Chek in no Facebook para usar o wi-fi, selfie nos stories do Instagram, post reclamando de alguma coisa no Twitter. Hoje em dia, não é difícil saber onde as pessoas estão. Uma recente pesquisa do site Hootsuite mostrou que o brasileiro está em 2º lugar no ranking de usuários da internet que mais tempo ficam na frente da tela do computador e celular.
Numa época em que quase ninguém se esconde, uma profissão que se propõe a investigar pessoas tenta se manter entre os benefícios e malefícios trazidos pela tecnologia. “Na minha opinião atrapalhou um bocado, porque tudo que a pessoa buscava antigamente só recorria ao detetive. Hoje alguns tentam fazer sozinho. Alguns conseguem, outros não”, afirma David Ferreira, há 12 anos no comando da União Agência de Investigação Particular.
##RECOMENDA##Ele, porém, não dispensa o uso do computador como ferramenta de trabalho, sua queixa é sobre a exposição trazida pela ‘inclusão digital’. “A internet, em si, ajudou, mas eu preferia hoje estar sem rede social. Porque através dela, as pessoas querem investigar sozinhas. Na minha opinião, 50% dela acabam resolvendo por lá mesmo“, lamenta.
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Mas ele garante que a experiência de mais de uma década conta muito ainda. “Se for uma investigação conjugal, o próprio cliente já investigou as redes do companheiro. É uma parceria, nós também recebemos essas informações. Trabalhamos onde o cliente não consegue de jeito nenhum. A gente tem técnica, a ‘manha’, coisas que as pessoas comuns não têm“, completa.
"Provas incontestes"
Casos extraconjugais, inclusive, são os mais óbvios para serem flagrados nas redes sociais e também carro chefe de vários escritórios. Porém, especialistas como Salete Gitirana, da Agência Brasileira de Agentes Secretos (Abas), não baseiam seu trabalho apenas em ‘bisbilhotar’ o povo na internet.
“Muitas pessoas se expõem na rede social, é verdade, mas em coisas sem importância. Quem trai só se mostra quando quer ser descoberta. Algumas amantes querem que a esposa descubra, mas de maneira muito sutil, porque não querem perder o ‘namorado’, só infernizar o casamento dele. Não é melhor que se investigue de verdade do que viver essa agonia?”, pergunta.
“O detetive particular continua mostrando as antigas e únicas provas que realmente são incontestes: encontros e entradas em motéis. Todo o resto que se consiga só são evidências facilmente descartáveis por quem trai”, crava.
Perfil falso
Segundo David Ferreira, mesmo que não seja seu principal meio de investigação, se disfarçar na web tem a sua importância. “As redes deixam muitas brechas”, explica, dando como exemplo um caso de “golpe do baú” que ele trabalhou a pedido do irmão da vítima. “Nas redes do acusado, eu descobri o empreendimento que ele estava montando com o dinheiro da namorada, o nome da mãe dele e se ele tem um bom relacionamento com ela. Tudo pelas fotos, que ele mesmo marcou o pessoal”, conta.
Tudo isso, porém, anonimamente. “Tem que ter perfil falso, porque a gente não pode deixar rastros. Tem que ser, inclusive, um perfil antigo. Pode criar com foto de outra pessoa ou até mesmo de uma árvore, ou com um tema comercial, como um restaurante. Tem que ter todas as redes fake“, revela.
Já Salete não se mostra muito entusiasta da técnica e prefere desprezar também a tentativa de bancar o detetive por parte dos clientes. “As investigações que fazemos em rede social nos ajudam muito pouco. Já as pessoas que montam perfis falsos para tentar investigar por conta própria, na maioria das vezes, só ficam mais confusas. Como elas não têm experiência, às vezes se deixam enganar por não preverem que o outro lado desconfiou. Já vi gente se utilizar das redes sociais das mais diferentes formas, mas nunca vi tirarem muito proveito das investigações que fizeram”, garante.
Fotos: Pixabay