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Em nota enviada ao LeiaJá, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afirmou que os candidatos do concurso da Polícia Civil de Pernambuco que foram reprovados no primeiro teste psicotécnico, cancelado após recomendação do Ministério Público de Pernambuco, poderão fazer uma nova prova, que terá data e horário anunciados nesta sexta-feira (28) no site do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe). 

Com a anulação do primeiro teste, todos os candidatos passarão outra vez pelas fases subsequentes, mas somente os que faltaram ou foram considerados inaptos no exame médico precisam ser reexaminados. 

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Assim, os candidatos que conseguirem aprovação no psicotécnico e foram considerados aptos na investigação social e nos exames médicos poderão reaproveitar seus resultados nas fases subsequentes, sem a necessidade de pagar novamente pelos procedimentos, temor que levou muitos aprovados a protestar contra a recomendação do MPPE.

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A recomendação do Ministério Público de Pernambuco que determina o cancelamento do teste psicotécnico e fases subsequentes do concurso da Polícia Civil e Científica de Pernambuco está preocupando os aprovados do certame. Eles tiveram que pagar pelos exames médicos e já estão passando pela fase de investigação social, mas podem ter que repetir, pagando novamente por tudo, caso a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) acate a recomendação em sua totalidade. 

O LeiaJá conversou com aprovados que tiveram gastos elevados com os exames e deslocamento até o Recife para fazer as provas e entender o ônus que pode ser gerado pelo cancelamento do teste e dos exames. 

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 Grupo para obter descontos

Rosemare Santos não tem plano de saúde e se preocupou assim que percebeu que os exames médicos teriam um custo que poderia ultrapassar R$ 3 mil. Procurando por clínicas populares e clínicas que dessem descontos, Rosemare formou um grupo com vários aprovados de vários lugares do país para fazerem os exames no mesmo lugar e dessa forma reduzir o custo. 

Apesar disso, Rosemare afirma que o valor de R$ 1700 reais que ela desembolsou ainda é alto e o prejuízo de ter que gastar novamente seria alto. Perguntada se a anulação apenas do teste psicotécnico também seria um problema, ela afirma que sim, pois “Não houve fraude no concurso e as pessoas que vieram de longe teriam que arcar novamente com os custos de deslocamento, alimentação e acomodação”. 

“O prejuízo psicológico e financeiro é terrível” 

Diogo Lins começou a estudar para concursos públicos sem ter um emprego e participou de outras seleções antes, mas somente no concurso da Polícia Civil ele alcançou a aprovação. Sem plano de saúde, o custo para realizar os exames ficou entre R$ 2500 e R$ 2700 e, para pagar, Diogo precisou fazer pequenos trabalhos para levantar a quantia. “Tive que dar aula particular e deixei de fazer outras coisas para poder pagar esses exames, o prejuízo psicológico e financeiro de uma medida dessa é terrível”. 

Além do trabalho extra e do corte de despesas, Diogo também precisou parcelar o pagamento dos exames e afirma que seu orçamento ficará comprometido por um longo período caso ele precise pagar por tudo outra vez. “Dividi alguns exames em 5 vezes, outros em 6 vezes, se for tudo cancelado eu vou ter que arrumar de novo e passar um ano inteiro pagando exame”.

“Vendi meu único bem”  

Pedro Diego de Medeiros mora na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, e teve gastos muito altos para vir ao Recife fazer as provas do concurso. Desempregado, ele conta que não tinha meios de custear os exames e precisou se desfazer de sua moto para continuar buscando sua vaga na polícia. “Não tinha nenhuma economia, só tinha minha moto e precisei vendê-la pois fiz uma pesquisa de preço dos exames e era muito caro, então vendi meu único bem pois minha família não podia ajudar também”. No total, os exames médicos custaram R$ 3500 a ele. 

Sobre a possibilidade de repetir o teste psicotécnico, Pedro afirma que foi uma das provas que mais lhe trouxe custos para poder fazer e seria um problema ter que repetir. “Gastei muito para fazer. Nas outras fases eu voltava no mesmo dia, mas como o psicotécnico exige repouso mental eu tive que dormir em Recife, gastar com pousada e alimentação. Se tiver que refazer, será um custo considerável pois terei que ficar novamente”. 

Quando questionado sobre o que faria caso os exames médicos tenham que ser refeitos, Pedro Diego afirma que teria que deixar o concurso de lado. “Se ocorrer de anular o exame médico e a investigação social eu terei que sair do concurso pois não conseguirei custear, não tenho condições”.

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Os aprovados no concurso da Polícia Civil de Pernambuco se reuniram na manhã desta segunda-feira (10) na Praça da República, próximo ao Palácio Campo das Princesas. O objetivo do grupo era dialogar com a Procuradoria Geral do Estado a respeito da recomendação do Ministério Público de Pernambuco à Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) pela anulação do teste psicotécnico do concurso e suas etapas subsequentes devido a irregularidades no caderno de questões. 

De acordo com Glauber Magno, candidato e representante dos aprovados, o tipo de irregularidade que ocorreu não consiste em fraude nem fere o princípio de isonomia, como afirma o MPPE, pois não houve favorecimento de nenhum candidato com respostas. "Alguns candidatos denunciaram falhas no exame psicotécnico, alegaram que o gabarito estava marcado, mas era o caderno de questões. Eles podem vir assim porque o material é reutilizável. Foi avisado que quem tivesse caderno rasurado deveria avisar e receber um novo", diz ele.

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Ainda de acordo com Glauber, as questões não têm uma resposta objetiva pois se trata de algo subjetivo a respeito do psicológico dos candidatos. "Mesmo se algum candidato tiver usado um caderno com rasura, não tinha respostas oficiais e tudo é subjetivo". Ele afirma que além de a realização de uma nova prova gerar um custo para o Estado e atrasar a nomeação de policiais em um momento de crise de segurança, os candidatos serão prejudicados pois teriam que pagar um novo exame médico: "algumas pessoas tiveram que gastar muito dinheiro para custear os exames, eu mesmo gastei R$ 3.300 e precisei pedir dinheiro emprestado". 

Recomendação 

A recomendação do Ministério veio após denúncias anônimas gerarem a abertura de uma investigação que constatou irregularidades na realização da prova que, para a promotoria, colocavam em risco o princípio de isonomia, podendo favorecer alguns candidatos. Sobre o acatamento ou não, até o momento do fechamento desta reportagem o MPPE havia dito que "o governo enviou ofício ao MPPE, por meio do secretário de Defesa Social, manifestando-se à respeito da recomendação  no sentido de que irá cumprir a referida recomendação, no entanto, o MPPE aguarda a apresentação do novo cronograma e dos atos que demonstrem a execução da recomendação".

Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social informou ao LeiaJá que "atenderá à recomendação da Promotoria Justiça de Defesa da Cidadania da Capital e será realizado um novo teste psicotécnico para os candidatos aprovados nas demais etapas do concurso das polícias Civil e Científica". Foi agendada para a próxima quinta-feira (16) "uma reunião com o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), realizador do certame, para definir um cronograma para essa etapa, com a garantia de agilidade, lisura, transparência e publicidade ao processo seletivo".

 

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