A Arena Pernambuco, que está sendo erguida em São Lourenço da Mata para a Copa do Mundo de 2014, recebeu nesta semana mais uma vistoria oficial. Os membros da Fifa vieram inspecionar os trabalhos, que precisam avançar para o Estado receber também a Copa das Confederações, em 2013.
O ano de 2011 foi de batalha contra a natureza e contra a burocracia. Desafios inesperados que foram combatidos com contratações constantes de funcionários e tecnologia. Pernambuco teve que correr contra o prejuízo em um ano atípico. Vivendo cada vez mais o clima da maior competição do planeta, a Copa do Mundo de 2014, o estado vem conhecendo, aprendendo e tendo que ultrapassar todos os obstáculos para cumprir o cronograma da Fifa para receber as competições internacionais.
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A reportagem do LeiaJá realizou um “dossiê” do ano da Arena Pernambuco. Os textos revelam o passo a passo do local que vem sendo centro das atenções dos amantes do futebol do estado.
1º trimestre – Chuva, terraplenagem, crédito e concreto
O ano começou com problemas. Se 2011 era um ano de desafios, janeiro deu o cartão de visitas com inesperadas chuvas de verão fora do normal. No dia 26, o “dilúvio” já havia alcançado o índice pluviométrico previsto pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com o terreno ainda no processo de terraplenagem, o acontecimento acabou influenciando diretamente nas obras da Arena Pernambuco, atrasando o cronograma em oito dias.
Era o início de um ano que a natureza, por muitas vezes, venceu o planejamento humano. A terraplanagem é fundamental para a obra, onde serão construídos em 52 hectares todo o complexo: estádio, estacionamento, fan fest e centro de imprensa.
Para disputar com igualdade contra natureza, os organizadores precisaram aumentar o time dos humanos. Para isso, quatro torres de refletores temporários foram instaladas no canteiro de obras, o horário de trabalho pulou das 17h para as 20h, e o número de funcionários praticamente quadruplicou, de 83 para 340 pessoas.
No lado financeiro, o marco – e alívio – aconteceu ainda em janeiro, quando foi oficializada a aprovação do crédito de R$ 400 milhões junto ao BNDES. O empréstimo corresponde a 75% do valor total da arena, passando primeiro pelas mãos do governo de Pernambuco e seguindo para o consórcio responsável pela construção do complexo, a empresa Odebrecht.
Apesar de ter sido anunciada em 2010, a Secretaria Extraordinária da Copa, denominada ‘Secopa’, só começou a atuação em 2011. Comandada pelo secretário Ricardo Leitão, a Secopa visa monitorar todas as ações, comandar o relacionamento com a imprensa e cumprir as exigências da Fifa.
No apagar das luzes do primeiro trimestre, muitas burocracias, licitações e “preparações” do terreno, as primeiras armações de concreto começaram a participar do dia a dia da Arena Pernambuco. Os funcionários, antes formados por 300 pessoas pularam para 500.
2º trimestre – Mais funcionários, tecnologia e mais chuva
Cada mês que se passava, o clima de interior ia dando adeus nos arredores da Arena Pernambuco. Margeando a BR-408 o complexo vai transformando a realidade das pessoas – poucas, por sinal – que viviam nesse local com ares rurais e de pouco desenvolvimento. O passo acelerado acontecia também com as contratações de funcionários. Nos meses subsequentes, o número subiu gradativamente de 500 para 620, depois para 707 e fechou o trimestre em 808.
Números que refletem na evolução das obras, o processo de terraplenagem estava praticamente concluído e os aços e concretos começavam a tomar conta do ambiente. A evolução já era notória. Visível como o canal oficial na web. A Secopa anunciou essa ferramenta oficial para que todos os interessados acompanhassem as imagens da construção da arena através da internet. Vídeos e fotos, sempre atualizados diariamente para atrair e cativar o público com os artifícios da tecnologia.
O que parecia se caminhar para um primeiro semestre e segundo trimestre de sucesso, foi, literalmente, por água abaixo. E justamente no período próximo e durante a Copa do Mundo. Recife virou um caos. Três dias de chuva e terror para a população da capital pernambucana. Chuvas amazônicas, mais de 800 milímetros, que atrasaram as obras.
3º trimestre – Correndo contra o prejuízo
Apesar de completar um ano de obras, que começou em agosto de 2010, as burocracias ainda corriam para a construção da arena. Porém, o calendário cada vez mais reduzido e a pressão da Fifa exigia uma acelerada para os pernambucanos.
No aniversário de um ano, a Arena Pernambuco tinha apenas 13% das obras concluídas. A assinatura de um documento com a autorização ambiental melhorou a perspectiva, com a possível conclusão das remoções de árvores, explosão de rochas, fundações e terraplenagem. O presente foi a chegada de novas máquinas, como um guindaste norte-americano, coma promessa de mudar o curso da obra, que já tinha mais de 900 funcionários.
No último mês do trimestre, mais máquinas e os canteiros já recebiam, pela primeira vez, mais de mil funcionários trabalhando dia e noite para correr atrás do prejuízo. Também pela primeira vez, a natureza contribuía para a evolução e recuperação pernambucana. A quantidade de funcionários, além do período de trabalhos, das 7h às 2h48 da madrugada, aceleravam todo o processo.
4º Trimestre - Copa das Confederações, greve e 30% das obras concluídas
Os últimos três meses de 2011 foram, definitivamente, os mais produtivos e satisfatórios do ano. Logo em outubro, a melhor notícia após o anúncio que Pernambuco era uma das sedes da Copa do Mundo: a terra dos altos coqueiros também receberá a Copa das Confederações, em 2013. Com ressalvas. Para isso, as obras precisam ser aceleradas. Tanto da Arena, como as obras viárias de mobilidade urbana.
Para participar da competição, a Arena Pernambuco precisa estar pronta no prazo determinado pela entidade máxima do futebol. Caso entregue tudo até o final de 2012, Pernambuco estará confirmado. Porém, em meio as boas notícias, a ameaça de greve. Na véspera do anúncio oficial, cerca de 40% dos funcionários pararam o trabalho exigindo melhores condições, reajuste e plano de saúde. Após 24 horas de paralisação, sustos e problema resolvido.
As vistorias da Fifa se tornaram constantes e o avanço das obras foram essenciais. Em meio as obras, a escolha do Fan Fest, local oficial de apresentação dos jogos e apresentações culturais, entrou em pauta. Na disputa, Marco Zero e Pina. Definição apenas em 2012.
No último mês do trimestre e do ano, a Arena Pernambuco alcançou 30% das obras concluídas e atingiu mais de dois mil funcionários, acima do projetado inicialmente. Com praticamente um terço desenvolvida, a Arena Pernambuco começa a se desejar. Uma das rampas de acesso já pode ser reconhecida facilmente e as primeiras arquibancadas já começaram a se projetar.