A recomendação do Ministério Público de Pernambuco que determina o cancelamento do teste psicotécnico e fases subsequentes do concurso da Polícia Civil e Científica de Pernambuco está preocupando os aprovados do certame. Eles tiveram que pagar pelos exames médicos e já estão passando pela fase de investigação social, mas podem ter que repetir, pagando novamente por tudo, caso a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) acate a recomendação em sua totalidade.
O LeiaJá conversou com aprovados que tiveram gastos elevados com os exames e deslocamento até o Recife para fazer as provas e entender o ônus que pode ser gerado pelo cancelamento do teste e dos exames.
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Grupo para obter descontos
Rosemare Santos não tem plano de saúde e se preocupou assim que percebeu que os exames médicos teriam um custo que poderia ultrapassar R$ 3 mil. Procurando por clínicas populares e clínicas que dessem descontos, Rosemare formou um grupo com vários aprovados de vários lugares do país para fazerem os exames no mesmo lugar e dessa forma reduzir o custo.
Apesar disso, Rosemare afirma que o valor de R$ 1700 reais que ela desembolsou ainda é alto e o prejuízo de ter que gastar novamente seria alto. Perguntada se a anulação apenas do teste psicotécnico também seria um problema, ela afirma que sim, pois “Não houve fraude no concurso e as pessoas que vieram de longe teriam que arcar novamente com os custos de deslocamento, alimentação e acomodação”.
“O prejuízo psicológico e financeiro é terrível”
Diogo Lins começou a estudar para concursos públicos sem ter um emprego e participou de outras seleções antes, mas somente no concurso da Polícia Civil ele alcançou a aprovação. Sem plano de saúde, o custo para realizar os exames ficou entre R$ 2500 e R$ 2700 e, para pagar, Diogo precisou fazer pequenos trabalhos para levantar a quantia. “Tive que dar aula particular e deixei de fazer outras coisas para poder pagar esses exames, o prejuízo psicológico e financeiro de uma medida dessa é terrível”.
Além do trabalho extra e do corte de despesas, Diogo também precisou parcelar o pagamento dos exames e afirma que seu orçamento ficará comprometido por um longo período caso ele precise pagar por tudo outra vez. “Dividi alguns exames em 5 vezes, outros em 6 vezes, se for tudo cancelado eu vou ter que arrumar de novo e passar um ano inteiro pagando exame”.
“Vendi meu único bem”
Pedro Diego de Medeiros mora na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, e teve gastos muito altos para vir ao Recife fazer as provas do concurso. Desempregado, ele conta que não tinha meios de custear os exames e precisou se desfazer de sua moto para continuar buscando sua vaga na polícia. “Não tinha nenhuma economia, só tinha minha moto e precisei vendê-la pois fiz uma pesquisa de preço dos exames e era muito caro, então vendi meu único bem pois minha família não podia ajudar também”. No total, os exames médicos custaram R$ 3500 a ele.
Sobre a possibilidade de repetir o teste psicotécnico, Pedro afirma que foi uma das provas que mais lhe trouxe custos para poder fazer e seria um problema ter que repetir. “Gastei muito para fazer. Nas outras fases eu voltava no mesmo dia, mas como o psicotécnico exige repouso mental eu tive que dormir em Recife, gastar com pousada e alimentação. Se tiver que refazer, será um custo considerável pois terei que ficar novamente”.
Quando questionado sobre o que faria caso os exames médicos tenham que ser refeitos, Pedro Diego afirma que teria que deixar o concurso de lado. “Se ocorrer de anular o exame médico e a investigação social eu terei que sair do concurso pois não conseguirei custear, não tenho condições”.
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