 85 artistas, como Cândido Portinari e Alfredo Volpi, e tinha como intenção valorizar a diversidade sexual. Ela deveria permanecer aberta a visitação até o dia 8 de outubro. No entanto, devido à pressão, o Santander resolveu suspendê-la. Em nota, o banco justificou a decisão: “Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo . Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana”, publicou o Santander. “Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra”.

[@#video#@]

Ao jornal Zero Hora, Gaudêncio Fidélis, curador da Queermuseu, disse não ter sido consultado previamente sobre o cancelamento da mostra, e que é contrário a decisão. “Dentre as 270 obras da mostra, apenas quatro talvez pudessem ter causado essas manifestações. Recebo essa decisão como um choque”, afirmou. “Esse pessoal do MBL é muito reacionário”, concluiu. O Movimento, por sua vez, comemorou o encerramento: “Vitória da pressão popular!”, escreveu no Facebook oficial. 

 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando