O fim de ano é marcado por uma movimentação intensa de busca de empregos temporários e contratações no comércio. Em 2019, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Recife (CDL Recife), a estimativa era de 6 mil contratações na capital e Região Metropolitana do Recife (RMR). No entanto, neste ano, frente à pandemia do novo coronavírus (SARS Covid-19), somada às instabilidades na economia, o cenário deverá sofrer uma desaceleração no ritmo de contratações.
Análise de mercado
##RECOMENDA##De acordo com economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos, a variação contratual de 2020 não deverá ultrapassar a média do ano passado. “A expectativa é que exista essa contratação, até porque a demanda se aquece, principalmente o varejo que precisa dessa contratação”, indicou o profissional. No entanto, “vamos ter uma contratação com menor ritmo”, previu. Em geral, “dentro do varejo, as contratações de temporários iniciam no mês de outubro, e o pico é novembro, e nós ainda temos um pouco de contratações, e geralmente, parte dessas pessoas é efetivada”, relembrou.
Normalmente, a maioria das oportunidades provisórias está nos setores de supermercados, vestuário, calçados e acessórios, além do setor de cosméticos. Dentre as funções, os cargos de maior destaque são almoxarifados, vendedor e caixa. “No ano passado, trabalhamos com um número em torno de 25% de efetivação, foi até um número alto visto que, desde a crise de 2016, essas efetivações não passavam de 10% das pessoas”, analisou Rafael Ramos.
O economista prevê que esse percentual pode seguir em alta, em razão das demissões que ocorreram durante a pandemia, mas tudo dependerá do desempenho do comércio no fim de ano. Para quem procura emprego, outros obstáculos vão além da pandemia.
“Comparando ao exigido em 2019, atualmente, mesmo com a pandemia e tudo que está acontecendo, as empresas buscam muito mais experiência, o que dificulta principalmente para mim que não teve tantas oportunidades”, disse o jovem Isaias Sampaio, 22 anos. O jovem faz parte dos 15,3% dos pernambucanos desocupados. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Oportunidades
Dentre as expectativas, a nível nacional, estima-se que mais de 900 mil vagas temporárias estão previstas para o segundo semestre de 2020. Essa oferta supera a estimativa do ano anterior - 800 mil no mesmo período de 2019 -. Os dados são da Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem).
Ainda segundo a pesquisa, o setor de empregos temporários teria sofrido menos com a crise, e registrou um aumento de 47% em relação a igual período do ano passado. O presidente da Asserttem, Marcos de Abreu, disse que "a crise sanitária, que deixou um saldo negativo de 1,2 milhão de vagas formais no primeiro semestre, de certa forma, criou as condições para o avanço do contrato temporário”.
A reportagem do LeiaJá entrou em contato com a CDL Recife, em busca de estimativas de vagas temporárias para a capital e RMR. Em resposta, a entidade informou que ainda não possui estimativa de vagas para o fim do ano. Costumeiramente, essas informações são divulgadas logo na primeira semana de outubro. Excepcionalmente neste ano, a CDL Recife afirma que há um cuidado maior nas projeções e curadoria dessas oportunidades, dado o período pandêmico e a performance do mercado de trabalho que ainda não demonstra estabilidade.
Também procuramos o Sindicato dos Empregados do Comércio em Recife (SecRecife), para saber das projeções de contratações para o final deste ano. Em nota, a SecRecife avaliou a situação e informou que “depende muito do aquecimento do comércio, com ele mais aquecido haverá mais contratações para atender a demanda". "Mas, diante da pandemia, ainda não há uma previsão estipulada pela grande empresa para contratações em Recife”, acrescentou.