O deputado federal Jarbas Vasconcelos quebrou o silêncio diante da filiação do senador Fernando Bezerra Coelho ao PMDB e o imbróglio que isso tem causado no partido em Pernambuco. Sem poupar críticas, Jarbas disse que foi alertado por alguns amigos sobre o poder de “desagregação” que tem o agora correligionário e classificou as articulações do senador para intervir no comando estadual da sigla e no realinhamento político no estado como “traição”.
“Mesmo alertado por alguns amigos da desagregação que o senador Fernando Bezerra Coelho provoca por onde passa, sempre me referi a ele com educação e cortesia. Sempre. Não só a ele, mas aos seus filhos que também atuam na política. Em poucos dias, porém, percebi que Fernando Bezerra está trabalhando para intervir no PMDB de Pernambuco. Ao meu gesto cordial de elogiar a ele e ao seu filho ministro, o senador Fernando Bezerra Coelho respondeu com desrespeito e prepotência. O ato dele tem nome: traição”, disparou, em discurso na tribuna da Câmara Federal nessa terça-feira (12).
##RECOMENDA##Para o deputado, o desejo de Bezerra Coelho é “alijar” a ele e a executiva estadual do PMDB. “Esta é a ameaça que enfrento hoje… Quero deixar registrado que jamais me curvarei diante da mesquinharia de homens que, usufruindo de um poder efêmero e frágil, buscam atingir aqueles que, como eu, sempre militaram em nome da democracia, da justiça e da coerência”, declarou.
Durante o discurso, Jarbas também fez um panorama histórico da sua participação no PMDB pontuando a postura de oposição ao PT enquanto as duas legendas eram aliadas e até o voto que deu pela continuidade da investigação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva. “Não foi um voto de pré-julgamento ou contra a pessoa do presidente Michel Temer… Votei pela investigação porque ao longo da minha vida pública sempre defendi a apuração de denúncias”, disse.
O parlamentar salientou que apesar das divergências, “nunca houve uma ação voltada para me expulsar ou punir. Sempre houve o respeito às diferenças. Respeito. Condição primária para a convivência em qualquer ambiente e que faltou e está faltando a Fernando Bezerra Coelho”. Jarbas disse ainda que não deixará que o PMDB “se transforme numa extensão familiar dos interesses” do senador.
Depois de Jarbas levar o assunto para a Câmara, Fernando Bezerra deve rebater as argumentações do correligionário no Senado nesta quarta-feira (13). O pronunciamento já tem o aval do presidente da Casa Alta, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Será a primeira vez que o senador falará sobre as críticas recebidas pelos peemedebistas depois do ingresso dele ao partido.