Em meio a crescentes ataques de ódio à população LGBTT mundial, Pernambuco dá um passo atrás e fecha o único Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH), que atuava no estado desde 2012. Com as atividades suspensas desde o último dia 31 de maio, os dez funcionários que trabalhavam no local foram demitidos sob a justificativa de que uma nova Seleção Simplicada seria feita. O CECH oferecia apoio jurídico, psicológico e educativo para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros.
Os funcionários que trabalhavam no Centro não sabem explicar se conseguirão voltar para seus antigos cargos no Centro de Combate à Homofobia. Eles foram desligados e comunicados que o fechamento só seria temporário e de que a contratação será feita por um novo edital. Idealizado pela Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos, o local de acolhimento fomentava a abrangência da garantia de direitos LGBTT.
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Primeira mulher transexual a ocupar um cargo público no Governo de Pernambuco, Cristiane Falcão, que teve seu primeiro emprego formalizado no Centro de Combate à Homofobia, confirmou a informação de que as atividades do local estão suspensas. "Fomos informados de que até o dia 31 de junho, um novo edital seria divulgado para que nós fôssemos contratados novamente". Com uma trajetória de muita luta para conseguir um emprego com a carteira assinada, Cristiane, agora, espera que tudo se resolva.
"Não sei para onde eles estão enviando a população que a gente prestava ajuda. Espero que os advogados, psicólogos e assistentes sociais estejam fazendo esse trabalho à parte por enquanto", lamenta Cristiane. Para ela, é muito importante o funcinamento do Centro para a conscientização da sociedade. Cristiane Falcão estampou a campanha do Governo do Estado de sensibilização de pessoas trans no ano de 2015. "É muito importante que os trabalhos voltem para que a gente continue o que estavamos fazendo. Pessoas da comunidade LGBTT morrem todos os dias e isso é o mínimo que o estado pode oferecer", completou.
O CECH não atua só na capital pernambucana. Mais de 150 municípios de todas as regiões do Estado já receberam atividades do Centro. Entre ações de mobilização, sensibilização, formação e plaestras já beneficiaram 12.690 pessoas. "Durante três anos, só na última escola atingimos 150 alunos com palestras de conscientização. A gente tem que começar a informar as crianças desde pequenos. Mas para que isso aconteça o Centro de Combate à Homofobia tem que estar funcionando", avaliou Cristiane.
De acordo com a Secretaria Executiva de Direitos Humanos, as atividades do Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) não serão encerradas. Apenas haverá uma mudança no modelo de contratação de pessoal. Em nota, o órgão informou que atualmente a contratação é realizada de forma indireta, através de processo licitatório de organização social. No entanto a Secretaria Executiva adotará a contratação via processo de Seleção Simplificada.
Confira a nota oficial da Secretaria Executiva de Direitos Humanos
"Os funcionários serão vinculados diretamente ao Estado, e o contrato terá dois anos, sendo prorrogável por até 6 anos. A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, através da Executiva de Direitos Humanos reforça a importância do CECH e garante que a Seleção Simplificada vai fortalecer ainda mais as atividades do serviço, possibilitando a ampliação das ações em todo o Estado.
A Secretaria Executiva de Direitos Humanos aguarda a publicação de edital para início do processo de Seleção Simplificada. As atividades desenvolvidas pelo Centro Estadual de Combate a Homofobia (CECH) estão sendo realizadas pelos demais programas de promoção de direitos da própria Secretaria."